Revista AlmadaForma 10

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Na nossa prática pedagógica constatamos que os alunos têm mais sucesso quando estão a realizar os seus estágios na comunidade e que, enquanto docentes de Educação Especial, assumimos uma função importante em todo este processo de transição, na medida em que passamos a ser mediadores/promotores de mudança no sucesso educativo, pessoal/social e profissional dos nossos alunos.

sideração os interesses pessoais dos alunos com PIT e a comunidade envolvente estabeleceramse protocolos com algumas entidades locais (jardim-de-infância, cabeleireiro, papelaria, oficina de automóveis, entre outras) que foram bastante recetivas relativamente aos discentes. Temos efetuado um acompanhamento frequente nos locais de estágio e temos recebido um feedback muito positivo em relação ao desempenho dos discentes, registando-se, de acordo com os responsáveis das instituições, uma melhoria significativa desde o início do ano letivo. Os discentes denotam um parecer favorável no que concerne a experiência vivenciada nesses locais e consideram-na um importante contributo para a integração na vida ativa.

O PIT implementado na perspetiva de transição para a vida ativa deve favorecer um plano de carreira e um projeto de vida, estabelecer a ligação indispensável entre a escola e o mercado laboral, fornecendo ferramentas que perdurem além da vida escolar e favoreçam a integração na vida ativa. Mas que futuro, após o PIT?

“O vento é o mesmo: mas a sua resposta é diferente, em cada folha.” Cecília Meireles, O Vento, 1945

REFLEXÃO

As Implicações da Doença Crónica na Família Segundo as autoras Ana Fonseca e Maria Cristina Canavarro, a investigação empírica descreve, perante um diagnóstico de anomalia congénita (pré ou pós-natal), reações parentais iniciais semelhantes à resposta de luto (choque, tristeza, ansiedade, culpa e raiva), que evoluem num processo gradual de adaptação, geralmente conducente à restituição do equilíbrio emocional2.

Margarida Ramos

Enfermeira Especialista Saúde Infantil e Pediátrica

Vanda Paulo

Assistente Social

“As patologias crónicas da infância, têm cada vez mais relevância, por se tratar de crianças e famílias com necessidades especiais, que têm de aprender a viver com o seu problema”1. As implicações do diagnóstico de uma doença crónica numa criança, implica para a sua família, uma alteração profunda da sua dinâmica e a readaptação de cada um dos seus membros à nova realidade.

“Perante o confronto com o diagnóstico, e de forma mais ou menos independente do momento em que este é conhecido, um acontecimento conotado positivamente – como o nascimento de um bebé – passa a ter uma tonalidade emocional predominantemente negativa. Para os pais, o diagnóstico constitui uma perda do bebé perfeito e saudável, dos projectos e expectativas, mas também do seu papel parental, cuja vivência extravasa a intimidade familiar e passa a ser amplamente partilhada pelos profissionais e contextos de Saúde.”2

A doença crónica e o luto As doenças crónicas - “doenças de curso prolongado e irreversível, incuráveis” - “ estão associadas a perdas inevitáveis nos doentes, nos familiares e nos profissionais de saúde, conduzindo a sofrimento e a processos de luto algumas vezes complicados cujos principais sinais importa diagnosticar precocemente, para que uma intervenção de ajuda pertinente possa ser desencadeada e realizada em tempo útil.”2

O processo de adaptação à doença, à semelhança de um processo de luto, “é multidimensional habitualmente muito activo, altamente personalizado e determinado por inúmeros factores de vida. É um processo complexo que envolve simultaneamente aspetos emocionais, cognitivos, comportamentais, sociais e espirituais.”3

Causas do Luto4: 1. Perda de um ente querido resultante de morte, separação, divórcio, emigração ou prisão; 2. Perda de fantasia (expectativa) de afeto por interrupção de gravidez ou nascimento de um filho com deficiência; 3. Dano ao amor-próprio (perda por dano narcisista) por paraplegias, mastectomia, amputação,… 4. Desqualificação social (perda de um objeto de elevado valor afectivo) por desvalorização da imagem pública ou do estatuto profissional, desemprego, não reconhecimento de competências. 44

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