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AMBIENTE

Sistema de rega para plantas carnívoras O habitat natural das plantas carnívoras na generalidade é composto por solos pobres, com presença de componentes mais ácidos (baixo pH) e baixo teor de nitratos (essenciais para a síntese da molécula de clorofila). Como as restantes plantas, estas vivem de acordo com as necessidades dos nutrientes que as rodeiam, e estas pela sua especificidade dependem do nitrogénio contido nas proteínas dos animais, e como todo o mundo vegetal, da energia proveniente da luz para sobreviver. Sendo esta uma principal característica, as regas nas nossas casas deve ser feita com água obtida por processo de Osmose Inversa ou com água destilada. Esta possui características benéficas, pela ausência de iões sólidos, ao contrário da água da torneira que possuiu elementos prejudiciais ao desenvolvimento das plantas carnívoras, tais como cálcio, chumbo, nitritos, cloro e outros. O mais próximo de simular água da chuva é por processo de osmose inversa ou água destilada (que podemos comprar em qualquer loja ou supermercado). Falemos da osmose inversa. Trata-se de um processo que permite a separação dos componentes solventes (água H2O) e o soluto (sais e moléculas orgânicas simples) através de um sistema com uma membrana. O processo natural realiza-se do meio com maior concentração de partículas para o menor. O sistema de osmose inversa contraria os efeitos naturais, uma vez que é exercida pressão na água de entrada (suja), que passa por uma membrana realizando o processo de separação. O equipamento de osmose (exemplo abaixo) possui outros componentes para além da membrana, este pode possuir vários estágios, que se compõem por filtros com diversas especificidades. Filtros com o propósito de, por exemplo, separar componentes com maior massa molecular até remoção completa de componentes orgânicos na água, obtendo desta forma uma água 100% pura. Síntese da Osmose Inversa vs Água destilada Supermercado:

Osmose Inversa

Água destilada

Pontos positivos barata

sem desperdício de água

fácil instalar garantia de pureza

Pontos negativos custo inicial aquisição

menos económica

desperdício de água suja

menos prática sem garantia 100% pureza

O sistema de osmose inversa produz desperdício, na forma de água suja, os componentes e sais que a membrana não consegue separar saem nesta forma. Esta água pode ser aproveitada para lavar o chão ou para colocar na sanita. Interessa sempre reutilizar e ajudar o nosso meio ambiente. Para além disso ao não comprarmos uma garrafa de água destilada, não estamos a produzir um resíduo muito prejudicial o plástico. Também economicamente torna-se mais barata, sendo que o investimento do equipamento tem um retorno até 4 meses, a partir daí é só “lucro”. Resumindo, o processo de osmose inversa é um sistema mais económico, ecológico e eficiente, permitindo que obtenhamos uma água pura.

O JARDIM O conceito de jardim remete-nos a um espaço planeado, onde existe uma profusão de plantas. O jardim é geralmente associado à beleza, ordem e perfeição. Embora sejam, geralmente, espaços abertos, a origem etimológica da palavra garth significa “cerca”, um espaço contido, vedado. A génese da palavra remete-nos assim para um espaço fechado sobre si, intimista, convidando à estadia e permanência. O jardim é uma construção humana tão antiga quanto as cidades, existem registos literários e representações artísticas de jardins funerários no antigo Egipto. Mas os jardins são transversais a diferentes culturas e religiões, ao longo dos tempos, adaptando-se aos contextos em que surgem, reinterpretando-se, mas sempre como espaços que procuram alcançar a perfeição, não fosse o jardim na sua génese uma eterna tentativa de representação do paraíso (ou “Jardim do Éden”). Ainda na antiguidade a construção do jardim é elevada à condição de arte, da qual o seu expoente máximo são “Os Jardins Suspensos da Babilónia” – frequentemente referidos como uma das 7 Maravilhas do Mundo Antigo – que infelizmente não chegaram aos nossos dias, mas perdurando na nossa memória coletiva através das descrições do seu esplendor. Os jardins, à semelhança do que acontece na agricultura, sempre foram exercícios de superação das condições em que se inserem, através de artifícios e, por vezes, esses artifícios para além da sua função fulcral, preenchiam funções lúdicas. É o caso da água, elemento essencial de um jardim, que é encaminhada em sistemas de irrigação meticulosamente planeados, que exploram a força da gravidade, através de fontes, tanques, canais e cascatas – esta exploração revela-se em efeitos sonoros e visuais. A água sempre foi um elemento central nos jardins conferindo frescura e dinamismo ao espaço e contribuindo para a sinestesia que o jardim almeja materializar. O jardim é também a continuidade do espaço de habitar é planeado para ser usufruído a partir da casa, e por vezes também assume funções produtivas, incorporando espécies frutíferas e aromáticas no seu espaço. Mas é também um espaço de abundância e prazer. No seu expoente máximo, de manipulação da natureza temos os jardins franceses, em que centenas de laranjeiras dos Jardins de Versailles eram envasadas e passavam o Inverno abrigadas na Orangerie, apenas para durante o Verão serem dispostas nos extensos terraços, complementando os canteiros. No mundo inteiro e ao longo dos tempos, foram surgindo várias derivações e interpretações da arte dos jardins, mas em todas estas, o jardim surge sempre como um espaço de introspeção e recolhimento, muitas vezes ligados a espaços religiosos. Os jardins têm um ritmo próprio que é preciso descobrir, que incita ao deambular vagaroso, num mundo que corre sempre apressado e faz-nos (re)descobrir as pequenas maravilhas da vida. O jardim condensa em si, a mutabilidade da vida na sua constante transformação, reinventando-se a cada estação. Há quanto tempo não se perde num jardim? Porque o jardim contém essa irresistível vertigem de deambulação e a possibilidade de nos encontrarmos nesse processo.

Corine Lopes


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