Brazilian Business - 269

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“Ainda não temos uma expansão do ensino de língua inglesa que eventos dessa natureza [Copa e Olimpíadas] impõem”

Segundo o presidente do Instituto Brasil-Estados Unidos (Ibeu), Ítalo Mazzoni, o cenário ainda é falho e o caminho para chegarmos até lá é longo. Para ele, existem várias razões para essa deficiência no ensino de língua inglesa no país. Entre elas estão a baixa qualidade do ensino, a escassez de professores qualificados nas escolas privadas e o fato de o inglês não ser disciplina obrigatória até o sexto ano do ensino fundamental. A empresa de ensino de idiomas Education First divulgou em março uma pesquisa em que apresenta o Brasil na 31ª posição entre 44 países num ranking de proficiência em inglês. Na América Latina, ficamos atrás de países como Argentina (16º) e México (18º). No entanto, Mazzoni aponta que existe luz no fim do túnel. Atualmente, o Ibeu vem tentando realizar alguns projetos em parceria com órgãos do governo, melhorando a capacitação de jovens para o mercado de trabalho, com vistas à Copa e às Olimpíadas. Com 17 filiais, sendo 15 no Rio de Janeiro e 2 em Niterói, o Ibeu pensa em expandir para atender essa demanda, cada vez mais crescente. “Essa possibilidade não nos deixa de empolgar, mas temos que fazer com cautela. Por ser-

mos uma instituição filantrópica e sem fins lucrativos, esbarramos em algumas limitações”, explicou o executivo. Sobre os possíveis locais para abertura de filiais, Mazzoni é enfático em afirmar que tem pretensões na Zona Oeste e em municípios vizinhos ao Rio. A seguir, os destaques da entrevista. O Rio de Janeiro está em voga com a proximidade dos eventos esportivos que serão realizados aqui nos próximos anos. Sabe-se que muito ainda está por fazer para atingir a excelência na recepção desses eventos. A deficiência da população fluminense em relação à proficiência em língua inglesa é apontada como uma delas. O domínio do inglês ainda está muito distante da realidade dos fluminenses?

Pode-se dizer que sim. Alguns fatores são preponderantes para determinar esse cenário. A qualidade do ensino de língua inglesa, principalmente no ensino público, é um deles. Apenas no sexto ano, os alunos começam a aprender inglês. Em algumas escolas, existe até a possibilidade de escolha entre o inglês e o espanhol. Existe também uma escassez de professores qualificados, tanto no ensino público

quanto no ensino privado. O que acontece nesse caso é que falta atratividade para a profissão do professor, que hoje está em baixa em termos financeiros e de autoestima. Existe mesmo um “apagão” no ensino de língua inglesa no país?

Com tudo isso, é possível dizer que existe um apagão do inglês no país, sim, e em vários níveis. Ainda não temos uma expansão do ensino de língua inglesa que eventos dessa natureza [Copa e Olimpíadas] impõem. Temos um déficit de profissionais para trabalhar diretamente com turismo. Nas universidades, muitos pesquisadores estão em desvantagem em relação à comunidade internacional por falta de fluência oral e escrita na língua inglesa. Nas próprias empresas, as vagas de trainees e estagiários não são preenchidas por falta do requisito do inglês. Como o Ibeu tem se posicionado no sentido de melhorar esse cenário?

Tivemos algumas experiências positivas no Ibeu. Em 2008, fizemos um curso chamado Welcome to Rio, em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo do Rio, com quase

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