Revista Varal do Brasil - ed 33 - jan/fev 2015

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Varal do Brasil—janeiro de 2015

APROXIMAÇÃO AUTOR-LEITOR Há algumas semanas, li uma crônica a respeito da ausência de livros de escritores catarinenses nas livrarias de Santa Catarina, na coluna de um escritor catarinense. Achei muito a propósito a constatação do escritor e colunista, ao procurar, em grandes livrarias do centro da capital catarinense e no aeroporto, livros de escritores da terra e não encontrar. Eu tenho um livro meu, publicado pela Hemisfério Sul, na Catarinense e na Saraiva, mas sei que é muito difícil fazer com que nosso livro tenha alguma visibilidade nas nossas livrarias. Já procuraram meu livro, aqui na capital, e não encontraram. Os livros de autores da terra, a não ser os consagrados, ficam no estoque, bem guardados e muito pouco visíveis. Já no Rio Grande do Sul, para onde o colunista que abordou o assunto viajou, os escritores gaúchos são privilegiados, estão bem à mostra tanto nas livrarias como no aeroporto da capital, evidenciando a valorização que lhes é conferida. Não é à toa que a Feira do Livro de Porto Alegre é a mais tradicional do país e é esperada e amada por toda a população, é um evento que orgulha todo o povo daquele Estado. Mas não sei se a culpa da falta de visibilidade das obras de nossos escritores nas livrarias catarinenses é só das livrarias. Não estou querendo desculpar os livreiros por não deixar nossos livros à vista, mas a verdade é que o leitor catarinense não procura o autor catarinense, prefere os best sellers estrangeiros, e por isso as obras de nossos escritores acabam saindo de vista para dar lugar a livros que vendem. Quer dizer, é um círculo vicioso: se os livros de autores locais não são procurados, cedem lugar aos campeões de venda, que nem precisam ficar à mostra porque vendem de qualquer maneira, mas comércio é comércio e os produtos top de linha tem que estar à frente. E não é só o leitor que não dá muita importância aos seus escritores, não. Nem todo escritor faz o seu papel para mudar isso. Nós, escritores, precisamos ir às escolas para levar a nossa obra aos leitores em formação, conversar com eles, fazê-los saber que existimos. Fazemos muito pouco isso. Se cada escritor visitasse as escolas de sua cidade para mostrar o que está produzindo, para fazer saber que tem livro publicado, os novos leitores cresceriam sabendo que à volta dele há autores surgindo, com chance de ser um bom representante da literatura catarinense, mais adiante, se for lido. Porque escritor é aquele que é lido, não simplesmente aquele que escreve. As academias literárias também têm o seu papel na divulgação dos produtores de literatura da região e o reconhecimento daqueles que já se destacam é feito através de prêmios que são conferidos nos finais de ano. Público leitor, prestigie as feiras do livro. Conheçam, todos, a obra de escritores conterrâneos, contemporâneos, avaliem, discutam, critiquem. Escritores da terra, participem da feira do livro de sua região, estejam lá para oferecer a sua obra, para se tornarem conhecidos, para efetivarem a integração escritor/leitor. É assim que se chega ao leitor, aproveitando todas as oportunidades.

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – H3p://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

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