Revista Conceitos | nº 19 | Dezembro 2013

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mulheres. Dentre os periódicos, que difundiram o pensamento feminino, estão: O Belo Sexo, em 1862; Biblioteca das senhoras, em 1874; O Bisbilhoteiro, em 1862; Eco das damas, em 1879; Recreio do belo sexo, em 1856, e tantos outros. Os periódicos destinados às mulheres surgiam, como um canal, de expressão das vocações literárias, de certa forma, como “eco de confidências”. Anayde Beiriz, também teve seus contos publicados na imprensa. Foi colaboradora na Revista: paraense Belém Nova, nas pernambucanas A Pilhéria e Revista da Cidade, na imprensa paraibana, na página literária do, O Jornal, na Era Nova e na Revista da Semana, identificadas com o movimento modernista. A idéia de progresso e de emancipação feminina se sedimentava em muitos espaços que se expandiam pelo país, com o efervescente movimento da europeização e da modernização, vindos do Rio de Janeiro, a capital cultural do Brasil. E depois, eclodindo em São Paulo, com a Semana de Arte Moderna (NOVAIS, 1998). O movimento vanguardista cultural na Parahyba do Norte foi representado pelo Grupo dos Novos, da qual participava o paraibano Amaryllo de Albuquerque, filho do senador Octacílio de Albuquerque, residentes na cidade do Rio de Janeiro (capital federal). O escritor vinha à cidade para organizar a reunião dos Novos, conhecidas por serões lítero-musicais. As reuniões alternavam-se entre as residências dos médicos, José Maciel, Alceu Navarro e do comerciante estrangeiro Davidson, ao lado dos intelectuais, Perylo D’Oliveira, Orris Barbosa, Eudes Barros, Silvino Olavo e Severino Alves Aires, Raul de Góes, Samuel Duarte, Demetrio Toledo. Freqüentadora assídua dos saraus, Anayde tinha admiração pelo jornalista e poeta pernambucano, Austro Costa (1899-1953 - integrante do movimento modernista pernambucano, e publicou em 1922, Mulheres e rosas). Austro mantinha uma coluna diária no Diário da Tarde e apreciava publicamente as produções da professora Anayde. Também participavam outras figuras femininas, como Adamantina Neves, a pintora, Amelinha Theorga e Odete Gaudêncio como declamadoras. A participação de Anayde como declamadora de poemas futuristas causava assombro às pessoas mais conservadoras. Nessa contextualização percebemos a influência cultural da modernidade sobre os indivíduos daquele período. Enfim, por tudo isso, pode-se dizer que o contexto vivido por Anayde, na primeira fase da Conceitos - N. 19, Vol. 2 (Dez. 2013)

ADUFPB - Seção SIndical do ANDES-SN

Anayde Beiriz, no dia da sua formatura em 1922 (STUCHERT FILHO, 2004, p. 60, V. 1)

República ficou marcado como o século das mulheres, isto porque o século anterior havia aberto caminhos, para grandes conquistas femininas. O século da ousadia, da busca pela liberdade, por novos valores, novos comportamentos. Movimentos que marcaram grandes transformações sociais, políticas e econômicas. Mentalidade que influenciou o pensamento ético-religioso nas relações entre os gêneros, ou seja, o século da modernização. No campo educacional, as mudanças trouxeram o entusiasmo pela escolarização, e favoreceu a educação feminina, consequentemente, a sua profissionalização. As Escolas Normais, que de início atendiam homens e mulheres separadamente, ou em regime de aulas alternadas, com o objetivo de capacitar professores para o magistério primário, tiveram a freqüência esmagadora das mulheres. Assim como algumas normalistas da época, Anayde Beiriz almejou um futuro promissor, com independência profissional e intelectual. Ela inspirou-se, na mentalidade de modernização, que se expandia de forma global e, expressou livremente suas ideias favoráveis ao mundo moderno. 73


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