Rumos da Pintura na Era da Imagem Técnica

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Michael Archer descreve o momento da arte no início da década de 1960 como um momento no qual ainda seria possível ver uma arte dividida entre o domínio de duas linguagens, a pintura e a escultura. Ele sinaliza o fortalecimento da colagem cubista, do uso da assemblage, da performance futurista e dos eventos dadaístas como o início de desafio deste duopólio, já citando também a legitimação crescente da fotografia como expressão artística independente. Archer detecta a partir deste cenário de intensa experimentação, uma forte tendência da arte rumo ao real e à vida diária. Ele cita o Neodadaísmo nas obras de Jasper Jonhs e Robert Rauschemberg a partir dos meados dos anos de 1950, pelo uso particular que faziam de temas variados do mundo cotidiano, dialogando com as experiências iniciadas por Marcel Duchamp décadas antes com seus “readymades”. Este momento, portanto, já apontava para a hibridização de linguagens e uma liberdade, e até então pouco vista, do uso de materiais e técnicas não tradicionais ao fazer artístico. A Arte Pop foi reconhecida como movimento nos Estados Unidos no começo da década de 1960, cujas obras utilizavam temas extraídos da banalidade da vida urbana baseadas em grande parte na cultura visual de massa. Archer cita no final de 1962 um simpósio sobre Arte Pop realizado no Museu de Arte Moderna de Nova York, no qual a discussão corrente partia do questionamento se a Arte Pop havia contribuído com algo novo em termos de forma e conteúdo. No que diz respeito à forma, uma crítica contundente salientava que não havia nenhuma inovação na Arte Pop que já não houvesse sido experimentada por Jasper Johns ou pelos expressionistas abstratos. E no que se refere ao conteúdo, a Arte Pop também não almejaria a transformação e sim a crítica e a afronta ao sistema capitalista. Archer define a Arte Pop como um fenômeno norte-americano, na medida em que a Arte Pop tratava da realidade social do mundo americano. Archer diferencia, no entanto, Arte Pop do nome Pop que já vinha sendo usado em relação a artistas britânicos como Richard Hamilton e Peter Blake desde os anos 1950. O foco destes artistas também se dava em relação à expansão da influência da cultura americana, porém de modo mais reflexivo e distanciado que o grupo americano. Posteriormente nos meados da década de 1960, as duas vertentes parecem estar mais conectadas, depois do florescimento de um novo grupo de artistas formados no Royal College Art de Londres, os quais uma conexão de temas e tratamentos similares à


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