Jornalesas Novembro de 2009

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O Lugar do Homem no Universo Por Sara Araújo, Gonçalo Azevedo, João Oliveira, e Patrícia Santos do 11ºA

V

ivemos num minúsculo ponto dum imenso universo. Não passamos de um erro, de um feliz acidente cósmico. Existimos porque num campo infindável de probabilidades, houve um planeta que por ter uma determinada inclinação e por estar situado a uma certa distância de uma estrela com uma determinada dimensão, permitiu a existência de vida tal como nós a conhecemos. ― (…) a humanidade é um acaso, uma falha, um acidente biológico. Desenvolveu-se desordenadamente sobre uma rocha perdida num canto infinitesimal. Um dia, desaparecerá para sempre sem que ninguém dela guarde memórias sem que ninguém se preocupe‖, afirmou Roger-Pol Droit. Isto significa então que ao contrário daquilo que durante séculos pensamos, o universo não existe por nossa causa. Não somos o centro. Talvez esta ideia já esteja enraizada dentro de nós, uma vez que, continuamos a agir e a pensar como tal. Agimos como se existíssemos para sempre ou, pelo menos, como se fossemos ser eternamente recordados. Mas não o seremos. Tal como existimos ocasionalmente, sem motivo aparente, assim também, um dia, deixaremos de existir e para tal, é suficiente que uma das muitas características que nos permitem a vida deixe de ser favorável e este feliz acaso biológico caiará então no esquecimento. Queremos ser sempre glorificados e reconhecidos e, para tal, muitas vezes, cometemos atrocidades, que no fim acabam por ser inúteis, porque mais cedo ou mais tarde a espécie humana extinguir-se-á e aí não terá qualquer importância. Não importará quanto sangue foi derramado, quantas vidas se perderam, quem foram os vencedores e os vencidos… tudo foi em vão. Vivemos num curto período de tempo comparado com a escala geológica. E embora tenhamos presente tudo isto, continuamos a nossa busca pela imortalidade. Neste momento, a forma mais simples é deixar registos escritos. Atente-se,

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por exemplo, no caso de Sócrates que durante séculos se pensou ser apenas uma personagem das obras de Platão, por não ter deixado nada escrito, e no entanto agora é considerado uma das maiores senão mesmo a maior referência filosófica. Mas, de facto, nós somos um ser vivo estranho e complexo, talvez por termos em nós um lado racional e um outro emocional. Por um lado usamos a

razão, mas por outro muitas vezes usamos os nossos instintos, os nossos sentidos. Valorizamos aquilo que temos em oposição ao que não temos. Precisamos de ver tristeza para dar valor à felicidade, escuridão para dar valor à luz, morte para dar valor à vida. Assim seria, provavelmente, mais eficaz partilharmos o que temos e aceitarmos o outro, ultrapassando a barreira da indiferença de forma a criar uma sociedade mais justa, o que permitiria ao homem desfrutar do curto período de tempo que lhe resta na Terra, trilhando assim um caminho que nos levaria a uma sociedade intercultural, em que deixaríamos de nos centrar no eu, para nos preocuparmos com o outro.

Continua na página 23

DEZEMBRO

2009 I NÚMERO

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