Falatório

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FALATÓRIO JORNAL EXPERIMENTAL DA FACULDADE DA SERRA GAÚCHA | DEZEMBRO.2016

Hábito de beber traz efeitos na saúde Além de questões sociais, consumo em excesso pode levar a pessoa a ter cirrose hepática, trombose e até câncer João Santos Pereira, 57 anos, tem uma longa história com o álcool. Aos 14 anos já bebia doses que lhe deixavam praticamente sem consciência. Cachaça, cerveja e principalmente vinho eram seus alvos principais. A situação piorou nas décadas seguintes e por conta do consumo em excesso, João teve cirrose e encarou um longa luta para se livrar do vício. Apesar de suas nuances, o relato de João não é muito diferente de vários outras histórias em uma sociedade onde beber em festas, bares e até mesmo em casa se transformou em rotina. O consumo de álcool afeta a saúde de milhares de pessoas ao redor do planeta. Segundo levantamento feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2012, 3,3 milhões de pessoas morrem pelo consumo excessivo de álcool anualmente, totalizando 5,9% das mortes em todo o mundo. O prazer de beber até cair não vem sozinho, muitas doenças estão ligadas a este habito tanto para mulheres, quanto para homens. Pesquisas realizadas na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontam que o consumo em grande escala de álcool pode causar até 200 tipos de doenças, algumas de forma direta e outras como um agravante, como é o caso da cirrose hepática, trombose e câncer. João, por exemplo, integra a lista dos que encararam uma doença que pode ser fatal: a cirrose. Durante dois anos, ele se submeteu a tratamento médico e conseguiu se recuperar.

Luiz Carlos Erbes

Eduardo Villasnetto

Consumo de bebidas alcoólicas em grande escalar pode causa até 200 tipos de doenças, segundo estudo da Unifesp Para evitar novos problemas, lutou e conseguiu parar de beber. Em outro aspecto, João também reflete as estatísticas. Ele começou a beber desde jovem, vendo o pai beber. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cada vez os jovens têm bebido mais e em maiores doses. Segundo o levantamento, a maior parte dos estudantes consumiu bebidas

alcoólicas pela primeira vez antes de completar 14 anos, e 14 mil morreram antes mesmo de completar 19 anos. A pratica do consumo excessivo é cada vez uma realidade mais comum. Entre os homens, a média é de cinco doses em um espaço curto de tempo, o que na grande maioria das vezes acarreta na perda total da consciência e na falta

Caxias tem queda nas mortes de trânsito Bruno Peruchin Trinta e três pessoas morreram no município de Caxias do Sul em ocorrências de acidentes com carros entre janeiro e outubro deste ano. Este é o menor índice desde 2010, quando morreram 67 pessoas. A redução é resultado de uma nova abordagem ao problema desde 2011. Após a morte de três jovens em frente à Igreja São Pelegrino, na região central da cidade, as autoridades criaram uma força-tarefa para atacar o problema. O condutor do carro em que estavam os três jovens dirigia embriagado, o que levou a uma intensificação da fiscalização. Desde então, as blitze nas madrugadas se tornaram costumeiras em Caxias do Sul. Os resultados não tardaram a aparecer. Não apenas o número de vítimas fatais diminuiu, o total de pessoas embriagadas também teve uma

queda nos últimos anos. Diferente de Caxias do Sul, no Estado não houve queda em flagrantes de embriaguez, mas sim um aumento três vezes maior desde o início da Lei Seca. Em 2014, o Rio Grande do Sul registrou 23,3 mil ocorrências com embriaguez ao volante. No ano passado, este número foi reduzido para 21,1 mil ocorrências. Apesar de o número de ocorrências estar se reduzindo gradativamente ano a ano desde a implantação da lei, o número geral de embriagados passou de 6,8 mil em 2008 para mais de 21 mil em 2015. Os números são reflexo da nova legislação, mais rigorosa, e da ampliação das blitze. A instrutora de CFC Sandra de Oliveira explica que até 2008 o nível de álcool permitido durante o teste do etilômetro era bem maior.

“Com a lei da tolerância zero, passou a vigorar a lei seca”, afirma. “Em outubro, tivemos 54 pessoas autuadas na cidade por alcoolemia.” Para Sandra, a legislação mais rigorosa é positiva. “Muitas vezes, os condutores autuados nos criticam, porém, meu pensamento é o seguinte: nunca poderei provar, mas pode ser que muitos que foram autuados e tiveram seu veículo removido, ou entregue a um condutor habilitado, deixaram de se envolver em um acidente que poderia ter lhes tirado a vida, ou de outras pessoas. Acredito que em nossa cidade houve uma redução muito grande no número de condutores que ainda insistem em dirigir alcoolizados, e a aplicação da lei existe em respeito às pessoas que cumprem as normas e contribuem para a preservação da vida.”

de controle sobre seus atos. Para as mulheres a média é de quatros doses, o que causa o mesmo efeito, segundo a OMS. Beber um pouco por dia ou beber muito em apenas um dia leva o consumidor a ter o mesmo resultado. Dados divulgados pelo Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil apontam que jovens entre

12 e 24 anos têm maior tendência em consumir bebidas em momentos distintos, mas em uma quantia maior, o que leva à dependência. Já as pessoas dos 30 anos em diante consomem um pouco por dia, o que lhes dá a falsa sensação de saúde. Porém os dois chegam ao mesmo resultado. A única diferença é o tempo que levarão para se encontrar com as doenças.

Entenda o bafômetro Para combater a embriaguez no trânsito, as policias rodoviárias federal (PRF) e estadual (PRE) possuem aparelhos conhecidos popularmente como bafômetros. Em termos científicos, são conhecidos como etilômetros, termo derivado de seu funcionamento, pois há uma reação entre o ar que o suspeito expeli e um reagente dentro do aparelho. Existem dois tipos de etilômetros: o que possui dicromato de potássio, em que a presença de álcool altera sua cor, e o outro feito com células de combustível, que geram uma corrente elétrica. Os bafômetros que possuem como principal reagente a célula de combustível são os mais encontrados. O funcionamento do bafômetro é relativamente simples. Com a ajuda de um catalisador dentro

do objeto o ar expelido pelo sujeito junto com o oxigênio presente reage, liberando elétrons de ácido acético e de íons de hidrogênio. Através de um fio condutor os elétrons transmitem uma corrente elétrica e um chip calcula a porcentagem de álcool e mostra num monitor a concentração de álcool no sangue. Quanto maior for a corrente elétrica transmitida pelos elétrons maior será o teor alcoólico no sangue do indiví duo. O aparelho necessita apenas de um litro de ar para ter a medição correta, o que equivale a um sopro de apenas cinco segundos. O local onde cada pessoa assopra é descartável e o bafômetro possui um dispositivo que impede o ar que está em seu interior de sair, tornando o aparelho totalmente seguro com relação à higiene.


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