Apostila - Comunicação Empresarial

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D1M - MARKETING DIGITAL "novos ricos"ou “emergentes"Assim era a burguesia da época, gente que não possuía dinheiro em demasia tão pouco cultura própria e, por isso, espelhava-se na aristocracia, pois queriam viver mais comodamente ostentando o próprio status de "classe média recém-nascida". Michael Thonet, um fabricante de móveis do séc. XIX que teve visão empreendedora suficiente para unir pontos básicos desta sociedade: visão unitária do produto, do mercado e da produção. Chamado a trabalhar para o príncipe de Viena, Lienchtenstein, ele identifica a nascente burguesia vienense e oferece exatamente aquilo a que ela aspira. Cria móveis similares aos aristocráticos, construídos sob medida, baratos, práticos, facilmente montáveis e, logo - eis a novidade - vendáveis a partir de um catálogo. Em síntese, cria um estilo, um marketing e um novo modo de produção em série. O catálogo era infinito: 14 mil objetos diversos, cada um acompanhado de preço e medidas. Masi (2000) identifica aqui a criação de uma das primeiras leis ditada pela indústria: a estandardização. Thonet descobre que, ao invés de se fabricar cem cadeiras diferentes, é muito mais lucrativo fazê-las igual: o desperdício é menor, a produção é mais rápida e a menor custo. Um ciclo contínuo: métodos estandardizados para fazer produtos estandardizados, vendidos a preços estandardizados. A racionalização imposta pela indústria consistia na programação da produção através da criação de linhas de montagem e, segundo as leis ditadas por ela, grande parte escritas e aperfeiçoadas por Taylor, defendem que a fabricação do produto em série é mais lucrativo. A economia é então completamente reestruturada, da planificação à produção e às vendas. Uma das características da sociedade industrial “clássica” era o seu mercado. Nele a oferta era muito inferior à procura. O modelo industrial era orientado para o produto, ou seja, a empresa produz bens e valores depois os impunha à sociedade. O consumidor desta sociedade, até então deslumbrado com a personalização dos produtos, adquire, como denominado por Mais (2000), um gosto “standard”. Ford em muito contribuiu para isso quando, em 1908 lança o seu Modelo T, um automóvel preto, sucesso de vendas entre os aristocratas, graças ao slogan: “Os americanos podem escolher carros de qualquer cor. Desde que sejam pretos". Nasce a massificação do gosto sem contestação. As teorias sociais possuem posições diferentes frente ao conflito, a transição de sistemas de trabalho, produção, além de fatores propriamente sociais, como o comportamento e a divisão (ou ascensão) de classes levam à defesa sob prismas diferentes. A percepção de mudanças na estrutura social é atribuída, primeiramente, aos estudiosos, os quais partem da observação de aspectos singulares de transformação. Dois marcos são observados tendo a indústria como referência: o surgimento da "sociedade industrial", por volta de 1850, e em 1950, o nascimento da "sociedade pós- industrial" quando Bell e Touraine baseiam teorias desse que seria um novo sistema global. Sobre as formas grotescas de racionalização da produção, Taylor é categórico quando afirma que cada trabalhador "deve"repetir por várias (milhares) de vezes por dia, um só gesto nas linhas de montagem. Em 1936, Charles Chaplin ironiza tal formato no filme “Tempos Modernos”, onde é engolido por engrenagens gigantes devido ao fato de não ter tido a “capacidade” de manter a velocidade ao apertar os parafusos que lhe cabiam. A imagem símbolo do capitalismo, apontado por Marcos Dantas (1996) como uma fábrica esfumaçada onde o trabalho parecia indissociável daquela do operário chapliniano de macacão azul parecia, para o autor, uma forte confirmação do “rigoroso trabalho de Marx”, o qual parecia ter ficado sem sequencia na análise do processo de produção: 15


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