Revista bovinos vol 10 final miolo compressed

Revista Tabanel Bovinos

Volume 10, maio / 2016 ISSN 2357-805X

Direção Editorial Wagner Miranda Ana Maria Passani Ferreira Miranda Revisão Neuza Maria Miranda Rosa Projeto gráfico / Capa Gedson Clei Ribeiro Alves Diagramação / Edição de Arte Silvio Filho Supervisão gráfica Classis Editora Impressão e Acabamento Gráfica Talento Tiragem 5.000 exemplares Instituição responsável pela produção editorial ABTnel - Associação Brasileira do Tabanel Rua 205, nº 231, Sala 4, Qd. L1, Lt. AR1, Parque Agropecuário Pedro Ludovico Teixeira, Goiânia-Go, CEP: 74653-200 Presidente da ABTnel Ana Maria Passani Ferreira Miranda Vice-presidente Roberto Naves Ferreira

MISSÃO DA REVISTA Publicar matérias técnicas, histórias, eventos e divulgações de marcas e produtos de interesse para os criadores de zebu e outros bovinos no Brasil.

EDITORIAL Ainda que a economia brasileira não esteja no seu melhor momento, o agronegócio continua sendo o estandarte mais expressivo das nossas divisas, respondendo por 22% do PIB e 41% das exportações , graças ao esforço incansável dos seus empreendedores. Parabéns a esses bravos e fortes guerreiros que seguram esse país.

A Revista Tabanel Bovinos, em sua 10ª edição, continua a desempenhar Dra. Ana Maria P. Miranda Presidente da ABTnel

a missão inicial de informar e atualizar os nossos leitores com matérias técnicas do mais alto padrão e seriedade.

A história do criador retrata a paixão pelo tabapuã e a sucessão familiar.

Nossos agradecimentos aos amigos, parceiros, criadores, pecuaristas, associações dos mais diversos segmentos, instituições de ensino, pesquisa, financeira e saúde pela sempre confiança, amizade e companheirismo .

Deus lhes pague.

Esperamos que gostem de mais esta leitura.

Ótima leitura a todos!!!

Ana Maria Passani Miranda Editora Presidente da Associação Brasileira do Tabanel

SUMÁRIO

02 10 12 18 24

Obras de André Monteiro Baile na Roça Lavoura Perene e Bezerros Vender ou segurar as boiadas Programas de Melhoramento

26 30 32 34 40

ANCP CRV LAGOA GENEPLUS PMGZ QUALITAS

46 48 54 60 62

História do Criador Pastagens Dicas de Pecuária A grande festa de muladeiros Carta Pecuária

82 90 98 102 104

Indíces bioeconômicos Uma saúde de peso Marcadores Moleculares Conceito de julgamento Mogno Africano

BAILE NA ROÇA do daquele que pisasse no seu calo sem motivo justo.

Pois bem. O baile na fazenda do Abelardo prosseguia animado e o povo rodopiava em uma grande tolda armada no terreiro. Nesse baile estava presente um tal Cafubira, um cafuçu que tinha esse apelido pela sua chatice e, acima de tudo, metido a valente, uma verdadeira sarna.

Luis Carlos Rodrigues Escritor

O povo da roça gosta mais de baile do que o da cidade.

Volta e meia tem um pagode num cantinho qualquer de algum lugar. Agora até nem tanto. Mas, antigamente, esses bailes tinham alguns códigos de conduta: uma moça que se recusasse a dançar com algum rapaz geralmente era discriminada. Algumas sofriam até violência verbal de rapazes despeitados. Alguns rejeitados se sentiam ainda no direito de proibir a moça de dançar com qualquer outra pessoa. Caso ela teimasse, era motivo de briga e até agressões físicas.

Certa vez, contava meu avô, um vizinho promoveu um grande baile depois de um mutirão que aconteceu em sua fazenda. Esse vizinho, de nome Abelardo Martins, era um sujeito muito sistemático, trabalhador e não gostava de levar desaforo pra casa. Coita-

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canto um peão, que era como filho, um tal Bastiaozão, que morava na mesma fazenda e ali também tinha nascido.

Esse Bastiaozão era um mulato quase negro, de mais ou menos dois metros de altura e sua diversão preferida era segurar garrotes, carregar de uma só vez duas sacas de feijão, rachar com machado toras de angico e aroeira. Enfim, muito forte.

Esse sujeito resolveu chamar uma das moças para dançar. Era uma menina muito bonita e simples, filha de um outro vizinho amigo, que resolveu enjeitar o cafuçu. Certamente com medo, pois era mal-encarado e muito feio. Ele, se sentindo acima do bem e do mal, aceitou a rejeição, mas esbravejou e gritou para todos os presentes que aquela moça não iria dançar com mais ninguém.

Bastiaozão foi até o local onde se encontrava Cafubira e disse:

Abelardo Martins, dono da festa, para não causar constrangimento junto aos convidados, pois certamente haveria bate-boca, chamou num

Em seguida, Bastiaozão falou:

- Eu vim aqui perguntá se ocê num qué dança cumigo.

Cafubira respondeu: - Cê besta, sô... Cê tá achano o quê? Qui eu sô argum dismunhecado?

Eu sô é macho e num vô dançá de jeito manêra...

- Já qui ocê num qué dançá cumigo, intão a partir dagora ocê

num dança cum mais ninguém.

Se eu vê ocê dançano cum quarqué pessoa, pode sê homi, muié nova, muié veia, minina, seja lá o que qui fô, eu vô infiá a mão na sua lata cum tanta fôrça qui é capáis do cê saí e até avuá...

Depois da ameaça, Cafubira ficou quietinho e acabou saindo mais cedo do baile.

Antes, um amigo perguntou: - Qui pressa é essa? Já vai?

Cafubira respondeu: - É qui a moça qui me injeitô acabô de me pidi discurpa e me chamô pra dançá...

O amigo retrucou: - E daí? Qualé o pobrema?

Vai injeitá essa belezura de muié?

Tá com medo do Bastiaozão?

Meio sem graça, Cafubira finalizou: - Cê besta, sô. Isso pode sê uma arapuca. Além disso, o diabo atenta, mais num acode...

O Nelore é o nosso Amor!

Londrina 9 Terramata BIG BEN DA SN x LONDRINA TE KUBERA

Marani JS da BJ TE

"Produzir animais de excelência e genética melhoradora é uma arte, e isso deve ser feito com Amor!"

FAJARDO DA GB x DAYANA TE DA SABIÁ

Elegance 9 Paraguaçu HELÍACO DA JAVA x ELEGANCE V TE UNIMAR

Jupiá III Ouro Fino RANCHI IPÊ OURO x JUPIÁ DA GUADALUPE

Estrela da Zeus BIG BEN DA SN x PAINEIRA TE CTJ

Nacilana FIV Unimar ENLEVO DA MORUNG. x MAHARASH II TE J. GALERA

Bucareste BFSA JAMBO TE VII J. GALERA x ISANGHA DA RVMGALERA

Idealização

PMGZ (62) 9253-5703

PMGZ

Empreendimentos Agropecuários

multzootecnico@hotmail.com 62 9267-3182

SOBRE LAVOURA PERENE E BEZERROS

Mauricio Velloso

Engenheiro Agrônomo, UNESP, Jaboticabal-SP Consultor - Gerenciamento de Pastagens Pecuarista de Corte e Leite em Porangatu - GO Presidente da Comissão de Pecuária de Corte da FAEG

Diz-se, com propriedade, que a produção de bezerros foi, durante muitos anos, subproduto do processo de abertura e colonização de novas áreas, e o valor deles, secundário. Com o passar do tempo, a dinâmica de ocupação de terras modificou-se. A agricultura cresceu, modernizou-se e avançou sobre regiões tradicionais de pecuária extensiva. O preço das terras, valorizado, passou a exigir das atividades sobre elas, compatibilidade econômica.

Ou seja, passou a exigir respostas de produtividade, às quais a atividade de cria, habitualmen-

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te extensiva e pouco tecnificada, não estava acostumada nem preparada. Não estava... ou não está?? ? Ao falar desse assunto, não consigo evitar a lembrança de um dado trazido à tona pelo Maurício Palma Nogueira, do Rally da Pecuária, que há entre 25 e 29 milhões de vacas vazias AO ANO no Brasil... Algo como 30% do rebanho nacional de vacas de corte!Incrível ! Inaceitável!! Como pode um negócio suportar o custo altíssimo de 30% de suas máquinas produtoras ligadas, consumindo energia, mão de obra, só dando despesa e não produzindo nada? Pois então, goste-se ou não da informação, ela é fidedigna e retrato fiel da pecuária de cria. Pecuária de cria não é ou não era - rentável? Discordo.

Sempre discordei. A cria precisava e precisa cuidar melhor das suas matrizes. É preciso relembrar que a relação desse imenso gargalo é direta com dois fatores notoriamente controláveis e previsíveis: alimentação e manejo - sendo que esse último não custa nada! E ainda, as tecnologias que solucionam esses desafios, são simples e acessíveis .

Em trinta e um anos de Goiás, observei existir dois tipos de seca - a seca brava e a seca muito brava. E pasme, ano após ano vemos produtores demonstrarem surpresa com esse fenômeno, como se fosse uma novidade ímpar!

Qualquer delas maltrata, reduz e atrasa - ou anula - a capacidade reprodutiva das matrizes, na medida da redução do seu peso. É impossível provocar cio em vacas depauperadas pela fome. É impossível emprenhar

dial, fundamento sagrado da atividade. A obediência a esse fundamento, a manutenção do escore corporal das matrizes, é que irá garantir o cumprimento de dois quesitos “chave” para a rentabilidade da atividade pecuária - uma cria ao ano/vaca e parição na hora certa (setembro e outubro).

Muito se tem falado, demonstrado e utilizado - com excepcionais resultados - sobre os sistemas de integração

Muito se tem falado, demonstrado e utilizado - com excepcionais resultados - sobre os sistemas de integração lavoura/pecuária, e mais recentemente, integração lavoura/ pecuária/floresta. vacas na hora certa, quando os seus organismos lutam para apenas se manter vivos. Apesar da inevitável sazonalidade de produção de forragem devido ao clima durante a seca, a manutenção do escore corporal das “máquinas de produção” deve ser meta primor-

lavoura/pecuária, e mais recentemente, integração lavoura/ pecuária/floresta. Entretanto, esses sistemas integrados são apenas parte da solução. A principal diretriz, sob qualquer sistema, é entender a pastagem como lavoura perene (alimentação) e o rebanho como Ü

cuidados quanto à fertilidade do solo e ao manejo dos pastos, a produção de forragem cai vertiginosamente nos meses secos. a colhedeira ( manejo). E uma lavoura perene diferente das outras - exigidíssima! - posto ser colhida durante todo o ano. Parece simples. E é simples! Requer basicamente implantação rigorosa, condução técnica e caprichada, feita para durar. Observação da aptidão dos solos e clima,escolha das espécies forrageiras, relevo, medidas de conservação do solo, e adequação da fertilidade do mesmo para os ganhos pretendidos. Em continuidade, observação acurada e permanente dos estádios vegetativos das plantas, mensurar sistematicamente a qualidade e quantidade disponível de forragem, e adequar a “colheita” à produção estimada, num processo de ajuste permanente. E controlar amiúde o peso do rebanho, conferindo se a produtividade está dentro do esperado. Medir e ajustar, “ad eternum”. Ainda assim, tomados todos os cuidados quanto à fertilidade do solo e ao manejo dos pastos, a produção de forragem cai vertiginosamente nos meses secos. Vixe...e aí, fazer o que? É quando entra em ação outro mecanismo funda14 | Bovinos

mental de manejo - o seguro alimentação. Sim, seguro, igual ao feito a qualquer automóvel.

Só que esse, o seguro alimentação, assegura o seu patrimônio... Esse seguro pode existir na forma de pasto diferido ou palhada de roça. E além dessas duas formas, considero fundamental complementar o seguro com silagem ou feno, posto não adivinharmos a extensão do período seco, nem se ha-

É evidente que medidas complementares ao sucesso da empreitada, como vacinações e vermifugações periódicas e estratégicas, suplementação mineral/energética/protéica, IATF, uso de touros de qualidade, são todas elas importantes. Mas todas,todas repito, são complementares à oferta de pastagem farta e de qualidade. Pastagem, essa formada e conduzida como lavoura perene que é, e colhida pelo rebanho (ou pela ensiladeira) com rigor agrícola, nem antes nem depois da hora exata, e sem desperdício.

Bem, aqui retornamos aos bezerros e sua produção.Resumindo, criar vacas a capim,

produzindo uma cria por ano, nascida nos meses de setembro/outubro ( para as regiões que iniciam as chuvas em outubro/novembro), é um dos melhores negócios que existe.

Vaca é de fato um bicho resistente e resiliente. Aguenta um baú de desaforos, recupera-se, mas não é mágica. Conduzida “no tapa”, sobrevive. Bem nutrida, é máquina produtora imbatível! Sendo que bezerros e bezerras de qualidade, “frutos” da lavoura perene “pasto”, deverão permanecer valorizados por muito tempo, sugiro que os companheiros pecuaristas passem a deitar um novo e agrícola olhar sobre as suas lavouras perenes de pasto . Pois é delas que virá - ou não - colheita farta e lucrativa de bezerros.

Fonte: O autor

Ainda assim, tomados todos os

verá a desagradável e comum visita de fogo às pastagens e palhadas tão cuidadosamente conservadas.

VENDER OU SEGURAR AS BOIADAS?

A partir do momento em que o produtor deixa de vender a determinado preço (hoje) e decide reter os bovinos, ele assume mais um período de risco de mercado.

Se o pecuarista vender, ele realiza o lucro e pode repor os animais, investir, quitar dívidas, etc. Em geral, a indicação é ir realizando o lucro, fazendo as vendas, compassadamente, com o intuito de gerar um preço médio interessante e mitigando riscos.

Mas se o produtor tiver a possibilidade de reter estes animais, ou existir uma área próxima para ser arrendada, a conta também pode ser interessante.

PRÓS E CONTRAS DA RETENÇÃO Aqui temos algumas ressalvas a fazer sobre a retenção.

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No entanto, existem meios para que ele garanta o patamar de preços da arroba. As ferramentas de hedge, sejam via frigorífico (termo) ou BM&F (contrato futuros e de opções), garantem os preços e tiram todo ou parte deste risco.

Fonte: Scot consultoria

O peso médio de uma boiada está em 520,0kg/cabeça, cerca de 18,0@, considerando 52,0% de rendimento.

Pronto para o gancho, mas aí surge a dúvida, vender ou segurar um pouco mais?

A partir do momento em que o produtor deixa de vender a determinado preço (hoje) e decide reter os animais, ele assume mais um período de risco de mercado.

usar as ferramentas disponí-

Com isto, observar as cotações no mercado futuro pode ser um direcionamento.

Mas não adianta usar os preços futuros apenas para optar pela retenção, se não travar as cotações efetivamente.

veis, venderam em outubro

Um exemplo foram os preços futuros de outubro de 2015, que em abril atingiram valores próximos de R$158,00/@, à vista, em São Paulo, e animaram muitos pecuaristas.

Outro ponto é a troca. O

com média de R$146,80/@, preço R$11,20/@ menor do que quem travou, o que equivale a R$201,60 por boi gordo com 18,0@.

momento pode estar ou não favorável para a compra da reposição. Há o risco de que ao reter os animais o produtor encontre trocas menos favoráveis quando vender a boiada. Por outro lado,

Os que só se animaram,

também há a possibilidade de

mas não aproveitaram para

que o bezerro ceda e haja ganho.

Outro risco é o de mortalidade, embora este seja pequeno para categorias eradas, como é o caso deste exemplo.

Com uma retenção de 70 dias, teríamos algo em torno de 0,38% de mortalidade, ao considerarmos uma taxa de mortalidade de 2,0% ao ano.

O fato de o dinheiro entrar na conta antes também é importante. Para comparar a venda antecipada à retenção, podemos usar uma taxa de juros e adicionar um rendimento à receita do cenário sem retenção, pelo mesmo período que os animais ficarão no pasto. Ü

CUSTOS ADICIONADOS Neste período de retenção, vamos agregar custos aos bovinos. Considerando que uma pequena parcela das fazendas possui controle de custos, incluindo os não desembolsáveis, nos quais estão as depreciações de benfeitorias e pastagens, vamos usar um ajuste.

Para estes custos fixos, podemos utilizar o arrendamento de pastagem na região. Obviamente não serão os custos exatos da propriedade, mas se a fazenda não tiver nada excepcional, do ponto de vista de investimentos, podemos usar sem medo de errar E se a fazenda for um ponto fora da curva, sob o ponto de vista de maior capital imobilizado e investimentos, este é mais um motivo para que o pecuarista controle direito os seus números Consideramos um custo de arrendamento de R$28,00 por cabeça ao mês.

Para a mão de obra, consideramos um colaborador, com um salário de R$1,0 mil, ao qual foram somados 70,0% de encargos, para cada 500 cabeças, ou seja, aqui usamos dois funcionários e aqui temos um custo mensal de R$3,40 por cabeça.

Para a suplementação, foi usado um suplemento mineralizado, com 40g de fósforo.

Usamos um consumo diário de 70g e um custo de R$50,00 por saco (30kg). Aqui temos 20 | Bovinos

um custo mensal de R$3,50 por cabeça.

Incluímos outros custos, como R$500,00 por mês, de quilometragem para a visita à fazenda ou arrendamento e mais R$1,00 por cabeça/mês, como custeio de sanidade (equivalendo a R$12,00 por ano).

Embora no período da retenção não haja tratamento sanitário previsto, optamos por um custo mensal um doze avos de um custo estimado por ano. Estes outros custos somaram R$1,50 por cabeça ao mês.

Com isto, estimamos um total de R$36,40 por cabeça ao mês. A tabela 1 mostra um resumo dos custos considerados.

TABELA 1 Componentes de custo considerados na simulação da retenção de um bovino de 18,0@.

Resumo

Custo mensal (R$/cabeça)

Aluguel de pasto

R$ 28,00

Suplementação

R$ 3,50

Mão de obra

R$ 3,40

Outros

R$ 1,50

Total

R$ 36,40

VAMOS AOS CÁLCULOS Consideraremos um lote de mil animais, com 520kg de peso vivo (equivalente a 18,0@, com 52,0% de rendimento). Simulamos a retenção

Se a fazenda for um ponto fora da curva, sob o ponto de vista de maior capital imobilizado e investimentos, este é mais um motivo para que o pecuarista controle corretamente os seus números. por um período de 70 dias, com o abate previsto para meados de abril.

O custo com a retençãoo no período foi de R$84,93 mil.

Ou seja, sobraram R$160,55 mil.

Estes animais, se fossem para o gancho no início de fevereiro, com a arroba negociada por R$152,50, à vista, em São Paulo, gerariam receita de R$2,75 milhões.

Mas, como comentado, o fato de o dinheiro da venda imediata chegar antes à conta deve ser considerado.

Para tanto, aplicamos a ele uma taxa de 1,0% ao mês, o que faz o montante passar de R$2,75 para R$2,81 milhões.

Durante a retenção, consideramos um ganho de peso médio diário de 500g neste período e um rendimento após a retenção estimado em 52,5%.

Com isto teríamos um peso de abate de 19,4@ ao final do intervalo. Seriam adicionadas 1,33 mil arrobas ao lote, já considerando aquelas perdidas pela mortalidade proporcional ao período, considerada na conta.

O abate após o ganho adicional e considerando que o pecuarista obteve a cotação apontada no começo de fevereiro para abril (R$154,74/@), no mercado futuro, a receita passaria para R$2,99 milhões, acréscimo de R$245,49 mil.

Mesmo frente a este valor com juros, temos um retorno adicional de R$95,98 mil com a retenção, o que equivale a R$96,35 por cabeça. Vale destacar também que estes resultados adicionais se referem à comparação entre venda e retenção.

Quando o resultado é positivo em R$95,98 mil, isto não indica o lucro da engorda.

Demonstra quanto o resultado foi melhor que a outra opção (venda e aplicação ou retenção).

RETER OU NÃO RETER A BOIADA? Outros fatores, como a troca, interferem na opção pela retenção. A necessidade de caixa é Ü

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outro fator importante a ser avaliado. Não adianta o pecuarista manter os bovinos em engorda e buscar recursos para pagar dívidas de curto prazo junto ao banco.

Neste exemplo, o ponto de equilíbrio para o ganho de peso seria de 0,246 kg por cabeça ao dia. Ou seja, mantendo as outras variáveis, inclusive o preço projetado de venda (R$154,74/@), com um ganho de 0,246 kg/dia o retorno da retenção se igualaria ao da venda imediata e aplicação à taxa de 1,0% ao mês.

Para cada ponto considerado nesta simulação há diversas variações possíveis.

Por isto, custos de produção e análises econômicas devem ser feitos caso a caso.

TABELA 2 Resumo da simulação de retenção de 1,0 mil bovinos de 18,0@.

Item

Parâmetros

Quantidade de animais

1.000,0

Peso atual (kg, peso vivo)

520,0

Peso atual (arrobas de carcaça)

R$ 18,03

Peso final (kg, peso vivo)

555,0

Para facilitar a decisão do pecuarista, a Scot Consultoria lançou a planilha Retenção de Bovinos – Sim ou Não. Todas as simulações e tabelas apresentadas aqui podem ser feitas em minutos com essa ferramenta.

Peso final (arrobas de carcaça)

19,43

Período de retenção (dias)

70,0

Ganho diário (kg de peso vivo)

0,500

Preço “hoje” (R$/@)

R$ 152,50

Preço projetado (R$/@)

R$ 154,74

Taxa de juros (% a.m.)

1,0%

Retorno da retenção

Resultado

Também é gerado um relatório para impressão, com um resumo, gráfico e considerações sobre a simulação.

Resultado adicional da retenção

R$ 95.979,23

Resultado adicional da retenção (por animal)

R$ 96,35

Arrobas adicionadas ao lote

1.325,5

Equilíbrio

Resultado

Se não concordou com algum parâmetro usado ou ele não se aproximou dos da sua fazenda, clique aqui, peça a sua planilha e faça os seus cálculos em minutos.

Preço de equilíbrio (no qual o resultado empata com venR$ 149,78 da + investimento) Ganho de equilíbrio (em kg/dia, para venda em R$154,31/@) 0,246 Custo da arroba engordada na retenção

R$ 64,08

Fonte: Scot consultoria

Se ao invés de ganho de peso, quisermos testar o preço de venda, agora mantendo os 0,50kg/dia, seria indiferente a venda ou a retenção com uma cotação de R$149,78/@.

O preço poderia ser até R$4,96/@ menor que o projetado, que o resultado da retenção ainda seria igual ao da venda mais aplicação (1,0% ao

mês). Veja um resumo da simulação na tabela 2.

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NOSSO DIFERENCIAL É A QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES E AS MAIS MODERNAS TECNOLOGIAS PARA O CRIADOR A ANCP trabalha com seleção de bovinos há 28 anos e nosso diferencial é a qualidade das informações e as mais modernas tecnologias para o criador. Trabalhamos com avaliação genética de quatro raças: Nelore (Nelore Brasil), Guzerá (Guzerá Brasil), Brahman (Programa de Melhoramento Genético da Raça Brahman) e Tabapuã (Programa de Melhoramento Genético da Raça Tabapuã), trabalhamos com animais PO (Puro de Origem), LA (Livro Aberto) e CL (Cara Limpa). Os quatro programas totalizam mais de 2,8 milhões de animais avaliados, mais de 8,4 milhões de pesagens e mais de 1,6 milhão de medições de perímetro escrotal, além de medidas de precocidade sexual, fertilidade, produtividade de fêmeas, ultrassonografia e composição de carcaça e características morfológicas.

A ANCP conta com consultores técnicos especializados em Melhoramento Genético e uma equipe de pesquisadores para o desenvolvimento das 26 | Bovinos

tecnologias disponibilizadas aos associados Nosso objetivo é subsidiar o criador com as ferramentas e tecnologias que auxiliem o processo de seleção, tornando-o mais eficaz para maximizar o ganho genético, a lucratividade e sustentabilidade ambiental dos rebanhos. Nossos programas proporcionam significativos ganhos em produtividade e a valorização dos animais, vendidos diretamente na fazenda, em leilões e contribuindo também para o aumento na comercialização de sêmen.

As fazendas são visitadas uma vez ao ano, por um de nossos consultores especializados em melhoramento genético, o objetivo é auxiliar o criador no processo de seleção, garantir a qualidade dos dados e consequentemente da avaliação genética.

para a pecuária. Plataforma integrada 100% online, é prático e funcional, auxilia o criador associado na troca de informações com a ANCP e no gerenciamento dos dados genéticos do seu rebanho, através do envio de informações e consulta de relatórios.

Além das avaliações o associado pode usufruir de tecnologias exclusivas da ANCP como:

-DEP Genômica: Oferece ao criador informações valiosas para a seleção de animais jovens, melhorando o ganho genético do rebanho e aumentando a lucratividade. Feita por uma parceria entre ANCP e Zoetis, auxilia na seleção precoce de animais com alto potencial genético com valor significativo de acurácia. Isso reduz a chance de erro na escolha dos reprodutores e matrizes e o intervalo de gerações, aumentando a intensidade seletiva do rebanho.

-ANCPNet: Maior e mais completo sistema gerencial online de melhoramento genético

-PAG: Moderno sistema online de acasalamentos genéticos otimizados. O PAG tem a capacidade de maximizar o progresso genético, monitorar Ü

a consanguinidade, identificar a composição de genearcas e projetar as DEPs das futuras progênies.

e consequentemente contribuem para o meio ambiente, Certificação G3 – Sustentabilidade Genética.

-CEIP: o certificado especial de identificação e produção é emitido para machos e fêmeas (PO, LA e CL), participantes de programa de melhoramento genético, que possuem capacidade comprovada para aumentar a produtividade dos rebanhos brasileiros. A ANCP é delegada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a fornecer esse certificado para a raça Nelore.

-Ultrassonografia de Carcaça: as medidas de ultrassonografia são importantes para identificar e selecionar animais para rendimento e acabamento de carcaça características de grande importância econômica, além de auxiliar na seleção de precocidade sexual, devido à alta correlação entre essas características. A parceria da ANCP com a AVAL – Serviços Tecnológicos resultou no maior e mais consistente banco de dados de avaliações de carcaça de animais zebuínos.

-Reprodução Programada: desde 1995, testa Touros Jovens geneticamente superiores nos rebanhos associados ANCP, multiplicando de maneira rápida o material genético, acelerando o progresso genético da raça e aumentando a conectabilidade entre os rebanhos. Em 2015 foi lançada a Reprodução Programada Genômica, com o incremento destas informações a variação da DEP será menor no decorrer dos anos, pois a tecnologia confirma com antecedência e precisão os dados genéticos dos animais ainda jovens.

-Precocidade Sexual: auxilia o criador na identificação de novilhas precoces, que, desafiadas precocemente até 20 meses, conseguem parir um bezerro vivo antes dos 30 meses, com o objetivo de melhorar os índices produtivos,

-Provas de Desempenho: os associados da ANCP têm à disposição provas de desempenho de touros a pasto e confinada, onde são avaliadas características de crescimento, precocidade sexual, carcaça e

-Global G: é um selo de certificação exclusivo da ANCP, que identifica as fazendas associadas comprometidas com o envio confiável de informações, Certificação G1 - Qualidade da Informação, melhoria da qualidade genética dos animais, Certificação G2 - Melhoramento Genético 28 | Bovinos

reduzir o intervalo de gerações e aumentar a lucratividade do produtor.

morfológicas, além da prova de eficiência alimentar com Grow Safe. Essas provas são realizadas em parceria com importantes instituições: Embrapa Arroz e Feijão, Embrapa Cerrados e Universidade Federal de Uberlândia.

-Sistema ANCP-SAM: desenvolvido em parceria com a brasilcomz®, disponibiliza aos criadores uma ferramenta que auxilia na identificação de animais funcionais e adequados para cada sistema de produção. A avaliação morfológica permite atender às exigências do mercado atual por animais de biotipo precoce, mais viáveis economicamente.

-Consultorias: A ANCP conta com uma equipe técnica capacitada em melhoramento genético animal para dar suporte aos associados. Tipos de consultoria: visita de implantação, acompanhamento técnico anual (ATA), certificação global G e consultoria genética.

BOVINOS DE CORTE DA CRV LAGOA A pecuária torna-se cada vez mais dinâmica, a informação cada vez mais dinâmica, a informação cada vez mais valiosa e indispensável para uma gestão eficiente do sistema, onde fatores de determinação genética ligados à produção e reprodução interferem diretamente nos resultados. Portanto, o melhoramento genético de animais de exploração econômica constitui-se no insumo inteligente da pecuária moderna.

O empreendimento rural assume um perfil altamente profissional, que busca retornos econômicos para que consiga garantir sua presença no mercado cada vez mais competitivo, ou seja, a sustentabilidade financeira da operação.

Mediante este cenário, há mais de 22 anos, o PAINT® disponibiliza serviços e ferramentas para controle e direcionamento de todos os fatores genéticos do sistema de produção, tornando-os mais eficientes.

ASSUMA O CONTROLE DO SEU NEGÓCIO O fenótipo do animal, ou seja, aquilo que usualmente se coleta como informação, é uma

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somatória de efeitos genéticos, ambientais e também de uma interação entre eles. Portanto, decisões pautadas exclusivamente em informações fenotípicas são fortemente influenciadas pelo ambiente de criação, sendo mais sujeitas ao erro.

A avaliação genética tem por objetivo minimizar o efeito ambiental sobre as informações e estimar o que existe de efeito genético no resultado obtido. Esse efeito é apresentado na forma de DEP (Diferença Esperada na Progênie), um conceito estatístico que representa a capacidade de transmissão do valor genético do animal para uma determinada característica, ou em outras palavras, corresponde ao efeito aditivo médio dos genes de um animal que são transmitidos para os seus filhos.

O programa PAINT® disponibiliza avaliações genéticas completas relacionadas à produção e reprodução de todo o rebanho. A partir das avaliações o criador tem em mãos ferramentas de seleção para conduzir de forma técnica e precisa o seu processo de escolha, orientado pela ponderação de características de relevância econômica.

Todas as informações são sistematicamente coletadas, safra após safra (ano após ano), intra e entre rebanhos, organizadas e acumuladas em de um banco de dados central.

Esta enorme massa crítica de informações possibilita uma predição acurada do valor genético dos animais avaliados e, de posse de tais informações, o criador pode tomar decisões com muito mais propriedade.

METODOLOGIA PODE SER APLICADA PARA TODAS AS RAÇAS DE CORTE – Disponibiliza software e todo o suporte para controle das informações coletadas; – Equipe PAINT® visita a fazenda e classifica as matrizes com padrão para participar do programa; – Realiza acasalamentos fenotípicos a partir da classificação de matrizes; – Avalia os produtos na desmama e no sobreano para as características de peso e carcaça; – Disponibiliza relatórios de avaliação genética ao longo do ano para as duas fases de avaliação genética;

– Auxilia as fazendas nas seleções dos animais através de relatórios descritivos e analíticos; – Certifica os 20% melhores machos e fêmeas; – Realiza anualmente o teste de progênie; – Oferece todo o suporte técnico para total aproveitamento das informações disponibilizadas e para garantir a evolução genética do rebanho; – Realiza anualmente reuniões com todas as fazendas participantes para a atualização e introdução de novas tecnologias a favor do melhoramento genético; – Capacita a equipe da propriedade para que os envolvidos sejam aptos a realizar e controlar as informações coletadas.

CERTIFICAÇÃO ANIMAL O PAINT® identifica machos e fêmeas superiores para as características produtivas avaliadas no programa.

Estatisticamente estes animais apresentam potencial genético melhorador e são certificados quanto a sua superioridade genética e origem de produção.

No mercado são valorizados em virtude do seu grande diferencial produtivo.

PROGRAMA GENEPLUS EMBRAPA

CONCEITO E OBJETIVO O Programa Geneplus é um serviço especializado de melhoramento genético animal colocado à disposição do criador, pela Embrapa Gado de Corte em parceria com a Geneplus Consultoria Agropecuária em 1996.

O principal objetivo da Tecnologia Geneplus é auxiliar o criador de gado de corte em suas tomadas de decisão na execução da seleção, na elaboração de planos de acasalamento e no suporte de atividades de comercialização, através das avaliações genéticas disponibilizadas de seus reprodutores, matrizes e produtos. Cada criador pode ter um programa próprio de melhoramento genético. A proposta da Tecnologia é assessorá-lo para que sejam alcançadas as suas metas de qualidade de produto e produtividade, com 32 | Bovinos

a geração e criação de animais equilibrados e harmoniosos, de acordo com as características do sistema de produção e as exigências do mercado.

INSCRIÇÃO, IMPLANTAÇÃO E COLETA DE DADOS Para se cadastrar neste serviço, o criador deve procurar pela equipe técnica do Programa, em conjunto com a qual será estabelecido um plano de trabalho a ser conduzido na fazenda. Nesta proposta, em função das condições de infraestrutura e de pessoal, bem como do material genético disponível (matrizes e reprodutores) serão definidos os objetivos do Programa, as características a serem monitoradas, a rotina de coleta de dados envolvendo as fases de acasalamento, nascimento, cria e recria dos animais e as estratégias de melhoramento genético a serem aplicadas.

A implantação do programa na fazenda é de responsabilidade de um técnico credenciado. Nesta oportunidade será apresentado ao pessoal administrativo e de campo os objetivos e metas a serem cumpridos, o cronograma de coleta de dados e a metodologia do trabalho, dentre outras informações, de modo a integrar todas as pessoas envolvidas em um trabalho de equipe.

Para a coleta, gerenciamento e remessa destes dados ao Geneplus é necessária a utilização de um aplicativo adequado. Embora disponível, não há obrigatoriedade de uso do software Geneplus de coleta de dados. É facultada ao usuário a utilização de qualquer outro recurso, desde que sejam atendidas as recomendações estabelecidas no Plano de Trabalho.

RESULTADOS, UTILIZAÇÃO E COMPROMISSO Os resultados para cada animal - valores genéticos expressos em DEP-diferença esperada na progênie e respectivas acurácias (precisão das deps) e percentis (posição da estimativa dentro da população) são apresentados ao

participante em meio eletrônico (software). Os animais são classificados em função das DEPs das principais características no Índice de Qualificação Genética - IQG e do percentil. É disponibilizado ao criador a opção para a simulação de acasalamentos, de forma a se prever as DEPs futuras e o coeficiente de consanguinidade dos possíveis acasalamentos. Além disso, é apresentado, ao criador, gráficos de tendências genéticas para acompanhamento da evolução do melhoramento genético do rebanho em relação à média do grupo de criadores associados ao programa. É de responsabilidade do Programa Geneplus o acompanhamento e orientação dos criadores na interpretação dos sumários de avaliação genética, para consultas e tomadas de decisão para o efetivo melhoramento genético do rebanho pela aplicação das técnicas de seleção e de acasalamentos e para suporte em eventos de comercialização de animais.

O PROGRAMA DE MELHORAMENTO GENÉTICO DE ZEBUÍNOS APRESENTAÇÃO

co das Raças Zebuínas.

INTRODUÇÃO

A obtenção dos dados, sejam eles de genealogia ou desempenho, é supervisionada por um amplo corpo técnico de campo. Posteriormente, buscando-se a credibilidade do processo, os dados passam por uma consistência nos 18 escritórios regionais (e uma filiada) distribuídos por todo o Brasil e também na sede da ABCZ, em Uberaba. As informações zootécnicas que formam a base de dados analisada foram estruturadas sob a administração do departamento técnico da ABCZ.

O Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) é desenvolvido pela ABCZ e contempla todas as raças zebuínas. O PMGZ é conduzido em várias etapas: coleta de dados, processamento das avaliações genéticas, divulgação e orientação sobre o uso dos resultados.

As avaliações genéticas das raças zebuínas de corte são atualizadas semestralmente pela ABCZ, tendo como base as informações provenientes, principalmente, do Controle do Desenvolvimento Ponderal (CDP), o que permite proporcionar ao mercado informações genéticas consistentes que expressam o desempenho dos rebanhos inscritos. Toda a população avaliada é composta somente por animais inscritos no SRGRZ – Serviço de Registro Genealógi-

34 | Bovinos

Anualmente, são incorporados novos animais e novas informações ao banco de dados geral do PMGZ. Atualmente, a base de dados geral da ABCZ acumula mais de 13.000.000 de pesagens. Neste ano de 2015, participaram do processo de avaliação genética mais de 10.000.000 de animais das diferentes raças zebuínas.

Todo esse processo permite disponibilizar aos criadores e pecuaristas em geral, as avaliações genéticas de animais zebuínos, sejam eles touros, matrizes ou animais jovens. A partir destas informações, é possível, anualmente, produzir o presente sumário nacional de touros das raças zebuínas.

AVALIAÇÕES GENÉTICAS A primeira versão das avaliações genéticas nacionais das raças zebuínas foi publicada em 1984, como resultado do convênio entre ABCZ e Embrapa.

Essa importante parceria perdurou por décadas e foi fundamental ao processo de desenvolvimento e amadurecimento do programa de melhoramento genético de zebuínos (PMGZ).

Nos anos de 2012 e 2013 as avaliações genéticas foram executadas pelo centro técnico de avaliação genética (CTAG).

A partir de 2014 as avaliações genéticas das raças zebuínas de corte, integrantes do programa de melhoramento genético de zebuínos, foram realizadas por uma equipe interna especializada, com o auxílio de um conselho de consultores da área de melhoramento genético animal.

Essa nova perspectiva foi viabilizada pelo direcionamento e apoio da atual gestão da ABCZ (2013-2016). Ü

A equipe interna de avaliação genética é coordenada pelo Superintendente do Serviço de Registro Genealógico das Raças Zebuínas (SRGRZ) da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) Luiz Antonio Josahkian, e composta por Henrique Torres Ventura, Superintendente Técnico Adjunto de Melhoramento Genético da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Mariana Alencar Pereira, Pesquisadora do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) e Edson Vinícius Costa, Analista do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ).

CONCEITOS IMPORTANTES PARA A COMPREENSÃO DO

avaliação genética de determi-

bilidade materna superior (ou

nado animal, sejam dele ou de

inferior), expressa em kg de

SUMÁRIO

parentes, maior será a acurácia

bezerros. Esta característica é avaliada na fase dos 120 dias de idade do animal.

O conselho de consultores externos foi composto pelos Professores José Aurélio Garcia Bergmann, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Fabyano Fonseca e Silva, da Universidade Federal de Viçosa, e pelo pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Fernando Flores Cardoso.

Além desses consultores, colaboraram pontualmente, sob nossa solicitação, os pesquisadores Paulo Roberto Costa Nobre do Geneplus, Vanerlei Roso do Gensys Consultores Associados S/S, Marcos Deon Vilela de Resende e Luiz Otávio Campos da Silva, ambos da Embrapa, e o Professor Robledo de Almeida Torres da Universidade Federal de Viçosa.

36 | Bovinos

DEP – DIFERENÇA ESPERADA NA PROGÊNIE Estimada com base nas informações do próprio individuo e/ou de seus parentes, indica a diferença esperada na produção média da progênie de um determinado animal em relação à produção média das progênies de todos

de suas DEPs. O valor da acurácia varia de 1 a 99%. É importante lembrar que é a DEP quem indica o uso ou não de determinado animal como reprodutor. A acurácia deve ser utilizada como uma medida de risco e irá determinar a intensidade de uso deste animal.

Do ponto de vista prático, isso significa que animais de boas

PD - ED: peso a desmama – efeito direto (kg): indica potencial do reprodutor para gerar filhos com desempenho superior (ou inferior) em relação à média dos filhos dos outros touros no período da desmama (210 dias de idade dos filhos).

DEPs e baixa acurácia podem

PS - ED: peso ao sobreano

e devem ser utilizados, mas em

– efeito direto (kg): indica po-

um número relativamente pe-

tencial do reprodutor para ge-

A DEP é uma medida re-

queno de acasalamentos. Em

rar filhos com desempenho su-

lativa, sempre. Por exemplo,

geral, estes animais ainda têm

perior (ou inferior) em relação

havendo dois touros, o touro A

um valor de mercado relativa-

à média dos filhos dos outros

com DEP + 35 kg para peso ao

mente menor que aqueles de

touros no período do sobreano

sobreano e o touro B com DEP

alto mérito genético e alta acu-

(450 dias de idade dos filhos).

+20 kg também para peso ao

rácia, o que compensa seu uso,

sobreano, espera-se que, em

mesmo com a margem de erro

média, a progênie do touro A

existente na sua avaliação.

os animais que participam da mesma avaliação.

pese 15 kg a mais que a progênie do Touro B, se todos os outros fatores forem mantidos inalterados. É relevante lembrar que a DEP é uma expectativa e, por-

TMD: total materno do peso a desmama: indica a habilidade total das filhas do touro

A acurácia calculada nas

para produzir bezerros mais (ou

avaliações genéticas do PMGZ

menos) pesados a desmama. O

segue as recomendações me-

Total Materno é o resultado da soma da ½ DEP direta + toda a DEP materna da característica.

todológicas da Beef Improvement Federation (BIF).

CARACTERÍSTICAS AVALIA-

É uma medida do grau

PM - EM: peso à fase ma-

de confiança da estimativa da

terna – efeito materno (kg):

DEP. Quanto maior o número

indica o potencial genético do

GPD: ganho em peso pós desmama (g/dia): indica potencial do reprodutor para gerar filhos com desempenho superior (ou inferior) em relação à média dos filhos dos outros touros para ganho em peso da desmama ao sobreano.

de informações utilizadas na

animal em gerar filhas com ha-

Ü

tanto, deve sempre vir acompanhada da AC – acurácia.

DAS E APRESENTADAS NES-

AC – ACURÁCIA

FORMA DE DEPs

TE SUMÁRIO IMPRESSO NA

IPP: idade ao primeiro parto (dias): indica potencial do reprodutor para gerar filhas cujo primeiro parto seja mais (ou menos) precoce em relação à média das filhas dos outros touros.

Neste caso, quanto mais negativa for a DEP melhor, ou seja, menor será a idade ao primeiro parto de suas filhas.

PES: perímetro escrotal ao sobreano (cm): indica o potencial do reprodutor para gerar filhos com maior (ou menor) perímetro escrotal aos 450 dias de idade (Figura 5).

E: estrutura corporal: indica o potencial do animal para gerar filhos com maior (ou menor) estrutura corporal. A estrutura corporal é avaliada como a área (abrangência visual) do animal observado de lado, olhando-se basicamente para o comprimento corporal e a profundidade de costelas. São atribuídas notas que variam de 1 (menor estrutura corporal) a 6 (maior estrutura corporal) (Figuras 1 e 4).

P: precocidade: indica o potencial do animal para gerar filhos mais (ou menos) precoces. A precocidade é avaliada como a relação entre a profundidade de costela e altura dos membros. São atribuídas notas que variam de 1 (menos precoce) a 6 (mais precoce). Ani-

38 | Bovinos

iABCZ – ÍNDICE ABCZ

mais com maior profundidade de costelas em relação a altura de seus membros recebem as maiores notas (Figuras 2 e 4).

M: musculosidade: indica o potencial do animal para gerar filhos com maior (ou menor)

Figura 3. Apresentação

cobertura muscular. A muscu-

esquemática das proporções

losidade é avaliada através da

avaliadas para a característica

evidência de massas muscula-

musculosidade (M)

variam de 1 (menor musculosidade) a 6 (maior musculosidade) (Figuras 3 e 4).

Em que,

Figura 4. Apresentação esquemática das proporções avaliadas para todas as características morfológicas: E = estrutura corporal, P = precocidade e M = musculosidade.

mática da medida para a caracesquemática das proporções avaliadas para a característica precocidade (P)

PM-EM = peso à fase materna – efeito materno (120 dias); PD-ED = peso a desmama; TMD = total materno do peso a desmama; GPD = ganho de peso pós desmama; PS-ED = peso ao sobreano; IPP = idade ao primeiro parto, e PES = perímetro escrotal ao sobreano.

PERCENTIL (TOP%)

Figura 5. Apresentação esqueFigura 2. Apresentação

O iABCZ considera e pondera as seguintes DEP’s: iABCZ = 10% PM-EM + 15% PD-ED + 20% TMD + 15% GPD + 15% PS-ED + 15% IPP + 10% PES,

res. São atribuídas notas que

Figura 1. Apresentação esquemática das proporções avaliadas para a característica estrutura corporal (E)

É o índice de seleção que contempla características de importância econômica, sugerido como critério de seleção dos animais dentro do PMGZ – Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos.

terística perímetro escrotal ao sobreano (PES).

DEMAIS ÍNDICES E SIGLAS UTILIZADOS NO SUMÁRIO:

Indica a posição (classe) do animal para determinada DEP e para o iABCZ, em relação ao total de animais avaliados.

Sendo assim se um animal tem percentil igual a 2% para DEP PS-ED, significa que, para a DEP de peso ao sobreano, ele está entre os 2% melhores animais para esta característica. O percentil varia de 0,1 a 100%, ou seja, quanto menor, melhor classificado está o animal.

PROGRAMA QUALITAS DE MELHORAMENTO GENÉTICO neidade e veracidade dos resultados conferidos. A tradução desse trabalho é a grande satisfação e fidelização que temos com nossos clientes e parceiros.

MÉTODO DE AVALIAÇÃO O Qualitas é um programa de melhoramento genético específico para produção de carne nas regiões tropicais. Nosso objetivo é selecionar, por meio de técnicas modernas e científicas, os animais que serão potencialmente os melhores reprodutores e matrizes para o rebanho, utilizando eficientemente os recursos com o máximo de ganho.

O programa foi desenvolvido pela Qualitas Agronegócios, empresa com 20 anos de mercado destinados à consultoria em pecuária de corte e ao acompanhamento técnico de rebanhos Nelore.

40 | Bovinos

Há 15 anos, a empresa elaborou o Programa Qualitas que hoje é utilizado por 36 criadores distribuídos em 7 estados (GO, MG, MT, PR, RO, SP e TO) com mais de 31.000 matrizes em avaliação e mais de 300.000 animais em produção.

O banco de dados do programa conta com o histórico de mais de 294 mil animais e o arquivo de medições conta com mais de 2,4 milhões de registros de informações dos animais verificados e acompanhados. São grandes os números auditados por nós. E isso afirma, ainda mais, a ido-

Para ser qualificado no programa o animal deve ter seu histórico acompanhado desde o nascimento. Depois segue a verificação do peso a desmama, o perímetro escrotal e peso aos 15 meses. Isso

cionais: uma aos 15 meses, antes das avaliações genéticas e outra aos 18 meses no momento de aprovação final da certificação. ÍNDICE DE QUALIDADE Para a seleção e classificação dos animais é estabelecido um índice genético, o Índice Qualitas, que tem 60% do seu peso diretamente sobre características de alta importância para quem produz carne a campo – ganho pós desmama

O arquivo de medições conta com mais de 2,4 milhões de registros de informações dos animais verificados e acompanhados.” gerará as avaliações genéticas e estabelecerá um ranking dos animais. Eles têm que ser aprovados em duas Avaliações Visuais de Adequação (AVA) ou características fun-

e musculosidade. E 40% do seu peso em características importantes para a produção de matrizes – Peso de desmama e Perímetro Escrotal (relaÜ

cionado a precocidade sexual das fêmeas). A avaliação genética é realizada pela equipe da Dra. Lúcia Galvão da UNESP de Jaboticabal - SP. Com esse índice os animais são novamente verificados visualmente, aos 18 meses, para serem aprovados e certificados.

Touros com melhores índices são selecionados para teste de eficiência alimentar. No final, somente os 10 melhores reprodutores são escolhidos 42 | Bovinos

para o teste de progênie, garantindo, assim, o avanço genético do rebanho.

Ponderação do Índice: 20% Peso desmama + 40% Ganho pós desmama + 20% Perímetro Escrotal + 20% Musculosidade.

O programa tem o respaldo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) por intermédio da certificação CEIP - Certificado Especial de Identificação e Produção. O reconhecimento, pelo MAPA, foi em 2002 do

qual recebeu a autorização para emissão do CEIP para até 20% de sua safra de produção de machos e fêmeas a cada ano. O CEIP legitima os animais mais destacados que foram acompanhados e qualificados pelo Qualitas. Isso é muito importante quando se quer a garantia de qualidade dos animais.

44 | Bovinos

HISTÓRIA DO CRIADOR

Drº Edgard Pereira Ribeiro Propriétario do Tabapuã Copacabana

O primeiro lote de 20 novilhas, 1 touro e 3 garrotes foi adquirido da Fazenda Água Milagrosa em 15.05.73, Foi o sócio número 02, em 01.01.1975, da recém criada

46 | Bovinos

associação nacional dos criadores de Mocho Tabapuã (ABCMT), a partir do qual deu início ao processo seletivo com sucessivas recompras dando corpo um plantel que teve sua primeira inseminação realizada no ano de 1980, com a utilização dos touros Vincúlo da Progresso, Kent da Progresso e Viamão de Tabapuã. Em 1984 foi iniciado a participação das pesagens no Controle de Desenvolvimento Ponderal (CDP) da ABCZ que auxiliaram na geração da base para o Programa de Melhoramento Genético da raça no PMGZ. A informatização do controle zootécnico do rebanho ocorreu no final da década de 80, sendo a Copacabana o 16º usuário no Brasil a utilizar

o sistema PROCAN, auxiliando no desenvolvimento das melhorias no seu período de implantação. A utilização da transferência de embriões ocorreu no início da década de 90, processo em que a escolha de doadoras já era auxiliado pela avaliação genética do rebanho.

Com a ausência do Dr. Edgard, seus filhos Médicos Veterinários Edson e Éderson assumiram a propriedade em 2001, dentre as mudanças programadas foram ampliadas as preocupações com produtividade e avaliações do rebanho, sendo assim em 2002

Visita a fazenda Água Milagrosa para primeira compra

Fonte: Fazenda Copacabana

O Tabapuã Copacabana teve seu início no ano de 1973, quando o médico Drº.

Edgard Pereira Ribeiro decidiu mudar para a atividade de pecuária de corte. Na época, levando em consideração a parte técnica para a escolha da raça, optou pela raça Tabapuã em função dos seus expressivos resultados em provas de ganho de peso, na época chamados de “Concurso de Boi Gordo”, realizados pelo governo de São Paulo no Instituto de Zootecnia de Sertãozinho.

foi realizada a primeira prova de ganho de peso, prova zootécnica esta até hoje utilizada em todos os machos da geração de forma a classificar o desempenho comparativo destes machos sempre em regime de pasto. Em 2010 além do PMGZ o rebanho da Copacabana passou a ser avaliado também pela ANCP e foram

Prova de ganho em peso a pasto

Fonte: Fazenda Copacabana

Fonte: Fazenda Copacabana

Primeiro lote de novilhas compradas

incorporadas avaliações de carcaça por ultrassonografia através da AVAL.

zenda no final do processo de avaliação do grupo contemporâneo (geração).

reserva é composto de animais elite para estas características citadas.

Com a visão de processo seletivo massal, todo o rebanho é avaliado do nascimento ao sobreano sofrendo as mesmas condições de manejo lote a lote. Ou seja, qualquer individuo somente é classificado para a reserva da fa-

Atualmente no caso dos machos, a avaliação final leva em consideração o desempenho em prova de ganho de peso a pasto, ultrassonografia de carcaça, andrologia precoce e avaliação genética PMGZ. Desta forma o lote

Nas fêmeas além das características de tipo, a fertilidade avaliada pela idade ao primeiro parto (IPP), intervalo de parto e qualidade do bezerro desmamado são determinantes para a permanência no rebanho.

Fonte: Fazenda Copacabana

Desta forma o processo seletivo apresenta-se eternamente inacabado, e a Copacabana não mede esforços para estar sempre na vanguarda do melhoramento, de forma a entregar sempre uma genética de qualidade com resultados no dia a dia.

Ele é gente que faz!

Edson e Ederson

Bovinos | 47

RENOVAÇÃO E REFORMA DE PASTAGEM A classificação do nível de

degradação. Seguem exemplos

degradação não é fixo e pode

de cinco níveis de degradação.

ser alterada de acordo com cada propriedade, com cada manho da área. Mas os itens avaliados seguem um parâmetro específico. Só o fato de Como acontecem todos

degradadas estão sendo reno-

os anos, quando se aproxima a

vadas em associação com cul-

temporada de chuvas, muitos

tivos agrícolas como a soja, no

produtores iniciam os prepara-

sistema que integra a atividade

tivos para o plantio de semen-

agrícola com a pecuária (ILP –

tes de forrageiras, renovando

Integração Lavoura Pecuária) e

as pastagens degradadas. Essa

outras simplesmente renovam

atividade parece simples, mas

essas pastagens degradadas de

depende de vários fatores para

maneira tradicional, ou seja, eli-

que a decisão a ser tomada

minam a pastagem degradada

seja a mais correta possível.

e semeiam outra em seu lugar.

Estudos mostram que mais

O planejamento para re-

da metade das pastagens culti-

cuperar ou reformar a pasta-

vadas existentes se encontram

gem que se encontra em de-

em algum nível de degradação,

gradação é importante para o

contribuindo para a baixa ca-

êxito da renovação. Para isso

pacidade de carga animal por

alguns procedimentos são im-

área. Por essa razão, em alguns

portantes, como classificar o

Estados, as pastagens degrada-

nível de degradação da pas-

das estão sendo substituídas

tagem a ser reformada e, de

por outras culturas como, por

acordo com essas característi-

exemplo, da cana-de-açúcar.

cas, quais os procedimentos a

Outras áreas de pastagens

serem adotados.

48 | Bovinos

o produtor classificar as suas

São geralmente pastagem de boa produção de forragem, que ainda mantém boa qualidade nutricional, sem problema de infestação de ervas dani-

pastagens em produtivas e de-

nhas, sem problemas de insetos

gradadas é um bom começo,

e sem erosões. Geralmente são

porque já tem noção que exis-

pastagens com pouco tempo de

tem dois tipos de pastagens em

implantação. É estranho clas-

sua propriedade. Essa noção de

sificar este tipo de pastagem

degradação faz com que o pro-

como degradada, mas este pro-

dutor adote medidas diferentes

cesso inicia quando iniciamos

em cada um desses piquetes.

o pastejo da área. Fazendo um

Pode-se classificar as pastagens em degradadas, meio

comparativo, é como um carro zero-quilômetro que acabamos de comprar. Este carro se torna

degradada e produtivas e ain-

usado no momento em que o

da em maior ou menor grau de

tiramos da agência.

Ü

Fonte: Boi a pasto

Fonte: Boi a pasto

piquete, de acordo com o ta-

Nível 1

Para a reforma dessa pastagem de Nível 1 de degradação: - Fazer a calagem e fertilização de acordo com os resultados das análises de solo; - Dividir o tamanho dos piquetes, inicialmente pelo menos na metade, para chegar a implantar o sistema de pastejo rotacionado; e, - Para melhorar a produtividade dessa pastagem, reco-

presença de ervas daninhas invasoras e até mesmo de vegetação natural da área.

Para a reforma desta pastagem de Nível 2 de degradação: - Repetir todos os procedimentos anteriores; e - Fazer o controle químico das ervas invasoras e depois a implantação das leguminosas.

Nível 3

Para a reforma desta pastagem de Nível 3 de degradação: - Repetir todos os procedimentos anteriores; e - Replantar os locais falhados sem pastagem. Se a área for pequena o plantio pode ser feito manualmente. Em áreas maiores, jogue as sementes nos locais falhados a lanço depois de uma chuva e a incorporação pode ser feito através de

tando aguadas naturais como córregos e rios. Se não tiver máquinas e equipamentos na propriedade, obstáculos (pedaço de madeira) devem ser colocados nas trilhas dos animais, evitando que continuem utilizando aquele caminho. Se a erosão não estiver em estágio avançado, o próprio capim se encarrega de fechar novamente o local.

Nível 5

pisoteio com animais.

menda-se ainda a implantação de leguminosas.

Nível 4

Nível 2

Neste nível de degradação a pastagem apresenta todas as

Neste nível de degradação

características anteriores, mas

as pastagens diminuem a ca-

há sinais de erosões.

pacidade de suporte animal, o

Todas as características an-

nível da fertilidade natural do

teriores também aparecem neste

As pastagens neste nível

solo diminui e consequente-

nível de degradação, acrescida do

de degradação não podem ser

mente diminui a produção de

aparecimento de áreas dentro do

forragem. A qualidade nutricio-

piquete sem a planta forrageira,

nal também é menor, as plan-

ou seja, locais com o solo desco-

tas forrageiras demoram mais

berto e que podem ser infesta-

tempo para rebrotarem e há a

dos por ervas daninhas.

Para a reforma desta pastagem de Nível 4 de degradação: - Repetir todos os procedimentos anteriores; e - As erosões devem ser

totalmente reformadas. São pastagens com todas características anteriores em estágios mais avançados.

Para a reforma desta pastagem

zes aparecem nas trilhas dos

de Nível 5 de degradação:

parte mais baixa do piquete.

As chuvas também percorrem o mesmo caminho e as enxurradas acabam transportando o

Fonte: Boi a pasto

plos anteriores. Devem ser

controladas. Estas muitas veanimais que bebem água na

solo desses locais. A primeira providencia é mudar o local do bebedouro dos animais, evi50 | Bovinos

recuperadas, como nos exem-

As pastagens que se encontram neste nível de degradação devem ser totalmente reformadas, ou seja, as plantas existentes (restos de pastagem e plantas invasoras) devem ser eliminadas através de herbicida, Ü

arado e grade. Como nos exemplos anteriores, amostras de solo devem ser retiradas e analisadas. A calagem e adubação devem ser feitas de acordo com os resultados sob orientação de um profissional gabaritado.

O plantio deve ocorrer quando as chuvas se normalizarem, com temperatura do solo acima de 20ºC e com mais de 10 a 12 horas de sol diários.

As sementes podem ser semeadas a lanço ou plantadas em linha. No primeiro caso fazer a incorporação das sementes no solo, utilizando preferencialmente um rolo compactador.

Em solos arenosos e fofos, não utilizar grade niveladora, mesmo que totalmente fechada, para incorporar as sementes.

No segundo caso, cuidado com a profundidade das se-

mentes durante o plantio, não deve ultrapassar os 2 cm.

A qualidade das sementes é importante nesses processos de recuperação e reforma das pastagens degradadas.

Uma semente de má qualidade pode comprometer todo o trabalho realizado. Outro item que deve ser observado é a quantidade de sementes utilizadas nesses plantios, mesmo quando se tratar de renovar áreas com locais falhados.

No mercado existem diversas marcas e diversas qualidades de sementes. O planejamento da reforma ou da renovação de suas pastagens é fundamental, pois muitas vezes a falta de planejamento provoca um gasto acima do previsto de óleo diesel e de mão-de-obra. A manutenção

O plantio deve ocorrer quando as chuvas se normalizarem, com temperatura do solo acima de 20ºC e com mais de 10 a 12 horas de sol diários. As sementes podem ser semeadas a lanço ou plantadas em linha. mal feita provoca quebras e desgastes de máquinas e equipamentos que elevam os custos de produção. Todos esses gastos extras e outros que podem ocorrer, acabam comprometendo os recursos financeiros disponíveis e, no momento da compra das sementes, o produtor se vê obrigado a buscar o mais barato no mercado.

As sementes de menor qualidade são mais baratas somente no preço por quilo, mas

necessitam de maior quantidade por hectare, além do risco de conter sementes de ervas daninhas, que deverão ser controladas. Há maior gasto com transporte, com máquinas e equipamentos e, consequentemente, com mão-de-obra. O pior dessas sementes baratas pode ser a própria qualidade fisiológica, ou seja, quando se planta e ela não germina.

No mercado de pastagens existem diversas qualidades de sementes: - sementes de alta pureza - sementes escarificadas quimicamente - sementes tratadas com polímeros - sementes tratadas com inseticidas - sementes tratadas com fungicidas

Fonte: Shutterstocks

- sementes incrustadas (reves-

52 | Bovinos

tidas) FONTE: BOI A PASTO.

Bovinos | 53

shutterstock

SEIS DICAS PARA GANHAR DINHEIRO COM A PECUÁRIA

Se quiser ter assunto para contar ao vizinho, busque poder falar que tem uma rentabilidade de 10%, ao invés de querer acertar na máxima em um ano, depois de vender mal em outros dez.

As fases de preços em alta tendem a gerar bons resultados, mas passam, assim como as fases ruins.

54 | Bovinos

Realizamos em Ribeirão Preto-SP o Encontro dos Encontros, que abordou adubação de pastagens, pecuária de cria e pecuária leiteira.

Foram três dias de palestras e debates e um dia de campo, com muita informação e aprendizado. Aqui fica o agradecimento aos que estiveram conosco.

Nesta edição da Carta Boi trazemos alguns pontos de destaque que surgiram nas

discussões, principalmente relacionados ao mercado e à gestão da pecuária de corte.

Também outros itens importantes para ganhar dinheiro com a pecuária.

1. VISUALIZE SEU NEGÓCIO Embora seja uma palavra muito repetida, a gestão é um ponto falho na maior parte das propriedades. O termo gestão é abrangente. Temos gestão financeira, gestão de pessoas, processos, dentre outros.

Neste contexto, o convite inicial é para uma gestão simples.

Obtenha números da sua propriedade. Saiba quanto de suplemento é consumido, quantos bezerros nascem, quanto de diesel é utilizado por hectare.

Com base nestes números, saiba quanto custa manter um bovino no pasto e quanto tem sido ganho médio no seu sistema. Depois estime o temÜ

Norton FIV do Goiรกs

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po que este animal ficará na propriedade. Com o custo de compra e o custo na fazenda, você tem o custo do animal.

Veja se as contas fecham hoje e se a conjuntura de mercado sinaliza algo interessante. Tenha estas estimativas antes de comprar.

Não existe regra para uma relação de troca boi/bezerro mínima para o lucro. Quanto maior a eficiência da produção, maior o preço que poderá ser pago pelo bezerro, mantendo o lucro, por exemplo.

Saiba quanto custa produzir na sua fazenda.

2. CONSIDERADA OU NÃO, A DEPRECIAÇÃO ESTÁ LÁ Além dos benefícios óbvios que o aumento da escala de produção traz, como incremento da receita e maior poder junto aos fornecedores, existe a diluição de custos fixos.

Para o pasto, curral e veículos, dentre outros, quanto mais bovinos produzidos com estes meios, menor será o custo fixo por arroba. Melhor dividir a depreciação de um curral entre mil cabeças, que entre quinhentas.

Mas e se não considerarmos a depreciação na conta?

Bom, ela continuará lá.

A depreciação é a perda de valor de veículos e benfeitorias, dentre outros itens que 56 | Bovinos

participam de mais de um ciclo de produção. Se um trator que custou R$200,0 mil perder 80% do seu valor em 20 anos, temos uma depreciação anual de R$8,0 mil (R$160,0 mil rateados em 20 anos), que podem ser divididos entre mais ou menos bois. Aí a vantagem da escala, sob este aspecto.

A depreciação nada mais é que a diminuição do valor de um bem, que terá que ser readquirido após determinado período. É um provisionamento para a substituição daquela máquina ou benfeitoria.

3. TECNOLOGIA NÃO É RELIGIÃO Novidades são bem vindas, desde que gerem resultados.

Há tecnologias boas e ruins. Tecnologia cara é ruim e tecnologia boa é barata. Mas o que define se a tecnologia é cara ou barata? O seu retorno. É melhor um custo adicional de R$50,00 por cabeça com uma suplementação que gere R$100,00 de retor-

no adicional, que um custo de R$1,00 por cabeça, que não dê resultado. A primeira é barata, gerando retorno de 100,0% em um dado período, enquanto a segunda é cara, pois não tem retorno.

Outro exemplo. Consideremos uma arroba cotada em R$178,95 (garrote em São Paulo) e um endectocida custando R$0,24/ml (R$2,74 ao ano, para um bovino com peso médio de 285kg no período e duas aplicações).

Para as contas de retorno sobre o investimento em tecnologia, deve-se visualizar o todo. Por exemplo, quando o produtor usa IATF (inseminação artificial em tempo fixo), ele terá antecipação das prenhezes, desmame mais cedo, maior taxa de prenhez posterior por matriz, pois a fêmea teve intervalo maior antes da nova monta, dentre outros.

Se no ano o animal ganhar 0,46kg a mais (1,3g por dia), o custo do medicamento terá sido pago. Há o custo de aplicação, com mão de obra e pistolas, sem dúvida, mas o ganho adicional necessário para o pagamento é mínimo. Se ainda restar dúvida sobre passar a usar determinado produto, faça testes em parte do rebanho.

Mas quando fazemos uma conta de padaria, relacionando a receita maior pelo bezerro cruzado, nascido antes, mais pesado, ao custo da tecnologia, provavelmente ela já se pagará. Ou seja, a conta já fechou, os ganhos adicionais (da vaca, prenhezes posteriores e sistema como um todo) são lucro, literalmente.

Mas teste e pese, calcule, entenda o que ocorreu e use o que dá retorno.

4. SABER VENDER NÃO É ACERTAR NA MOSCA Trabalhar com boas médias de preços não significa vender no maior preço do ano. Tentar vender na máxima é pedir para vender na baixa. Ü

A pecuária é uma atividade complexa e ter bons resultados traz consigo uma parcela de mérito, sem dúvida.”

Quando o mercado está em alta, o pecuarista acredita que pode subir mais e não realiza o lucro. Isto é comum e, por ser comum, gera um efeito de represamento.

Assim, diversos pecuaristas de uma região aguardam preços maiores e, quando a demanda fraqueja ou a oferta melhora, a indústria consegue diminuir as ofertas de compra.

Neste momento, o pecuarista quer vender antes que o mercado ceda mais e a oferta geral aumenta.

Nisto, o pico já se foi e as indústrias estão com escalas maiores.

58 | Bovinos

Uma boa média de preços é obtida com vendas compassadas, à medida que o mercado sobe. Também quando aparecem boas oportunidades no mercado futuro. Sempre considere esta possibilidade.

5. FASES RUINS PASSAM, FASES BOAS TAMBÉM As fases de preços em alta tendem a gerar bons resultados, mas passam, assim como as fases ruins.

A pecuária é uma atividade complexa e ter bons resultados traz consigo uma parcela de mérito, sem dúvida. Mas ganhar dinheiro com preços historicamente altos não é sinônimo de eficiência.

Lembre-se das lições aprendidas nas fases de baixa, mas prepare a sua fazenda para elas com os resultados de anos bons, seja através de reserva de capital, investimentos em tecnologia e demais ajustes.

Faça o ajuste fino na bonança, para esperar as próximas fases difíceis.

6. FAÇA DAS CINCO DICAS ANTERIORES SUA ROTINA A gestão deve ser feita detalhadamente, mas se nada é feito hoje, qualquer conta simples é bem vinda para um começo. Depois aprimore.

Considere a perda de valor dos seus bens. Produza mais para diluir a depreciação e os custos variáveis indiretos (administrativos, por exemplo).

Avaliar tecnologias pelo retorno adicional que trazem ao sistema (receita adicional menos o custo adicional) é uma boa alternativa para começar a avaliar o seu uso. Tecnologia normalmente é uma coisa boa, mas nem toda e não em todo sistema.

Não queira acertar na mosca vendendo no pico de preços. Se quiser ter assunto

Ajuste a gestão, produção e comercialização. Ganhe dinheiro em anos bons e ruins.

AUTOR Hyberville Neto, médico veterinário, msc e consultor da Scot Consultoria.

PESQUISADORES • Alcides Torres • Alex Lopes • Francisco Woolf • Gustavo Aguiar • Hyberville Neto • Juliana Pila • Maisa Módolo • Marco Silva • Milena Zigart

para contar ao vizinho, busque

• Paola Jurca

poder falar que tem uma ren-

• Rafael Ribeiro.

tabilidade de 10%, ao invés de querer acertar na máxima em um ano, depois de vender mal em outros dez.

Ü

IPORÁ: A GRANDE FESTA DOS MULADEIROS Editor da Revista Bovinos, Wagner Miranda, visita amigos criadores de muares da tradicional festa de Goiás Já não é de hoje que o Encontro de Muladeiros de Iporá, no oeste goiano, vem fazendo fama pelo mundo afora. A edição deste ano não foi diferente. Em meio ao momento econômico difícil que o Brasil atravessa, mais de 3 mil muladeiros foram às ruas da simpática cidade do oeste

Muladeiros

60 | Bovinos

goiano. Nem a chuva torrencial que dividia a temperatura com o calor escaldante de Goiás diminuiu o ânimo dos tropeiros que vêm de todos os cantos do Brasil para se confraternizarem em quatro dias de festa, com direito a provas, desfiles e muita, muita comida, nas conhecidas “queima do alho”.

Ao todo são mais de 80 comitivas de tropeiros vindas de todos os cantos do Brasil.

Drº. Wagner Miranda e esposa Ana / Drº Maurício Faria e esposa Adriana

Algumas de longe, como do Sul ou do Norte do País. Outras nem tanto, mas com o mesmo entusiasmo. É o caso da Comitiva Fazenda Capivari, do empresário Maurício Antônio do Vale Faria, que na companhia da esposa Adriana e dos filhos Antônio Maurício, trazem toda a equipe para compartilhar momentos de muita alegria e confraternização.

O espaço, montado em uma tenda de 10 por 10 metros, transforma-se em uma grande sala de confraterniza-

ção. Um espaço para receber os amigos, fazer novos contatos e aproximar as pessoas que compartilham as tradições do tropeirismo. Na edição deste ano, Mauricião, como é conhecido pelos amigos, recebeu o presidente da Associação Goiana dos Criadores de Zebu (AGCZ) e editor da Revista Bovinos Wagner Miranda, e a esposa Ana Maria Passani Miranda, foram anfitriões também, o Drº. Adailto Leite médico e presidente do sindicato rural de Iporá, e seu irmão Naçoitan Leite, político tradicional da região.

Adrian Heinen e esposa Mônica / Adriana e Maurício

Drº. Adailto Leite, Drº Wagner Miranda e Naçoitan Leite

Miranda foi conhecer de

ternacional de treinadores de

lidade dos muares brasileiros,

todos os atrativos da festa,

perto a tão falada festa de

equídeos, para visitar a tradi-

tanto pelo tamanho quanto

em especial a hospitalidade

muladeiros. Afinal, a atividade

cional festa de Iporá.

pela morfologia. “Nunca tinha

e clima de amizade entre as

visto muares desse porte”, revelou Mônica, destacando que, se o Brasil não tivesse fechado para exportações por causa do Mormo, com certeza teriam um grande mercado de exportação. Heinen também destacou as qualidades funcionais dos animais brasileiros, que além de serem utilizados em provas e exposições, também são caracterizados por serem animais de trabalho do campo, coisa que não ocorre na Europa.

comitivas, vindas de todos os

dos muares está intrinsicamente ligada à pecuária brasileira.

Além disso, o proprietário da Fazenda Capivari e o presidente da AGCZ são antigos parceiros em projetos de fomento e de incentivo ao agronegócio nacional. “ É um prazer conhecer a festa e rever esse velho parceiro e amigo, o Maurício Antônio e família, sempre muito receptivos e carinhosos com todos”, disse o editor.

No evento, o presidente da AGCZ e editor da revista bovinos também pode conhecer muladeiros de várias partes do Brasil e até o treinador suíço, Adrian Heinen, que aproveitou sua vinda ao país para participar da Global Equus International, um encontro in-

Heinen foi acompanhado de sua esposa Mônica, também apaixonada por muares.

Ele contou que a tropa de muares na Europa é infinitamente menor que do Brasil e tem funções diferentes. Uma das curiosidades que revelou foi a tarefa de burros para proteger rebanhos de ovelhas, enfrentando e espantando os lobos. “Os muares são animais muito valentes “, afirmou.

O casal de suíços também ficou maravilhado com a qua-

Durante sua estada em

cantos do Brasil. A cada tenda que passavam, eram convidados a saborear os tradicionais pratos da “queima do alho” e as especiarias da culinária brasileira. Outro atrativo que chamou a atenção do casal foi a variedade de traias dos muladeiros, bem peculiar do tropeirismo brasileiro. “Foi uma coisa maravilhosa e uma experiência incrível conhecer essa grande festa de perto. Esperamos voltar, com certeza”, afirmaram.

Iporá, o casal pode conhecer

É um prazer conhecer a festa e rever esse velho parceiro e amigo, o Maurício Antônio e família, sempre muito receptivos e carinhosos com todos” Bovinos | 61

CARTA PECUÁRIA

PERSPECTIVAS

Edição Nº 27

ceberá que o puxão do primeiro fio, aqui, no caso, dos preços do bezerro, como dissemos, o conectará com o abate/retenção de fêmeas, com o lucro da cria e esse assim adiante conectará com todos os outros.

Onde esse novelo irá? Mais cedo do que imagina você perceberá que estará voltando ao início puxando o fio dos preços do bezerro.

Rogério Goulart Editor da carta pecuária

A pecuária é um emaranhado de fios emendados uns nos outros. Puxe um fio. Quando achar que ele está no fim você descobrirá na realidade ele amarrado fortemente em outro. Puxe o fio do preço do bezerro. Preços bons, diga-se de pas-sagem. Ao puxá-lo você o encontrará amarrado no abate de fêmeas, no sentido de que a causa na alta do bezerro foi o aumento do abate de fêmeas precedente. Se você puxar o fio do abate de vacas você encontrará o fio do lucro da cria, no sentido que a causa do abate crescente de vacas foi fruto de a atividade estar lucros diminutos na ocasião.

Você pode continuar a puxar os fios indefinidamente, caro leitor. Com o tempo per62 | Bovinos

A pecuária é assim. É um sistema que uma coisa puxa a outra. Não há fim. As coisas se repetem. Elas são cíclicas, em outras palavras. Ocorrem de tempos em tempos. É por isso que chamamos essa recorrência com o passar dos anos de ciclo da pecuária ou o ciclo pecuário.

Os ciclos pecuários no Brasil são catalogados há décadas e se renovam entre sete e dez anos. No boi existe uma narrativa, e ela é contada em ciclos.

Ciclo do quê? Existem algumas maneiras de enxergar o mesmo fenômeno. Gosto muito do ciclo de preços do boi sobre a inflação e do ciclo de oferta de animais. Mas o mais simples e elegante mesmo é olhar para o ciclo de lucro da cria. É da cria que parte o primeiro fio; é ela quem estabelece o ritmo dos elos seguintes.

Por exemplo, como dissemos, o bezerro está muito bom

de preço. O bezerro estar bom de preço é peça fundamental aqui pois ele é o gatilho do movimento, caro leitor. É ele o indutor do processo de alocação de recursos para a cria ou não. Como assim? O lucro com a venda de um bezerro age e influencia no mais impor-tante: a oferta e o estoque de vacas.

Uso “vaca” aqui no sentido amplo engloban-do todo o estoque de fêmeas desmamadas.

“Quem manda no boi é a vaca”.

Qual é o motivo da vaca mandar no boi? Porque um ambiente com lucro satisfatório saindo da cria a tendência observada é a do criador apostar ainda mais no seu próprio negócio aumentando a quantidade de vacas no seu plantel.

Esse aumento ocorre de duas formas. Ele compra vacas novas no mercado ou segura suas próprias crias. No final o resultado é o mesmo: uma maior quantidade de vacas em estoque disponíveis para fazerem novas e maiores fornadas de bezerro em quantidade.

Paralelamente a um mercado de cria animado há uma redução na oferta de vacas para o abate. Não são apenas as novilhas que entram no sistema, o criador tende a segurar aspróprias vacas já em reprodução dentro da fazenda. Se-

gurar as vacas na fazenda gera uma queda na oferta de vacas gordas para o frigorifico. Isso dá para ser medido. A oferta de vacas é o divisor de águas nos ciclos pecuários, caro leitor.

Quem nos lê há tempos sabe que evito falar de números e de causas versus consequências sem demonstrar isso em números crus, sem interferência e ajuste de minha parte. Raramente emito opinião. A razão disso é que o mercado, e ape-nas ele, tem o ônus da prova.

Prefiro que ele nos mostre o que sabe e para isso ele tem que nos mostrar duas coisas. A primeira é se ele segue algum tipo de cadência com o passar dos anos, ou seja, se ele se repete.

A segunda é se essa repetição é previsível de alguma maneira.

Felizmente para nós a pecuária é uma das séries em economia mais estáveis e previsíveis que existem. É estudada como exemplo mundo afora. É por essa razão que podemos fazer projeções nos desdobramentos de longo prazo dos preços. Poucos mercados possuem esse flanco.

O que iremos fazer hoje aqui na Carta Pecuária Perspectivas é contextualizar essas coisas. Aonde estamos dentro do ciclo pecuário? Criar a sua Ü

narrativa. A partir disso tiraremos nossas percepções do que fazer para o futuro.

O intuito é achar o caminho dos preços para as fazendas se manterem lucrativas e pode-rem agir de acordo com suas aptidões, seus controles de estoques e seus nichos de mercado.

O bezerro rompe 900 reais.

No início do texto marcamos o bezerro como o gatilho da atividade. Vamos começar por ele. A figura 1 mostra a evolução nos preços do bezerro nos últimos anos. Sabemos que a produção de bezerros,

ou seja, a intenção de segurar vaca na fazenda ou enviá-la ao frigorífico responde ao lucro na atividade, então segmen-tarei aqui os movimentos dos preços do bezerro pelos movimentos de retenção e abate de fêmeas ao longo dos anos.

Repare nas linhas desenhadas verticalmente os pre-

64 | Bovinos

ços do bezerro se alter-nando entre faixas vermelhas nos momentos de alta, quando as cotações sobem de forma expressiva (e visualmente aparente) e faixas brancas nos momentos de estabilização. Como dissemos, esse é o gatilho para a alternância entre retenção e descarte de vacas.

essas linhas verticais? Elas são criadas nos pontos de inflexão da oferta de fêmeas ao abate, na alternância dos movimentos demonstrados abaixo.

Agora repare na linha horizontal pontilhada. Esta linha marca um bezerro em 900 reais, caro leitor. Foi aí o divisor de águas na pecuária recente. A cria estava no vermelho com o bezerro custando para o criador ao redor disso nessa época.

Com um preço de venda tam-

Escrevi na edição passada de Perspectivas em meados de 2014: “Ao mesmo tempo em que temos recordes no bezerro, a intenção de criar está se tornando irresistível. É detectável, mesmo que de forma preliminar, uma diminuição na oferta de fêmeas para o abate no Brasil. Isso é sinal da fase final no atual ciclo pecuário?

Temos que acompanhar, mas acredito que sim”.

bém ao redor desses níveis o produtor não estava tendo lucro na atividade. O bezerro rompe para cima esse valor em 2014.

Peço ao leitor a devida atenção nessas faixas verticais vermelha e branca. As origens delas vêm da figura 2, da participação das fêmeas nos abates nacionais. Como criamos

Essas linhas verticais irão aparecer exatamente no mesmo lugar em todos os gráficos mostrados aqui em que for necessária essa conexão.

O que estava agindo aqui?

Antes desses 900 reais o bezerro estava dando resultado irrisório para o criador e em função disso o que víamos era o abate de fêmeas como movimen-to corrente. Era preferência enviar vacas para o gancho

ao invés de produzir bezerros e ter prejuízo. Pois bem, abate-se vacas por um tempo suficiente e teremos uma redução na oferta de bezerros no futuro. E o futuro chegou ali. O movimento de alta e escassez de bezerros já vinha dando sinais no final de 2013 e repare como o preço explodiu logo após 900 reais em 2014.

A estação de retenção de vacas está aberta.

Como sabemos disso?

Olhando diretamente para as informações de oferta e retenção de vacas nestas linhas verticais. A figura 2 mostra essa dinâmica ocorrendo lentamente com o passar dos anos. Até o final de 2013 estávamos ainda na fase de descarte de matri-

zes. A partir daí já estamos em outra fase, de retenção de vacas. Ou seja, o processo de retenção de vacas e aumento na produção de bezerros já está em ação há quase dois anos. Ü

Redução nos abates ganha corpo.

Além de dois anos em curso a retenção está se acelerando, ou seja, mais gen-te está entrando na cria ou aumentando sua produção. Repare na figura 3. Estamos caminhando para uma retenção na faixa de 10% de queda nos abates em 2015 quando pegamos a mesma relação de 2014. Os dados usados do IBGE estão com informações publicadas até março/15.

do em 2006 chegou ao fim? É o que estamos desvendando agora. Essas coisas tomam tempo, como disse, mas quero crer que o ciclo pecuário começado em 2006 terminou em 2013 com oito anos de vida e dentro da média dos ciclos brasileiros oscilando de sete e dez anos.

A intenção de criar segue firme. Nas duas últimas ocorrências observadas a retenção de matrizes durou de 1997 a 2001 e de 2006 a 2011.

ros cresce de forma vigorosa.

Quando a cria não dá tanto resultado assim e o descarte de matrizes volta a aparecer nos números a demanda por touros esfria e os preços sobem de forma bem mais comedida ou se estabilizam.

Aqui paro um pouco.

Esse processo é lento. Estamos aqui fa-lando de uma coisa que começou em 2014…

A última vez que houve uma mudança clara de in-tenções de abate para retenção foi em 2006 de-cretando o fim do ciclo pecuário anterior que por si só tinha durado dez anos entre 1996 e 2006. De lá para cá, ou seja, de 2006 adiante estáva-mos já em outro ciclo pecuário que também teve sua fase de forte retenção entre 2006 e 2010 e sua fase de abate entre 2010 e 2013. Historica-mente isso significa que o ciclo inicia66 | Bovinos

Aumento na procura por touros.

Observamos aqui o aumento nas inten-ções de deixar as vacas nos pastos ao invés de enviá-las ao frigorífico e esse fio puxa outro, que é a demanda por touros.

Vacas nos pastos demandam touros e a figura 4 mostra bem esse movimento e o cru-zamento das informações pelas linhas verticais mostra a relação entre touro e vaca.

Quando há intenção de criar, ou seja, na fase de retenção de matrizes a demanda por tou-

Dissemos que a retenção de fêmeas voltou a acontecer desde o final de 2013 em função do preço do bezerro ter rompido para cima de 900 reais por ca-beça, custo de produção em 2013. Como essas coisas são lentas a oferta de bezer-ros demorou a aparecer no mercado, mas apare-

ceu. A sensação de acréscimo na oferta de animais é nítida no ambiente de negócios, mas ainda difusa e sem corpo por causa dos contínuos aumentos de preço no bezerro.

A cotação do bezerro macho começou 2015 ao redor de 1200 reais por ca-beça e chegou a bater no pico médio de 1500 reais por cabeça. Aconteceram negócios até acima disso; leilões relataram cotações de be zerro ao redor de 2000 reais por cabeça. Tudo isso aconteceu no primeiro semestre, época em que o bezerro no Brasil inteiro subiu e deixou os compradores preocupados Ü

e sem norte enquan-to deixou os vendedores eufóricos com os resul-tados. Em 2015 um bezerro arca com 900 reais a 1000 reais de custo de produção, então esse ani-mal com preço de venda ao redor de 1500 reais deixa um resultado interessantíssimo ao criador.

zerro caiu em três meses o que das últimas vezes demorou um ano. Na Carta Pecuária Semanal nº 613 colocamos em detalhes os argumentos desta queda atual, mas o resumo é que um bezerro entre 1000 e 1200 reais parece que, pelo menos por agora é o piso desse animal.

A violenta e súbita queda.

Se a venda do bezerro oscilasse entre 1000 e 1200 reais e o seu custo girasse entre 900 e 1000 reais não há motivos para nos precipitar a achar que a intenção de retenção de matrizes tenha, por causa dessa queda atual no bezerro, esfriado. A cria ainda vai bem. O problema é se ocorrer aqui o que ocorreu no passado onde o bezerro não voltar a subir vigorosamente e a inflação e os custos de produção comeram o lucro.

Ocorre, caro leitor, que pode ter sido o vento frio de maio adiante que abateu as cotações do boi gordo, mas o fato é que o mercado de venda de bezerros esfriou sen-sivelmente nestes últimos três meses.

Do início do ano valendo ao redor de 1200 reais para o pico ao redor de 1500 reais sinalizavam para 2015 um ano com alta nos preços. Hoje um bezerro é vendido de volta ao redor de 1200 reais, ou seja, devolveu toda a alta do ano como você pode observar a figura 5.

A queda atual é representativa por duas coisas, pela sua intensidade e velo-cidade. O be-

68 | Bovinos

A cotação do boi gordo em função da redução nos abates de fêmeas.

Saber que não há para o mês que vem nenhum revés na firme intenção

de criar é uma informação crucial para o mercado do boi gordo. Sabemos que uma grande parcela nos abates é preenchida por vacas. Não há escapatória para um frigorífico, na ausência de vacas ele terá de ir atrás do boi gordo para abastecer seus contratos. Quando há o processo de retenção existe uma pressão para cima sobre os preços dos machos.

Nessas fases a arroba do boi gordo tende a subir muito mais forte que em épocas de oferta abundante de fêmeas. A figura 6 mostra isso com mais clareza.

Comentei no início que essas faixas vertiais representam os pontos de virada na oferta de vacas. As áreas vermelhas e brancas representam respectivamente as épocas em que pre valeceram retenção e a maior oferta de matrizes para o abate.

Chamo sua atenção, caro leitor, para a nítida influência das vacas sobre o boi. Os perío-dos em que ocorreram retenções nestas últimas décadas ocasionaram altas na ordem de +90% e +125%, respectivamente, para o boi gordo nos períodos compreendidos nas áreas vermelhas. Nas áreas brancas em que prevaleceram as ofertas abundantes de fê-meas a arroba do boi gordo subiu respectivamente +11% e +9%. É a lei da oferta e deman-

da. Na falta de vacas, vai no boi mesmo. E para ter “o boi” tem que pagar mais e concorrer com os outros atores que só compram esse tipo de animal, por exemplo, quem exporta.

Como sugerimos agora a pouco, estamos em outro ciclo pecuário. A cara do ciclo é uma primeira fase de alta nas cotações. É o que estamos vendo acontecer. A virada de 2014 para cá trouxe uma alta ao redor de 19% na arroba do boi gordo e já distancia a perna atual do mercado dos momentos ruins de preço.

Agora, e isso é importante, isso não significa que a arroba do boi gordo não possa cair. O que uma retenção de fêmeas crescente diminuindo a oferta de vacas gordas no mercado e uma produção de bezerros crescente aliviando a oferta fu-tura desse animal faz é devolver poder de compra para o boi gordo. Ou seja, as quedas do boi gordo nessa fase devem ser encaradas como um suspiro em novas rodadas de alta no futuro.

“O teto do boi é o bezerro”.

Se o mercado se comportar de forma pa-recida com as duas outras fases de alta do boi gordo com +90% e +125% de alta, no final des-se período ainda indefinido que a arroba Ü

de retenção de fêmeas e consequentemente uma pressão de alta na cotação dos machos?

quiser subir de preço aqui poderíamos chegar em uma cotação ao redor de 200 reais por arroba daqui a alguns anos. É um valor factível? Sim, o bezerro vale isso hoje por arroba, como mostra a figura 7.

Guarde isso, caro leitor. A arroba do bezer-ro abre o caminho para o boi. Ele é o teto.

O gráfico mostra que no primeiro se-mestre do ano passado o bezerro valia 150 reais por arroba, enquanto o boi gordo valia 120 reais. Esse é somente a mais recente oportunidade disso, quero dizer, do bezerro mostrando o futuro acontecendo.

E o piso?

72 | Bovinos

Obviamente o mercado não só sobe. Ele cai. O piso para o boi que gosto de usar está em dois cenários, os dois ligados à intensidade das quedas históricas no preço da arroba. Observe a figura 8. Um cenário com o que chamo de cenário base e outro com o cenário pessimista. Os dois cenários são traçados na fi-gura 8.

Hoje um cenário base colocaria a arroba por volta de 125 reais para um suposto piso e o cenário pessimista jogaria a arroba para 105 reais

A razão é que para o boi tentar atingir o teto proposto pelo bezerro primeiro ele preci-sará passar pelo crivo do consumidor, caro leitor. Sabemos por experiência que consumo não dita o mercado da carne.

Isso é o contrário do que é posto e repe-tido diariamente no mercado, mas os números brasileiros de longo prazo (e aqui enfatizo o longo prazo) simplesmente ignoram se o consumo foi forte ou fraco no período. Quem dita os preços é a oferta. Mostramos isso aqui hoje e tenho muita confiança nessa informação.

Indicadores fora da pecuária.

Agora, onde é que o consumidor entra? Claro que ele tem valor e é essencial, pois a intensidade das altas e a impe-tuosidade das baixas, isto é, quão rápido essas coisas se reali-zam aí sim é determinada pelo mercado.

Por que é importante falar de piso nos preços se estamos, como pudemos ver, em uma fase

Deixe-me explicar isso melhor. O mercado segue seu curso ditado pelo fundamento

da oferta e isso significa que uma hora a arroba irá bater nos 200 reais por causa da dinâ-mica na oferta e custo de produção, mas se o mercado con-sumidor estiver receptivo e com renda esse objetivo tende a acontecer mais rápido. Da mesma forma um processo de queda nas cotações da arroba é determinado pela oferta, mas após a queda temos a recuperação, e quem dita a velocidade da recuperação disso é o mercado consumidor.

Essa é a razão de olharmos para o mercado fora da fa-zenda. Como está o mercado consumidor e como estão os números pelos quais conseguimos medir a renda disponível?

Como a inflação está influenciando isso?

Arroba do Boi Gordo versus Inflação – A primeira coisa que gostamos de olhar é um comparativo do poder de compra da arroba do boi gordo versus inflação medida pelo IGP-M. A inflação cai sobre todos e quando a arroba do boi está sendo negociada muito acima da inflação isso pesa para o Ü

consumi-dor. O resultado dessa conta é a figura 9 e mostra o ganho do poder aquisitivo do pecuarista pelo valor da arroba com o passar dos anos. Isso significa também que ganho de poder de compra do pecuarista é ao mesmo tempo perca do poder de compra do consumidor final. Não há escapatória, a margem do negócio caminha nos elos e uma hora ela está boa para o consumidor (números próximos ou abaixo de zero) e hora para a pecuária (acima de zero). Agora está boa para a pecuária.

Variação real nas vendas dos supermercados – Em seguida enxergamos o comportamento no faturamento real, ou seja, descontado o efeito da inflação, nas vendas dos su-permercados. Repare aqui que o ano de 2015 está sendo de queda no faturamento, ou seja, as pessoas estão comprando menos.

Vendas de Papelão ondulado - O mesmo comporta-mento de redução na circulação de bens é mostrado nas ven-das de papelão ondulado.

Tudo é embalado em caixas de papelão para ser transportado, então esse indicador é um dos melhores disponíveis. Repare que o ano de 2015 também está alinhado com as vendas nos supermercados com redução na produção em toneladas de papelão usadas até o momento.

74 | Bovinos

Consumo de diesel, gasolina e etanol – Estamos vendo um padrão emergir uma redução sistemática no que podemos chamar genericamente de “gastos”. Não é diferente aqui no consumo de combustíveis e é bem evidenciado no consumo de diesel, diretamente ligado a indústria e transporte. Etanol e gasolina somados também tiveram uma redução no consu-mo, mas os números mais recentes ainda não indicam retração dos dois somados.

Quando separamos gasolina de etanol aí sim aparece a diferença. A gasolina viu seu consumo cair fortemente neste ano em contrapartida no aumento forte no consumo de etanol.

Consumo de energia elétrica – Aqui a mesma coisa. Ve-mos uma queda no consumo de energia. Os últimos dados disponíveis apontam para um consumo igual ao do mesmo período do ano passado. O país cresce consumindo energia. Se o consumo está estável é sinal de um país parado.

Salário, emprego e dinheiro que circula todo mês – Aqui vamos ao cerne da questão e enxergamos a razão de tudo isso acima estar patinando ou empacado. O salário médio real da pessoa ocupada, que inclui todo mundo que trabalha está caindo em 2015. Queda também vemos na oferta de emprego e também quando Ü

arras-tando. Aqui voltamos ao início da conversa quando falamos sobre inflação, a carne está pesando no bolso. Não só a carne bovina, obviamente, mas ela é até hoje a que detém o maior percentual de gastos perante as outras carnes.

Quanto mais alto o número da figura 16, caro leitor, mais pesa no bolso da dona de casa.

Aqui paramos para refletir sobre essas coisas de fora da fazenda. Percebe-se que o Brasil está desinflando igual a um balão perdendo ar. As pessoas estão reduzindo o seu consu-mo, as empresas estão reduzindo seus investimentos e a con-sequência disso é um maior desemprego e uma sensação de insegurança para quem continua empregado, estimulando ações de proteção: reduz o consumo do que puder reduzir. Porém essas coisas vão acontecendo e atingem o pico do pes-simismo ou piso médio dos indicadores.

E também tem a mídia.

Não há em hipótese alguma

multiplicamos todas as pessoas ocupadas pelo seu salário médio vemos que o dinheiro que circula todo mês na economia se reduziu em relação ao ano passado.

76 | Bovinos

Consumo de carne na compra total do supermercado - Quando a gente vê essas coisas acontecerem fica mais fácil entender a razão pela qual o consumo de carnes está se

jornal. Quando há alguma as pesso-as torcem o nariz achando que é mentira. Em momentos onde o pessimismo se torna extremo é importante ter a cabeça no lugar para não se deixar levar.

A impressão que temos é que o pessimismo neste mo-mento é extremo e isso nos leva a recordar de uma expressão que diz mais ou menos assim: “Quando todos estão pensando parecido, ninguém está pensando”.

Dólar e Exportações Se o mercado interno está patinando, como andam nos-sas exportações?

Um ano atrás o dólar valia R$ 2,25. Hoje ele vale R$ 3,45.

Uma desvalorização de mais de 50% em um ano. Isso teve algum impacto no preço da arroba do boi gordo? Sim, a arroba em dólares caiu 20% neste período de US$ 52,00 para US$ 41,00. E a tonelada de carne exportada? A tonelada caiu ao redor de 5% em dólares no pe Ü

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A impressão que temos é que o pessimismo neste mo-mento é extremo e isso nos leva a recordar de uma expressão que diz mais ou menos assim: “Quando todos estão pensando parecido, ninguém está pensando”.

Dólar e Exportações Se o mercado interno está patinando, como andam nos-sas exportações?

Um ano atrás o dólar valia R$ 2,25. Hoje ele vale R$ 3,45.

Uma desvalorização de mais de 50% em um ano. Isso teve algum impacto no preço da arroba do boi gordo? Sim, a arroba em dólares caiu 20% neste período de US$ 52,00 para US$ 41,00.

E a tonelada de carne exportada? A tonelada caiu ao redor de 5% em dólares no período.

Porém a desvalorização cambial surtiu efeito zero nas exportações. Quando pega-

notícia positiva em nenhum jornal. Quando há alguma as pesso-as torcem o nariz achando que é mentira. Em momen-

78 | Bovinos

tos onde o pessimismo se torna extremo é importante ter a cabeça no lugar para não se deixar levar.

mos o total exportado nos últimos doze meses e comparamos com o mesmo período do ano pas-sado temos uma exportação menor 13% esse ano.

Observe a figura 17.

Isso soa estranho. Quando separamos por faixas de pre-ços a arroba do boi vemos uma relação inversamente propor-cional entre a cotação da arroba em dólares e o volume expor-tado, conforme a figura 18.

Separando por faixas, até US$ 30,00/@ foi o nosso mo-mento mais competitivo nestes últimos dez anos. Entre US$ 30,00 e US$ 50,00 as exportações recuam, mas não inviabili-zam o negócio e acima de US$ 50,00 as exportações efetiva-mente caem.

A arroba em 2014 ficou durante praticamente o ano in-teiro acima de 50 dólares, caro leitor, e fomos perdemos mer-cado durante o ano até atingir o fundo do poço praticamente em Ü

dezembro/14. Foi só virar o ano para os preços por arroba caírem e virem abaixo de 50 dólares e os embarques come-çaram a reagir.

Ainda é baixo, as exportações como disse um pouco antes estão 13% abaixo anualmente, mas é um sinal promissor.

Qual sinal? Se a desvalorização cambial continuar aqui e conforme indicam os preços do mercado futuro até outubro do ano que vem teríamos como referência para o final de 2015 e boa parte de 2016 uma arroba tendendo para abaixo de 40 dólares. Você pode ver isso na figura 19.

Então, vamos ficar de olho nos US$ 40,00/@. Se a histó-ria é algum tipo de guia podemos estar vendo o fundo do poço nos nossos embarques e talvez um cenário melhor para 2016.

O gatilho aqui é novamente o dólar. Se houver umamaior

desvalorização do Real perante a moeda americana o cenário pode melho-rar. De fato, é justo dizer que não melhora somente para as exportações de carne, mas para todo o setor exportador. Esse tipo de medida não é incomum. A China acabou de fazer isso em larga escala semanas atrás, desvalorizando sua moeda perante o dólar. Uma moeda mais fraca faz sentido por baratear nossos produtos no exterior e, apesar de agora, no caso da carne ainda não ser aparente a me-lhora nos embarques, não apostaria contra o poder da desvalorização da moeda influenciar o escoamento de carne.

Ouro Como não poderia deixar de ser, sempre gosto de terminar esses textos de longo prazo usando a arroba do boi gordo dividida pela co-tação do ouro do dia para termos uma arroba

de boi em gramas de ouro. Uso o ouro como refe-rência de valor há anos – a primeira vez que usa-mos foi em 2002.

Basicamente não usamos o dólar como re-ferência e ao invés disso usamos o ouro. No nos-so entendimento possuir ouro, ou seja, a cada venda de animais gordos se for possível separar uma pequena parte para comprar um pouco de ouro esse colchão dourado serve como reserva de valor e é uma segurança a mais para tempos difíceis de fluxo de caixa ou manipulações de go-verno. A gente nunca sabe o que pode aconte-cer, então ter posse de um pouco de ouro não é ruim.

Quais as sugestões que deixamos sobre o que fazer a partir daqui?

O acompanhamento dos fundamentos da pecuária e da narrativa da oferta nos leva a acreditar que entramos em um novo ciclo pecuário a partir de 2014. O gatilho para isso foi a alta nas cotações do bezerro.

Para o invernista teremos preços relativamente bons para venda de animais gordos perante a inflação e ao mesmo tempo uma oferta de reposição crescente. Para o criador os preços do bezerro permanecem bons, mas o custo de produção começa a apertar na medida que os anos passam e fica aparente que foram reti-das vacas demais.

Normalmente a primeira fase do ciclo é a fase de alta.

Na fase de alta do ciclo pecuário o destaque vai para a retenção de vacas nos pastos para aumentar a produção de bezerros e capturar o lucro com a venda desses animais em função dos bons preços de venda desse pequeno animal.

Sob o ponto de vista de investimento é uma boa hora de investir em aumen-to da capacidade de engorda nas fazendas para captar esse aumento na oferta de matéria prima. Sob o ponto de vista da cria é hora de colher os frutos, acumular os lucros e esperar mais dois ou três anos para voltar a investir.

Conclusão

Para o restante dos elos da cadeia isso gera duas coisas que ocorrem ao mesmo tempo. Sob

80 | Bovinos

o ponto de vista dos frigoríficos a primeira coisa a acontecer é uma pressão maior sobre a arroba dos machos em função da retenção. É o que já estamos vendo acontecer. Ao mesmo tempo diminui o desconto da arroba do boi para a arroba da vaca. A segunda coisa sob o ponto de vista de quem compra reposição é o aumento perceptível na oferta de bezerros.

É isso, grande abraço e até a próxima.

Índices Bioeconômicos de Seleção: A tecnologia que faz a genética e o lucro do seu rebanho

Flavia M. de Souza

Cláudio U. Magnabosco

Embrapa Cerrados/Universidade Federal de Goiás/CAPES

Embrapa Cerrados/ANCP

A definição de quais características devem ser melhoradas e a estratégia de seleção adotada em um rebanho é uma decisão que pode levar ao sucesso ou ao fracasso de um sistema produtivo. Na maioria das vezes, estas decisões são tomadas empiricamente, induzindo os pecuaristas a caminhos errôneos, que podem resultar em grandes prejuízos financeiros e atraso no melhoramento genético.

Para que exista progresso genético e econômico na produção animal é importante que parâmetros, também denominados critérios de seleção, sejam estabelecidos com o objetivo de avaliar, comparar e identificar o melhor animal.

Para isso, as primeiras questões

82 | Bovinos

que o pecuarista deve responder antes de qualquer tomada de decisão são: Qual objetivo proposto ao sistema produtivo? e qual o retorno econômico esperado por meio da seleção de uma dada característica?

A partir disso é possível estabelecer quais características serão utilizadas como critérios de seleção de forma a alcançar o objetivo proposto.

A busca por um sistema de produção eficiente, do ponto de vista produtivo e econômico está ancorada em animais mais produtivos e também que sejam rentáveis. Desta forma, a decisão sobre quais características serão selecionadas em

um rebanho deve ser baseada nas suas respectivas importâncias econômicas, ou seja, serão àquelas que contribuem em maior valor para o lucro do sistema produtivo, e não se são difíceis ou fáceis de serem mensuradas ou alteradas geneticamente (PONZONI & NEWMAN, 1989). Sendo assim, é importante considerar que a seleção de animais superiores não se trata de um problema puramente genético, estando também relacionada a fatores mercadológicos, financeiros, produtivos e manejo, dentre outros. Todos estes fatores devem considerados na avaliação de um animal.

Na pecuária moderna, o principal interesse dos melhoristas é que o animal apresente um conjunto de atributos adequados ao objetivo de seleção do sistema produtivo adotado.

Em geral, na bovinocultura de corte é desejável que os animais tenham rápida velocidade de crescimento, elevada fertilidade, maior precocidade reprodutiva e de terminação, conversão alimentar e que sejam mais produtivos. Todos esses aspec-

tos têm participação importante no lucro que o animal traz para o sistema produtivo, e ao se utilizar um reprodutor que tenha avaliação desejável para uma dada característica, como por exemplo, velocidade de crescimento, e entretanto, deixe a desejar para as demais características, significa que esse reprodutor não estará contribuindo em sua plenitude para a total eficiência do sistema de produção. Afinal, de que adiantaria utilizar um reprodutor ganhador de peso, se o mesmo não é fértil o bastante para aumentar o número de bezerros por safra, por exemplo.

Então, considerando que inúmeras características exercem impacto econômico no sistema produtivo e que podem ser melhoradas, a avaliação do valor genético animal para uma única característica não é suficiente para representar o mérito genético e econômico do indivíduo. Como forma de resolver este impasse e permitir que a seleção genética seja realizada simultaneamente para várias características, desenvolveu-se os índices ecoÜ

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Fernando B. Lopes

Fernando Baldi

Embrapa Cerrados/University of Wisconsin-Madison

UNESP-Jaboticabal/ANCP

nômicos de seleção, que englobam várias características ponderadas economicamente.

Este fato diferencia os índices bioeconômicos dos demais índices disponibilizados por programas de melhoramento genético, como o MGT (Mérito Genético Total) do Programa Nelore Brasil da ANCP (Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores). Os tracionais índices disponibilizados por programas de melhoramento genético, também envolvem uma variedade de características, cujo objetivo é a seleção de animais harmônicos. No entanto, a escolha dessas características e suas respectivas ponderações são feitas empiricamente, além de, não envolver aspectos econômicos. Enquanto que, os índices bioeconômicos de seleção são desenvolvidos por meio de análises genéticas e econômicas, que permitem identificar seguramente as características a serem focadas na seleção e serem ponderadas de acordo com suas respectivas importâncias para um dado sistema produtivo.

Dessa forma, a utilização de índices bioeconômicos de 84 | Bovinos

seleção como ferramenta para avaliação genética animal podem ser mais adequados por representar o valor total de um animal em consonância com o sistema de criação.

O que são e como funcionam os índices bioeconômicos de seleção?

Os índices bioeconômicos diferentemente dos métodos tradicionais de seleção (método unitário ou tandem e o método de níveis independentes de eliminação) têm como finalidade ordenar ou classificar os animais, com base num valor, que é resultante da combinação de várias características ponderadas economicamente. A escolha das características a serem selecionadas por meio do índice se baseia na importância econômica que cada uma tem em um dado sistema produtivo.

Saber qual retorno econômico esperado em cada melhoria de unidade genética de uma determinada característica é o nosso principal interesse.

Com os índices bioeconômicos de seleção é possível selecionar os animais não apenas

pelo seu valor genético, mas também pelo seu valor econômico, identificando o indivíduo que é mais eficiente produtiva e economicamente para um dado sistema de produção. Os índices de seleção são calculados da seguinte forma: I = b1X1 + b2X2 + ... + bnXn Em que, X1, X2,..., Xn pode ser a Diferença Esperada na Progênie (DEP) para característica 1, 2 e n do animal que está sendo avaliado. E b1, b2, ..., bn são os coeficientes ponderadores econômicos para cada característica presente no índice, os quais precisam ser determinados. O cálculo dos coeficientes ponderadores envolve seis etapas: 1º - Definição do objetivo de seleção do sistema produtivo 2º- Identificação das características economicamente relacionadas ao objetivo de seleção 3º - Cálculo do valor econômico das características relacionadas ao objetivo de seleção 4º - Definição dos critérios de seleção que irão compor os índices 5º- Estimação dos componentes de (co) variâncias e parâmetros genéticas das características 6º- Obtenção do coeficiente ponderador para os critérios de seleção (b) Para identificar o valor econômico de cada caracterís-

tica é necessária uma análise do sistema produtivo, realizada por meio de um modelo bioeconômico, que simule a propriedade agropecuária avaliada. Para isso, deve ser especificado o sistema de produção (manejo, índices zootécnicos, composição do rebanho, etc), as fontes de receitas e despesas e a identificação das características relacionadas ao lucro do sistema. Entretanto, essa análise pode ser comprometida, quando as informações sobre o sistema são incompletas, pois a confiabilidade da ponderação econômica e dos índices dependerá do grau de escrituração zootécnica da fazenda.

O valor econômico é calculado através do lucro médio do sistema produtivo, obtido após a mudança em uma unidade da característica avaliada, mantendo-se as demais características inalteradas. Por meio desse processo é possível avaliar e identificar quais características possuem maior relevância econômica, devendo estas ser consideradas no objetivo de seleção, pois este consiste na listagem de um conjunto de características economicamente importantes em um dado sistema produtivo. Por isso, a escolha das características a serem utilizadas na seleção é exclusiva para cada rebanho e sistema produtivo, já que esta pode variar de fazenda para fazenda, assim como de região para região. Ü

Uma nova maneira de enxergar a pecuária.

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I e a equação dos índices é apresentada em II. I.

mento. As avaliações genéticas dos touros candidatos, nesta situação, estão listadas abaixo: Animal

Raysildo B. Lôbo

Luiz Gustavo Figueredo

Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores - ANCP

Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores - ANCP

Já as características que podem ser utilizadas como critérios de seleção, devem ser mensuráveis, mas não necessariamente apresentam valores econômicos, pois há muitas características avaliadas que não afetam diretamente o lucro, mas estão correlacionadas com àquelas economicamente relevantes (objetivos de seleção).

Por exemplo, o perímetro escrotal (PE) não tem relação direta com os custos e receitas da fazenda, ou seja, não possui valor econômico, entretanto é um indicador de fertilidade e precocidade em machos e fêmeas, pois possui forte correlação com a idade ao primeiro parto (IPP).

Desta forma, o PE pode ser critério para seleção de IPP, a qual é uma característica que possui valor econômico. Outras razões para utilizar o PE como indicador da fertilidade são o maior ganho genético que pode ser obtido por meio de sua seleção, por apresentar herdabilidades de moderada a alta magnitude (0,39 a 0,76), além da facilidade e baixo custo de mensuração desta característica.

A fase cinco do cálculo dos ponderadores econômicos é na qual são realizadas as estimati-

86 | Bovinos

vas de (co) variâncias genéticas das características consideradas nos objetivos e critérios de seleção, por meio de programas computacionais. Nesta fase é possível conhecer a variabilidade genética das características e estimar os valores genéticos de cada animal.

A

B

C

DP210

+6,5

+7,7

+5,6

DP450

+11,7 +12,3

+10,8

DAOL

–0,04 +0,02

+0,03

+0,32

–0,22

+0,31

–0,51 +0,35

–0,62

DPE365 DIPP

O cálculo dos índices pra cada animal será:

Por fim, tem-se a construção dos coeficientes ponderadores (b) para os critérios de seleção, sendo que estes nada mais são do que a união dos valores econômicos das características consideradas no objetivo de seleção e dos valores genéticos para todos os atributos eleitos, presentes tanto no objetivo quanto nos critérios do índice.

Em um simples exemplo, para um sistema produtivo de ciclo completo, as características IPP e ganho médio de peso diário (GMD) foram as mais importantes economicamente, sendo estas inseridas no objetivo de seleção, com a finalidade de melhorar a precocidade e velocidade de crescimento do rebanho. As características eleitas como critérios foram peso ao desmame (P210), peso ao sobreano (P450), área de olho de lombo (AOL), PE e IPP. Desta forma, os coeficientes ponderadores (b) seriam calculados como segue no esquema

Touro Touro Touro

Touro A = (5,4 x 6,5) + (38,9 x 11,7) + (21,0 x –0,04) + (17,3 x 0,32) + (-35,9 x -0.51) Touro B = (5,4 x 7,7) + (38,9 x 12,3) + (21,0 x 0,02) + (17,3 x –0,22) + (-35,9 x 0,35) Touro C = (5,4 x 5,6) + (38,9 x 10,8) + (21,0 x 0,03) + (17,3 x 0,31) + (–35,9 x –0,62) II.

Considere que, os coeficientes ponderadores (b) obtidos foram 5,4 (P210); 38,9 (P450); 21,0 (AOL); 17,3 (PE365), -35,9 (IPP) e baseando-se nestas informações será identificado um dentre os touros disponíveis para acasala-

Então teremos a classificação listada abaixo, em que o melhor animal é o touro A com uma pontuação de 513,2.

Isso significa que ao selecionar esse animal para produção das futuras progênies, ele estará promovendo maiores ganhos genéticos e econômicos para a próxima geração.

Touro A = 513,2 (1º) Touro B =504,1 (2º) Touro C = 478,6 (3º) Ü

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de 50% do total, quando comparada a todas as características avaliadas.

Guilherme J. M. Rosa University of Wisconsin-Madison

Aplicação de índices bioeconômicos em bovinos Nelore criados no bioma Cerrado Os índices bioeconômicos de seleção abordados neste trabalho vêm sendo desenvolvidos a partir de uma pesquisa realizada na Julio Bernardes Agropecuária-Nelore JR, cujo sistema produtivo de bovinos Nelore é extensivo de ciclo completo (pastagens de Braquiaria - cv Maradu e Piatã, Andropogon, Mombaça e Massai), localizado no bioma Cerrado. Resultados preliminares demonstram que as características reprodutivas e de longevidade produtiva foram 3,2 vezes mais importantes que as características de velocidade de crescimento, representando 76,30% em grau de importância no sistema de produção avaliado (Figura 1). No entanto, o peso ao sobreano (P450) isoladamente foi a segunda característica que mais impactou economicamente, provavelmente por ter grande relação com o peso de abate e este ser a principal fonte de receita da propriedade.

88 | Bovinos

Figura 1 - Valor econômico relativo de características produtivas e reprodutivas em bovinos Nelore criados no bioma Cerrado *STAY - Habilidade de Permanência da Fêmea no Rebanho; P120, P210, P365 e P450 - Pesos aos 120, 210, 365 e 450 dias de idade, respectivamente; IDP- Intervalo de Partos e IPP - Idade ao Primeiro Parto.

Com grande destaque, a STAY é a característica que está mais envolvida economicamente com o sistema produtivo. Isso ocorre, pois esta característica consiste na habilidade da fêmea permanecer produtivamente no rebanho, estando relacionada à precocidade sexual, capacidade reprodutiva, produtiva e maternal dos animais. Por isso, grande atenção e enfoque deve ser dado a ela, já que seu valor econômico representou mais

Dessa maneira, nos índices bioeconômicos de seleção desenvolvidos para Júlio Bernardes Agropecuária-Nelore JR considerou-se um conjunto de atributos, que envolveu as características de velocidade de crescimento, carcaça, fertilidade, precocidade e longevidade produtiva. Os critérios de seleção foram escolhidos estrategicamente para maximizar o ganho genético e econômico do rebanho Nelore JR, com o objetivo de obter animais mais eficientes e um sistema mais lucrativo. A figura abaixo mostra o grau de representatividade de cada atributo considerado no Índice Bioeconômico Nelore JR: Como pode ser visto na figura 2 a longevidade produtiva foi o atributo de maior peso no Índice Bioeconômico Nelore JR com uma representatividade de 54%, seguida por velocidade de crescimento e carcaça (28%), fertilidade e precocidade (18%). A aplicação deste índice na seleção de bovinos Nelore é capaz de gerar R$ 309,7 em termos genéticos por geração e um ganho genético de 0,9 kg; 3,9kg; 4,4

Figura 2 - Índice bioeconômico de seleção Nelore JR

kg; -0,11 meses; 0,13 cm; 5% e 0,44 cm2 para P120, P365, P450, IPP, PE450, STAY e AOL, respectivamente.

Como pode ser notado, o ganho genético obtido por meio de índices bioeconômicos de seleção envolve um conjunto de características que irão promover maior lucro à fazenda, do que se a seleção fosse realizada para apenas uma característica ou por meio de um índice empírico. Visto que, os índices bioeconômicos de seleção não são “palpites”, nos quais os animais são selecionados baseando-se em critérios definidos empiricamente, mas trata-se de um diagnóstico com embasamento técnico-científico. Esse embasamento guiará o produtor sobre quais caminhos devem ser escolhidos, com a finalidade de atingir o objetivo principal, que é a lucratividade do sistema.

O índice bioeconômico de seleção é uma ferramenta antiga, porém pouco utilizada devido as limitações em desenvolvê-lo, por exigir informações detalhadas sobre o sistema produtivo. Entretanto, na pecuária moderna, os pecuaristas estão deixando de ser apenas fazendeiros e se tornando empresários rurais, permitindo o desenvolvimento e aplicação de tecnologias que visam o avanço econômico do empreendimento. Com isso, o índice bioeconômico vêm se tornando uma grande tendência na atualidade do melhoramento genético animal, com a finalidade de maximizar o progresso genético e econômico do sistema de produção.

UMA SAÚDE DE PESO média de peso das pessoas, podemos citar o aumento da quantidade média de alimentos consumidos por pessoa, a mudança da qualidade nutricional desses alimentos, a diminuição da atividade física e movimentação das pessoas, o stress e a ansiedade tão comuns e intensos nos nossos dias.

Drº Patrício Souza do Amaral Médico nutrólogo, pós-graduado em fisiologia do envelhecimento saudável e triatleta.

Há tempos que a comunidade médica, nutricional e até a imprensa leiga vêm noticiando sobre o aumento galopante da prevalência do sobrepeso e da obesidade. Estima-se que aproximadamente dois terços da população mundial já se encontrem em sobrepeso e, pelo menos um terço, já está na faixa da obesidade.

Há alguns anos, pessoas obesas não eram tão comuns como hoje. Dentre as causas desse aumento na quantidade de pessoas acima do peso e da 90 | Bovinos

O stress e a ansiedade podem contribuir de várias maneiras para o aumento de peso, seja aumentando a quantidade de alimentos ingeridos, o comer compulsivo, seja pela alteração da taxa de

metabolismo, diminuindo a quantidade de calorias gastas

que funciona demais, às vezes

diariamente pela pessoa an-

células alvo já perderam a ca-

siosa ou estressada.

pacidade de responder a esses hormônios.

Os mecanismos envolvidos nessas alterações são complexos e ainda pouco compreendidos, mesmo pelas autoridades médicas e científicas, mas envolvem alterações na produção e liberação de hormônios e sinalizadores neuroendócrinos, bem como a atividade dessas substancias nas células a que elas são destinadas. Às vezes falta hormônio, às vezes é muito hormônio, às vezes é hormônio

funciona de menos, pois as

A diminuição da atividade física, seja ela programada ou não, é outro aspecto importante no aumento de peso da população.

Chamamos de atividade física não programada, aquela que é desenvolvida no dia a dia das pessoas, relacionada à profissão, ao modo de vida e à interação com o meio ambiente. Como exemplo, podemos citar um operário da construção civil ou da coleta pública de lixo. São pessoas que têm uma atividade diária de alta intensidade, o que leva a um gasto calórico alto, levando-nos a crer que seja mais difícil que um profissional desses desenvolva um aumento importante de peso.

Por outro lado, um empresário, ou um funcionário de escritório não costumam ter

Fonte: Shutterstocks

Ü

Já à atividade física desenvolvida em programas de treinamento físico ou academias de ginastica, chamamos de atividade física programada.

Uma pessoa se matricula em um programa de atividade física ou academia de ginástica com o objetivo de melhora do rendimento físico, ganho de massa muscular, perda de gordura ou a combinação de dois ou mais desses objetivos. Ainda que o número de academias de ginástica e programas de treinamento se multiplique de forma exponencial e o número de pessoas que se matriculam cresça em uma proporção ainda maior, a proporção da po-

pulação geral que o faz ainda é praticamente insignificante.

Além disso, a retenção desses programas é muito baixa, devido a vários fatores, o principal deles é falta de resultados no tempo esperado, seja por ineficiência do programa, seja por exagero de expectativa.

Muito provavelmente, a falta de eficiência dos programas de condicionamento físico seja devida à falta de um programa de readequação nutricional concomitante, pois hoje, sabemos que a adequação nutricional é muito mais importante na conquista de resultados, podendo responder por 80 por cento do resultado, com os outros 20 por cento dependendo da atividade física.

Mesmo dentro de programas multidisciplinares, que levam em conta a importância

Fonte: Shutterstocks

uma grande atividade física relacionada ao exercício de sua profissão, estando assim, mais propensos a ter uma menor massa muscular e a acumular mais gordura corporal.

da nutrição na aquisição de resultados, erros no direcionamento da atividade física podem retardar ou até mesmo inviabilizar os resultados pretendidos. É que, para a finalidade de redução de massa de gordura, muitos profissionais ainda acreditam que a atividade física mais eficiente é a atividade aeróbica. Esse não é o nosso entendimento. Acreditamos que a atividade aeróbica leva a

uma queima de calorias apenas no momento do exercício e o substrato dessa queima é diferente, dependendo da duração e intensidade dessa atividade. Em atividade aeróbica de curta duração, a queima é predominantemente de glicogênio (açúcar armazenado no fígado e nos músculos) e não de gordura. Em atividades aeróbicas de longa duração e alta intensidade, após se exaurirem as reservas de glicogênio, o principal substrato para a geração de energia passa a ser a proteína, mormente a proteína muscular, podendo levar à perda de massa muscular, contrariando os objetivos do treino. Esse é um erro bastante comum.

Fonte: Shutterstocks

A atividade aeróbica que pode levar à perda de gordura parece ser a atividade de baixa Ü 92 | Bovinos

As mudanças na quantidade

ser mais frequente, em sessões com duração superior a uma hora em 5 a 6 dias da semana.

e qualidade da

Para nós, para a finalidade

alimentação

de aumento de massa muscular

humana são

de gordura corporal, parece

causas decisivas do aumento de peso.” a moderada intensidade e longa duração. Pois nessa, após se exaurirem os estoques de gli-

mais inteligente a atividade de musculação com ênfase na hipertrofia muscular. Essa atividade, leva ao ganho de massa muscular, que é o objetivo de boa parte das pessoas que bus-

As mudanças na quantidade e qualidade da alimentação humana são causas decisivas

cam os programas. Já aquelas

importantes sobre a forma

pessoas que procuram por per-

como assimilamos determina-

da de massa de gordura tam-

dos nutrientes. Esses concei-

bém se beneficiam dessa mo-

tos, bem como a maneira que

dalidade, pois uma massa mus-

podemos nos beneficiar deles

cular mais abundante vai levar a

para alcançar saúde e peso sau-

uma maior queima contínua de

dável, serão discutidos em um

do aumento de peso da população, a sua consideração pede a compreensão de conceitos

próximo nùmero desta publicação. Aguardo ansiosamente o nosso próximo contato, que passe logo!

Esteja bem, esteja saudável.

Patricio Souza do Amaral.

Médico nutrólogo, pós-graduado em fisiologia do envelhecimento saudável e triatleta.

Contatos: Fone: (62) 8437-4102 drpatriciosa@gmail.com insta: @dr.patricio Face: Patricio Souza do Amaral

Fonte: Shutterstocks

cogênio, o principal substrato energético passa a ser a gordura corporal. Mas, para ser eficiente, essa atividade tem que

e para a diminuição de massa

calorias, mesmo durante o repouso. Note-se que o principal substrato para essa queima de calorias durante o repouso é a gordura corporal, que vai assim sendo progressivamente diminuída.

94 | Bovinos

AS PERSPECTIVAS DOS MARCADORES MOLECULARES NA PRODUÇÃO ANIMAL tificação de genes e utilizar a variação genômica no melhoramento genético.

Angela Adamski da Silva Reis Professora Doutora

A consolidação do Brasil no mercado mundial de carne bovina e o consequente aumento da competitividade com outros mercados têm requerido que a pecuária de corte oferte um produto de qualidade e com regularidade. Esta demanda juntamente com a necessidade de se aumentar a eficiência do setor têm sido de grande repercussão no processo de reestruturação em curso na cadeia produtiva da carne bovina. O recente desenvolvimento das técnicas de biologia molecular possibilitou a iden98 | Bovinos

Tradicionalmente, o melhoramento genético de bovinos foi baseado na seleção fenotípica. Entretanto, os marcadores baseados no fenótipo são limitados, uma vez que dependem da idade do animal, dentre outras variáveis e são significativamente influenciados pelo ambiente. Dessa forma, a seleção baseada no genótipo tornou-se importante na criação de bovinos para produção animal, permitindo que o seu potencial genético seja determinado com maior precisão, antes mesmo da expressão do seu fenótipo.

Adicionalmente, os marcadores moleculares baseados em DNA atuam como ferramentas versáteis e trazem perspectivas importantes no âmbito da produção animal. Assim, a aplicabilidade dos marcadores moleculares principalmente de DNA são utilizados nos testes de paternidade, identificação, progênie, rastreabilidade e estimativa da distância genética entre animais.

O conhecimento dos marcadores moleculares pode ajudar a explicar o genótipo de um caráter quantitativo. Isso porque, a variação alélica em inúmeros loci e a expressão gênica dos mesmos pode ser influenciada por fatores ambientais. A variação genética de característica quantitativa e os loci que afetam a expressão quantitativa são definidos como loci de caracteres quantitativos (quantitative trait loci – QTL). Consequentemente o seu uso pode não prejudicar outras características, reduzindo custos e o tempo requerido para a seleção, aumentando a resposta em programas de melhoramento, especialmente para as características que correspondem menos à seleção (baixa herdabilidade) quando são usados métodos tradicionais de melhoramento animal.

Esses métodos moleculares permitem padronizar o uso das variáveis genéticas e assim aumentar a acurácia da seleção e acelerar o progresso genético.

Os marcadores moleculares podem rastrear as características de interesse, possibili-

tando seu uso em programas de melhoramento genético, como a seleção assistida por marcadores ou Marker Assisted Selection (MAS) e também a seleção assistida por genes ou Genes Assisted Selection (GAS). Assim, com o uso destas informações torna-se possível analisar o potencial que um indivíduo tem para expressar determinada característica logo após o seu nascimento, bastando extrair DNA uma amostra do animal e identificar no seu genótipo para a característica desejada. Extensos mapas genéticos foram construídos nas últimas décadas para bovinos, e utilizados na SAM, análise de segregação de QTLs e na identificação de genes candidatos.

A técnica molecular proposta por Kary Mullis no final da década de 80 (Prêmio Nobel de Química em 1993) ampliou então as possibilidades de análises de DNA e fez com que a biologia molecular encontrasse novas aplicações, sobretudo na produção animal. As informações e as tecnologias disponibilizadas com o Genoma BoviÜ

no e o mapeamento de Single Nucleotide Polymorphism (SNPs), o polimorfismo de nucleotídeo único, em conjunto com modernas plataformas de genotipagem modificaram gradativamente a compreensão e os conceitos atuais no melhoramento genético, e tem possibilitado avanços significativos e perspectivas econômicas viáveis para a produção animal.

Há uma série de fatores para o crescente interesse no uso de SNPs como marcadores para análises genéticas. Eles são encontrados em abundância no genoma bovino. Outro fator importante é que os SNPs estão localizados em regiões codificantes do genoma e podem afetar diretamente a função da proteína. Esses SNPs podem ser diretamente responsáveis por algumas das variações entre os indivíduos com características importantes no âmbito zootécnico. E, finalmente, eles representam uma abordagem mais interessante para estudos de genotipagem, pois são geneticamente estáveis e passíveis de automatização.

arranjos de SNPs, baseada em microchips contendo painéis de alta densidade de 770 mil SNPs fornecendo cobertura do genoma para algumas raças que podemos citar, como: Aberdeen Angus, Belgian Blue, Hereford, Holstein-Friesian, Limousin e Simmental Estudos estão sendo realizados em nossa região (Brasil-Central) para identificar regiões do genoma bovino associadas a depósito de gordura na carcaça, ao crescimento e ganho de peso, ao marmoreio, qualidade e maciez de carne, eficiência alimentar, dentre outras características.

Informações das análises genotípicas baseadas em SNPs

podem ser incorporadas nos programas de melhoramento e consequentemente aumentar a acurácia na seleção de animais superiores que resultará na rentabilidade econômica do produtor que investe em biotecnologia para qualidade na produção animal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

As perspectivas de estudos utilizando SNPs é delimitar os genes de interesse para a qualidade em gado de corte e desenvolver microchips específicos para as características de interesse, como exemplo maciez de carne e consequentemente proporcionar ao produtor rural tecnologia aprimorada associando as análises moleculares do genoma do rebanho ao programa de melhoramento e com isso selecionar animais de melhor desempenho. É importante ressaltar que a área de melhoramento animal na atualidade necessita da implementação de marcadores moleculares para garantir retorno econômico ao produtor.

ZHANG, Z.R. et al. Identification and association of the single nucleotide polymorphismsin calpain 3 (CAPN3) gene with carcass traits in chickens.

BMC Genetics, 10 (10), 2009.

POLIDO, P.B. et al. Marcadores moleculares aplicados no melhoramento genético de bovinos. Arq. Ciênc. Vet. Zool.

UNIPAR, 15( 2): 161-169, 2012.

YAN, B. X. et al. Single nucleotide polymorphism analysis in chicken insulin-like growth factor-II gene and its associations with growth and carcass traits. Yi Chuan Xue Bao, .29:30-3, 2012.

WONG, G. K. et al. A genetic variation map for chicken with 2.8 million single-nucleotide polymorphisms. Nature, 432:717-22, 2004.

Fonte: Shutterstocks

Há uma série de fatores para o crescente interesse no uso de SNPs como marcadores para análises genéticas”

Para bovinos há disponível a metodologia molecular de

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PORQUE MUDAR O CONCEITO DE JULGAMENTO DE ANIMAIS NA PISTA Á vinte cinco anos coroei um sonho que tinha desde menino; ser pecuarista e pertencer a uma das classes mais nobre da cadeia produtiva, ou seja, o setor primário, único e verdadeiro responsável para o sustento do gênero humano. Sem carne, sem grãos e seus derivados o homem não sobrevive.

Quando iniciei, a pecuária de corte era essencialmente extensiva e conduzida em modo extrativista sem quase infraestruturas de controle de manejo de gado como balança, contenções, currais apropriados e sem manejo de pastagens.

Nos últimos vinte anos a pecuária de corte sofreu mudanças radicais e até revolucionárias devido a vários fatores que obrigaram o produtor a se adequar a um novo sistema de produção. Entre os motivos mais contundentes desta evolução estão a continua diminuição das áreas de pastagem em favor da agricultura, a quase impossibilidade de abrir novas fronteiras para a formação de novas pastagens devido às leis ambientais cada vez mais restritivas, e por último o aumento continuo da demanda de carne a nível mundial e não somente em termos quantitativos, mas também em termos qualitativos.

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Portanto, em virtude dessas mudanças o pecuarista precisou investir muito para produzir mais em um espaço menor. Em outras palavras precisou começar a considerar as pastagens como uma lavoura, integrar lavoura com pecuária, buscar tecnologias de suplementação alimentar, e em relação aos animais, buscar eficiência reprodutiva, eficiência alimentar e desempenhos em ganho de peso cada vez melhores relacionado ao rendimento e qualidade de carcaça dos mesmos.

Mas onde o pecuarista de corte vai procurar animais melhoradores para utilizar no seu plantel? Até uns quinze a vinte anos atrás era costume ir nas exposições, olhar os animais que vinham apresentados nas pistas, utilizar sêmen dos grandes campeões ou comprar reprodutores filhos dos mesmos, trazendo desta forma para os planteis de corte a campo o que tinha de melhor e moderno na genética. Nesta época os expositores escolhiam os animais destaque e melhoradores dentro do rebanho a pasto e três ou quatro meses antes das exposições começavam a tratar estes animais para apresentá-los dignamente. Resumindo o gado de pista era a amostragem fidedigna do plantel a campo do selecionador.

Infelizmente no decorrer dos últimos dez anos o cenário das pistas de julgamento mudou totalmente, chegando hoje ao absurdo que do criador que deseja participar de pista é obrigado a ter dois planteis bem distintos e diferenciados, um de campo e um de pista o qual não tem nada a ver com a realidade do campo.

Os animais que hoje estão sendo apresentados nas pistas de julgamento vivem estabulados ou semi-confinados o ano todo criando desta forma uma seleção exclusivamente de cocheira cuja nutrição é baseada unicamente em silagem de altíssima qualidade aliada a um grande consumo de rações tecnicamente sofisticadas repletas de produtos químicos. Tudo isto na tentativa de exaltar ao máximo o potencial do animal tipo ganho de peso, precocidade e desenvolvimento muscular estrondosos causando desta maneira graves problemas a nível de reprodução, sem falar dos danos colaterais e irreversíveis que muitas vezes estes sistemas de alimentação causam na saúde do próprio animal, chegando em casos extremos a óbito. E comum visitar fazendas que

atuam nas pistas e ver animais magros que passaram da idade de competir e que não conseguem mais se adaptar ao pasto.

Resumindo a pista de julgamento nesta última década tem nos mostrado animais cada vez mais obesos, criados com muito artificialismo e com custos altíssimos distanciando-se cada vez mais do conceito realista de uma pecuária racional e sustentável. A consequência lógica deste tipo de tendência foi e é o contínuo e sempre mais frequente afastamento de criadores das pistas.

Estes foram em síntese, os motivos principais os quais induziram no inicio de 2014, a min e outros associados da ACTG (Asssociação dos Criadores de Tabapuã em Goiás), tentar desenvolver dentro da própria associação uma nova metodologia de avaliação através da elaboração de um novo regulamento de apresentação de animais para pista que vise mostrar o verdadeiro potencial produtivo do animal a campo, que no final, é a fonte principal de receita das fazendas de pecuária de corte.

Em setembro de 2014 fui convidado a administrar uma palestra sobre Pista Sustentável na 4ª Goiás Genética de Goiânia. Esta foi uma oportunidade impar para poder apresentar

um estudo detalhado sobre as evoluções dos pesos dos animais da raça Tabapuã apresentados na pista de julgamento de Uberaba na Expozebu dos últimos 17 anos. Percebeu-se claramente os artificialismos na alimentação dos animais de pista e como consequência o distanciamento cada vez maior da pista em relação à realidade do campo. A comprovação de alguns dados: –na categoria de fêmeas de 22 até 24 meses a evolução da tendência de peso médio dos animais apresentados na pista nos últimos 17 anos foi de 120 Kg, quando em regime de pasto, na média, se registram 30 até 40 Kg. Em função dos resultados

Proprietário da Buona Sorte: Giorgio Arnaldi

deste estudo foi instituído dentro da ACTG no final de 2014 uma comissão de estudo para o desenvolvimento de um novo regulamento de julgamento a campo da raça Tabapuã para os associados da ACTG. Desta comissão fazem parte médicos veterinários, zootecnistas, criadores e um técnico da ABCZ - Dr. Marcelo Monteiro Garcia.

No final dos trabalhos da comissão foi com muito prazer e satisfação que constatamos que a própria ABCZ sentiu a necessidade de tentar mudar os rumos das pistas de julgamento introduzindo uma nova modalidade de julgamento de zebu a campo nesta Expozebu 2016.

A saída deste novo regulamento por parte da ABCZ auxiliou a comissão da ACTG sanar algumas dúvidas e reforçar outros conceitos, acelerando desta forma a finalização do regulamento de julgamento da raça Tabapuã para os criadores pertencentes à ACTG. Este regulamento vai ser divulgado brevemente e será testado antes do final do ano.

mento uma aula indispensável, um aprendizado necessário para o direcionamento do zebu, uma troca de ideias e formação de opiniões, mas ela precisa ser realizada de forma sustentável, respeitando os animais e traduzindo para os criadores todo o potencial de crescimento do zebu a campo. Este novo tipo de julgamento deve ser considerado uma tentativa de trazer para as pistas animais de campo funcionais e produtivos para serem comparados entre si, sem artificialismo e de forma sustentável, possibilitando assim que a qualquer momento que identificarmos a pasto um animal merecedor, ele possa ser inserido no modelo de julgamento. A pista de julgamento não deve ser para satisfazer o ego do criador. A pista deve voltar a ser o berço do melhoramento genético verdadeiro, sem mentiras, sem mascarar resultados, sem artificialismo, para agregar de fato valor a pecuária de corte nacional.

Contatos: www.fazendabuonasorte.com.br contato@fazendabuonasorte.com.br 62.

3251-2675 / 62. 9299-2132

Como criador e selecionador acredito e considero o julgaBovinos | 103

O MOGNO AFRICANO

Engenheiro Agrônomo

O reflorestamento sempre apareceu como alternativa de investimento na área rural, com pouca necessidade de mão-de-obra e alta rentabilidade. Com o aumento da quantidade de produtores que investiram em reflorestamento nos últimos anos, devido aos incentivos governamentais, o mercado do reflorestamento de espécies florestais exóticas, dentre elas o eucalipto, esfriou. Assim devido à baixa do valor de mercado, investidores da silvicultura procuraram alternativas para encontrar uma nova espécie que conseguisse conciliar uma alta valorização e precocidade, neste contexto surge o mogno africano.

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O nome popular mogno africano, é designado a várias espécies florestais africanas, onde podemos citar duas principais, que se destacam pela adaptabilidade em terras brasileiras: Khaya ivorensis e Khaya senegalensis, ambas com alta velocidade de crescimento e precocidade de produção. As duas espécies possuem características de produção e tonalidade da madeira diferentes.

Para solos com textura mais arenosa, o Khaya senegalensis tem melhores resultados de produção, se adaptando bem e Ü

Fonte: Parque Florestal

Dr. Ramon Gomes

Há 40 anos o mogno africano foi introduzido no Brasil, com sementes doadas por um representante do governo do Senegal, em visita ao Brasil. Somente a 10 anos o mogno se popularizou, e seu desenvolvimento chamou a atenção dos pesquisadores da Embrapa Ocidental no estado do Pará, que viram no mogno africano uma alternativa de alta produção de madeira nobre e com baixo tempo de crescimento quando comparada a outras espécies de madeiras nobres nacionais.

grãos e adotando algumas técnicas de manejo na aplicação de defensivos e dessecantes, o produtor sem diminuir a produFonte: Dr. Ramon Gomes

tividade, conseguiu incrementar sua produção com a madeira nobre.

Foto 01. Consórcio de Mogno africano Khaya senegalensis com Soja no norte do estado de Goiás.

demonstrando certa resistência a extremas condições hídricas.

Com menor porte se comparado ao khaya ivorensis, e maior número de ramificações, sua madeira é de tonalidade opaca e alta durabilidade.

ruas, já no plantio consorciado, os espaçamentos são maiores,

Com madeira de ótima qualidade e beleza incomparável, o Khaya ivorensis, tem suas particularidades de adaptação, é exigente em textura de solo e tem melhores resultados em terras mais argilosas. O que pode inviabilizar sua produção é primeiramente a falta de humidade, baixos índices pluviométricos e sua susceptibilidade a algumas pragas. A boa notícia é que estas dificuldades podem ser controladas facilmente.

No Brasil já temos vários consórcios com a participação do mogno africano, um caso de sucesso que podemos citar, e de um produtor de grãos do norte do estado de Goiás, que decidiu introduzir o mogno africano em sua área de plantio, como podemos ver na foto 01. Espaçando com maior intensidade as ruas de plantio, para viabilizar a me-

Com a pluralidade de combinações de espaçamento em sua produção, com menores metragens em sistema adensado e maiores no consorciado, O processo produtivo do mogno africano pode ser, adensado, com espaçamentos que variam de 2 a 5 metros entre mudas e

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em consideração do consórcio utilizado. As espécies mais utilizadas em consórcio são: pastagens, milho, soja, mandioca, sorgo, café, entre outros.

Outra alternativa para intensificação da produção, utilizando consórcios, e a inserção de pastagens nas áreas de plantio florestal do mogno africano, que além de ser uma breve solução no retorno do investimento, traz consigo, vantagens para as árvores, que se beneficiam da adubação nitrogenada no ato do plantio da pastagem, além de trazer economia de manutenção, pois não teremos mato-competição em uma pastagem com boa formação.

Com o aumento da população mundial e a intensidade dos problemas ambientais, ocasionados pelo desmatamento exacerbado do homem moderno, visualizamos nas alternati-

vas de produção em consórcio uma preciosa ferramenta de aumento de produtividade em menor espaço físico. Este consórcio com o mogno africano, além da produção convencional, traz o auto valor de mercado da madeira nobre, que estima-se com valor médio de R$ 2.300,00 o m³.

Com as restrições ocasionadas pela nova legislação florestal para extração de madeira nativa, torna-se praticamente impossível o comércio de madeira de qualidade. Nos dias atuais já encontramos um mercado carente de madeira nobre, então daqui a alguns anos quando as lavouras de mogno africano estiverem em ponto de corte, a situação se encontrará ainda com mais déficit de madeira. Quem tiver madeira nobre em escala comercial, certificada pelos órgãos ambientais e prontas para comércio, realmente sairá na frente, esta é a expectativa de aposta dos investidores do mogno africano.

Fonte: Dr. Ramon Gomes

canização da produção anual de

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CONDOMÍNIO EURICO VELASCO | MELCHIOR ABREU FILHO | WAGNER MIRANDA

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ORTOGRAFIA CS (MÃE)

OASSE DA CB TE (IRMÃ PRÓPRIA)

NAWADA TE DA JAVA (IRMÃ PRÓPRIA)