Edição trimestral
I julho 2014 I
número XXXIX
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1,50 €
Pormenor do cartaz das comemorações do 25 de abril , na ESAS
Dança nas comemorações do 25 abril—alunas do 11ºG
O jornalista César Príncipe. A imprensa antes e depois...
Os docentes… há 40 anos ...
Exposição - Há 40 anos
Atividades dinamizadas pelo Grupo de História: Mª João Cerqueira e Amélia Mascarenhas (profªs) 2
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Notícias da Biblioteca
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2. Almada Negreiros – o artista plástico encerramento do ano comemorativo dos 120 anos do nascimento de Almada Negreiros ofereceu-nos uma exce-
3. Almada Negreiros – o escritor 4. Almada Negreiros e as Artes de Palco
lente oportunidade para evocar este tão carismático artista do século passado, artista multifacetado que, ao longo da vida, se empenhou numa enorme diversidade de áreas e meios de expressão –
5. A última obra: o painel COMEÇAR… e foi complementada com a apresentação de uma cronologia em powerpoint, um diaporama sobre a extensa obra plástica, e um
desenho e pintura, ensaio, romance, poesia, dramaturgia… até o
registo video do primeiro programa Zip Zip, programa memorável
bailado. A abordagem desta figura imensa – pela qualidade e pela diversidade da obra que produziu – foi um desafio que agarramos
que contou com Almada Negreiros como convidado. Aproveitando a programação do Teatro de S. João, os alunos de
com entusiasmo.
Dança Contemporânea, acompanhados pela professora Catarina
Resultou uma exposição que intitulámos “Almada Negreiros – O
Cachapuz, assistiram à peça “Al mada nada”, de Ricardo Pais, no dia
Artista Total”, a qual, apesar da singeleza dos recursos utilizados,
26 de março, Dia Mundial do Teatro.
conseguiu captar e dar a conhecer esta personalidade única, não só
Esta exposição, que abriu a 21 de março e encerrou a 2 de maio, integrou a Semana da Leitura do 2º período e ofereceu ainda matéria para o Dia Mundial da Poesia (21 de março) e o Dia Mundial do Livro (23 de abril).
pelas suas características humanas como pelo seu pensamento tão bem expresso nos eufemismos em que era pródigo -, como ainda através das múltiplas expressões artísticas que cultivou. A exposição organizou-se em torno de 5 temas ou domínios:
Maria Luísa Mascarenhas (profª responsável pela CRE-BE)
1. Almada Negreiros – o artista total: o homem e o artista
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Dinamarca - projeto Comenius
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inamarca. Por agora, é melhor ficarmo-nos pelo nome em português do país nórdico que acolheu alunos dos cinco países integrantes do projeto Comenius. Na semana de 27 de abril a 2 de maio, nós – leia-se Clube Europeu, ou seja, Professoras Paula Magalhães e Fátima Van Zeller, mais a Carolina, a Catarina, o Hélder, o Henrique, o Joaquim, o Miguel e o Tiago – viajámos para a Escandinávia, e encontrámos novos e já conhecidos colegas da Bélgica, Dinamarca, França e Itália, em cinco dias de trabalho, contacto cultural e diversão. Ø, Æ e Å!!! Aprendidos os caracteres que o alfabeto dinamarquês tem a mais, podemos agora falar de Hillerød, a cidade do nordeste da maior ilha da Dinamarca (a mesma que contém Copenhaga e que quase se intersecta com a Suécia) onde ficámos alojados e tivemos a grande maioria das nossas atividades. Sob o signo do “Empowering Photography”, o subprojecto conjunto que nos levou a expressar a forma como gostaríamos de ser vistos pelos outros via imagem – fotografia manipulada ou não – e que culminou numa exposição dos ditos retratos na Câmara Municipal de Hillerød, conhecemos, para além do imponente castelo de Friedriksbourg, um dos “três grandes” da Dinamarca e à volta do qual se desenvolveu a pequena urbe, gentes e culturas bastante diferentes. Disso foram exemplos variadas situações, como a “construção” de sandwiches abertas, um “ex-libris” daquele país,
um dia de atividades de campo ao ar livre (no qual ajudámos a fazer e comemos, imagine-se, sopa com urtigas!) ou mesmo a visita à escola de ensino especial, que nos recebeu, e a uma escola de ensino vocacional. Desta vez, ao contrário da anterior mobilidade, na Bélgica, não ficámos em casa de “hoststudents” havendo antes uma pousada de juventude, convenientemente localizada a 200 metros da escola, que, durante aqueles dias, ouviu todas as combinações de línguas faladas, que cerca de 40 alunos acharam bem usar para comunicar entre si. Com uma caça ao tesouro por entre os vários recantos do castelo, e organizados em equipas o mais diversificadas possível, interagimos e divertimo-nos em uníssono. De interação e diversão, repetimos a dose no último dia, quando, depois de uma visita a Copenhaga com direito a passeio de barco pelos canais e exploração do centro da cidade, como seu conhecido bairro de Nyhavn banhado por um sol quase comparável ao do Sul da Europa, visitámos o mais antigo parque de diversões da Europa, o Tivoli, no qual a montanha russa de 150 anos (mas reforçada entretanto!) ainda nos fez tremer. Foi um final grandioso para um tempo de espetacular cooperação certamente difícil de esquecer.
Professores da ESAS à descoberta do Porto
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Henrique Vasconcelos, 12ºA
Dia da Europa na ESAS
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ste ano, a celebração do Dia da Europa – 9 de maio - foi promovida e dinamizada pelo Clube Europeu, no âmbito da sua intervenção na escola por uma cidadania ativa.
O cartaz e o programa do evento foram elaborados pelos seus membros (alunos do 10º, 11º e 12º ano), que foram também os responsáveis pela sua concretização, com o apoio da professora coordenadora do clube. Procedeu-se à compilação de informação sobre a formação e organização da União Europeia, que foi exposta em placards. Presente, também, um placard com uma memória documental das diversas mobilidades efetuadas no âmbito do projeto em que a escola é parceira de outras escolas do espaço europeu, o Just Be It.
União Europeia ao som do hino da organização, no início das atividades letivas da manhã. A atividade central foi a realização de uma conferência com o Dr. Pedro Braga, extraordinário e bem documentado comunicador, ilustre ex-aluno da ESAS, que falou sobre a importância da União Europeia, tendo feito uma resenha da sua formação, importância das suas decisões, e os desafios que enfrenta na atualidade, respondendo ainda a questões levantadas por uma plateia interessada, formada por alunos e professores, que enchia o auditório. Agradecemos a todos os que participaram nesta celebração, e convidamos os alunos da escola dos diferentes anos a inscreverem-se no Clube Europeu, para continuar o trabalho no próximo ano. Paula Magalhães ( profª coordenadora do Clube Europeu)
A celebração deste dia iniciou-se com o hastear da bandeira da
Abertas inscrições para o Clube Europeu
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Rua Santos Pousada , 1222 4000-483 Porto Tlf. 225029821
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Nas instalações do CERN
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eptões, hadrões, muões e bosões! Confuso? Nem tanto… A física de partículas tem, para além dos nomes curiosos, a peculiaridade de ser bastante bem organizada! Tentarei aqui, depois de explanados alguns conceitos-base, descrever a visita de estudo da turma do 12ºA ao acelerador de partículas e instalações do CERN (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, no acrónimo francês) em Genebra, na Suíça, em Março deste ano. A visita compreendeu também a exploração da cidade e momentos memoráveis que ficarão para outras núpcias. Por agora, vamos à Física! Somos confrontados, desde que nascemos, é certo, mas principalmente no ensino básico, com vários modelos explicativos da constituição das “coisas” – isto é: “qual o menor componente deste objeto?”. Historicamente, e mesmo a nível pessoal, verifica-se uma crescente consciência desses blocos-base: é de conhecimento geral, por exemplo, que uma amostra de granito é composta por diversos minerais, visíveis a olho nu, os quais são o resultado da organização de átomos, numa estrutura que se repete. Sabemos, até, que esses átomos são, eles próprios, formados à custa de protões, neutrões e eletrões, com carga positiva, neutra e negativa, os primeiros no núcleo atómico e o último orbitando em volta dele, cargas iguais a repelirem-se e opostas a atraíremse. Mas há mais. Estes conceitos, conhecidos por muitos como indivisíveis, não o são verdadeiramente. Temos os leptões: os
leves, de massa “relativamente” pequena, dos quais fazem parte os já conhecidos eletrões e os hadrões: “pesados”, compostos por quarks, com exemplos como os protões e os neutrões (que diferem na carga e tipo dos ditos quarks, que são, estes sim, a mais pequena divisão da matéria… pelo menos por agora), para além dos bosões, que incluem partículas também elementares como os gluões, que medeiam as forças que mantém os quarks juntos, ou os fotões, para a força eletromagnética – e, portanto, para a luz. Para melhor os organizar, existe este quadro:
Nesta nossa visita, vimos – em parte, claro - o LHC (Large Hadron Collider), que realmente faz jus ao nome: uma estrutura anelar de 27km de perímetro, 100m abaixo do solo, de altura, nos “detetores”, equivalente a um prédio de 5 andares. Nesses
Sabes o que significa…? “…é como as obras de Sta. Engrácia” algo que demora muito tempo a ser concluído
Origem - A igreja de Sta. Engrácia, o Panteão Nacional, começou a ser edificada em 1568 por determinação da infanta D. Maria (filha do rei D. Manuel I), mas foi destruída por um violento temporal, em 1681. Um ano mais tarde, foi lançada a primeira pedra de um novo edifício barroco projetado por João Antunes, mas as obras arrastaram -se até 1966 (284 anos após o seu início). A expressão popular “obras de Santa Engrácia” refere-se exatamente a todas as construções (ou a qualquer realização) que demoram mais do que o tempo plausível para serem terminadas.
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detetores, que, através da utilização de magnetos com energia armazenada correspondente a 2400kg de TNT, conseguem verificar e descrever o que se segue à colisão de hadrões (normalmente protões), passam partículas cerca de 11 000 vezes por segundo, à velocidade da luz… ou quase! O equipamento de deteção e encaminhamento das partículas, pelo caminho onde são aceleradas, em condições de temperatura extremamente reduzida, por forma a elevar o rendimento energético de todo o processo, requer ainda assim, momentaneamente, energia suficiente para alimentar uma cidade média! Tendo sido guiados nesta visita pelo Engenheiro José Carlos Silva, um nosso compatriota responsável por toda a instalação e engenho elétrico do centro de pesquisa, ficámos com uma ideia bem mais definida de como tudo funciona, em conjunto com milhares de investigadores, ao serviço da Ciência. Em suma, estaria a menosprezar toda esta experiência se a desse por resumida nestes breves parágrafos, no que ela tem de conhecimento científico e humano. Contudo, foi, sem dúvida, um maravilhoso espaço de aprendizagem e abertura de perspetivas, que recomendo a qualquer um. Henrique Vasconcelos, 12ºA
Igreja de Santa Engrácia, o Panteão Nacional
Parlamento dos jovens – uma visão crítica
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pela emoção. Na verdade, o “Parlamento de Jovens” deve ser pós um interregno, a nossa escola participou de novo no considerado como um projeto cujo principal objetivo ou essência Parlamento de Jovens, organizado pela Assembleia da Reé a simulação do processo democrático e a promoção da interpública e dividido em três fases (escolar, regional e nacional), cujo venção política, o que é seguramente muito importante em temtema deste ano era “Crise demográfica: natalidade, emigração e pos em que a abstenção ronda os 60%; contudo, creio que promoenvelhecimento”, como podem verificar no site do Parlamento de ver um debate desinformado e superficial é negativo e desacredita Jovens. Se o fizerem, consultem também o projeto de recomendao seu poder democrático. ção aprovado na sessão plenária, para que a minha opinião não Afirmo a necessidade de circunscrever a participação no projeto às corra o risco de ser interpretada como demasiado severa. escolas que apresentem medidas com um texto argumentativo assoAntes de comentar a sessão nacional e, em especial, o projeto de ciado a cada uma. É isto contrariar o princípio democrático? Tal como recomendação, seria conveniente refletir todos os partidos que se apresentam a sobre o processo anterior aos dias 26 e qualquer eleição têm de estar associados 27 de maio. a um programa, as escolas devem tam“Parlamento de Jovens” deve O parlamento de jovens é como uma bém ter um verdadeiro programa que ser considerado como um progrande indústria de ideias. Cada lista que afirme, sem incoerências ou falta de arse candidate ao debate escolar tem de gumentos, os seus objetivos. Se não exisjeto cujo principal objetivo ou apresentar 5medidas para “combater”/ te a necessidade de apresentar um guião essência é a simulação do pro”solucionar” o “problema”, que poderão coerente e com conteúdo, que poderia cesso democrático e a promo(depois de muitos argumentos contra e a mesmo ser de extrema-direita ou esquerfavor, e de várias votações), chegar ao da, desde que explicado e desenvolvido, ção da intervenção política, o debate nacional e ser aprovadas para o quem é que se vai dar ao trabalho de que é seguramente muito immítico projeto de recomendação, que os participar de uma forma mais correta, portante em tempos em que a grupos parlamentares irão, eventualque promova conteúdos e não intervenmente, analisar. Logo, se muitas escolas ções inflamadas, com pretensão de imitar abstenção ronda os 60%” elaboram propostas fracas, que se limio teatro político? tam a desenvolver os argumentos de Apesar de algum descontentamento que cada medida num ou dois períodos, espartilhei convosco, posso dizer que repepera-se que o produto final seja medíocre. Foi isto que, na minha tia a experiência, sem hesitar... Se os aspetos negativos tornaram o opinião, infelizmente sucedeu, prejudicando gravemente a qualidebate cansativo, não poderia dizer que não gostei de participar, de dade do debate. Frequentemente, as intervenções dividiram-se em intervir, de dar a minha opinião e de ouvir a dos outros, mesmo que caracterizar os parágrafos como vagos, para os que criticavam, ou em desacordo total, por vezes... O Parlamento de Jovens, tal como em variar e modificar o teor da medida, conforme as interpretaoutro parlamento ou instituição política, é feito por aqueles que nele ções, para os que a defendiam. trabalham e depende do empenho de todos. Depende da tua particiA sessão nacional foi uma repetição com diferentes sotaques de pação… vários aspetos do debate regional. De novo, os projetos não tiTiago Dias, 12ºF nham a fundamentação necessária e as votações eram movidas
Sabes o que significa…? “ficar em águas de bacalhau” ficar em nada, não se realizar, malograr-se.
Origem: Uma das tradições mais arreigadas nos pescadores portugueses diz respeito à faina dos bacalhoeiros nos mares da Terra Nova ou da Gronelândia. Além dos êxitos e das aventuras desse tipo de pesca, muitas tragédias ocorreram, muitas cargas e barcos ficaram nessas águas para sempre. Se o sentido da frase é qualquer coisa “perder-se”, “ficar sem efeito”, “não chegar a bom termo”, “ frustrarse”, parece razoável supor-se a origem da expressão na atividade piscatória dos bacalhoeiros.in Dicionário das Origens das Frases Feitas, de Orlando Neves, Lello & Irmãos Editores, Porto (adaptado).
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Viver em democracia
Parlamento dos Jovens
Viver em democracia exige uma ação conjunta de todos aqueles que vivem neste país. O gosto pela participação política e cívica nem sempre está à flor da pele e, por isso, é necessário que, desde cedo, todos consigam entender que têm o direito de participar, de deliberar e debater, de se fazer ouvir e, eventualmente, de mudar! É neste aspeto que o Parlamento dos Jovens se foca, tendo em conta a atualidade de Portugal e da nossa juventude, culminando na Sessão Nacional, realizada em maio.
Mas como é que tudo se desenvolve? Esta iniciativa desenrola-se ao longo de três fases: escolar, regional e nacional. Após os debates e a eleição dos deputados, nas escolas, foram realizadas, entre março e abril, as sessões distritais. Da nossa escola, Aurélia de Sousa, foram eleitos a Carolina Brandão e a Francisca Santana, que acabou por ser substituída pelo Tiago Dias, aquando da última fase. Nestas, foram aprovadas as Recomendações de cada círculo eleitoral e eleitas as escolas que iriam representar cada distrito ou região autónoma na Sessão Nacional. TEMA: Crise demográfica (emigração, natalidade, envelhecimento) 26 e 27 de Maio…
Através de que medidas podemos reverter a atual pirâmide etária de Portugal? Como permitir que os nossos jovens qualificados não queiram partir do país, em busca de melhores condições de trabalho? O facto de o nosso país estar a tornar-se num país envelhecido, com um índice de fecundidade insuficiente para garantir a renovação de gerações e a emigração aumentar mais, a cada dia, foi o principal motor de trabalho dos nossos jovens deputa-
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dos. No primeiro dia, a reunião das quatro comissões permitiu que se estabelecesse um acordo, entre todos os jovens deputados, sobre as medidas a aprovar em cada comissão. Cada comissão aprovou, então, após um debate em que também estiveram presentes deputados, um texto comum, a apresentar no dia seguinte na Sessão Plenária. Medidas como “Incentivar as grandes e médias empresas a contratar uma percentagem de jovens que terminaram a sua formação académica e profissional” (Açores) ou “Flexibilidade do horário de trabalho para ambos os progenitores” (Braga) foram postas “em cima da mesa” e discutidas entre todos. Sessão Plenária… No segundo dia, 27, foi então realizada a Sessão Plenária, conduzida por uma mesa de jovens eleitos, anteriormente – que contava com João Cardoso, de Coimbra, Miguel Fonseca, do Porto, Patrícia Marques, de Santarém e Mariana Duarte, de Castelo Branco, como Presidente, vice-Presidente, 1ª secretária e 2ª secretária, respetivamente. Inicialmente, houve um período de perguntas dirigidas aos deputados presentes – Pedro Pimpão (PSD), Isabel Moreira (PS), Artur Rego (CDS-PP), Rita Rato (PCP), Mariana Mortágua (BE) e José Luís Ferreira (PEV). Neste momento, foram discutidas questões como a preocupação quanto à abstenção que foi notória este ano, nas eleições europeias ou a educação para a cidadania. Isabel Moreira, do PS, defende que “não há ligação direta entre a abstenção nas europeias e os nossos deputados” e que há uma maior distância para com a União Europeia do que com o nosso próprio país. Rita Rato afirmou que existir uma discordância dos vários partidos relativamente às matérias discutidas “não é necessariamente mau”, pois é impossível haver um acordo pleno sobre tudo e que o PSD se compromete a “apresentar propostas para melhorar a qualidade de vida e defender as pessoas, não os grupos económicos ou os mercados”. Na foto Carolina Brandão e Tiago Dias - alunos da ESAS com a professora Alda Macedo
Após uma pausa para almoço, os jovens deputados voltaram a reunir-se, no Plenário, com vista a debater as medidas aprovadas no dia anterior e a selecionar, através de votação, as 10 medidas que constituiriam a Recomendação Final à AR, tendo os trabalhos terminado por volta das 17 horas desse dia. Algumas medidas aprovadas… Obrigatoriedade da introdução do número de elementos do agregado familiar para o cálculo de taxas, impostos e outras contribuições (IMI, Tarifa Familiar da Água, etc.) 6. Diminuir a burocracia e melhorar os serviços de apoio técnico inerentes à aprovação de projetos e criação de empresas, assim como divulgar os programas de apoio existentes. 10. Abertura de edifícios reabilitados à microincubação empresarial e ao empreendorismo jovem e qualificado, para combater a emigração, criando emprego e dinamizar as famílias. Nota: Todas as medidas da Recomendação Aprovada podem ser consultadas no site do Parlamento dos Jovens. Conferência de imprensa Abel Batista, do CDS-PP e Presidente da Comissão de Educação, Ciência e Cultura disponibilizou algum tempo a responder a algumas questões feitas pelos jornalistas das várias escolas que, durante estes dias, foram atentamente assistindo a tudo, anotando e registando todos os momentos importantes.
respostas, que votar é, ainda, algo que não está adquirido na nossa sociedade. Defende, também, que devem existir apoios “sobretudo para os mais pequenos, para as pequenas empresas”, pois estas “fazem falta e necessitam de ajudas”. A voz dos nossos deputados… “Creio que promover um debate desinformado e superficial é negativo e desacredita o seu poder democrático. Não poderia dizer que não gostei de participar, de intervir, de dar a minha opinião e de ouvir a dos outros, mesmo que em desacordo total, por vezes... O Parlamento de Jovens, tal como outro parlamento ou instituição política, é feito por aqueles que nele trabalham e depende do empenho de todos.” Tiago Dias, ESAS Porto “O Parlamento dos Jovens é uma ótima maneira de cativar os jovens para a vida política. A prova disso foi a sessão nacional, na qual estudantes de todo o país puderam juntos debater sobre um tema tão importante como a crise demográfica! Apesar de alguns contratempos e de nem toda a gente ter levado com a mesma seriedade o que fizemos, está de parabéns quem o fez, e claro, a organização do Parlamento dos Jovens, que nos proporciona tamanha experiência e que fez tudo para tornar estes dois dias memoráveis. Pena para o ano não poder voltar... Fica a saudade e os "votos" de um excelente próximo debate para os nossos sucessores.” Diana Pereira, ESAG Porto
Reportagem de Mariana Oliveira, 12º G (texto e fotos)
Atento às perguntas dos jornalistas, o Presidente afirmou, entre
Convidamos …
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jornalista da revista Visão, Miguel Carvalho, esteve presente, no dia 6 de maio, no auditório da nossa Escola para uma palestra com os alunos da área de Humanidades do 10º e 12º anos. Tratou-se de dar corpo à preocupação sentida por todos pela liberdade de informação e a situação precária por que passam muitos jornalistas no mundo inteiro. O dia 3 de maio é Dia Internacional da Liberdade de Imprensa que é patrocinado pela ONU e Miguel Carvalho lembrou-o, quer dando como exemplo concreto os perigos físicos por que passou, por exemplo na Albânia durante a guerra do Kosovo, como as pressões de caráter económico que na maioria das redações os jor-
nalistas hoje têm de confrontar-se. Provavelmente esta última é muito mais perigosa para a liberdade de informação que a primeira. O debate que se seguiu foi muito participado e interessante, tendo-se concluído que para a manutenção de uma democracia saudável é necessário resistir sempre e lutar por valores humanos sólidos. Na foto: Miguel Carvalho (jornalista) à esquerda e António Catarino (prof. Equipa Jornalesas) à direita
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Lá e Cá Este ano letivo, a nossa escola teve o privilégio de poder contar com duas alunas do Projeto AFS (American Field Service) e de com elas aprender algo dos seus países e culturas de origem.
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Sílvia foi a aluna da Costa Rica, que nos acompanhou desde janeiro, integrada numa turma F do 12º ano. Esta costarriquenha colaborou com a professora de espanhol, Luísa Ribeiro, na dinamização do ensino da língua e cultura de países de expressão espanhola, junto de alunos de diferentes anos e turmas. Por que é que decidiste fazer o programa? Quais eram as tuas expetativas antes da viagem? Eu decidi fazer o programa porque terminei a escola muito jovem e não me sentia preparada para ir para a faculdade. Também tinha vontade de viajar e abrir os meus horizontes a outras realidades fora diferentes das que conhecia em Costa Rica. Esperava ficar numa boa família de acolhimento, ser bem recebida na escola. De onde vens e por que é que escolheste Portugal? Venho da zona Norte da Costa Rica, de uma cidade pequena chamada Liberia e escolhi Portugal porque gosto muito de língua portuguesa e queria aprender a forma de vida e cultura europeias. Nos primeiros tempos, o que te chocou nos Portugueses? Quais as principais diferenças culturais que encontraste? Uma das coisas que me chocou ao principio, foram os horários que são muito diferentes do que conhecia. Por exemplo: aqui em Portugal, jantamos tarde tipo às 8.30h/9.00h e em Costa Rica jantamos as 6.30h/7.00h. Aqui em Portugal, usam os talheres ao contrário, o que e sendo esquerdina não foi um problema, mas é diferente. Comem sopa, o prato principal e sobremesa, enquanto que na Costa Rica só comemos prato principal. Também é a pessoa que cozinha que serve os pratos e os leva à mesa. Na escola, fiquei surpreendida porque em pleno Inverno as meninas vestiam roupa que parecia de Verão, enquanto eu estava com muito frio com todas as camadas de roupa possíveis (risos). Fiquei
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também surpreendida porque muitos estudantes fumavam. Quais os lugares que visitaste em Portugal e quais os que mais te impressionaram? O lugar mais significativo e incrível que visitei foi a Serra da Estrela, porque nunca tinha estado na neve e foi uma experiência indescritível! A beleza da neve até me fez chorar! Gostei muito da Nazaré, de Guimarães, especialmente do castelo, de Leiria, e obviamente do sol e das praias do Algarve. Qual o prato típico de que mais gostaste? Uma das coisas que me maravilhou em Portugal foi a variedade da gastronomia. Os meus pratos preferidos foram as francesinhas (tão boas), o arroz de pato, as bifanas, os jesuítas e as natas. A minha mãe é vegetariana e não costumo comer tanta carne. Por isso fiquei impressionada com a francesinha, não a consegui comer toda e ao chegar a casa tive que tomar um chá digestivo (risos) mas foi muito bom! Mesmo que não sejam típicos, também adoro os croissants mistos! A língua é difícil? Tens algumas aulas para aprender português? A língua é difícil, porque é parecida com o espanhol, e nas palavras que já conheço, tenho de trocar algumas letras e então confundo e misturo o espanhol com o português. Nunca tive aulas particulares para além das normais e isso é algo que lamento porque gostaria de ter conseguido um nível melhor. A minha família esforçou-se muito em ensinar-me; inclusive a minha mãe e minha irmã criaram um trava-línguas com as palavras mais difíceis: a colher do molho de bacalhau está molhada! (risos) Faziam-me repetir muitas vezes! Continua na página 14 Na foto a Sílvia com a aluna Sara ( 8ºano) da família de acolhimento, no dia de Porto Rico na ESAS. Esta entrevista foi conduzida pelo Tiago Dias, 12ºF
Fomos a Torre de Moncorvo Na confluência do rio Sabor, afluente do Douro, com o vale fértil da Vilariça, encontra-se a vila de Torre de Moncorvo. Situada numa área muito acidentada, marcada no horizonte pela serra de Reboredo, tem grande parte do concelho inserido na região demarcada do Douro. Associado ao microclima do Douro, surge o amendoal, permitindo a confeção de um dos ex-libris da região “ as amêndoas cobertas de Moncorvo”.
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omos à vila de Torre de Moncorvo, com dois objetivos : avaliar o impacto da construção da barragem do Baixo Sabor e conhecer a importância das jazidas de ferro na região. Logo na subida da serra do Marão, no início da viagem, foi possível observar o contraste na paisagem ao longo da serra, resultante da barreira de condensação, que se traduz numa vertente virada a oeste mais húmida, enquanto a virada a este se vai tornando cada vez mais seca para o interior. A passagem pelo vale da Vilariça seria assinalada após a ligação da A4 ao IP2 através do IC5. Aquele itinerário percorre todo o vale permitindo avaliar a sua grandiosidade em termos de fertilidade e ocupação humana. Por um lado, a depressão tectónica ligada à exploração de águas gaseificadas da marca FRIZE associada no presente momento à COMPAL e, por outro, a cultura intensiva do pêssego e do melão, tradicionalmente culturas muito expressivas na região. A riqueza paisagística, fator essencial na procura turística da região, é assinalada aquando da passagem pela admirável Quinta da Terrincha, unidade hoteleira de Turismo Rural. Esta designação prende-se com um dos produtos tradicionais, o queijo Terrincho. A subida para a Adeganha e Estevais, já muito perto de Moncorvo, permite-nos acentuar a visão excecional do Vale da Vilariça, na sua zona mais fértil, com vista sobre os olivais, a vinha e os amendoais.
A principal mancha florestal, localizada na serra de Rebordelo, de pinheiros, medronheiros, castanheiros, sobreiros e carvalhos, tem permitido a exploração industrial, principalmente a da extração da cortiça e do corte da madeira. Nesta serra encontra-se a grande jazida de ferro que em tempos foi muito explorada, restando dessa atividade o Museu do Ferro na vila de Torre de Moncorvo. Em direção a Estevais, vamo-nos aproximando do projeto hidroelétrico do Baixo Sabor na sua barragem a montante. Sempre acompanhados pelo Engº Carvalho Bastos, responsável pelo projeto do Baixo Sabor, para uma visita ao local de implantação daquela barragem que terá uma das paredes mais altas, apenas ultrapassada pela barragem do Cabril no rio Zêzere. Com efeito, e de forma súbita, deparamos com uma parede colossal. A seguir ao almoço, dirigimo-nos para a vila de Torre de Moncorvo, onde visitamos o Museu do Ferro e o Museu de Arte Sacra junto à Casa da Roda. No Museu do Ferro fomos recebidos pelo professor Nelson, para uma breve explicação sobre o contexto histórico em que se desenrolou a exploração e a posterior quebra da produção do minério de ferro. A visita ao Museu de Arte Sacra, instalado num edifício contíguo à Igreja da Misericórdia, permitiu admirar alguns dos objetos litúrgicos e imagens de santos e paramentaria. Continua na página 25
Barragem do Baixo Sabor - alunos do 10ºG e 10ºH e professores, com o engenheiro Carvalho Bastos Visita realizada a 30 de maio de 2014
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s Dias da Geografia, concentrados em 7, 8 e 9 de maio, tiveram exposições, concursos, quizzes, conferências e uma visita de estudo a Aveiro. A visibilidade dos trabalhos realizados prolongou-se para as aulas a que estas atividades serviram de motivação.
Dias da Geografia I 2014 A geografia é o estudo do Mundo e das suas regiões, preocupando-se também com a utilização do espaço e as suas aptidões.
A geografia é o Raio X do mundo. Diana Gonçalo do 10ºF
A curiosidade geográfica é cada vez mais a resposta à necessidade de exercer uma cidadania ativa e responsável.
A geografia é a única disciplina que nos envolve numa viagem pelo Mundo, analisando ao pormenor não só a população como também aquilo que nos envolve.
Inês Silva do 11ºG Sara do 10ºH
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Concelho do Porto é atravessado por 66 kms de linhas de água, distribuídos por 12 ribeiras e 4 rios. A razão para este número parecer tão exagerado é o facto de 75% destes cursos estarem entubados. Com efeito, o facto de as ribeiras se encontrarem entubadas, acarreta inúmeros problemas como, por exemplo, a redução da biodiversidade, o perigo de aluimentos ou os prejuízos com inundações e descargas de resíduos. Posto isto, existe a Águas do Porto, uma empresa que pretende resolver estes problemas, baseando-se em três princípios fundamentais: despoluir, desentubar e reabilitar. Esta organização pretende, para além de solucionar os problemas, tornar os espaços mais agradáveis para todos. A título de curiosidade é ainda de referir que a nossa escola (Escola Secundária Aurélia de Sousa) é atravessada pela Ribeira do Poço das Patas, a qual está entubada na parte subterrânea do espaço. Este curso de água tem 6,6 km e desagua perto da ponte de D Jorge Ferreira , 11º E
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As Ribeiras do Porto Tema da Conferência - Dias da Geografia I 7 de maio A ribeira do Poço das Patas atravessa, em curso subterrâneo, o terreno da nossa escola
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Projeto Ribeiras do Porto de Águas do Porto - engenheira Inês Ferreira Alves
A provedora da pessoa com deficiência da C.M.P entrevistada por Alexandra Ribeiro de Sousa do 10º I
Convictos de que devemos lutar pelo direito à integração plena de todos os cidadãos, metemos pés e rodas ao caminho e fomos entrevistar a Arquiteta Lia Ferreira, a atual provedora da pessoa com deficiência da C.M.P.. Dada a extensão da entrevista optamos por publicar apenas um parte neste número do Jornalesas, ficando o compromisso de que o restante será editado para o próximo ano.
quartas-feiras das 14h às 17h sem marcação prévia, ou até às 19h com marcação prévia. Para além dessa tarde, é nossa prática receber em outros dias e horário, desde que devidamente solicitado, de forma a não colidir com as restantes atividades do Gabinete, nomeadamente reuniões e ações;
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á quanto tempo ocupa o cargo? Qual a sua formação académica? Como Provedora dos Cidadãos com Deficiência da Câmara Municipal do Porto, tomei posse no dia 21 de Setembro de 2012. Sou Licenciada em Arquitetura e tenho especialização em Acessibilidades. Qual a sua principal função? Que desafios/dificuldades encontrou no exercício das suas competências? Quais as suas prioridades? Um Provedor é uma figura que fundamentalmente exerce um papel de mediador no que diz respeito à defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos com deficiência e suas famílias. Procura promover políticas, tendo sempre em vista a plena cidadania e a inclusão da comunidade que defende. Nesse sentido, a Figura do Provedor Municipal dos Cidadãos com Deficiência é um órgão municipal independente que tem por funções a garantia da plena cidadania
em todas as áreas: sociais; defesa na criação da acessibilidade e mobilidade para todos e, mediação institucional sobre os direitos; recursos e benefícios dos Cidadãos com Deficiência. Destina-se igualmente a apoiar e informar profissionais que atuam na prevenção, reabilitação e integração comunitária das pessoas com deficiência ou incapacidades. A Provedoria procura acompanhar Instituições e Serviços e promover soluções que possam melhorar as condições de autonomia e de integração das pessoas com deficiência e difundir as boas práticas, já identificadas, bem como divulgar as atividades que, pela sua natureza, promovam a inclusão. Com o intuito de cumprir a sua missão, a Provedoria: ouve as necessidades de pessoas com deficiência, instituições dedicadas, entidades públicas e privadas e os diversos serviços municipais; faz atendimento aos munícipes, para esse efeito tem uma tarde reservada: às
emite pareceres técnicos para os diversos interlocutores, procurando pôr um prática soluções que vão ao encontro da implementação de respostas construtivas e aplicação de políticas mais assertivas, rumo à plena cidadania das pessoas com deficiência; presta informação sobre todos os direitos e benefícios existentes para tal tem uma equipa multidisciplinar de forma a abraçar as diferentes vertentes e a aumentar a capacidade de resposta; faz mediação entre Cidadãos com Deficiência e serviços públicos e entidades privadas; valoriza parcerias locais na identificação das potencialidades e soluções que vão ao encontro das dificuldades dos cidadãos; traça diagnóstico das reais situações dos cidadãos, promovendo uma resposta rápida e eficaz. Atendendo ao facto que os pareceres de um Provedor, definidos em estatuto, são meramente recomendativos e nunca vinculativos, como Provedora tenho procurado definir um plano de ação conjunta e integrada, com os mais diversificados serviços da Câmara Municipal do Porto, tendo sempre um link muito próximo e participado com as diferentes Associações dedicadas às pessoas com deficiência. Na foto: Alexandra Ribeiro à esquerda e Arquiteta Lia à direita Continua
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O Sistema de Itinerário Acessíveis pretende funcionar como Google Maps da Acessibilidade na Cidade. Em tempo real, turistas, munícipes e serviços municipais estarão inteirados acerca das condições de acessibilidade pedonal no trajeto pretendido. Internamente, na Câmara Municipal, isto que programar as intervenções (cabimentadas em orçamento anual) e eliminar as barreiras à mobilidade, de forma mais funcional para todos. Por vezes, basta a intervenção numa rua a vermelho (inacessível) para que se possa garantir uma grande área verde (acessível). (…) Sendo um projeto de grande pertinência para a cidade do Porto, é desejo da Provedoria fechar a primeira fase do levantamento das condições de acessibilidade na área previamente definida, garantir a funcionalidade da Plataforma que foi criada de forma a poder ser consultada por cegos e amblíopes e, rapidamente, estender o levantamento a toda a Cidade do Porto. Este processo, que contou com a participação de Associações de referência na validação dos critérios de avaliação, pretende espelhar a cidade no seu todo. A Provedoria entende não fazer sentido definir áreas de acessibilidade. Isso seria criar pequenas bolsas de inclusão e resultaria em guetos de exclusão/inclusão. O meu objetivo, enquanto Provedora é a identificação das condições de acessibilidade e mobilidade para TODOS na cidade e, acima de tudo, alertar para a urgência de intervenções planeadas e eficazes. Continua no próximo número do Jornalesas
Continuação da página 10 - Entrevista ”Lá e Cá” Como tem sido o acompanhamento que te dão na escola? Desde o início, os meus professores e colegas de turma foram muito pacientes comigo e ajudaram-me a perceber tudo. Também frequentei o clube europeu e a professora Paula Magalhães foi o meu maior apoio na escola. Foi graças a ela que o dia da Costa Rica se concretizou. A todos os que me ajudaram, queria agradecer. Alguma vez te arrependeste de vir? Já sentiste saudades de casa? Nunca me arrependi de vir porque, apesar das dificuldades, foi uma experiência única por que devo estar agradecida. Mas, no primeiro mês, tive muitas saudades de casa. As tuas avaliações têm equivalência em Costa Rica? No meu caso, já terminei a escola e vou frequentar a faculdade,
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então não têm equivalência. Qual é a tua equipa de futebol? Aqui em Portugal, é o FC Porto. mas este ano foi complicado! (risos) Do que é que vais ter mais saudades? Vou ter muitas saudades da minha família portuguesa e de ouvir as pessoas a falar em português. À Sara, a aluna que acolheu a Sílvia em Portugal perguntamos : Como foi esta experiência para ti? Foi uma experiência enriquecedora. Gosto muito da aprender novas culturas e esta foi uma forma muito boa de partilhar experiências e costumes. Sou filha única e ter uma irmã mais velha (apesar de algumas dificuldades e discussões) foi fantástico! Vou ter muitas saudades da Silvia!
A pena de morte
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pena de morte, por definição, só pode ser praticada pelo Estado, caso contrário é considerada homicídio. Isto significa que, na sua vertente prática, a pena de morte e homicídio partilham o mesmo significado, ou seja, a morte de alguém. Os defensores da execução assegurarão que a pena de morte é um castigo que é exercido pelo Estado, enquanto o assassinato não passa de um crime que é sempre individual, sem legitimidade social ou realizado pela simples vontade unilateral de uma pessoa ou organização. O artigo III da Declaração Universal dos Direitos Humanos defende que “Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.” Esta declaração dos nossos Direitos foi realizada em 1948, logo depois da 2ª Grande Guerra em que milhões de vidas foram tiradas, para prevenir exatamente o que se sucedeu. A pena de morte retira esse nosso Direito à Vida. Claro que esta condenação não é homicídio (relembro que é executada pelo Estado), porém, efetivamente, vidas são tiradas. Essa é que é a verdade: um dos nossos Direitos mais precioso, senão o mais precioso, é-nos violado. É comum ouvir-se que os Estados Unidos da América são um país ocidental e “desenvolvido”, porém continua a usar a morte como sentença. Nos EUA, a pena de morte normalmente só é aplicada, na prática, em casos de homicídio, se bem que certos casos de violações e raptos de crianças levaram os tribunais a sentenciar a pena de morte. Reparemos então, como eu disse anteriormente, que o assassinato é punido, nalgumas circunstâncias, com a morte. Deste modo, estamos a corrigir um mau comportamento que é matar, com o mesmo comportamento e tal como Cardinal McCarrick disse, no âmbito da Conferência Católica dos EUA, “não podemos ensinar que matar é errado, matando.” Só tecnicamente podemos dizer que é legítimo, pois uma decisão com este peso, carece de todo o suporte moral e humano. É esta ideia que me leva a pensar que tal ato é hipócrita. E porque é que usei a palavra “corrigir”? Digo isto porque a punição (institucional ou não) serve para a reeducação, de modo a que seja mostrado que uma ação tem consequências. Mas, no caso da
pena de morte, o condenado nunca será objeto de qualquer reabilitação, é simplesmente punido. Aliás, um dos argumentos a favor da pena de morte aproxima-se do que já referi. A intimidação da morte como sentença seria “benéfica” para a população, pois esta não ousaria cometer tais crimes. Contudo, não é a isto que se assiste. As estatísticas do FBI, em 2008, mostram que os 14 Estados da América do Norte sem pena de morte são os que apresentam a taxa de homicídio igual ou abaixo da média nacional. Num plano mais afastado, podemos dizer que a pena de morte tem diminuído, já que na última década, vários países a têm abolido ou não a têm praticado. Todavia, segundo um estudo da Amnistia Internacional de 2013, países que tinham a sentença de morte legislada, mas que não a praticavam, passaram a fazê-lo. Passando a citar o mesmo estudo “Entre Agosto de 2012 e Agosto de 2013, sete países, em três regiões do mundo, retomaram as execuções, nalguns casos depois de intervalos de quase três décadas.”. A Índia, a Indonésia, a Nigéria, a Gâmbia e Papua Nova Guiné são alguns dos países que entendem iniciar outra vez execuções. Aliás, o último, que não sentencia a morte desde 1954, adotou uma nova lei que flexibiliza mais a utilização da pena de morte. Isto mostra (também de acordo com outros dados) que nos últimos dois anos a pena de morte está a voltar como modo de controlo da população por parte dos governos. Está a começar a ser vista como uma resposta rápida e eficaz para resolver a marginalidade e até a instabilidade “maligna” (como protestos populares) para os Estados. De facto, a 26 de Agosto de 2013, o ministro dos Assuntos Internos da Índia, Sushil Kumar Shinde, arriscou dizer “Enforquem-nos, e os incidentes irão parar!”. A morte é uma sentença que não é apropriada, porque jamais será proporcional. Todos sabemos que uma ação tem as suas consequências, mas não é matar um ato inumano e hiperbólico? Porque, afinal de contas, todos nós nascemos (ou deveríamos nascer) com o direito à vida. Maria da Paz, 10ºG
O Significado da Vida
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sociedade de hoje em dia começou por ser apenas um esquema criado pelo Homem para ter a sensação de que a sua vida tem algum sentido – trabalhar e lutar para conseguir viver com condições medianas. O problema é já termos perdido o controlo de tal sistema, tornando-nos vítimas deste. Tornámo-nos marionetas do monstro que criamos para nos agradar. Corajosos são aqueles que conseguem libertar-se dos fios que os controlam e fogem desta calamidade. Corajoso é aquele que foge de uma oportunidade de se mostrar melhor que todos, de uma oportunidade de ganhar poder no sistema, para fazer o que realmente deseja, seguir os seus sonhos. Tais homens são capazes de fazer algo muito complicado, algo que necessita de sacrifícios da sua parte, sacrifícios que nós, pessoas que nem pelas nossas vidas somos capazes de lutar, não aguentaríamos – aproveitar o pouco tempo de vida que têm. Mas estes poucos homens não são capazes de revolucionar o mundo por si sós. Mais terão de agir e de mudar. Não nos pudemos esconder mais nas costas de quem luta, temos nós de lutar por quem queremos vir um dia ser! Tu que estás, neste preciso momento, a ler, ganha coragem, ganha voz, age por ti e pelos outros e luta pela tua liberdade! Miguel Pereira, 8ºF
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Sem - abrigo “O nosso quotidiano civilizado está cheio desses seres que, mantendo uma similar aparência física, se afastaram de tal maneira da humanidade que perderam o laço comum. Pelo que estão reunidas as condições objetivas e morais para a chacina dos homens-lixo. E essa é já uma prática quotidiana. Imposta pelas autoridades, desculpada pela moral pública, exigida pela economia” (Moura, 2000).
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uando caminhamos pela rua ou vamos de carro a conversar com quem está ao nosso lado, reparamos nas pessoas a caminhar ou sentadas num banco de jardim? Por vezes, nem uma apitadela de um carro ou um grito a pedir socorro nos faz mover, olhar para trás como quem está pronto a correr só para ajudar o outro. Será que para nós ajudar quem não conhecemos é tabu? É verdade que estamos constantemente a ouvir histórias sobre celebridades e pessoas comuns que criam casas de apoio para os mais desafortunados e que perdem uma hora dos seus dias para ajudar alguém. Mas somos capazes de agir conforme as ações que tanto elogiamos? Se um sem-abrigo nos pede dinheiro, qual é o nosso primeiro pensamento? Quando estamos deitados na nossa cama à noite, com a chuva a cair lá fora e o vento a uivar, quantos minutos é que tiramos para pensar naqueles que não estão numa cama mas sim numa caixa de cartão? Será que pensamos se algum dia vamos ter de ser nós a viver na rua de uma cidade que, por muito bonita que seja, nos trata mal? Afinal o que é que nos diferencia dos sem-abrigo, para além do facto de eles não terem casa e nós termos? Todos somos seres humanos de sangue vermelho por baixo da nossa pele. Por que será que aceitamos a discriminação dos sem-abrigo, mas lutamos pela igualdade entre classes sociais? E quando vemos no jornal que vamos comprar ao quiosque as últimas notícias sobre os sem-abrigo? O que lemos
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não é agradável, mas será que ficamos incomodados com o que está diante de nós? Qual de nós é que realmente está disposto a ajudar estas pessoas que vemos todos os dias? De acordo com o Diário de Notícias, em Dezembro de 2013, 874 pessoas voluntariaram-se para contarem o número de sem-abrigo em Lisboa, apenas para descobrirem que existem 65 sem-abrigo (5 mulheres) só no subterrâneo da Gare do Oriente e 83 (na maioria homens) na freguesia mais nova de Lisboa, o equivalente a, mais ou menos, 7 turmas de uma escola, no total. Também se veio a perceber que os sem-abrigo são cada vez pessoas mais novas, casais e até algumas crianças são encontradas. E os estudos não param por aqui. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) existem à volta de 735 mil casas desabitadas. Deste modo, o jornal Público questionou uma possível solução para a quantidade de sem-abrigo que tem vindo a aumentar, particularmente na altura dos fogos. Será que não há solução para este problema ou estamos perante um caso de negligência? De qualquer modo, proponho a todos os leitores deste texto que, pouco a pouco, se aventurem a ajudar cada vez mais, quer seja os sem-abrigo ou um colega de turma, pois, se agirmos como um só, podemos, de facto, fazer a diferença. Maria Gabriela Nascimento, 10º G
O CONSUMISMO Uma das “pragas” do século XXI
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Desenho de Hugo Coelho, 8ºano
No dicionário, a definição, de “consumismo” é : “ Hábito ou ação de consumir muito, em geral sem uma necessidade”. Assim, podemos concluir que o consumismo é uma prática irracional baseada em valores e bens materiais.
Revolução Industrial, que mudou o Mundo e permitiu a produção em massa, levou a um aumento do consumo dos produtos, porque, a partir dessa altura, passaram a ser fabricados em máquinas que faziam parte de uma cadeia de produção e que ultrapassavam em muito uma manufatura (por exemplo, as linhas de produção das fábricas Ford, em Detroit, através do “taylorismo”fizeram com que, em 1903, o modelo Ford T passasse de US$850 para US$490 e fosse acessível, pela primeira vez, a pessoas com salários modestos). Pode então dizer-se que a industrialização foi o primeiro passo que deu origem a este ato de consumo sem necessidade, a que damos o nome de consumismo, visto que os produtos se tornaram mais baratos e eram produzidos em massa, o que provocava uma necessidade muito grande de escoar os produtos armazenados em “stock”. O que fazer, então, com esta acumulação? A resposta que as marcas encontraram foi a publicidade. Em parte, o que leva a este consumo desenfreado e faz com que a sociedade dos dias de hoje seja uma sociedade de consumo é a publicidade, que incentiva as pessoas a comprarem algo mesmo que não tenham necessidade de o fazer. A publicidade influencia, e muito, a forma como olhamos para os produtos espalhados nas prateleiras dos supermercados, e incita-nos a comprá-los. Para isto acontecer as grandes marcas vendem-nos os seus produtos quando nós, como consumidores, estamos sentados nos nossos sofás a ver os anúncios na televisão, e nos dá vontade de ter determinado produto, mesmo que já tenhamos um igual. Aliadas à publicidade estão as estratégias comerciais como o “último grito da moda”, o apelo à beleza, o uso de celebridades ou os slogans que nos ficam na cabeça. Isto são formas que as marcas encontram para nos chamar a atenção nos anúncios publicitários. Estudos científicos revelaram que quando estamos no supermercado a olhar para os produtos, usamos várias áreas do nosso cérebro, como o córtex pré-frontal (área do cérebro relacionada com a auto imagem e que é acionada quando nos identificamos com um produto ou uma marca), o núcleo accumbens (região do cérebro que regista as sensações de prazer, que é ativada quando o possível cliente se apercebe que se encontra diante um bom produto), o córtex insular (sítio onde são processadas as emoções negativas, e entra em alerta quando a relação qualidade-preço não é vantajosa), o cerebelo (lugar onde surge o estímulo para pegar no produto exposto) e o hipocampo (área do cérebro onde é processada a memória e é ativada quando o produto remete para um bom acontecimento passado). Para além destas descobertas, esta mesma pesquisa descobriu os fatores que levam a estes movimentos cerebrais, como os aromas (por exemplo: existem empresas que vendem fragrâncias de carros novos às lojas), a disposição dos produtos (os mais caros ficam sempre do lado direito, por onde entram as pessoas), a oxigenação (o aumento dos níveis de oxigénio origina bem estar e uma ligeira euforia que impulsiona o consumo) e, claro o preço dos produtos (todos preferimos ver determinado produto a €1,99 do que a €2,00). Vivemos numa “sociedade consumista”. As grandes marcas aproveitamse da nossa necessidade de consumir sem termos de o fazer e amealham milhões às nossas custas através das já referidas estratégias comerciais, motivando a nossa insaciável fome consumista. Será o consumismo mais forte do que os verdadeiros valores éticos e morais? Já agora, vale a pena pensar nisto….
Bernardo Sarmento, 10ºG
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Texto premiado no concurso Escrever Ciência: quem escreve um conto acrescenta um ponto, concurso por . O referido concurso foi uma das atividades desenvolvidas durante o ano no âmbito do subprojeto Ler|Escrever Ciência, do projeto Fazer Melhor, Aprender Mais (EMA).
Ninguém coçava a barba como Charles Darwin
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liás, naquele tempo, ninguém agia ou pensava como Charles Darwin, o autor da obra Origem das Espécies que viria a tornar-se uma referência na História Natural. Não sei se o meu caro leitor sabe, mas há cinquenta e sete maneiras diferentes de coçar a barba e Charles Darwin tinha o seu próprio jeito de o fazer. As diferentes formas de coçar a barba é um daqueles domínios de investigação que tem tanto de interessante como de inovador e, há quem diga, na comunidade científica, que é uma ciência tão ou mais difícil que as próprias teorias de Darwin. Esta é a história desconhecida (até agora) que apresenta a justificação científica para perceber a maneira como Charles Darwin coçava a barba, uma vez que é uma das mais enigmáticas formas de coçar da humanidade. Era véspera de Natal e o jovem Charles estava ainda sentado à secretária, no seu camarote do Beagle, navio onde havia embarcado há um ano de Inglaterra, a estudar um tipo de ave que se assemelhava a uma avestruz. O jovem naturalista tinha chegado há uma semana de uma viagem de dois dias a cavalo, nas costas da Argentina, com os cowboys da região. Entre os nativos, a ave que agora estudava era uma refeição bastante comum, aliás um verdadeiro ambigu. Denominavam-na de “ema” e, tal como a avestruz, esta ave também não voava. Naquele momento, Darwin debatia-se sobre a possibilidade de, segundo os nativos, existir uma ema-menor, com cores diferentes, mas de porte mais pequeno, específica de uma região vizinha, que não foram capazes de localizar corretamente. Começava a escurecer e o ambiente, do porão ao convés, começava a ser de festa. Darwin tentava concentrar-se, revia os seus apontamentos sobre a ema-maior que havia examinado, mas
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aquela história era intrigante. – Será possível que duas espécies de emas tão semelhantes coexistam em duas regiões tão próximas? Será que as emas derivam de um mesmo ancestral? O que terá provocado a divergência destas duas espécies? Estava Darwin com estas e outras cogitações de natureza científica, quando surge à porta do seu camarote Convington, seu criado, com a lanterna de azeite em riste: – Então, Mr. Darwin? Não vem para a festa? Deixe lá os seus rabiscos e venha daí… que já são horas de jantar. O jovem Charles, apesar de bom garfo, não se entusiasmou com a ideia, mas lá arrumou a secretária e acompanhou o lacaio. Já à mesa, sempre pensativo, pôs-se a observar um naco de carne que Conrad Martens, o desenhador, anunciara com orgulho que fora ele que o tinha caçado e cozinhado à maneira dos cowboys. O jantar já ia a meio, quando de repente, se fez luz (na cabeça de Darwin, porque, na sala de jantar, pouco mais de duas gambiarras iluminavam aquele espaço exíguo): – Os ossos daquela ema que Conrad tinha cozinhado – pensou para consigo – são significativamente mais pequenos do que os que tinha estudado e, no entanto, aquele naco de carne não parece mais tenro do que… Esperem aí! Querem ver que estamos a destruir as provas de uma importante conclusão científica? Virando-se para Martens, pergunta: – Onde é que puseste as penas da ave que cozinhaste? Onde é que caçaste a peça que cozinhaste? Martens, pousando o copo de vinho e levando o guardanapo à boca, balbuciou algumas palavras e deu a entender que não fazia a mínima ideia onde paravam as penas e muito menos onde as tinha caçado. Darwin não perde mais tempo. Pede licença, levanta-se e dirige-se à cozinha. Sentado na banca de trabalho, estava o cozinheiro, um sujeito gordo, de lenço amarrado à cabeça e com um sorriso desdentado que o hálito a vinho não deixava esconder. – George, onde estão as penas da ema que o senhor Martens cozinhou? – Não sei, senhor. Foram borda fora, que estavam aqui a atrapalhar. Quer um copinho? Este está mesmo bom. Abri agora mesmo o barril… Definitivamente, aquela não era a ajuda que Charles precisava. Era fundamental encontrar um exemplar, vivo ou morto, daquela espécie ainda naquela noite, porque, na manhã seguinte, o vento estaria de feição e teriam de zarpar para outras paragens. – E se fosse ao local onde Martens esteve a desenhar? Talvez encontre alguma ema a… dormir? Nem pensou duas vezes: enfiou o casaco, chamou Convington, meteram-se na pequena embarcação e dirigiram-se ao monte das pedras cinzentas que se viam da praia. O luar de dezembro até permitia ver algumas formas, mas longe de se conseguir distinguir uma ema de uma pedra mais afiada. E foi isso que aconteceu. Charles, ao parecer-lhe estar mesmo muito próximo da tão desejada ave, atirouse com a convicção de quem a vai surpreender e agarrar.
Atirou-se como um jovem de vinte e dois anos e levantou-se como um velho de oitenta. Na verdade, não se levantou; levantaram-no. Deu com o queixo numa das tais pedras afiadas e, no local, contorcido de dores, foi assistido pelo seu criado. Já no Beagle, Darwin, destroçado, foi visto pelo cirurgião, que, de imediato, o coseu com doze pontos. Escusado será dizer que dali surgiria uma cicatriz à pirata, digna de quem anda a pilhar emas durante a noite. Martens, ao saber do sucedido e ao perceber a importância da ema-menor para o jovem naturalista, surpreende o amigo revelando-lhe que dispunha ainda de mais um belo exemplar para o dia de Natal. É claro que Darwin saltou de alegria.
E tal como todas as espécies que estudou, o protagonista da nossa história também se adaptou à cicatriz na cara. Deixou crescer a barba que passou a acariciar em forma de remoinho no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Segundo a teoria das cinquenta e sete formas diferentes de coçar a barba, tal adaptação dever-se-á a fortes preocupações estéticas por causa da Emma, sua futura mulher, porque, na verdade, ninguém coçava a barba como Charles Darwin. João Carlos Matos, 9º B, sob o pseudónimo Robert Fitz-Roy
do por miúdos e graúdos lusos. Contudo, aos olhos dos estrangeiros este é conhecido por Vampire Food ou “Comida de Vampiro”, devido à maneira como é confecionado, isto é, com frango e o sangue do mesmo. Isto pode ser lido em vários blogues e sites gastronómicos estrangeiros. A Rússia elogia o apoio que Portugal dá à agricultura e gastronomia nacionais, porque, para além disso permite que os cozinheiros portugueses dêem a conhecer os seus pratos em diversos locais. A revista russa Condé Nast Traveller aponta, também, a qualidade e pureza dos ingredientes utilizados, já que a maioria destes é de solo português. Também em Tóquio, o cozinheiro Koji Sato, gerente do restaurante Cristiano’s, decidiu criar um novo conceito de gastronomia, juntando os sabores japoneses que conhece bem com os portugueses que tanto aprecia. Uma excelente forma para os nossos emigrantes relembrarem o seu país e saborearem as suas origens. Independentemente dos problemas económicos, demográficos, sociais e políticos que tenhamos, não devemos desanimar nem baixar os braços, porque temos uma costa marítima formidável, talento além-fronteiras e, claro, uma gastronomia de comer e chorar por mais.
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uma altura em que “recessão”, “troika” e “crise” são as palavras mais ouvidas, quer em noticiários e jornais, quer em conversas diárias, em que a maior parte da população jovem decide abandonar o seu país de origem e, ainda, em que não existem quaisquer perspetivas sorridentes para o futuro de Portugal é quando, ironicamente, aparecemos mencionados em publicações internacionais pelos nossos feitos. Há uns tempos atrás, ouvi que o Porto fora eleito como melhor destino turístico e gastronómico de 2013. Apesar de já ter passado um ano, Portugal continua a ser uma referência em termos de gastronomia para vários países tanto dentro como fora da Europa. Países como Brasil, Angola, Moçambique, ou mesmo o território de Macau foram muito influenciados por Portugal, o que permitiu que evoluíssem, sendo hoje fontes de inspiração para cozinheiros internacionais. Porém, nós temos a ideia de que para nós, que estamos habituados ao que é português praticamente desde que nascemos, tudo é natural sem pensar sequer que o mesmo facto pode ser um mistério para quem o vê de fora. Por exemplo, para os britânicos é muitíssimo estranho entender a variedade de pratos de bacalhau que temos, sendo, no entanto, habitual para nós. O famoso arroz de cabidela é muito aprecia-
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Portugal nas bocas do mundo
Marta Vedor, 10ºG
Quiz de Geografia
Dias da Geografia I 2014 Curiosidades geográficas
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Todos os anos, milhares de turistas deslocam-se para ver a Praia Vermelha no NE da China, junto à fronteira com a Coreia do Norte. A cor é resultado do crescimento de uma vegetação que floresce em solo alcalino-salino. O local tem uma área de mais de 20 quilômetros quadrados, é o lar de 236 espécies de aves. Apesar de ser um processo natural temporário, cria um espetáculo especial. Margarida Corredeira e Matilde Aleluia do 7ºD
(melhores resultados)
Paulo Malafaia do 7ºC Yaraslau Maksinchyk do 7ºE Miguel Pereira do 7º A
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Desporto Escolar – Ténis
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ogar ténis é um desafio. Quando se pega numa raqueta e se entra em court para disputar uma partida, connosco entra a emoção de sabermos que, quer percamos quer ganhemos, temos que travar uma batalha contra o nosso adversário e contra nós próprios. Gerir as emoções, perceber a tática certa, manter afinadas as pancadas e resistir aos ataques do nosso oponente são apenas fragmentos de toda a exigência deste desporto. Nesta medida, toda a partida é uma vitória, ainda que esta não resulte da vantagem numérica sobre o adversário. Entre serviços falhados e direitas ganhadoras, cada encontro tem uma história. Todos os adversários são diferentes e nós não estamos sempre in the zone. De facto, manter os níveis de concentração ao longo de todo o jogo é uma tarefa que não está ao alcance de ninguém. Um primeiro set facilmente ganho pode dar origem a um segundo set em que entramos a perder. Não há, por isso, adversários imbatíveis e o seu elevado fator de imprevisibilidade torna o ténis um dos mais interessantes desportos do mundo. Os atletas do clube de ténis da ESAS têm muitas histórias para contar: aquela bola na tela num ponto decisivo, aquela dupla falta do adversário no match-point, aquela bola na linha que o árbitro chamou fora… e aquela esquerda cruzada que me deu a vitória e aquele ás no meu serviço a fechar o encontro… Foram muitos jogos, vitórias e derrotas e muitos desafios superados. Os valores numéri-
cos não são o mais importante, pois em todos os torneios só há um jogador invicto e todos os outros perdem. Assim, para contar a história deste ano que agora termina, eu selecionaria, sem hesitar, o empenho em todos os treinos e a responsabilidade em todos os torneios de todos os jogadores, dos que competiram e dos que arbitraram. Selecionaria também os valores de amizade, de respeito e o espírito de entreajuda de todos. Não valeria a pena contar esta história de outro modo. Contudo, não posso passar sem referir também os resultados obtidos: primeiro lugar em juvenis femininos, primeiro lugar nas eliminatórias regionais, campeões regionais por equipas e terceiro lugar nas finais nacionais do Desporto Escolar. Esta história fica assim aqui escrita, com muitas elipses e sumários e com um narrador muito subjetivo. Há muitas ainda para contar, porque cada ponto disputado, cada jogo terminado, cada set fechado, cada encontro concluído, cada torneio jogado é um novo desafio a superar e a recordar. Foto I Da esquerda para a direita: Afonso Sousa, Cláudio Leal, Carmo Oliveira (profª), Otelinda Morgado, Inês Frutuoso e Isabel Reis. Campeonato Nacional do Desporto Escolar Medalha de Bronze - 3º lugar Carmo Oliveira (professora responsável pelo grupo de Ténis)
ENTREGA DE PRÉMIOS 1º Prémio do Concurso “Escrever Ciência: quem escreve um conto acrescenta um ponto” (Projeto FAZER MAIS APRENDER MELHOR) João Carlos Matos, 9º ano Olimpíadas da Língua Portuguesa: 1ª fase 1º Prémio do Ensino Básico: 1º Prémio do Ensino Secundário: 20
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Lívia Maria Diniz (9º ano) Miguel Carvalho Pimenta (11º ano)
O panda do 8ºE!
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o âmbito das disciplinas de Inglês e Ciências Naturais, cuja matéria se relacionava com a defesa dos ecossistemas e proteção de espécies em vias de extinção, foi sugerida à turma do 8ºE a adoção simbólica de um panda gigante. A turma aderiu com excitação à proposta, que foi rapidamente posta em execução. Para adotar o panda, pagámos à WWF (World Wide Fund for Nature ou Fundo Mundial para a Natureza, cujo objetivo é recuperar e conservar o ambiente) uma certa quantia. Cada aluno ajudou com um euro e o resto foi coberto pelas professoras responsáveis. Algum tempo após o pagamento, recebemos os direitos e fotos do panda, mostrando que realmente “nos pertencia” e que, durante um ano, podíamos garantir a sua proteção e observar o seu crescimento,
ajudando na renovação da espécie, que se encontra reduzida, mas em renovado desenvolvimento. O nosso panda é uma fêmea bebé, oriunda de uma reserva na Ásia, e, depois de uma votação para o nome, ficou decidido que se chamaria Joy. Na minha opinião, acho que a adoção deste panda foi e será benéfica, pois, para além de aprofundarmos os nossos conhecimentos sobre o assunto, ficamos com a sensação de que estamos a ajudar e a fazer a diferença em projetos importantes na conservação e renovação das espécies. Aconselho vivamente a realização destas ações por parte de grupos (ou até individualmente), porque são realmente imprescindíveis e quem ajudar pode estar a salvar espécies, mostrando a sua preocupação para com a natureza. João Luís Carvalhal, 8ºE
Qual a Banda que vendeu mais?
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banda que vendeu mais discos foi os The Beatles. Esta banda de rock britânica, formou-se no ano de 1960 em Liverpool, Inglaterra. Inicialmente o grupo era constituído por John Lennon (guitarra rítmica e voz), Paul McCartney (baixo e voz), George Harrison (guitarra solo e voz), Stuart Sutcliffe (baixo) e Pete Best (bateria), que construíram a sua reputação em pubs e na cidade alemã de Hamburgo. O baixista, Sutcliffe, abandonou o grupo no ano de 1961 e o baterista, Best, foi substituído por Starr no ano seguinte. Então, a partir de 1962, a banda era constituída por Lennon, McCartney, Harrison e Ringo Starr (bateria e voz). Os Beatles, com o seu primeiro single “Love me do”, alcançaram de imediato sucesso no Reino Unido, ganhando popularidade internacionalmente. De acordo com a R.I.A.A. ou RIAA (Recording Industry Association of America), a Billboard (revista semanal norte-americana especializada em informações sobre a indústria musical) foi a melhor banda do século, tendo ganho 8 Grammy Awards e 15 Ivor Novello Awards. Venderam mais de um bilião de discos. O grupo distinguiu-se no skiffle (tipo de música folk com influência de jazz, blues e country) e no rock and roll, na década de 1950. Mais tarde, vieram a incorporar no seu estilo outros tipos de géneros musicais como o folk rock, o rock psicadélico e, muitas vezes, introduzindo música clássica criativa e inovadora. A banda trabalhou em palco e em estúdio até o ano de 1970, tendo depois cada músico seguido uma carreira a solo. Nos dias de hoje, sabe-se que McCartney e Starr continuam ativos, mas infelizmente, Lennon foi assassinado em 1980 e Harrison morreu de cancro em 2001. João Gonçalves, 8ºE
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O Mundo da Blogosfera A Daniela Cunha tem 19 anos e está, neste ano, a frequentar o 12ºA. Quando acabar o secundário, quer tirar o curso de gestão e preparação de cozinha, na Escola de Hotelaria do Porto, para “poder ser chefe e ter o meu próprio negócio e restaurante”. Criou dois blogues para falar de si e das suas receitas.
Quais são os nomes dos teus dois blogues e desde quando os tens? O meu primeiro blogue chama-se “Palavras a mais” e foi criado em Maio de 2007. O mais recente chama-se “Goût Art” e começou em Novembro de 2013. Que tipo de publicações fazes em cada um deles? No “Palavras a mais”, gosto de publicar textos da minha autoria, desde poesia a análises a mim própria e ao que me rodeia. No “Goût Art”, partilho receitas que aprendo ou crio e alguns conhecimentos que vou adquirindo. Porque decidiste partilhar os teus textos e receitas desse modo? Sempre gostei de escrever e sempre tive papéis soltos com textos meus e houve um dia em que considerei interessante juntar alguns desses textos, partilhá-los e dar continuidade à atividade da escrita, mas, desta vez, a poder receber opiniões e reações àquilo que escrevo. Com o blogue de culinária, a ideia surgiu muito naturalmente. Como vivemos essencialmente numa era de partilha daquilo que melhor ou pior sabemos fazer, fez sentido para mim começar pelo blogue e ir partilhando receitas minhas e algumas sugestões, com base na experiência que vou tendo. Os blogues ajudam-te a melhorar, por exemplo, a tua escrita? Costumas consultar outros blogues do mesmo género do teu? Sim, sem dúvida. Principalmente com o “Palavras a mais” sinto que me ajuda a manter um sentido crítico na escrita, seja em contexto escolar , seja no meu dia-a-dia. Consulto regularmente outros blogues, dentro dos mesmos temas e não só. Sempre gostei muito da ideia de se ter um blogue, onde se partilham os próprios hobbies e gosto de acompanhar as novidades que vão aparecendo. Quando surgiu o teu interesse pela culinária? O meu interesse pela culinária surgiu de uma forma inesperada. Sempre tive uma ideia fixa daquilo que queria fazer no futuro: investigação em laboratório numa área da ciência ainda não decidida. Quando entrei no ensino secundário, essa ideia já ficou um pouco tremida, mas mesmo assim, avancei para ciências e tecnologias. Uma vez no 11º ano, as coisas mudaram mesmo. Senti que não era bem o que eu queria, mas também fiquei sem perceber afinal o que seria então. Com isto, pensei nas coisas que faço e gosto e conclui que cozinho todos os dias, por minha livre vontade. E aí tudo fez
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Daniela Cunha, a autora dos dois blogues
sentido e surgiu o interesse pela culinária, que já existia mas que estava abafado um pouco pela ideia de que o que eu tinha mesmo que fazer era tirar um curso superior, como toda a gente. Costumas cozinhar muito frequentemente? O que mais gostas de fazer? Sim, cozinho todos os dias. Para além das refeições principais, gosto muito de fazer bolos e sobremesas. É a minha parte favorita. Improvisas muito, quando estás na cozinha? Depende um pouco de como me sinto; naqueles dias em que me sinto mais confiante e inspirada, arrisco e acabo por improvisar. Mas existem outros dias em que sigo as receitas direitinhas, só para garantir que o resultado final é o esperado. Foste convidada para ir ao Porto Canal, como é que isso aconteceu? Quando criei o “Goût Art”, partilhei o link dos dois blogues com alguns sites, fóruns e canais de televisão, de maneira a fazer publicidade apenas. Passados uns meses, recebi uma chamada do Porto Canal a convidarem-me para participar no programa “Grandes Manhãs” e contar um pouco a minha história e de como surgiram os blogues e os respetivos interesses. Por último, achas que os blogues são projetos que valem a pena para jovens da tua idade que queiram partilhar, como tu, hobbies ou interesses? Acho que sim. Acho que os blogues são uma ferramenta que pode ser bastante útil para quem tem um interesse e gostaria de o partilhar e de descobrir gente com esse interesse em comum. As pessoas gostam de receber opiniões e de se sentirem aprovadas naquilo que fazem e muitas vezes essa necessidade está para além da opinião da família. O blogue é uma excelente maneira de motivar as pessoas a fazerem aquilo de que gostam e de as manter mais perto do resto do mundo, através do que mais gostam de fazer. Blogues da Daniela: http://aspalavrasamais.blogspot.com/ http://goutart.blogspot.pt/ Entrevistada por Mariana Oliveira do 12ºG
A História Interminável de Michael Ende
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á algum tempo, um meu amigo recomendou-me a leitura da obra de fantasia, A História Interminável. Devo dizer que a história estava muito bem escrita, pois numa história irreal, em que predominam as criaturas mágicas como dragões e elfos, consegue passar uma mensagem e revelar a forma de pensar do autor. Esta história gira em torno de Bastian Baltasar Bux, um rapaz baixo, um pouco gordo, fraco na maioria das disciplinas, gozado na escola e com muitos problemas e preocupações pessoais (como a morte da sua mãe e a pouca importância que o pai lhe dá). Um dia, depois das aulas, Bastian refugia-se numa livraria, onde encontra um livro peculiar, que lhe chama a atenção, A História Interminável. Por impulso, sem saber porquê, rouba-o e esconde-se no sótão da escola, a ler. O livro fala de Fantasia, o reino mágico governado pela Imperatriz Menina, eternamente criança, mas muito antiga e sábia. Este reino, como se vem a saber mais tarde, foi criado e é mantido pelas histórias das pessoas. Mas as pessoas estão a esquecer-se das histórias, o reino está a desaparecer no Nada e a Imperatriz adoeceu. É necessário que alguém renove o mundo, criando um novo nome para a esta. O problema que assombra todo o reino é o facto de não se saber quem é esse herói . Por essa razão, a Imperatriz Menina envia Atréju, um rapaz de dez anos do Povo da Planície, para encontrar o salvador. Na sua viagem, Atréju tem muitas aventuras e conhece muitas pessoas e criaturas, tanto boas (como o seu fiel amigo Fuchur, o dragão da sorte), como más (como o lobisomem que o persegue na sua busca). Por fim, visita o Oráculo, onde não obtém respostas concretas para as suas perguntas, mas vê, no seu reflexo, Bastian.
As Pastagens do Céu de John Steinbeck
Volta desanimado, para informar a Imperatriz do seu fracasso, mas esta diz-lhe que ele, na verdade, triunfou na sua missão, que descobriu o salvador e que este sabe o que fazer. Nessa altura, Bastian apercebe-se de que sabe o novo nome da Imperatriz Menina, “Menina Luar”. Ao dizê-lo, é transportado para Fantasia, aparecendo como um príncipe, alto, forte e ricamente vestido. A Menina Luar entrega-lhe AURIN, o seu amuleto, e deixa-o sozinho, para ele reordenar o mundo. Bastian começa por criar coisas boas, mas ao longo do tempo começa a querer ser cada vez melhor, e todos os seus desejos de força, beleza ou capacidades são realizados, até que deseja ser imperador de Fantasia. Para tal trava uma grande guerra, na qual participam ele e os seus apoiantes, contra Atréju, Fuchur e os que querem a liberdade de Fantasia. Nessa batalha, Bastian fere Atrejú. Apesar disso, depois de Bastian perceber o mal que fez e não conseguir voltar para o seu mundo, Atréju ajuda-o, mostrando maior sabedoria. Esta história é mais profunda do que parece: mostra os defeitos e os erros dos Homens; todas as personagens representam alguma coisa (como é o caso de Xaíde, a feiticeira que influencia Bastian e que representa as pessoas manipuladoras que se aproveitam dos outros); e até a história em si tem um significado próprio, representando a vida. Achei este livro muito interessante e cativante, pois dá prazer lê-lo. Pode passar lições de vida e tem um certo ar de mistério, pois fica-se na dúvida sobre se Bastian entrou verdadeiramente em Fantasia, ou, simplesmente, imaginou tudo, como todos aqueles que leram A História Interminável. João Luís Carvalhal, 8ºE
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ohn Steinbeck escreveu o livro As pastagens do céu, em 1932. Nesta obra, retrata doze personagens inseridas na vida rural em que aparecem interligadas. Enquadra-se no século XVIII (1774), época em que se realizavam missões com o objetivo de converter os nativos das terras conquistadas. A obra passa-se na Alta Califórnia. O autor revela alguma ironia na caracterização da sociedade através dos seus personagens. É uma obra muito interessante, pois descreve pormenorizadamente o ambiente campestre, o trabalho agrícola e os reflexos desse na vida dos seus personagens. No fim da obra, apercebemo-nos de que o título atribuído se refere a um lugar onde as pessoas vivem em segurança e satisfeitas com a realidade da vida, não havendo distinção entre classes sociais. Pedro Alexandre Laranjeira, 8ºD
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O Papalagui
Tudo por Amor
de Erich Scheurmann
de Jodi Picoult
Duarte Santos, 8ºD
Mafalda Monteiro, 12ºG
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Papalagui é um conjunto de discursos do chefe de tribo Tuiavii, de Tiavéa, cidade de Upolu, uma das ilhas de Samoa, na Polinésia. Foi escrito no início do século XX. Tuiavii critica todos os hábitos e costumes, bem como o modo de vida do Homem Branco, a que ele chama “O Papalagui”. Critica, por exemplo, como o Papalagui cobre as suas carnes com os seus inúmeros panos e esteiras, isto é, as suas inúmeras roupas, como tem que fazer sempre tudo a correr, cheio de pressa, por nunca ter tempo, a importância excessiva que dá ao dinheiro, ao ponto de viver em função dele e o facto de se especializar numa só profissão. Tuiavii admira-se com tudo o que faz parte da nossa civilização ocidental, tão diferente daquilo a que está habituado. Ao mesmo tempo, leva-nos a pensar se aquilo que achamos normal o será realmente, se aquilo a que damos importância a terá ou se não poderemos ser felizes com coisas que parecem ser insignificantes. Fiquemos agora com alguns excertos ilustrativos: “O Papalagui é pobre porque está obcecado pelas coisas. Já não pode passar sem elas. (…) De todas as coisas faz ele inúmeras coisas, quando uma só bastava. (…) Quem tem poucas coisas considera-se pobre e isso fá-lo sentirse triste. (…) Por mais numerosas, por mais refulgentes, brilhantes, sedutoras e aliciantes que sejam, nunca as coisas do Papalagui tornaram mais belo o seu corpo, mais brilhantes os seus olhos, mais apurados os seus sentidos. As coisas dele não servem, pois, para nada;”
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esengane-se quem, induzido em erro pelo título, pensa que este é mais um romance comum que nada de novo acrescenta às experiências do leitor. Tudo por amor é mais uma obra desta escritora de renome, sendo uma lição de vida, aconselhada a ler por toda a gente que já o fez. Com efeito, Nina, advogada, e o marido descobrem que o seu filho de 5 anos foi vítima de abuso sexual, o que faz com que, de repente, o seu mundo se desmorone e a linha que separa a vida pessoal da profissional desapareça. De facto, o desenrolar da história em questão é marcante e surpreendente: Nina está disposta a tudo para descobrir quem fez tão mal ao filho e, se for preciso, abdicar da sua carreira e matar. Tomada pela raiva e pela sede de vingança, lança-se num plano para fazer justiça com as próprias mãos, pondo em risco tudo que adquiriu ao longo da vida, pessoal e profissional.
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Rua Aurélia de Sousa nº 49
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“O Homem que Via Passar as Estrelas”
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Tribuna, Miguel Sousa Rita Rocha e Rodrigo Barroso.
Homem que Via Passar as Estrelas, de Luís Mourão, foi a última peça encenada pelo professor José Fernando Ribeiro que já nos vem habituando, todos os anos, a um padrão de qualidade muito interessante de seguir. Desta vez, Newton (tão bem caraterizado que foi!) era a personagem que nos guiava pelo mundo das estrelas e dos planetas. Principalmente estes últimos, que nos contavam os seus pequenos grandes «problemas», as suas manias, as suas virtudes e vantagens face aos outros, sempre com um rigor científico e um humor contagiante de assinalar. O 9ºC foi quem emprestou vida a estas personagens de um modo inesquecível para quem assistiu. Os nomes dos atores e atrizes aqui ficam para memória futura: David Capela, Ema Cruz, Manuel Silva, Mara
Esta representação foi uma das atividades do subprojeto Ler|Escrever Ciência do projeto Fazer Melhor, Aprender Mais (também conhecido entre nós todos por projeto EMA). No final, os professores Manuela Violas e Carlos Morais entregaram lembranças aos atores e ao premiado no concurso Escrever Ciência: quem escreve um conto acrescenta um ponto, pelo trabalho escrito intitulado Ninguém coçava a barba como Charles Darwin, apresentado a concurso por João Carlos Matos, 9º B, sob o pseudónimo Robert Fitz-Roy. O referido concurso foi uma das atividades desenvolvidas durante o ano no âmbito do subprojeto Ler|Escrever Ciência, do projeto Fazer Melhor, Aprender Mais.
Continuação da página 11 - Fomos a Moncorvo No final das visitas, os alunos passaram à descoberta dos principais pontos de interesse do património cultural e arquitetónico da vila através do pedypaper preparado para o efeito; destaque para os Paços do Concelho, a Igreja Matriz, o castelo e a calçada da Idade Média. Embora com muito pouco tempo, a visita à vila foi feita a pé pelo centro histórico e pelo núcleo medieval onde se incluem as casas solarengas e a algumas das “oficinas artesanais” de venda de produtos regionais e confeção da “amêndoa coberta de Moncorvo”. Ainda no campo das tradições ,destaque para a semana em que se realizavam os festejos de Constantino, “o Rei dos Floristas”. Reza a história que o "célebre artista" imitava como ninguém as flores naturais, tendo-se consagrado em Paris, na exposição de 1844. Ainda puderam contemplar um dos ramos de flores feito por Constantino ,que se encontra conservado e exposto na Igreja da Misericórdia. Após a compra de alguns produtos regionais, como o pão, as cerejas e as famosas amêndoas, regressamos ao Porto, com um conhecimento e uma visão do território mais ampla, e uma consciência mais completa e real dos seus recursos, permitindo uma leitura verdadeiramente apaixonada da realidade geográfica e do país em que vivemos, contribuindo assim para uma cidadania mais interveniente e criativa. Alexandra Ribeiro de Sousa (do 10º I) e Mariana Batouxas (profª de Geografia)
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A Evolução dos Jogos
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mundo dos jogos é um mundo relativamente novo. Em poucos anos este evoluiu repentinamente. É impressionante como em 52 anos fomos capazes de passar de jogos como " Pong" para os jogos de hoje em dia, já com efeitos tridimensionais e histórias bem mais desenvolvidas do que certos filmes. Todo este extenso e maravilhoso universo teve início em 1961, onde Steve "Slug" Russell, Martin "Shag" Graetz, e Wayne Wiitanen conceberam o primeiro jogo alguma vez visto, “Spacewar!”, sendo este mostrado ao público um ano mais tarde. Hoje em dia, as máquinas portáteis já são utensílios muito comuns e quase todas as máquinas que vemos “correm” vários jogos. Pois bem, esta máquina e muitas que se seguiram só “corriam” um jogo. Se perguntares a uma criança de hoje em dia o que é uma arcade esta vai ficar a olhar para ti como se estivesses a falar chinês. Tudo começou com as velhas arcades, as bisavós das playstations e nintendos, máquinas que, comparadas com as de hoje, estavam claramente em desvantagem. Estas não se compravam, eram expostas ao
público em lojas e quem quisesse jogar tinha de pagar uma moeda. “Que coisa estranha, jogar em máquinas que não nossas ou de conhecidos” pensam as pessoas de hoje, “ainda pior, não podermos comprar uma máquina só para nós!”. Pouco tivemos de esperar até aparecerem esses pequenos instrumentos a que estamos habituados hoje. Em apenas 24 anos após o
primeiro jogo, fomos capazes de criar máquinas que se vendiam ao público, máquinas que lessem vários jogos – as NES (Nintendo Entertainment Systems). Já repararam como em apenas 24 anos
passamos de um grande “monstro” para uma pequena caixa que lê variadíssimos jogos? Já viram a grande evolução que se deu? E melhor, em 4 anos após isto, criamos as máquinas portáteis, um verdadeiro escândalo! Uma máquina que não precisava de se ligar a sítio nenhum! Tentem imaginar como ficaram as pessoas que para jogar precisavam de ficar presas a uma televisão. Reparem o que se fez desde então neste pequeno saltinho do século XX para o XXI – máquinas que reconhecem voz, jogos que, para a sua produção, precisaram de verdadeiros atores e vários sensores de movimento corporal, jogos com mundos infinitos… Uma verdadeira loucura. Ainda existem pessoas que dizem que os jogos só servem como distração do que realmente importa, mas essas são as que recusam a abrir os olhos para o maravilhoso mundo que o humano criou. Perguntam por provas? Ultimamente, a indústria de jogos atingiu um lucro maior do que a indústria de cinematográfica alguma vez teve. Ou, outro exemplo, o jogo “Beyound Two Souls” foi apresentado no festival “Tribeca Film Festival”. Miguel Pereira, 8ºF
“Hunger Games”, uma Saga de Sucesso
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filme “Hunger Games” ou “Jogos da Fome”, é um filme de sucesso inspirado no primeiro livro da saga literária de Suzanne Collins. Sendo dirigido por Gary Ross, obteve uma recensão positiva dos críticos e uma avaliação de 7.3 em 10 no imdb.com. A ação deste filme toma lugar em Panem, uma terra afectada por uma destrutiva guerra. Panem, devido à falta de recursos, dividiu-se no Capitólio e nos 12 distritos: o da luxúria, o da alvenaria, o da tecnologia, o da pesca, o do poder, o do transporte, o do trabalho em madeira, o do têxtil, o do gado, o do cereal, o da agricultura e da mineração. Todas as matérias produzidas pelos distritos são enviados para o Capitólio, onde se terá de decidir como serão distribuídos e aproveitados. Devido à falta de alimentos para
todos, criaram-se os “hunger games” – dois jovens de cada distrito (um rapaz e uma rapariga), chamados “tributos”, são escolhidas aleatoriamente para representar os
seus distritos numa batalha até à morte, até só restar um. O distrito da criança vencedora receberá uma maior porção de recursos (sendo que o resto iria principalmente para o Capitólio, onde viviam os mais ricos). Apesar da ilusão de “pobreza” que é alimentado por estes, uma grande desigualdade pode observar-se , pois enquanto pessoas morrem à fome nos distritos, os habitantes do Capitólio vestem-se pomposamente, vivem em ótimas casas. Katniss Everdeen, uma cidadã do Distrito 12, terá de participar no torneio no lugar de sua irmã mais nova, ao lado de Peeta Malark, um mestre em camuflagem. Katniss terá não só de lutar contra todos os outros tributos, mas também consigo mesma e com os seus remorsos. Miguel Pereira, 8ºF
Número XXXIX I julho 2014 I 40 anos do 25 de abril na Aurélia de Sousa I Notícias da Biblioteca I Dinamarca—projeto Comenius I Dia da Europa na ESAS I Nas instalações do CERN I Sades o que significa ? I Parlamento dos jovens - visão crítica I Viver em democracia I Convidamos Miguel Carvalho - revista Visão I Lá e Cá - Porto Rico I Fomos a Torre de Moncorvo I Dias da Geografia I As Ribeiras do Porto I A provedora da pessoa com deficiência da C.M.P. I A pena de morte I O significado da Vida I Sem-abrigo I Ninguém coçava a barba como Charles Darwin I Portugal nas bocas do mundo I O consumismo I Desporto Escolar—Ténis I O panda do 8ºE I Qual a banda que vendeu mais ? I O Mundo da Blogosfera I A História Interminável I As Pastagens do Céu I O Papalagui I Tudo por Amor I O Homem que Via Passar as Estrelas I A evolução dos Jogos I Festa de Finalistas 2014 26
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Baile de Finalistas 2014 Mariana Oliveira, 12ºG
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oi na Fundação Cupertino Miranda, na Avenida da Boavista, no dia 13 de junho, que teve lugar o baile de finalistas. Alunos dos vários cursos da Escola Aurélia de Sousa, e alguns dos seus professores, juntaram-se naquela noite que iria marcar o final de uma etapa e o início de outra: o culminar de três anos de frequência do ensino secundário.
Vestidos de gala, fatos, boa disposição, fotografias e animação marcaram esta noite. O jantar teve início pelas 22 horas e a festa, com música animada e muita dança, prolongou-se noite dentro. Ficam as memórias desta noite, e de muitos outros momentos da vida escolar de todos, e a esperança de que, daqui em diante, tudo corra bem, no caminho que cada um decidir percorrer.
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Editorial
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FICHA TÉCNICA
Coordenadores: Ana Amaro (profª), António Catarino (prof.), Carmo Rola (profª), Julieta Viegas (profª) e Maria João Cerqueira (profª)
hega ao fim mais uma etapa, mais um ano, mais uma escada num percurso cada vez mais pleno de obstáculos. Para os nossos estudantes, principalmente aqueles que chegaram ao último patamar do Secundário, isso significa provavelmente um início. Um início muito diferente dos que tiveram os seus avós, pais, professores e até irmãos mais velhos. O que mudou? Mudou a forma de escolhermos os cursos e mudou o «mercado». Um aluno que chega ao fim do Secundário, seja do curso geral, seja do profissional, hoje, encontra-se com várias encruzilhadas e num verdadeiro labirinto que, em teoria, pode não ser forçosamente mau. Com Bolonha, pode-se optar por dois anos de Direito, fazer o mestrado em Relações Internacionais, uma especialização em Direito Comunitário e um doutoramento sobre Cultura Chinesa. A elasticidade das escolhas permitidas aos alunos é uma realidade e faz os professores olharem com mais atenção aos seus programas (ultrapassados perante esta realidade?) e os pais a reverem os seus conselhos. É isto a globalização. O que não é tanto globalização, mas mais imposição, é o facto de cada vez mais universidades estrangeiras «pescarem à linha» nas nossas escolas secundárias o que também nos faz pensar na escola que deveremos ter. Existem hoje empresas (DN de 20 de maio de 2014) que recrutam estudantes do Secundário para instituições superiores dos países mais ricos da UE, sem pagarem propinas e só o fazendo quando, nos seus empregos futuros, ganharem o mínimo de 25,5 mil euros por ano. Não será em Portugal, certamente. Parece que a empresa é de sucesso e louve-se-lhe o empreendedorismo, mas qual a reação do governo português perante esta autêntica agressão ao nosso futuro e à nossa inteligência? Triplicar a austeridade! Ou melhor: perante a exigência da Troika em limitar as despesas na Educação, o ME triplicou a austeridade dita necessária nas nossas escolas, atingindo os cortes 1100 milhões de euros e fazendo com que haja menos professores, menos funcionários, menos dinheiro, menos materiais pedagógicos, menos projetos. Os diretores das escolas públicas foram unânimes quando vieram denunciar esta situação clamando de «brutal» este corte (Público de 6 de maio de 2014), tanto mais que a única conta de somar que fazem é do número de alunos que entram nas escolas públicas. A degradação está à nossa porta. A juntar a isto tudo, os alunos do Secundário público têm de confrontar-se com as notas inflacionadas do privado que, segundo o Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Universidade do Porto (CIIE) é um verdadeiro escândalo: «meio valor corresponde a uma subida média de 60% na lista de acesso e um valor a uma subida de 90%». Conclusão deste estudo já editado em revistas estrangeiras de Ciências de Educação: «de forma sistemática existe um padrão de diferença entre a classificação interna e a classificação externa que tem favorecido os estudantes das escolas privadas» (Público de 3 de maio de 2014). Como sempre, a Educação não merece o mínimo respeito dos seus ministros. Como sempre, o trabalho de mérito dos nossos alunos do Secundário tem como prémio uma viagem para uma universidade estrangeira, longe dos seus e do país que deveria desenvolver e que apostou em si. Provavelmente com bilhete só de ida.
Equipa redatorial e revisão de textos: António Catarino (prof.), Ana Amaro (profª) e Maria João Cerqueira (profª )
Fotografia: António Carvalhal (prof.)
Capa: Carmo Rola (profª).com foto de Mariana Batouxas (profª)
Paginação e Maquetagem: Julieta Viegas (profª) Outros colaboradores:
Alexandra Ribeiro de
Sousa (10ºI), Amélia Mascarenhas (profª), Bernardo Sarmento (10ºG), Biblioteca CRE-BE, Carlos Morais (prof.), Daniela Cunha (12ºA), Duarte Santos (8ºD), Fátima Alves (profª), Henrique Vasconcelos (12ºA), Hugo Coelho (8ºE), João Carlos Matos (9ºB), João Paulo Gonçalves (8º E), João Luís Carvalhal (8ºE), Jorge Ferreira (11ºE), Mafalda Monteiro (12ºG), Maria Luísa Mascarenhas (profª responsável pela Biblioteca), Maria Gabriela (10ºG), Maria da Paz (10ºG), Mariana Batouxas (profª) Marta Vedor (10ºG), Miguel Pereira (8ºF), Paula Magalhães (profª), Pedro Alexandre Laranjeira (8ºD), Tiago Dias (12ºF), Mariana Oliveira (12ºG), Pedro Braga Carvalho (ex – aluno l formado em Direito), e Zaida Braga (profª).
ESCOLA SECUNDÁRIA/3 AURÉLIA DE SOUSA
Rua Aurélia de Sousa - 4000-099 Porto Telf. 225021773
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Artigos de Papelaria e escritório
julho. 2014 http:// www.issuu.com (pesquisa: jornalesas)
1,50 € Os textos para a edição XXXIX do Jornalesas foram redigidos segundo as novas normas do acordo ortográfico