RAFE
Quando retornei, já era noite. Eu não tinha comido o dia todo, e minha cabeça latejava. Conduzi meu cavalo até o celeiro e tirei a sela, sentindo em minha pele a queimadura do vento e do sol de um longo dia de cavalgada. Eu estava cansado, ainda tentando entender tudo. Como sairíamos dessa? Passei os dedos pelos cabelos. Não tinha planejado muito bem minha viagem, mas, depois da noite longa com Lia, eu dormira muito pouco. “Precisamos conversar.” Olhei por cima do ombro. Eu estava tão preocupado. Não a ouvi entrar. Ergui minha sela para cima da madeira e fiquei cara a cara com ela. “Lia...” “Onde você foi?” Os ombros dela estavam rígidos e seu tom de voz era curto e grosso. Dei um passo hesitante em direção a ela. “Precisei cuidar de alguns negócios. Algum problema?” “Um fazendeiro sem trabalho com negócios a cuidar?”