6ª Edição Revista ARCA

Page 47

O Neno arregala os olhos e pergunta: Quando começa? Nisto, um jovem de vinte e poucos anos, poliglota, doutor em Direito pelo Largo São Francisco, o Dr.Gê, intervém na conversa e profere significativo discurso. - Distintos conterrâneos, estamos perdendo tempo em discutir assuntos nada pertinentes aos interesses desta cidade. Pouco nos importa o que pensou Sócrates, Aristóteles, Platão, Darwin, e outros gênios da História se deixarmos nossos problemas do dia a dia sem solução. Aos sábados, domingos e feriados, nossa cidade é tomada literalmente por marginais que a transformam em palco para o sexo, a droga e a violência. As famílias decentes estão proibidas de ali transitarem com seus filhos. Sodoma e Gomorra sentir-se-iam puras, comparadas com esta vergonha. Inútil apelarmos para o governo Federal, totalmente ausente; para o Estadual, desinteressado; para o Municipal, despreparado. O problema é nosso, nós devemos resolvê-lo. Pensei! Por que não somarmos esforços e viabilizarmos soluções para tão hediondo problema? Alguém interveio e disse: - É caso de polícia...

- Não, respondeu Dr. Gê, é caso de Política! Se empresas, Educadores, o povo honesto desta urbe se cotizarem e construírem nos quatro cantos da cidade grêmios juvenis para o exercício de atividades múltiplas, tais como: esporte (futebol de salão, basquete, vôlei, natação, pingue pongue, xadrez e outros mais), aulas de línguas, matemática, culinária, música, marcenaria e outras mais. Os professores trabalhariam gratuitamente, porque aposentados, e seriam valorizados pela sociedade. Ademais, seus cérebros em permanente atividade mens sana in corpore sano (mente sã em corpo são), a função faz o órgão, a disfunção o atrofia. Oferecer aos jovens aquilo que a vida lhes negou! Nada de Polícia! (Apenas amor!). Aristóteles e outros filósofos defendiam a ideia segundo a qual a virtude se situa no meio termo. De nada adiantam as grandes riquezas; dividamo-las com os mais carentes. In medio virtus. (A virtude é o meio termo). Nesse instante, entra na sapataria uma jovem de 27 anos, esbelta, olhos verdes, sorriso lindo, e diz: - Vamos, amor, o jantar está pronto, e você sempre fazendo discurso. É a bela noiva do Dr. Gê, a doce Gertrudes.

Vedionil do Império Cadeira 41 Patrono: Lima Barreto

ARCA | 47


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.