the kiss of deception mary e pearson

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Sven conhecia os modos da natureza selvagem, os modos do vento, do solo, das rochas e do gramado, e sabia ler as trilhas que o inimigo deixava para trás. As pistas estavam em mais do que simplesmente os restos deixado por fogueiras ou excrementos. Em mais do que sangue derramado no chão. Em mais do que pegadas ou rastros de cavalos — na verdade, você teria sorte caso se deparasse com algo assim. Havia também ervas pisadas. Um galho partido. Um mínimo de pistas em meio à vegetação que tivesse sido roçada por um ombro ou por um cavalo. Até mesmo o chão rochoso deixava sinais. Um cascalho esmagado no solo. Cascalhos amontoados em padrões irregulares. Um sulco na terra causado por uma pedra recém-lançada. Poeira lançada por cascos e pelo vento aonde não era o lugar dela. Mas nesse momento eu ponderava sobre essas instruções que me foram passadas há tempos, a chuva é tanto amiga quanto inimiga, dependendo em cima de quem ela cai. Tão em cima da hora, Sven conseguira reunir apenas um modesto esquadrão formado por três homens, especialmente considerando que Dalbreck estava preparando uma exibição de força no posto avançado de Azentil. Eles me alcançaram no terceiro dia. Conseguiram fazer a jornada em menos tempo do que eu, porque eu tinha deixado sinais claros no meu caminho, às vezes empilhando pedras que seriam facilmente vistas de longe quando o solo ficava rochoso. Eu achava que estávamos dois dias inteiros atrás de Lia agora. Talvez mais. Os rastros ficaram escassos. Tínhamos que nos espalhar ou ficar voltando várias vezes quando perdíamos a trilha, mas encontramos os rastros deles de novo bem do lado de fora da Cidade da Magia Negra. Conforme fomos nos aproximando do lugar, vimos que as trilhas haviam sido obliteradas por dúzias de cavalos viajando na direção oposta. Uma patrulha — mas de quem seria? Encontramos os rastros novamente descendo uma trilha estreita entre as paredes que se agigantavam. No fim da trilha havia uma ruína, onde agora eu estava sentado, agachado. Eu queria quebrar alguma coisa, mas tudo ao meu redor já estava quebrado. Fixei o olhar na impressão de um dedo do pé ensanguentado em uma placa de mármore perto de uma lagoa, enquanto ouvia o feroz cair da chuva, cujas gotas eram todas inimigas, e não amigas. Sven estava sentado em um pilar caído à minha frente. Ele balançou a cabeça, olhando para os pés. Eu conhecia a chance real de tentar alcançar


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