Imprensa e Racismo – Uma análise das tendências da cobertura jornalística
Nas notícias (Tabela 38) em que foi possível identificar casos de racismo que se manifestavam em formas de violência física e verbal (12,3% dos textos analisados), a maior parte aponta a violência física (7,4%), seguida pela violência verbal (4,9%). Assim como na questão anterior, o alto índice de não identificação está relacionado ao conteúdo do debate sobre o tema, menos factual e mais centrado em questões estruturantes, como o sistema de cotas e o Estatuto da Igualdade Racial – mesmo quando motivado por ocorrências policiais, como o caso dos estudantes africanos da UnB. Parte das notícias que tocam central ou lateralmente no tema da violência não relata um caso específico (4,8%), e está geralmente focada em debates e reflexões sobre a segurança pública e a violência, a apresentação de dados e a repercussão de estudos, ações e políticas públicas de segurança. Tabela 38 Formas de violência dos casos relatados de racismo Formas de violência
%
Violência física
7,4
Violência verbal (ex.: jogador de futebol agredido verbalmente em campo)
4,9
Menciona o tema da violência sem identificar uma manifestação de racismo específica
4,8
Não menciona violência
83,0
TOTAL
100
Percentuais calculados com base no total de notícias (1.602).
O estudo também buscou investigar qual o encaminhamento adotado pela vítima da discriminação (Tabela 39). Dentre as notícias que mencionam casos individuais de racismo, 60,2% não relatam a procura da vítima por apoio. O percentual é maior do que a referência de denúncia feita à Polícia (23,3%) – o que pode reforçar a ideia de que essa é uma prática contra a qual não é importante a adoção de medidas severas. Além da Polícia, pontualmente são citados: • Ministério Público (2,9%), família (1,9%), educadores e disque-racismo (ambos com 1,0%). • Relevante observar a ausência de referência a outros setores/ poderes/mecanismos, como as corregedorias de Polícia e as ouvidorias da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e Nacional dos Direitos Humanos – o que sinaliza para o desconhecimento sobre estes sistemas de proteção.
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