Anuário

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Piauí - Brasil 2022 Ano 1

E pra acreditar na potência de um novo Piauí.

Que venha nosso ano#2. Luana Sena editora-chefe

Para comemorar a empreitada de, em plena era da desinformação, colocarmos no ar uma plataforma de conteúdo checado, apurado, revisado e feito com a energia e o talento de mulheres jovens, críti cas e curiosas, fechamos o ciclo do primeiro ano com este anuário.

decomConteúdoCcalma

Um ano. Um ano inteirinho se passou desde que demos o primeiro passo na aventura de buscar as respostas certas ou, mais importan te que isso: fazer as perguntas que devem ser feitas.

Doze meses, 256 reportagens, 15 podcasts e quatro doses de vacinas depois, muita água correu nesse imenso rio de piaus. Continuamos inquietas, nada isentas nem imparciais. Mais para esquerda do que para a direita do centro e sempre a um passo de mudar de ideiacaso você nos convença de que tem uma melhor, é claro.

Ele foi pensado para você, leitor ou leitora. Usar, colecionar, colar, enviar para pessoas queridas que estão longe e pendurar o nosso es tado na sua parede. Para ler, pensar e refletir.

jUnhO jUnhO Paramos pra chorar Exaustos, profissionais relatam suas rotinas após mais de um ano no enfrentamento à pandemia Há mais pobreza e desigual dade do que bem-estar e riqueza nos municípios que se destacam no agronegócio *Trecho do livro Torto Arado (Todavia, 2019), de Itamar Vieira Junior Sobre a terra há de viver sempre o mais forte*

56,6% dos deputados esta duais nunca submeteram projetos sobre direitos das mulheres Elas que lutem jUlhO

Mais de 50 mil crianças e adolescentes foram encontrados em situação de trabalho infantil no Piauí O trabalho infantil tem cor agOsto

agOsto Especial, no aniversário de Teresina, sobre a crise no transporte público Enquanto o nãoônibusvem

No Piauí, bolastradicionaiscomunidadesequilomrecebemTítulosdeTerra Da terra ao reconhecimento Área desmatada no Piauí equivale 26% da extensão de Teresina e não há fiscalização efetiva Cadê a floresta? seTembRo ouTubRo

Pesquisa revela que 90% dos brasileiros considera o país racista, mas debates ainda não são suficientes para conter os crimes

Procura por registros civis no Piauí diminui em cinco anos; no Brasil, são quase três milhões de pessoas semmentaçãodocu Quer dizer que somos um povoInexistentesracista?

dEzemBroNovEmbro

dEzemBro

De pai para filho, do ma rido à esposa, do avô ao neto: herança de apoio dificulta a renovação po lítica no Piauí Lugar reservado

janEiro No sertão piauiense e sem acesso à Libras, comunidade cria nova língua para incluir pessoas surdas Ecossistema de startups cres ce no Piauí e tem embaixadoraprimeiramulher Fazendo a Cena Na rota da inovação janEiro

Violência no litoral e pequenas cidades revela o avanço de facções e do tráfico de drogas no Piauí Proibido roubar na quebrada

fEverEiro

Na cidade de Campo Maior, ao nor te do Piauí, esconde-se o cenário de um dos capítulos mais importantes da história do Brasil

Relatório aponta um evento violento a cada três horas no Piauí e Maranhão: ações po liciais estão em metadecasosdos Brava gente, sertaneja!

maRço maRço

Polícia que mata

Mimbó, no município de Amarante, é a primeira comunidade quilombola com internet no país Rede no quilombo

ABRil

MAIO Cresce o número de mulhe res adolescentes presas ou mortas, vítimas do envolvi mento com facções no Piauí Atraídas para o crime

jUNHo Piauí tem população carcerá ria com mais de 4 mil pessoas. Em cinco anos, número de pre sos deve chegar ao dobro O labirinto das prisões

dizeroqueGentetemquePoucasmaneirasdeaprendersobreomundosãomaiseficientesqueboasconversas.Aolongodeumano,minhaequipeconseguiupreciososmomentoscomgentedispostaasoltaroverbo!Lugardeprestígionojornalismo,aentrevistacostumaseraqueleespaçoondeoperfiladotiraossapatosesesenteàvontadeparadizeroquepensa.Eporaquitivemosdetudo:lembranças,boashistórias,depolíticaapequi!Opiniõesquesoamcomoprevisões.Valeapenarelembrar. Acesse e leia todas as entrevistas na íntegra.

Renato Janine Ribeiro Então não é uma questão do Nordeste, é uma questão do Brasil. O Brasil está sem nomes novos e esse é um ponto muito grave porque, quando você tem como principal líder, prometendo algu ma coisa, um homem de quase 80 anos, que é o Lula, isso fica complicado.

Regina Sousa

Tudo isso, mesmo uma criança, perce be que não é justo. Por que ele não dava o meu dinheiro para eu ir comprar em outro lugar? Eu ficava sem entender, mas era o método do dono da terra. Meu pai tinha que trabalhar um dia na semana para ele sem ganhar nada.

Alessandro de Lima Nesse último governo temos sofrido muito vendo a nossa ciência ser estag nada. Só se faz pesquisa com finan ciamento - e pesquisa de laboratório é muito cara. Hoje, sem financiamento, vamos voltar a praticamente só ab sorver conhecimento produzido em outros países - e cada país só produz o que é útil para aquela comunidade. “

Carlos Henrique Aragão

O que eu mais escutei ao longo da pan demia foi: “Mas doutor Carlos, o mundo agora está imprevisível”, como se em algum momento da história tivesse sido previsível! Desde quando nós vivemos cheios de certezas? A vida sempre foi imprevisível e vai continuar sendo.

Tudo que eu fiz foi pensando na cultura popular. Em cada piauiense. Os costu mes, a religiosidade, o folclore. Eu nasci no interior do Piauí, morei alguns anos no Rio de Janeiro, fui pra França… mas sempre pensando em voltar para cá. O piauiense é melhor do que qualquer povo no mundo!

Sueli Rodrigues Quando eu me formei desses novos entendimentos eu encontrei um amor pela universidade. Porque era a forma de mudar qualquer coisa. Antes eu ficava trabalhando, mas depois eu encontrei o prazer de encontrar um estudante chorando e dizer: “Essa não é a parte mais importante da sua vida. A sua vida é que é importante.

“ “

Nonato Oliveira

Juliano Medeiros Nunca ficou tão evidente a falência, o fracasso das promessas do neolibera lismo que diziam que o mercado seria capaz de suprir as necessidades das sociedades em geral. Acho que a pan demia deixou isso muito claro e o deba te sobre o papel do estado voltou com muita força. Isso permite que as forças da nova esquerda possam ocupar mais espaço.

Ailton Krenak A experiência da vida é suficiente. O povo indígena sente que a vida é uma experiência de ser e, infelizmente, os brancos acham que a vida é ter: ter um carro, ter um prédio, ter muito di nheiro. Que a felicidade e o sentido da vida estão em você ter muita coisa. Em qualquer cultura indígena, o importan te é você ser. Viver é não se preocupar em ter coisas. “

Se tem uma coisa que eu gosto é de conhecer e apresentar gente que faz e acontece pelo Piauí. Ao longo de um ano, fui de Parnaíba a Dom Inocêncio. De Piripiri a Lagoa do Cipó. Da zona Leste à zona Sul de Teresina - sempre viajando para dentro das pessoas. Contando histórias de quem põe a chuteira no pé, não joga a toalha até alterar o placar e faz do meu estado um lugar melhor pra se Boraviver.relembrar?

Nome Edson Macari

“Foi uma surpresa muito boa! Muita gente se unindo para fazer os sonhos desses meninos virarem realidade”.

Apelido Tio Edson O que fez?

Montou um time de basquete para ensinar garotos a jogar no contraturno escolar. Os encon tros acontecem desde 2015, na zona Sul, e reúnem jovens da Vila da Paz, Vila Jerusalém e Vila Costa Rica. É um trabalho voluntário, e ele é o treinador e também agente mobilizador: pelas redes sociais, pediu doação de tênis para que os alu nos pudessem competir em quadra - em uma semana tava todo mundo de tênis no pé!

Apelido Mãe Lourdinha O que fez?

Nome Maria de Lourdes Oliveira Mulher de estatura baixa e sorriso largo, enfermeira aposentada e moradora do bairro Satélite. Fundou, em 1995, o CACA para apoio e acolhimento de crianças em situação de vul nerabilidade. A ideia, que começou com meia dúzia de meninos e meninas embaixo de uma árvore, hoje acolhe mais de 200 crianças com brincadeiras, leituras, lanches e atenção. Ela ainda sonha em ter a casa funcionando em tempo integral. “O segredo, minha fi lha, sempre foi acreditar nas pessoas”.

Nome Ascânio Savio

É fácil identificar Ascânio com um celular na mão, e uma pergunta na ponta da língua, pelos corredores da Alepi ou na Câmara de Teresina. Ele é um ho mem baixinho, grisalho sempre bem alinhado à roupa social. Na contramão da imprensa local, o “repórter popular” coleciona mais de dez mil reportagens postadas em seu facebook. Desafia a mídia hegemônica e aposta em uma mídia descentralizada. Ex-feirante, nunca frequentou aula de jornalismo, mas nem por isso deixa de ser um repórter, pautando diariamente o cotidiano das comunidades. Apelido Repórter popular O que fez?

Nome Raimunda Sobrinha de Mãe Dedé, cujas novenas em pagamento de uma promessa, na Rua Coronel João Ribeiro, bairro Areias, se transformaram na maior festa religiosa de Amarante: o Festejo do Divino Espírito Santo. Ao lado do primo Marcelino, para quem Dedé fez a promessa e “foi valida”, herdou a “precató ria” - como costumam chamar as dívidas sagradas passadas por gerações - de realizar a festa todos os anos. A cada domingo de Pentecostes, sua rua vira o céu, se existe um céu sobre a terra.

Apelido Dona Mundinha O que fez?

Dadinho nasceu e cresceu em uma comunidade sem acesso à energia e internet, mais precisamente na Lagoa do Cipó, comunidade quilombola no Sudeste do Piauí. Concluiu a educação básica em escola pública e decidiu tentar uma vaga no Instituto Federal do Piauí, o IFPI, no campus de São Raimundo Nonato, cidade a 30km dali. Conheceu o mundo da programação através de um professor e, entre 2015 e 2020, colecionou medalhas em Olimpíadas de Informática por todo Brasil. Foi este mesmo professor, o Dann Luciano, que previu: “Não tenho dúvidas de que, se ele quiser, conseguirá empre go nas melhores empresas da área de tecnologia do mundo”. Dito e feito. Dadinho O que fez?

Nome Carlos Eduardo Santana

Apelido

Negra, travesti, motoqueira e desobediente, Jéssyka acredita que a pesquisa e a ciência serão transformadas pelas mulheres. Ser pesquisadora para ela veio como uma necessidade - incomodava que a sua existência, para muitas pessoas, fosse um problema. Ainda na graduação, investigou sobre a importância do nome social da população trans e travesti dentro das instituições de ensino superior. Divide seu tempo entre os livros, pesquisa e suas duas gatas de esti mação: Dandara e Frida. Da casa onde mora, em Parnaíba, a 15 minutos do mar, atua como assistente de pesquisa na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Eu quero que uma jovem trans possa ler essa entrevista e dizer: ‘nossa, uma travesti cientista. É possível’”.

Apelido Sem rótulos, por favor! O que fez?

Nome Jéssyka Rodrigues

Nome Sandro Dias

Apelido Sandrinho do Acordeon O que fez?

Na cidade que se “gaba” de ter o monu mento da “maior sanfona do mundo” (nada abala a autoestima do inocentino), o professor sanfoneiro, filho do pedreiro Salvador Nunes e da dona de casa Socorro, montou uma escola de música para crianças. “Acordes do Campestre” é o projeto social de pai e filho em Dom Inocêncio, a 615 km de Teresina, que atende mais de 200 jovens gratuitamente, ensinando a tocar sanfona, zabumba, triângulo, flauta doce e violão. Sandrinho ainda sonha em transformar a realidade dos moradores também através do turismo. “Queremos fortalecer nossa tradição e colocar o município no calendário nacional - talvez até internacional - de eventos culturais”.

De Piriri, filho da costureira Remédios e do pedreiro Oliveira, Guilherme foi o primeiro da família a entrar numa universidade. Cursou Biomedicina e realizou o sonho de entrar em um laboratório. Escreveu artigos e encabeçou pesquisas que lhe renderam um currículo Lattes de fazer inveja a qualquer pesquisador: da graduação para o doutorado em Biotecnologia voou sem escalas – fato que, aos 26 anos, após defender a tese, o tor nou o doutor mais jovem do Brasil. Um jovem negro e nordestino como marco de uma mudança estrutural no perfil dos novos cientistas do país. Apelido O doutor mais jovem do Brasil O que fez?

Nome Guilherme Lopes

Jogo dos 7 erros

No meu primeiro ano, checamos declarações públicas do prefeito e vice-prefeito de Teresina. O recorte ia do período eleitoral, com afirmações em tom de promessas e propostas para a cidade; passou pelos primeiros meses da gestão no enfrentamento à pandemia da Covid-19 e culminou na crise do transporte público – uma das piores enfrentadas na história da cidade. Checar e apontar inverdades nas falas das autoridades foi uma forma de criticar a prática de um jornalismo declaratório, que desvia a função de fiscal social da profissão.

Série “Agro pra quem?”

Em junho de 2021 publiquei a primeira reportagem de uma série especial sobre o agronegócio. Durante quatro meses investigamos contradições entre a pobreza e desigualdade nos municípios enriqueci dos pela produção agrícola no Piauí. Conversamos com pequenos agricultores que tentavam resistir ao esmagamen to provocado pelas grandes indústrias, abordamos o risco da exposição ao agrotóxico e destacamos o desmatamento na região do Matopiba - a herança deixada pelo agro. Uma série atemporal e crítica sobre a produção de soja no estado.

28 de junho é o Dia do Orgulho LGBTQIA+. Apesar de alguns avanços que apontam para uma maior representatividade, há pouco para comemorar – um cenário de violência e transfobia ainda é o retrato do Brasil, ocupando há 12 anos o posto de país que mais mata tran sexuais no mundo. Nesta data, no meu ano#1, contei a história de Jovanna, Letícia, Morena e Ayra: transexuais que procuraram na educação e no ativismo a possibilidade de terem direito à dignidade, e se destacaram no Piauí e Brasil afora.

deCombinamosnãomorrer

Escolas fakes do Ciro

Nas eleições municipais em 2020, o piauiense e atual Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, conseguiu eleger aliados em 84 prefeituras, o que repre senta 37,67% das administra ções públicas municipais. Não por acaso, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), comandado por um indicado de Nogueira, autorizou, em 2022, a construção de 52 novas escolas no Piauí, enquanto pelo menos 99 obras em colégios, creches e quadras estavam abandonadas pelo interior do estado. O as sunto, revelado pelo Estadão, fez zuada em toda a imprensa nacional - mas aqui, talvez por ser um reduto eleitoral de Ciro, não fez nem ruído. É claro que eu falei sobre isso.

Home preta É certo que o dia de empretecer a pauta é todo dia, mas eu não poderia deixar passar em branco (com o perdão do trocadilho) o #DiaDaConsciên ciaNegra. Muito mais que uma hashtag, entre a minha equipe a data foi uma deixa para pensar estratégias antirracistas na apuração, nas ideias de pautas e na escolha das fontes e personagens. O resultado foi uma home especial em 20 de novembro, com reportagens sobre racismo no Brasil, pretos na política e a primeira crôni ca-reportagem escrita pela minha estagiária - mulher, negra, escritora e cadeirante.

Piauí por aí

destaque • O pIAUÍ •

Fundo adesivo

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paredenaPiauí

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opiniaomundotodotemuma

Todo mundo tem opinião, mas aqui eu escolho as melhores para publicar. Gente que nos ajuda a pensar seja com uma poesia, uma crônica, ou um artigo com visão especializada de quem tem propriedade e sabe do que está falando. Assim trazem pluralidade e diversidade para o meu con Dividemteúdo. com a gente suas visões de mundo ou, como gosto de chamar: suas impressões. i

FernandoPaulo Fake news, ataques à imprensa e a promessa falaciosa de entregar uma hiper-verdade É o fim do jornalismo?bom

Este texto começou a ser escrito 04 dias após o desaparecimento do servidor da Funai, Bruno Araújo Pereira, e do jornalista britânico, Dom Phillips, enquanto viajavam pelo Vale do Java ri, no Amazonas; 1.548 dias do assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista An derson Gomes; 06 anos do processo de impe achment da presidenta Dilma Rousseff; 01 dia após o resultado da pesquisa que mostra o número de 33,1 milhões de pessoas, em 2022, passando fome no País; e após olhar uma lon ga lista repleta de perdas: direitos trabalhistas, aposentadoria, correção salarial, investimen tos para saúde e educação, poder de compra, de qualidade de vida, de políticas de combate à fome e à miséria, de direitos sociais, de direito à vida por uma boa parcela da população ne gra, indígena, LGBTQIA+, ribeirinhos e peri férica, ser um país comprometido com o meio ambiente e a sustentabilidade do planeta… a lista é grande a todo dia cresce. Qual a rela ção destes acontecimentos com jornalismo e fake news? Diretamente poderia ser afirmado que nenhum, entretanto se olharmos com mais

Doutor em Comunicação e Cultura (UFRJ) e professor efetivo da UFPI no curso de jornalismo e no mestrado em Comunicação. Colunista em oestadodoapiaui.com

profundidade podemos identificar con sequências práticas da produção em escala industrial, circulação e consumo de fake news pelas sociedades atuais. Desde 2016, durante as eleições e todo o governo de Donald Trump, o jornalis mo vem sofrendo ferrenhos ataques por parte de gestores de instituições públi cas, privadas e alguns tipos de políticos quando são questionados sobre deter minados fatos. Há em curso no país uma crescente escala de violência contra jornalistas no exercício da profissão, capitaneada pelo atual Presidente da UmaRepública.pergunta que ficou no ar em busca de respostas na primeira década des te século, ante um cenário de aumento e aceleração da presença da internet no cotidiano do público e nas redações dos diversos meios de comunicação, além da explosão do jornalismo de fonte aberta foi: será o fim do jornalismo? Seis anos depois a pergunta é quase a mes ma, mas agora não é a internet que colo ca em xeque a sua existência. A questão mais ouvida é: as fake news decretaram o fim do bom jornalismo? Pesquisas em todo mundo têm mostra do, como resultado, um maior interesse em busca de informações produzidas por jornalistas com credibilidade. Des te modo, pode-se deduzir que o jorna lismo não acabou, ao contrário do que previam aqueles que desacreditavam da sua importância junto ao público. Se o jornalismo não sucumbiu à internet e às fake news mantendo-se como re ferência para a construção da opinião pública, por que tantos ataques a jorna listas? Qual o objetivo da estratégia de desacreditar a imprensa e os profissio nais acusando-os de produtores de fake Umanews?resposta imediata seria o flerte que alguns veículos nacionais, em momentos recentes, tiveram com as fake news. Mas é possível ir um pouco além do objetivo claro de opção ideológica por perfil de candidatos. Um ponto a ser destacado é que, mesmo tendo repercutido desas trosamente algumas fake news, elas não foram produzidas no âmbito do jornalis mo de referência. Desta forma, torna-se perceptível um projeto maior de ataque ao Direito à Informação, à liberdade de Imprensa, às sociedades democráticas e às instituições públicas.

“ Mesmo tendo

A vencedora do Prêmio Pulitzer em 1998 e critica literária, Michiko Kakuta ni, discorre sobre a necessidade de um jornalismo sério como forma de manu tenção das sociedades democráticas, de uma opinião pública plural e governos ameaçados por um sistema produtivo de fake news cujas etapas de produção , engajamento, circulação e recepção estão cada vez mais velozes e colocando em cheque valores importantes para a convivência social. Voltando aos fatos listados no início deste artigo, seria raso e inverídico atri buir às fake news a responsabilidade de todas as formas de execuções feitas por quem realmente se beneficia com o en fraquecimento das formas de controle e vigilância das sociedades democráticas. Porém, no âmbito do sistema produtivo, é de total interesse dos grupos ligados a modelos de mercado liberais, de ideolo gia política de direita e/ou extrema-di reita que existam fake news circulan do livres e independentes pelas redes sociais, plataformas e aplicativos sob a pecha de livre expressão com base no Direito à Informação. Quando os ataques são dirigidos à im prensa e, consequentemente, ao jorna lismo, o objetivo claro é desacreditar e deslegitimar uma instituição que se constitui socialmente há mais de meio século sob a falaciosa promessa de en tregar uma hiper-verdade. A verdade mais verdadeira que a própria verdade, que a grande mídia esconde do cidadão comum. Há na base deste argumen to a busca de convencer que é possível encontrar a verdade total e absoluta, mesmo que ela se distancie do fato e se aproxime da criação fantasiosa.

desastrosamenterepercutidoalgumasfakenews,elasnãoforamproduzidasnoâmbitodojornalismodereferência“

Fake News mata, destrói, mutila desde pessoas, reputações, a instituições e pa íses. Ela não é boato, brincadeira, sátira, engano, erros ou equívocos profissio nais. É um projeto político de sistemas totalitários com viés ideológico de direi ta e extrema direita, que cada dia mos tra claramente seus objetivos e em que lugar da sociedade está. A precarização da profissão de jornalistas, os constan tes e rápidos avanços tecnológicos, um mercado transnacional cada vez mais faminto de poder e lucro e várias insti tuições públicas constantemente sendo atacadas com intuito de destruição tor nam o cenário cada vez mais duro para a prática de um jornalismo sério, plural e democrático.

Quando os ataques são dirigidos ao jornalismo, o objetivo claro é desacreditar e deslegitimar uma institui ção que se constitui socialmente há mais de meio século “

Conflito de divisão de terras entre Piauí e Ceará pode encerrar no início de 2022

A ordem é desobedecer. Sueli Rodrigues: “O ser humano vai cair na real e vai desobedecer a cultura eurocêntrica”

Lula X Bolsonaro: com cabana improvisada em Teresina, vendedor estampa a polarização política do Brasil

Cultivando mandioca no Japão, casal quer fabricar a comida que não falta no prato nordestino

Regina Sousa fala sobre a realidade no campo, mobilização da juventude e desafios no governo

SOBREALGO PODCASTO

Na segunda temporada comecei a contar também com convidados - políticos, intelectuais, empreendedores, gente bonita e sincera e sem medo de palpitar! É só dar o play no seu tocador

O Estado de Coisas é o meu podcast de opinião. Duas vezes por mês reúno o publisher Pedro Veras e a jornalista Luana Sena para comentar os assuntos que pautaram o debate público atual.

Aquipreferido!euconvidei os meus apresentadores para indicar os podcasters que não saem dos seus ouvidos - e também dar opiniões que, para evitar a fadiga, não falariam no ar.

5 podcasts para ouvir Praia dos ossos 451 BudejoCaboProjetoMhzQuerinoeleitoral 5 podcasts para ouvir Medo e delírio em Brasília Café da manhã Picolé de ForoSexoterapialimãodeTeresina 5 opiniões impopulares Açaí e cajuína são muito ruins. Gato > LetraInfluencercachorro.nãoéjornalista.maiúsculanãoservepra nada. Calor é melhor que frio. 5 opiniões impopulares Feijão por cima do arroz. Sopa não é janta. Pet não é filho. LuanAsEna PedRovEras

Professora, publicitária, especialista em adminstração e marketing e uma das consultoras do site Livia Saraiva

Incubar ideias é o que acontece quando idealistas se encontram Com o Estado do Piauí foi exata mente assim: uma explosão de sen sações, carências e oportunidades que se encontraram com o momen to e as pessoas certas. Os pensa mentos voadores aterrissaram nas nossas mentes inquietas, nos ves timos de coragem - para um pro jeto assim, coragem é ingrediente que não pode faltar! Nossas mesas, computadores e dias brincaram de experimentar um jeito diferente de comunicar. O centro de tudo: con tar histórias, experiências e novos olhares sobre o Piauí de todos nós.

Larissa maia

O sonho escrito em matérias, expe riências, editorias e impressões foi pautado na certeza que para cada história contada, viajar quilômetros é tão importante quanto viajar pelos corações dos lados que fazem parte dessa história. Fazer parte de um projeto com essa magnitude diz muito sobre a força de acreditar em novos caminhos. De um lado, estava o início de algo novo; do outro, a requalificação do antigo. O certo é que o projeto www.oesta dodopiaui.com.br reforça algo que bem sabemos: fazer coisas diferen tes é tão importante quanto fazer diferente as coisas que já existem!

Empresária, gestora de pessoas e diversidade do site O estadodopiaui.com é o veículo que eu, como público, sempre quis ler. Para mim é um privilégio, como mulher e empreendedora, gerir essa equipe feminina que está na mesma página que eu das discussões sobre equiparidade de gênero, diversidade e respeito às competências de cada um. Politicamente também acredi to que produzir um conteúdo sem amarras, sem a interferência do co mercial, é uma possibilidade de ques tionar o que precisa ser questionado e trazer à tona o que, muitas vezes, é silenciado. Em uma maré de in formações cotidianas, em formatos, estilos e credibilidade questionáveis, oestadodopiaui.com acaba sendo um bálsamo seguro. Quebrar bar reiras e mostrar que é possível fazer algo novo e diferente, em um cená rio de ideias iguais, foi e tem sido um desafio diário dessa equipe. Espero continuar contribuindo para o cres cimento das habilidades e descober tas de talentos nesse estado do Piauí.

Sem a retórica um tanto caduca da isenção absoluta. oestadodopiaui.com tem um lado definido, o que não o torna pan fletário – muito ao contrário. Ao ter um lado, que é o lado de quem vê o mundo como um conjunto de relações entre pessoas que são iguais em suas diferenças, e não em relações assimétricas e ver ticalizadas, oestadodopiaui.com faz comunicação. Comunicação atravessada pela micropolítica, observando e levando ao público questões que, para outros veículos, parecem secundárias. Mas que são as que verdadeiramente constituem as sociedades. E, por isso, a política mais importante a ser observada e debatida. Existir já é uma aventura. Existir como veículo de comunicação, no Brasil dos anos 2020, é uma aventura radical. E oestadodopiaui .com já faz isso há um ano. Ainda há muito a ser feito, compreendi do, desenvolvido, amadurecido. Mas isso é só o começo. Artista, escritor, cientista político e um dos consultores do site Presidente do The Hub, especialista em inovação em governos e diretor do site Pedro Veras

Andre Gonççcalves

Nesse momento do mundo e do país, em que grande parte de todas as crises possíveis parece desabar sobre nós ao mesmo tempo, isso exige coragem e determinação. Fazer jornalismo com posição.

O grande desafio que oestadodopiaui.com se propôs a enfrentar, desde sua concepção, foi o desafio de existir e fazer jornalismo.

Tive a honra de participar, sendo entrevistado, do primeiro número de oestadodopiaui.com. Fico muito feliz com o aniversário e, desde já, deixo os parabéns para os que estão nessa empreita da. É um jornal muito bom, da melhor qualidade, vem ocupar um espaço na discussão públicanão apenas do Piauí, mas do Brasil, porque está na internet. Eu quero cumprimentar a todos que dele participam e desejar que tenham um papel Filósofo, ex-ministro da educação e primeiro entrevistado do site

JanineRenato importante - como podem ter - na reconstru ção do país. Nosso país vai precisar de muita educação, saúde, cuidado com meio ambiente, evolução com a cultura e respeito dos meios culturais. Tudo isso é necessário e está no foco do que oestadodopiaui.com, o jornal, pretende para o estado do Piauí e para o Brasil em que vi vemos. Parabéns!

Antes de começar a trabalhar, Aline pega o celular para acompanhar as notícias. Faz isso enquanto toma café e arruma a ida do filho, Theo, de seis anos, à escola. Aos 34 anos, a rotina ajuda a mantê-la informada, mas o olhar curioso também procura inspiração: no turbilhão de acontecimentos do dia, ela cria a cara d’ oestadodopiaui.com.

Com vocês, Aline Santiago: finalmente o nome - e o rosto - por trás das artes de oestadodopiaui.com

A forma como Aline enxerga o mun do e tenta explicá-lo no site em que assina a direção de arte, reflete traços da sua própria histó ria. Quando menina, era o tipo de criança que rabiscava tudo: pa redes, carteiras escolares, cadernos, agendas. Qualquer lugar sem cor virava uma tela nas mãos da pequena artista - até mesmo um orelhão no Mocambinho, bairro onde morou na infância. O comportamento era tido como estranho por parte dos adultos. Até mesmo quando partiu dela a decisão de trocar as aulas de educação física pelas aulas de informática para se desafiar em aplicativos de desenho e pintura nas telas digitais.

Aline deu aula para crianças e ado lescentes de escolas municipais na periferia da capital, enquanto cursava Artes Visuais na Universida de Federal do Piauí, a UFPI. Ali teve contato com a realidade e isso im pactou, é claro, na profissional que se tornou. “É muito difícil falar com os alunos sobre estética quando eles ainda nem tinham almoça do”, explica. Mas Aline quis fazer diferente. Fugiu do plano de aula tradicional, alugou novos livros e ensinou como os alunos poderiam fotografar, criar filmes, montar fotonovelas e visitar museus gra tuitos. Nessa época, ela e a turma chegaram a participar de um con curso de fotografia e ganharam. “Eu queria que eles enxergassem a função da arte e pudessem apli car na vida real”, relembra. “E quem sabe, ali eu estaria, no futuro, formando um artista”.

De lá para cá já vai mais de uma década trabalhando como designer e diretora de arte em agências de publicidade, órgãos públicos, Por Vitória Pilar e Luana Sena

“Penso que é o casamento perfeito entre informação e design”, admite a editora. “É uma revista? Um jornal? Um portal de notícias? Não sabemos ainda o que somos, mas sabemos exatamente o que não queremos ser”.

Para além das artes visuais sem pre carregadas de contexto, crítica e cores, o estilo textual também ajudou a formar, aos poucos, uma Paraidentidade.LuanaSena, editora, a regra do “gostar de escrever” prevalece ao saber. “Prezamos por contar histó rias de um jeito prazeroso”, afirma.

O texto do site Não demorou muito para que o leitor ou leitora de oestadodopiaui. com percebesse que ali havia um jeito diferente de contar histórias.

Junto aos diretores e ao conselho editorial que ajudaram a dar o tom dos primeiros textos, é no dia-a -dia da redação que os embates acontecem. “Gosto de pensar que somos um pouco destruidores do lead”, diz. “O nosso leitor já sabe o que aconteceu, ele precisa entender como aconteceu, e são os detalhes que costumam estar nas minúcias de um texto e de uma boa história que auxiliam nisso”, finaliNasza. reportagens de oestadodopiaui.com, muitas vezes densas e reflexivas, estratégias narrati vas da literatura são tomadas de empréstimo para noticiar fatos e acontecimentos. Dados e resulta dos de pesquisas costumam aparecer em infográficos, todos assi nados também por Aline Santiago.

É também o que pensa a editora chefe do site, Luana Sena. “Precisávamos de artes bem resolvidas para fugir de um certo modelo co mum de fotojornalismo, tão usual nos sites de notícias”, diz, relem brando o começo do veículo, há um ano. “Nosso texto é bastante descritivo e penso que isso, junto à veia crítica criativa da Aline, formam hoje nosso estilo e diferencial”, arrisca um palpite. “O desafio cotidiano é conciliar o conflito entre texto e imagem, fazendo sempre com que o que se sobressaia seja a informação, afinal, é nossa matéria-prima”, define. O traço da artista se solidificou junto à linha editorial do veículo.

Em seu perfil no Instagram, Aline publicou uma espécie de auto ca ricatura - que, aliás, ilustra agora esse texto - com colagens e camadas que costuma usar para ilustrar matérias e reportagens. Imediatamente, alguém comentou: “Pensei que minha amiga tinha virado no tícia no oestadodopiaui”, seguido por uma sequência de K’s. Sim, Jayro. Agora ela virou.

empresas e veículos de comunicação. “Hoje eu acredito que trabalho resolvendo problemas de comuni cação visual”, resume. Em 2021, surge o oestadodopiaui. com. Com uma proposta disruptiva e meio contra hegemônica no conteúdo, com forte apelo visual. “Sinto que fazemos algo diferente, sem limitações para ser criativa”, diz a diretora de arte, complementando: “Eu precisava de algo assim para continuar acreditando no que Ofaço”.jeito único desenhado pelo olhar da Aline definiu um estilo que hoje é a cara do site. “A arte direciona nosso conteúdo e posicionamento”, explica a diretora de arte. “Dois pés magros, descalços, gigantes, caminhando sobre uma favela, é uma imagem que quer dizer algo sem precisar usar nenhuma palavra”, exemplifica, citando a pauta que fazia sobre aumento da po breza no Piauí, antes dessa própria matéria autobiscoiteira ir ao ar. “Exagerar, diminuir, tirar ou colocar um elemento ou outro na imagem, direciona contextos, possibilita uma nova forma de informação”.

Gente que fez anuarioeste Diretores responsáveis Pedro Veras Livia Saraiva Editora-chefe Luana Sena Repórteres Vitória Pilar Renata Santos Maria Cardoso Direção de arte Aline Santiago Análise de mídias Bernardo Blanche Textos de Aldenora Cavalcante Juliana JosephCamilaAndradeSantosOliveiraGeysaSilva Convidados Renato Janine Ribeiro Paulo Fernando Lopes AndréLarissaGonçalvesMaia Revisão Laís Romero redacao@oestadodopiaui.com • whatsapp: (86) 98153-8236 instagram / facebook / twitter: @oestadodopiaui Av. Nossa Senhora de Fátima, 2060 - The Hub CEP: 64048-180 - bairro de Fátima - Teresina-PI

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