Audiovisual comunitário e educação: histórias, processos e produtos

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Coleção “Comunicação e Mobilização Social”

Confesso que, na época em que eu estudava, era muito difícil questionar. Eu ficava na posição de receptora, mesmo. Não eram criados momentos que possibilitassem discussões, além das matérias formais. De alguma forma eu nem imaginava que eles poderiam existir. Foi, então, a partir do processo formativo que vivi na ONG Associação Imagem Comunitária (AIC) que comecei a perceber a diferença entre a educação formal e a educação não formal. Com a experiência, entendi essas duas maneiras de educar e ser educada. Pude entender que existem propostas formativas que nos permitem atuar com outros papéis. No cotidiano do projeto, fui percebendo que precisava atuar de forma mais ativa, que cabia a mim questionar, expressar quais eram as minhas vontades e meus sonhos, fazer minhas críticas e começar também a fazer propostas. Passei a mostrar para outras pessoas meus desejos e meus sentimentos. Tudo começou a ser possível para mim. É preciso ressaltar que há falta de clareza no entendimento dos espaços de formação, como se eles se restringissem à sala de aula. O autoritarismo do espaço escolar acaba muitas vezes por pensar a educação não formal como se ela rivalizasse com os professores. Dentro do espaço escolar, a forma de trabalhar da educação informal choca, pois é muito diferente do ensino tradicional. Buscamos promover outras atuações dos alunos, fomentando o pensamento coletivo e possibilitando a efetiva escuta das demandas e das sugestões dos jovens. Isso faz uma grande diferença. Os alunos começam a compreender o sentido do que estão fazendo. Quando experimentam esse espaço de formação, tem início, muitas vezes, por parte dos alunos, um questionamento dos procedimentos empregados pela educação formal. Enxergar isso como rivalidade é inútil. A educação informal não busca tomar o espaço de professores e da direção, mas construir ambientes em que os indivíduos possam se expressar e se mostrar. Esse objetivo não implica disputa. A ideia é unificar; descobrir algo diferente para os alunos e, junto com eles, complementar as formas, as culturas e os conteúdos trabalhados em sala de aula. Isso não quer dizer que a educação informal é a 344


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