Jornal Enraizados 2

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Boladão: Futebol, cerveja e muito bom humor Mais uma edição do Boladão aconteceu no dia cinco de setembro de 2010, no bairro Compactor, em Nova Iguaçu, contando com a participação de mais de vinte pessoas, de sete estados diferentes. O Baladão é uma confraternização entre artistas e militantes do Movimento Enraizados, que ao invés do basquete, adotaram o futebol – paixão nacional - como esporte ícone da cultura hip hop. A primeira edição do evento aconteceu em Vila Valqueire, no Rio de Janeiro, no dia primeiro de maio de 2004, e depois outras edições aconteceram em bairros de Niterói e Duque de Caxias, porém esta foi a primeira vez em que o Boladão foi realizado na cidade de Nova Iguaçu. “A cobrança para a realização de uma edição aqui na cidade era grande, então aproveitamos que havería o I Encontro de Diversidade Cultural na Lapa, onde centenas de pessoas do Brasil inteiro estariam presentes, para fazer uma espécie de edição nacional do Boladão” explica Dudu de Morro Agudo, um dos organizadores do evento. Apesar de essa ter sido a primeira vez em que não aconteceu em local público, o que os organizadores veem como ponto negativo, também foi a primeira onde houve uma maior participação das mulheres, o que foi maravilhoso. Nas últimas edições a única mulher que sempre participava era a Re.Fem. Segundo Dudu, ambos os acontecimentos têm explicação, o primeiro é que em Morro Agudo não são muitos os locais públicos para práticas esportivas – se é que existe algum – e a maior participação das mulheres se dá por conta da formação do Núcleo de Mulheres do Movimento Enraizados, Donas da Arte. O saldo final foi positivo e o Movimento Enraizados faz questão de agradecer a cada um dos presentes: Alessandro Buzo e sua esposa e fotógrafa Marilda Borges (SP), Lamartine Silma (MA), Preto Michel (PA), Saroba (RS), Spinha (MS) e Shirlene (RN). E aos nativos do Rio de Janeiro: Dumontt, Bruno Thomassin e sua esposa Jane Thomassin, Ivan Claudio, Samuca Azevedo, Átomo, Lisa Castro e Laís Castro, Kall Gomes e Shirley, Léo da XIII, Peter MC, Dudu de Morro Agudo e Fernanda Rocha, Dico Sequela e Re.Fem

Centenas de homens e mulheres em risco de exclusão social, procedentes dos cinco continentes, disputaram na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, entre os dias 19 e 26 de setembro, um torneio que pode ajudá-los a buscar um futuro melhor por meio de uma linguagem universal: o futebol. A Copa do Mundo dos Sem-Teto, que está em sua oitava edição, conta com a participação de mais de 50 seleções. Cada uma delas tem em seus elencos muito mais do que atletas. São histórias de vida das mais variadas. Segundo os organizadores do Mundial, a competição tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a existência da pobreza. Segundo um estudo elaborado pela própria organização, mais da metade dos jogadores que participam da Copa mudam suas vidas, deixam as drogas e o álcool, participam de programas educativos e de formação, e inclusive se transformam em jogadores ou treinadores profissionais que se dedicam a ajudar outros jovens. Na maioria dos casos, ONGs e centros de assistência social são responsáveis por selecionar jovens dispostos a participar do Mundial. Conversei com meu amigo James Campbell, ex-jogador profissional na Escócia, e atual treinador da seleção do Camboja neste mundial. “Em Phnom Penh, capital do Camboja, existem quatro ONGs trabalhando com cerca de 400 crianças de rua, dessas 400 crianças, 80 participam da atividade de futebol nos sábados, e desses 80 selecionei 12 para treinar a copa dos Sem-Teto”. São quatro jogadores em campo que jogam dois tempos de quinze minutos, o treinamento acontece aos domingos. O resto da semana eles estudam em instuituções sociais. Eu tinha de escolher seis para esta copa de 2010. Essa é a terceira participação do Camboja na copa, e a

cada ano são crianças diferentes, não se pode repetir os jogadores participantes. Para eles é um salto muito grande para levantar a auto-estima, eles não se veem mais como moradores de rua, e sim como esportistas. E a cada copa, os encontros entre esse jovens e adultos é uma coisa muita bonita, você vê as amizades nascerem dentro de pessoas que nem falam a mesma língua, mas que tem o mesmo objetivo em comum: mudar de vida utilizando o futebol. Falei com um dos meninos do Camboja e ele me explicou que estava muito feliz de participar dessa copa, ele nunca tinha saído de Phnom Penh, e lá está ele, na praia de Copacabana, fazendo amizade com jovens do mundo inteiro. Depois de um viagem cansativa (Phnom Penh - Dubai - Sao Paulo Rio) finalmente chegou no Rio, ele nunca tinha visto uma cidade tão grande e achou os brasileiros muitos simpáticos, muito alegres. Ele vai contar para os amigos dele lá do Camboja que o Brasil é um país muito bonito. Depois ele foi jogar vôlei com uns Palestinos, Americanos, Italianos e Indianos. E foi pra mim uma visão muita bonita, uma amizade sem fronteiras, sem preconceitos. Desde sua primeira edição, em 2003, o torneio foi disputado em países como Itália, Austrália, Dinamarca e África do Sul. Nesta oitava edição o Brasil foi campeão em cima do Chile na categoria masculina e a vitória também do Brasil em cima do México na copa feminina. A próxima copa vai ser em 2011, na França, debaixo da Torre Eiffel. Por Bruno Thomassim


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