PARA SEMPRE SUA

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enquanto, durante a reforma da cobertura. Gideon falou que você pode mudar o que quiser no seu apartamento enquanto isso.” “Meu apartamento.” Ele me olhou nos olhos, o que me deixou ainda mais nervosa. Um homem e uma mulher passaram por nós para desviar de uma cadeira ocupada que estava bloqueando a passagem, mas eu ignorei sua presença e continuei falando. “Não estou propondo nenhuma caridade”, eu garanti a ele. “Andei pensando, e acho que preciso começar a fazer alguma coisa útil com o meu dinheiro. Criar uma fundação ou coisa do tipo pra promover as causas em que a gente acredita. Vou precisar da sua ajuda. E estou disposta a pagar por ela. E não só pelo seu trabalho, mas pela sua imagem também. Quero que você seja o porta-voz da fundação.” Cary apertou ainda mais a minha mão. Fiquei tensa. “O que foi, Cary?” Os ombros dele desabaram. “Tatiana está grávida.” “Quê?” Eu fiquei pálida. O pequeno restaurante estava lotado, e os gritos dos pedidos atrás do balcão e o som dos talheres e das bandejas se chocando tornavam difícil a tarefa de ouvir bem qualquer conversa, mas aquelas três palavras me atingiram como se Cary tivesse berrado comigo. “Você está brincando?” “Quem me dera.” Ele soltou minha mão e tirou a anja da ente dos olhos. “Não que eu não queira ter um filho. Essa é a parte legal da coisa. Mas... porra. Não agora, né? E nem com ela.” “Como foi que ela engravidou?” Cary levava a proteção muito a sério, pois sabia que seu estilo de vida envolvia altos riscos. “Bom, eu enfiei o pau nela e continuei metendo até...” “Ah, cala a boca”, eu interrompi. “Você sempre soube se prevenir.” “Ah, sim, mas nenhuma proteção é cem por cento garantida”, ele disse, bem sério, “e a Tati não toma pílula porque diz que seu apetite fica descontrolado.” “Meu Deus.” Senti meus olhos arderem. “Tem certeza de que o filho é seu?” Ele deu um sorrisinho amarelo. “Não, mas isso não significa que não seja. Ela está de seis semanas, então é possível.” “E ela vai ter o bebê?”, fui obrigada a perguntar. “Não sei. Ela ainda não decidiu.” “Cary...” Não pude evitar que uma lágrima escorresse pelo meu rosto. Meu coração estava apertado por ele. “O que você vai fazer?” “O que eu posso fazer?” Ele se recostou na cadeira. “A decisão é dela.” Essa noção de impotência devia estar acabando com ele. Sua mãe, depois de ter um filho indesejado, o próprio Cary, começou a usar o aborto como método contraceptivo. Eu sabia que aquela era uma questão delicada para ele. “E se ela decidir levar a gravidez até o fim? Você vai precisar fazer um teste de paternidade, não?” “Meu Deus, Eva.” Ele me encarou com os olhos vermelhos. “Nem pensei nisso ainda. E o que eu vou falar pro Trey? Bem agora que a gente está se acertando? Ele


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