Onde foi que voces enterraram nosso mortos 3

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Joel José de Carvalho era o filho mais novo da família Carvalho, que e m 1950 migrou para São Paulo em busca de melhores condições e se estabeleceu no ABC paulista. Era o início da instalação das indústrias metalúrgicas e automobilísticas. Tal como seu irmão, o torneiro mecânico Daniel, ele começou sua militância política no Partido Comunista Brasileiro e após o golpe militar de 64 passou a atuar no PC do B. Ao divergir com essa organização, organizou a Ala Vermelha, depois Movimento Revolucionário Tiradentes e ingressou posteriormente na VPR. Joel morreu com 26 anos e Daniel com 28 anos. Antes deles, o irmão mais velho, Devanir, dirigente do Sindicato. dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, foi assassinado na tortura em abril de 1971. Daniel e Joel saíram da prisão em troca do embaixador suíço Giovanni Bucher, sequestrado por um comando revolucionário da VPR. José Lavechia era o mais velho, morreu com 55 anos. Sapateiro de profissão e velho militante do PCB, Lavechia tinha 51 anos quando foi preso no Vale da Ribeira, em abril de 1970. Em junho do mesmo ano foi trocado, juntamente com outros 39 presos, pelo embaixador da Alemanha no Brasil. Banido para a Argélia passou por Cuba, Chile e Argentina. Enrique Ernesto Ruggia era o mais novo do, grupo vítima da cilada montada na Região Oeste do Paraná. Argentino, estudante de agronomia veio para o Brasil acompanhando seu amigo Joel Carvalho. Conta sua irmã Liliane, que num dia do mês de julho Enrique chegou ao seu local de trabalho e lhe disse que viajaria para o Brasil junto com Joel e outras pessoas. Deu-me um beijo, disse que voltaria em uma semana ou dez dias, que iria fazer uma tarefa política, e se foi. Fiquei petrificada. Eu estava num escritório público. Fiquei assim, sem ação por alguns segundo. Quando me dou conta do que estava sucedendo, me largo pelas escadas, chego na rua, mas nunca mais o vi, recorda Liliane.

Enrique Ernesto Ruggia morreu com 18 anos. Vítor Carlos Ramos saiu do Brasil em 1969 foi para o Uruguai ao ter sua prisão preventiva decretada. Conta Dimas Floriani, que em 1973, dividiu quarto com Vítor Ramos, numa Pensão localizada na Rua Michimalongo, em Santiago. Segundo Floriani, que atualmente coordena a Casa Latino-Americana, em Curitiba, Vítor Ramos, além de escultor, era músico e escritor . "Ora efusivo, ora


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