Associação dos Docentes da UFF
ADUFF SSind
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Novo reitor da UFRJ, Leher tem trajetória na luta contra privatizações
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Em Campos, comunidade acadêmica cobra soluções do Comitê Gestor
Seção Sindical do ANDES-SN Filiado à CSP/CONLUTAS
Maio (1ª quinzena) de 2015
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A falta de luz na parte final da assembleia do dia 5 não impediu o debate de ideias e a aprovação das propostas
Assembleia aprova indicativo de greve Assembleia aprova indicativo para final de maio e paralisação na quinta (14); nova assembleia dia 21; Insatisfação é geral com cortes no orçamento, condições de trabalho e ataque a direitos; Mobilização pressiona para que ‘ajuste fiscal’ não congele salários, carreira e concursos; Pressão na negociação: governo pode evitar greve se ceder e negociar. páginas 2 a 5
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Jornal da ADUFF
Editorial
Carta à categoria sobre a mobilização A
s bombas atiradas sobre os profissionais de educação e demais servidores públicos paranaenses são a face mais hedionda de um processo mais amplo. Não por acaso há greves de profissionais da educação em curso em diversos estados. Em todos eles, governe o partido que governe, para além do já asfixiante arrocho salarial, as políticas de “ajuste fiscal” destroçam como dentadas de pit bulls raivosos os direitos dos trabalhadores do serviço público, como no caso do ataque à previdência no Paraná. A mesma lógica que preside a política econômica do governo federal. Em 23 de abril o Secretário de Relações do Trabalho do Ministério de Planejamento (SRT/Mpog), Sérgio Mendonça, recebeu representantes dos sindicatos de servidores públicos federais e anunciou que as negociações salariais dependeriam do andamento das votações do ajuste fiscal no Congresso e do novo decreto de contingenciamento do orçamento, que, segundo ele, pode até suspender os concursos públicos. No mesmo dia, o governo editou “decreto tampão” mantendo o limite de gastos mensais em 1/18 do orçamento (como acontecia desde janeiro), o que significa que, pelo menos até o novo decreto, continuam os cortes de 30%. No plano mais geral dos ataques aos direitos dos trabalhadores, depois do atraso na votação, decorrente das mobilizações nacionais do dia 15 de abril, a Câmara dos Deputados conclui a votação do projeto de lei que libera a terceirização de todas as atividades das empresas privadas. Enquanto isso, o STF confirma a “constitucionalidade” da lei que criou as Organizações Sociais, instrumento através do qual se operam as terceirizações generalizadas e as privatizações do setor público. Nenhuma mu-
adotado pela assembleia geral de docendança no quadro francamente negativo aos nossos interesses está no horizonte, tes da UFF. A paralisação e as atividades e se queremos mudar o estado de coisas de mobilização nos dias 7 e 8, assim será preciso que nos mobilizemos. como o indicativo de greve, tiveram efeiE a mobilização, afinal, dá seus to interno e externo. No plano nacional, primeiros resultados. Após a jornada de essa parece ter sido a mesma avaliação lutas de 7 a 9 de abril, o Planejamento do Setor das Federais do Andes-SN, que começou as reuniões de negociação indicou uma paralisação (em conjunto e nessa última, de 23 de abril, aceitou com os demais servidores) para 14 de iniciar discussões sobre as questões não maio, com caravanas a Brasília para presdiretamente salariais da pauta (datasionar a reunião de negociação. Aprovou -base, direito de greve e benefícios ainda um indicativo de greve para - como auxílio-alimentação, a semana de 25 a 29 de maio. entre outros), marcando A proposta de indinova reunião para cativo de greve já recebeu “Só a pressão 14 de maio. Iniciou a aprovação de mais de tem gerado também a rodada 20 assembleias gerais, de negociações movimentos da parte o que demonstra setoriais com as caque o crescimento do governo. Porém, tegorias, realizando nada de concreto nos foi da mobilização não no dia 6 de maio a ocorre apenas na UFF. apresentado e, caso Acreditamos primeira reunião com que esse o Andes-SN. Nada de recuemos, por certo caminho permanece corconcreto, porém, foi pronada será” reto, porque só a pressão tem posto até agora pelo governo. gerado movimentos da parte do Também na UFF as mobiligoverno. Porém, nada de concreto nos zações começam a fazer a reitoria prestar foi apresentado e, caso recuemos, por satisfações à comunidade universitária. certo nada será. Por isso, aprovamos na Após receber cartas construídas a parassembleia geral de 5 de maio a paralitir da paralisação de 7 e 8 de abril, das sação de atividades no dia 14 de maio unidades de Campos e Macaé, o reitor e a manutenção do indicativo de greve, anunciou uma rodada de visitas de pró-reitores às unidades fora da sede. Triste apenas constatar que, ao em vez de assumir que está respondendo a demandas públicas da comunidade universitária, O Jornal da Aduff já está dispoapresente as visitas como fruto de sua nível para a categoria em suporexclusiva preocupação e planejamento tes que estão sendo colocados (caso a reitoria queira realmente sair nas entradas das unidades. O do discurso vazio e provar na prática o envio pelos Correios será restrinseu interesse em negociar democraticagido a aposentados e ao interior. mente com a representação sindical dos Ou ao assossiado que solicitar o segmentos, é fundamental suspender os processos contra o Sintuff). envio para residência pelo email Por tudo isso, mostrou-se acertado, aduff@aduff.org.br. e tem tido algum resultado, o caminho
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com a definição da semana de 25 a 29 de maio para a sua eventual deflagração. Ressaltamos eventual deflagração, porque a manutenção desse indicativo não é uma decisão final. Será necessário avaliar o que o governo porá na mesa nas negociações específica e geral, assim como precisaremos ter uma dimensão real de qual a disposição de luta do conjunto dos docentes das Instituições Federais e pelas demais categorias. Se a conjuntura não deixa dúvidas sobre a necessidade de intensificarmos a mobilização e a luta coletiva, a responsabilidade nos obriga a levar a sério a continuidade do trabalho de mobilização de nossas bases e do esforço de construção conjunta de uma resposta unitária, que só poderá ser vitoriosa se for ampla e forte. Nova assembleia, após a negociação do dia 14, avaliará o quadro e decidirá sobre a greve. Que o exemplo de unidade, força e perseverança dos profissionais de educação do Paraná nos inspire. Eles estão sabendo honrar a defesa da educação pública, contra todo tipo de arbitrariedade. Estejamos a altura desse exemplo. Versão atualizada da Carta da Diretoria da ADUFF-SSind à assembleia geral de docentes da UFF de 5 de maio de 2015
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Agenda de atividades
MAIO 12/05 Visita do Comitê Gestor da UFF a Macaé 14/05 Paralisação 14/05 Reunião do Comitê Gestor em Pádua
15 e 16/05 Reunião do Setor dos Docentes das Ifes do Andes-SN Sede do Andes-SN, em Brasília
21/05 Assembleia dos Docentes da UFF Local e hora a confirmar
19/5 Visita do Comitê Gestor a Friburgo
21/05 Visita do Comitê Gestor a Volta Redonda (Vila e Aterrado)
23/05 a 24/05 Reunião do Grupo de Trabalho de Comunicação & Artes - GTCA do Andes-SN. Sede do Andes-SN, em Brasília 29/ 05 Dia Nacional de Paralisação e Manifestações
Presidente: Renata Vereza – História/Niterói • 1º Vice-Presidente: Gustavo França Gomes– Serviço Social/Niterói • 2º Vice-Presidente: Juarez Torres Duayer – Arquitetura • Secretário-Geral: Elizabeth Carla Vasconcelos Barbosa – PURO • 1º Secretário: Isabella Vitoria Castilho Pimentel Pedroso – COLUNI • 1º Tesoureiro: Wanderson Fabio de Melo – PURO • 2º Tesoureiro: Edson Teixeira da Silva Junior – PURO • Diretoria de Comunicação (Tit): Paulo Cruz Terra – História/Campos • Diretoria de Comunicação (Supl): Marcelo Badaró Mattos – História/Niterói • Diretoria Política Sindical (Tit): Sonia Lucio Rodrigues de Lima – Serviço Social/Niterói • Diretoria Política Sindical (Supl): Wladimir Tadeu Baptista Soares – Faculdade de Medicina • Diretoria Cultural (Tit): Ceila Maria Ferreira Batista – Instituto de Letras • Diretoria Cultural (Supl): Leonardo Soares dos Santos – História/Campos • Diretoria Acadêmica (Tit.): Ronaldo Rosas Reis – Faculdade de Educação • Diretoria Acadêmica (Supl): Ana Livia Adriano – Serviço Social/Niterói
Biênio 2014/2016 Gestão ADUFF em Movimento: de Luta e pela Base
Editor Hélcio L. Filho Jornalistas Aline Pereira Lara Abib
Projeto Gráfico Luiz Fernando Nabuco Diagramação Gilson Castro
Imprensa imprensa.aduff@gmail.com Secretaria aduff@aduff.org.br
Sítio eletrônico www.aduff.org.br Facebook facebook.com/aduff.ssind
Twitter twitter.com/aduff_ssind Impressão Forma Certa (10.000 exemplares)
Rua Professor Lara Vilela, 110 - São Domingos - Niterói - RJ - CEP 24.210-590 Telefone: (21) 3617.8200
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Dilma distribui cargos por ‘ajuste fiscal’ Medidas atacam direitos trabalhistas e previdenciários; centrais marcam dia de atos e paralisações Hélcio Lourenço Filho Da Redação da Aduff
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oi com um festival de distribuição de cargos de segundo e terceiro escalões que o governo da presidente Dilma Rousseff aprovou a MP 665, que reduz direitos trabalhistas, na Câmara dos Deputados. Com uma diferença de 25 votos, a medida provisória não passaria sem o decisivo apoio de
54 deputados do PT e 11 do PCdoB, siglas que contestavam as alterações. O uso da máquina foi denunciado por parlamentares na própria sessão da noite que votou o texto, em 6 de maio, e de certa forma admitido pelo líder do governo, José Guimarães (PT-CE), que disse que o governo saberia “reconhecer” os parlamentares que apoiaram a medida. A MP dificulta o acesso ao
seguro-desemprego, abono salarial e seguro-defeso e, estima o governo, retirará em um ano mais de R$ 10 bilhões dos bolsos de trabalhadores demitidos. O dinheiro deve ser usado para pagar juros das dívidas públicas ao mercado financeiro. A votação, no entanto, não liquidou a fatura contra os trabalhadores. O texto terá que passar pelo Senado. Outra medida, a MP 664, que reduz
futuras pensões e terceiriza a perícia médica do INSS, está para ser votada na Câmara. Há inquietação parlamentar na base governista, que se sente pressionada pela impopularidade das medidas e cobra caro para aprová-las. Centrais sindicais, entre elas a CSP‑Conlutas, marcaram para o dia 29 de maio mais uma jornada de atos e paralisações em defesa dos direitos trabalhistas.
‘1º de Maio’ compara PL da terceirização a AI-5 dos direitos trabalhistas Projetos no Congresso precarizam “futuro de uma geração inteira”, diz servidor A Aduff participou do ato do 1º de Maio, na Lapa balhista é resultado da luta dos trabaAline Pereira lhadores brasileiros. Esse projeto de lei Da Redação da Aduff pode deitar por terra conquistas históPL 4330 é como um AI-5, ricas”, complementou o advogado Daum duro golpe para a classe mous, presidente da Comissão da Vertrabalhadora”, disse o advogado Wa- dade do Rio e da Comissão Nacional dih Damous, comparando o projeto de Direitos Humanos da OAB. “Caso que libera a terecirização de todos os seja aprovado [pelo Senado], Dilma postos de trabalho ao ato institucio- tem [] vetá-lo”, vaticinou. Para trabalhadores de diferentes nal da ditadura empresarial‑militar que, em 1968, suspendeu as liberda- categorias e estudantes, o ato simbolizou um momento de resistência. des democráticas. Críticas aos projetos que cor- “Temos que nos posicionar contra o tam direitos dos trabalhadores que talvez seja o mais brutal ataque marcaram o tradicional ato do 1º de aos trabalhadores, que precariza o Maio, Dia Internacional dos Traba- futuro de uma geração inteira”, disse lhadores, na Lapa. Convocado por Wellington Augusto da Silva, profesmovimentos sociais e centrais sin- sor da UFRJ e representante da Redicais, entre elas a CSP-Conlutas, gional Rio de Janeiro do Andes-SN. Tatiana Poggi, docente do curso da qual o Andes-SN é filiado, a Intersindical, a CUT e a CTB, o de História da UFF, disse à reportaato político-cultural foi denomina- gem que os ataques aos direitos do do de “1º de Maio unificado: em trabalhador, como as medidas 664 e defesa dos direitos, da democracia 665 e o PL 4330, precisam ser come do combate à corrupção. Não ao batidos. “Se esse projeto de lei for aprovado, veremos que haverá um PL 4330”. “Sabemos que a legislação tra- número maior de trabalhadores inclu-
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ídos nessa condição de subemprego, em condições precarizadas e direitos trabalhistas fragilizados”, disse. “O governo federal lançou a campanha ‘ajustar para avançar’, Dilma vai seguir aplicando o ajuste fiscal”,
disse Mariana Nolte, pós-graduanda em Antropologia pela UFF. “O lucro do Bradesco, no primeiro trimestre, aumentou 23%. A crise está pior para os trabalhadores, mas o lucro dos bancos aumenta”.
“Somos resultado da terceirização”
Diz trabalhador do Comperj a espera do salário Ex-trabalhadores do Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro) protestaram no 1º de Maio contra a morosidade na solução de problema que se arrasta há meses: o pagamento das verbas indenizatórias dos demitidos pela Alusa/ Alumini. “Nossa presença é para lutar contra essas novas leis que o governo quer nos empurrar goela abaixo”, disse Davi Azevedo, que era montador na empresa. “Sou fruto de uma terceirização.
E hoje estou implorando para receber meus direitos. E querem mais terceirização?”, disse. Organizado por diferentes centrais sindicais, o 1º de Maio na Lapa teve contradições. No início da tarde, um grupo de garis da Comlurb se retirou. Ativistas das greves da categoria, afirmam que a CUT e a CTB os impediram de se manifestar no microfone no palco. Os garis queriam denunciar demissões promovidas pelo prefeito Eduardo Paes. (AP)
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‘É preciso reagir’, afirmam Assembleia aprova indicativo de greve nacional, que ainda será ponto de pauta de nova assembleia no dia 21; antes, paralisação pressiona por negociações Hélcio Lourenço Filho Da Redação da Aduff
dos salários e isonomia de benefícios. A pauta específica tem na carreira docente e nas condições de trabalho pontos centrais. A primeira reunião nessa área com o Plane-
jamento, porém, frustrou quem tinha alguma expectativa. O governo não respondeu à pauta e ainda apontou apenas para junho a próxima reunião. A assembleia não fe-
chou questão quanto à greve, mas se avaliou que a situação exige reação em conjunto com os demais servidores, caso o governo não ceda. A próxima assembleia decidirá o que fazer.
Fotos: Luiz Fernando Nabuco
Os professores da UFF aprovaram indicativo de início da greve para a semana de 25 a 29 de maio. A assembleia geral, no dia 5 de maio, ratificou a data proposta na reunião do Setor da Instituições Federais de Ensino do Sindicato Nacional (Andes-SN). A posição ainda não é definitiva: ficou para a assembleia de 21 de maio. Antes disso, porém, já é certa a decisão de parar no dia 14 de maio, data nacional de protestos da campanha salarial do funcionalismo. Haverá atividade no Rio e em Brasília. Nesse dia haverá a segunda rodada de negociações entre as entidades nacionais dos servidores e o Ministério do Planejamento. O governo diz querer negociar, mas tenta amarrar qualquer avanço ao ‘ajuste
fiscal’ e ao desempenho da economia. A pauta geral cobra demandas como a reposição das perdas dos últimos anos (27,3%), data-base, política salarial que assegure o poder aquisitivo
Docentes leem a carta de avaliação da Aduff: pressão força negociações, mas governo não dá respostas e MEC não comparece a reunião
Assembleia geral no dia 5 de maio, realizada no auditório da Faculdade de Economia, no Gragoatá, onde faltou luz
Não fazer nada é entregar direitos e aceitar reajuste zero, alertam professores A falta de luz ao final da assembleia não deteve o debate, de consenso quanto à insatisfação com a situação da universidade, mas de pontos de vista nem sempre coincidentes quanto à greve e à mobilização, embora o indicativo tenha sido aprovado por larga maioria. “Concordo com o diagnóstico: tem uma decisão clara do governo de desmontar o setor público. Mas hoje acredito que a greve na saúde e na educação é um tiro no pé”, disse Ana Alice, professora do Instituto de Saúde e Comunidade. “Mas não tenho a receita, não sei como mobilizar nossos colegas”, disse. Outras vozes defenderam a greve como instru-
mento de pressão. O professor Leonardo Soares, da UFF em Campos, afirmou: “Não foi a greve que atrasou por três meses os contêineres, deixou de fazer biblioteca, fechou o SPA da Psicologia, cortou bolsas de alunos ou não pagou terceirizados”. A diretora da Aduff‑SSind Elizabeth Barbosa relatou um cenário em que o governo até sinaliza com negociações, mas não cessa os ataques. Ela alertou ainda para a perigosa decisão do STF favorável à contratação, sem licitação, de organizações sociais na educação. “As experiências na saúde com as OS são o desmonte e o fim da carreira”, afirmou. A professora Lorene Figuiredo fez enfática defesa da mobilização. “Greve é um
Os professores Ana Alice, Leonardo, Lorene, Beth e Márcio, na assembleia momento de insubordinação, em que a gente diz não suportamos mais, não aceitamos, não toleraremos que a universidade pública seja destruída”, disse. “A gente se torna sujeito de nossas vidas. O momento de apresentar para nossos alunos uma perspectiva, porque essa juventude não tem perspectiva.
O que está sendo sinalizado é muito sombrio, não só para eles, mas para nós também. Porque se tudo passar, nós vamos ser uma minoria privilegiada e aí vai ser muito fácil nos esmagar”, alertou. O professor Márcio Malta, de Campos, contestou a ideia de que quem faz greve quer prejudicar aluno.
“O professor mobilizado tem compromisso total com a universidade pública”, disse o servidor, que citou o escritor uruguaio Eduardo Galeano, morto recentemente, para dizer que não se pode perder a capacidade de se inquietar e se indignar, sob o risco de mais tarde não se conseguir mais reagir. (HLF)
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m docentes na assembleia
Aos mestres com carinho': alunos do Colégio Pedro II preparam mensagens ao Paraná
Giz contra coturnos, Paraná comove e vira referência de resistência Assembleia dos docentes da UFF aprova moção de apoio à luta dos educadores do Paraná
A
luta dos servidores do Paraná para impedir as medidas de ‘ajuste fiscal’ que atacam direitos previdenciários voltou a se tornar refe-
rência, como já ocorrera no início do ano. Não foram poucas as menções à mobilização e à greve que enfrenta o gover-
Assembleia elege delegação para o 2º Congresso da CSP-Conlutas A assembleia elegeu a delegação da Aduff-SSind que participará do 2° Congresso Nacional da CSP-Conlutas, de 4 a 7 de junho, em Sumaré (SP). São cinco delegados, com direito a voz e a voto: Gelta Xavier, Sônia Lúcio de Lima, Elizabeth Barbosa, Eblin Farage e Francine Helfreich. Participarão como observadores, com direito a voz: André Guimarães, Edson Teixeira, Wanderson de Melo, Leonardo dos Santos e Lorene de Oliveira. De acordo com o regimento interno, o 2º Congresso da CSP-Conlutas tem por objetivo “discutir e deliberar acerca da situação política nacional e internacional; plano de ação e as atividades; discutir o balanço político e organizativo da Central; avançar no seu fortalecimento, ampliando a presença na base, entre os trabalhadores do campo e na classe operária; avançar na unidade interna de nossa classe fortalecendo a luta
contra as opressões; avançar na unidade dos setores classistas e combativos numa mesma ferramenta unitária” e deliberar sobre os estatutos e a direção da entidade.
Conad debateu participação do Andes-SN A participação do Andes‑SN e seções sindicais foi debatida no 7º Conad Extraordinário, nos dias 2 e 3 de maio, em Brasília. Paulo Rizzo, presidente do Sindicato Nacional, disse que foi importante compreender “os desafios políticos” no processo de reorganização da classe trabalhadora e o desafio do enraizamento da CSP-Conlutas no Andes-SN. Rizzo ressaltou que organizar os trabalhadores para enfrentar os ataques que a classe vem sofrendo, sob o argumento da necessidade de um ‘ajuste fiscal’, é desafio do congresso. (Com dados do Andes-SN)
no Beto Richa (PSDB) na assembleia dos docentes da UFF. “Que o exemplo de unidade, força e perseverança dos profissionais de edu-
cação do Paraná nos inspire”, diz trecho final da carta da direção da Aduff-Ssind, levada aos docentes. A repressão policial que
deixou mais de 200 manifestantes feridos, boa parte professores da rede estadual, repercutiu nacionalmente e até no exterior. A solidariedade ganhou as redes sociais e as ruas. Na unidade do Colégio Pedro II, na Tijuca, os alunos da centenária instituição federal passaram uma tarde produzindo mensagens de apoio aos grevistas e críticas à repressão. “Professor é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”, dizia um cartaz desenhado e erguido pelos jovens. A resistência e a solidariedade já derrubaram o comandante da polícia e o secretário de Segurança do estado. A Procuradoria do Paraná pediu à Justiça que suspenda o projeto aprovado por considerá-lo “inconstitucional, ilegítimo e ilegal”. Ele transfere bilhões do fundo de aposentadoria dos servidores para o caixa do governo. O dinheiro deverá ser utilizado no pagamento dos juros das dívidas públicas do estado.
Aposentados se mobilizam pela aprovação da PEC 555, estagnada no Congresso Nacional Campanha salarial defende fim da cobrança previdenciária de aposentados
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campanha salarial também é dos servidores aposentados e tem entre os pontos centrais de pauta a defesa da paridade salarial e o fim da taxação das aposentadorias. Há mais de oito anos, a Proposta de Emenda à Constituição 555/2006 tramita na Câmara dos Deputados, sem previsão de votação. Ela assegura o fim do desconto da contribuição previdenciária das remunerações de aposentados e de pensionistas do setor público. A professora Aidyl Preis, presidente da Associação dos Professores Inativos da Universidade Federal Fluminense, ASPI-UFF, milita pela extinção da taxa previdenciária (hoje de 11%) sobre os proventos dos aposentados e pensionistas do serviço público. Essa taxa, explica, foi instituída pela PEC 41, de 19/12/2003,
aprovada no primeiro mandato do ex-presidente Lula da Silva. “À época, ele possuía esmagadora maioria no Legislativo e grande influência no Supremo Tribunal Federal, o que assegurou a constitucionalidade da referida PEC 41. Aposentados e pensionistas passaram a arcar com o ônus injusto de um tributo que não assegura qualquer retorno futuro”, afirma.
INSS, apoiando suas bandeiras de luta e ampliando a articulação de milhares de servidores atingidos pelo confisco previdenciário”, explica Aidyl. O Andes-SN também está na luta pela aprovação da PEC. De acordo com a diretora Cláudia March, à frente da Encarregatura de Assuntos de Aposentadoria, essa luta está relacionada à necessária retomada dos direitos previdenciários, que, ‘Extinção é urgente’ ao longo os últimos anos, Liderados pelo Mo- têm sido gradativamente vimento dos Servidores subtraídos. “Trata-se de Públicos Aposentados e uma batalha a ser travada Pensionistas (Instituto Mo- pelo conjunto dos trabalhasap), a categoria tem pressio- dores, aposentados e ativos, nado deputados e senadores. e que se dá em um momento “Foram constituídas várias da conjuntura onde a possifrentes regionais, como a bilidade de aprofundamento Frente Rio. Hoje, estamos da perda de direitos está nos organizando no movi- colocada, em particular com mento Una-se, com apo- as Medidas Provisórias 664 sentados e pensionistas do e 665”, avalia.
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NOTAS DA ADUFF Leher reitor I A apuração no Conselho Universitário da UFRJ emocionou a muitos. Veteranos lembraram da ocupação de 45 dias que enfrentou José Vilhena, reitor nomeado por Paulo Renato, ministro já falecido de FHC, apesar de lanterna entre seis candidatos. Não o derrubou nem assegurou a posse de Aluísio Vilela, que também já se foi. Mas marcou a história da UFRJ. Leher participou daquele movimento.
Um ex-presidente do Andes-SN na Reitoria da UFRJ Leher defendeu universidade pública contra privatizações
Leher reitor II Outros recordaram ‘causos’ mais prosaicos. Como quando servidores, barulhentos, irromperam sessão do conselho presidida pelo já então reitor Aloísio Teixeira, outra vez eleito e sucessor de Carlos Lessa. Irritado, Aloísio não conteve o riso quando os manifestantes cantaram “Obama é melhor que o reitor”, parodiando música popular nos estádios de futebol.
UFSC contra a Ebserh A luta contra a Ebserh, a quem Dilma quer terceirizar a administração dos hospitais públicos, teve duas vitórias recentes nas universidades federais: a eleição do professor Roberto Leher para reitor da UFRJ, no Rio, e o resultado do plebiscito oficial na UFSC, em Santa Catarina, no qual a maioria da comunidade acadêmica se posicionou contra entrega do hospital universitário à empresa.
Racismo A cena ocorreu, segundo a mãe, numa lanchonete em Ipanema. O depoimento de Maria Diaz está nas redes: “Meu filho de 5 anos foi expulso dessa loja com as palavras: Aqui não. Pode ir saindo!!! Meu filho Fabio é negro. Depois de ver que ele estava comigo, branca, o atendente pediu desculpas. Não se pode tratar ninguém assim, muito menos uma criança de cincoanos... racismo é crime”.
O reitor eleito da UFRJ, Roberto Leher, professor da Faculdade de Educação, vê na vitoria da chapa 20 reflexo de um anseio por mudanças. Ele aponta quatro eixos nessa expectativa de que embalou a campanha que envolveu alunos, técnicos e docentes. O primeiro é a insatisfação com as crescentes “distorções” provocadas por interesses privados na universidade pública. O segundo, os limites atuais da democracia e da participação nas decisões na UFRJ, que necessita envolver os três segmentos. O terceiro, as condições de trabalho, problema ainda mais gritante com o ‘ajuste fiscal’. E, finalmente, o desejo de que a UFRJ mude de postura diante das políticas gerais para o ensino superior, expressas numa expansão importante, mas sem lastro nos recursos necessários. Leher diz que a universidade está “adaptada” e precisa parar de se submeter sem contestar a políticas que levam a severos cortes de recursos, como o ajuste fiscal em curso. A entrevista ao Jornal da Aduff poderá ser lida na página do sindicato na internet.
Amanhecer contra redução da maioridade – A Proposta de Emenda Constitucional 171/93, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, mobiliza jovens contra redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Na madrugada de 28 para 29 de abril, a campanha “Amanhecer Contra a Redução” enfeitou praças de mais de 80 cidades contra a aprovação do projeto. Em Niterói, a decoração foi na Praça Araribóia.
As OS de Fux I Ao julgar a ADI 1923, que deu sinal verde para as organizações sociais no serviço público, o ministro Luiz Fux disse que as “OS exercem papel social extremamente relevante”. Na essência, afirmou, é “a lógica que prevaleceu no jogo democrático de que a atuação privada pode ser mais eficiente que a pública em determinados domínios, dada a agilidade e a flexibilidade que marcam o regime de direito privado”.
As OS de Fux II Não se sabe se Fux se referia ao ‘jogo democrático’ jogado à época da aprovação da lei das OS, quando mandavam os tucanos de FHC. Ou ao ‘jogo democrático’ atual, no qual a petista Dilma foi eleita duas vezes prometendo não privatizar. PT e PDT, na oposição, moveram nos final dos anos 90 a Ação Direta de Inconstitucionalidade contra as organizações sociais.
Futuro incerto Ao receber representantes sindicais dos servidores públicos federais, durante a jornada de mobilização e paralisação de 7 a 9 de abril, o secretário de Relações do Trabalho do Planejamento, Sérgio Mendonça, reafirmou a posição do governo de defender que o eventual acordo salarial que venha a ser firmado seja de três ou quatro anos. Mas admitiu que é difícil: não se sabe o que vai acontecer nem daqui a quatro meses, que dirá quatro anos, disse. Os servidores querem o reconhecimento da data-base e acordos anuais.
Sincero I “O que me assusta profundamente é o medo que a elite brasileira tem que eu volte à Presidência da República. É um medo inexplicável porque nunca eles ganharam tanto dinheiro na vida como no meu governo, nem empresários, nem banqueiros e os trabalhadores também” Lula, no ato de 1º de Maio da CUT e da CTB, em SP
Sincero II “A taxa de 3,4% ao ano é muito baixa. Poderia ser 6% a 6,5%”, de Rodrigo Galindo, presidente da Kroton, ao “Valor”, sobre a taxa cobrada no Fies, financiamento estatal que banca 55% dos alunos presenciais da gigante do mercado de ensino superior, que ‘estuda entrar no ensino médio’.
Fasubra A esquerda não alinhada ao governo federal venceu a eleição da Fasubra, a federação dos técnico-administrativos das universidades, por 28 votos a mais em quase 1.300. É a 1ª vez que o PT e aliados serão minoria na entidade. Recheado de disputas, o congresso foi quase unânime ao aprovar greve a partir de 28 de maio. Só um servidor se absteve.
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ADUFF VAI AOS CAMPI FORA DA SEDE
Problemas da expansão também se agravam em Angra Angra pode ter aulas em escola, alertam professores da UFF; Aduff visitou unidade para debater mobilização e demandas da categoria
Reunião em Angra dos Reis, no dia 6 Aline Pereira Enviada a Angra dos Reis
Por falta de espaço físico adequado, estudantes da UFF em Angra dos Reis correm o risco de, no próximo semestre, frequentar salas de aulas do Cederj (Fundação Centro de Educação a Distância do RJ) ou de uma escola pública da região. Ironicamente, a comunidade foi presenteada pela prefeitura da cidade com a cessão de um terreno para a construção de novo prédio para os cursos de Pedagogia, Políticas Públicas e Licenciatura em Geografia. A administração da universidade já sinalizou que não há como levar a ideia adiante por conta do contingenciamento de verbas para a Educação. A crise na UFF, anterior à política de ajuste fiscal do governo,
também está relacionada à expansão. Acabou o Reuni, acabou o dinheiro. A realidade da comunidade de Angra dos Reis foi abordada em visita da direção da seção sindical, representada pela professora Renata Vereza, à unidade, no dia 6 de maio. A diretoria da Aduff-SSind tem percorrido as unidades fora de sede para ouvir os professores e discutir a mobilização, que aponta para a construção da greve por melhores condições de trabalho, reajuste salarial e pela reestruturação da carreira. Os docentes que participaram da roda de conversa mostraram disposição para construir uma atividade para a quinta-feira (14), dia nacional de paralisação. O tema mobilização dominou o debate, em que os professores revelaram dúvidas quanto à eficácia da greve nesse momento.
Mas também foram expostas as dificuldades das condições de trabalho. “Quanto ao terreno, nossa perspectiva não é nem zero; é menos um. E não temos para onde nos expandir aqui. Nossa estrutura está totalmente saturada”, diz Priscila Ermínia Riscado, professora de Teoria Política do curso de Bacharelado de Políticas Públicas. De acordo com ela, a instituição precisa ampliar salas de aulas e biblioteca, construir laboratórios de aulas práticas, sala de estudos adequada e gabinetes para professores. “Há uma única sala para todos os docentes da unidade”, diz. “Isso pesou negativamente na visita de avaliação do MEC. Tivemos uma nota boa, mas em função do corpo docente, que tem trabalhado no volume máximo”, observa. Antes de Angra, Priscila conheceu a precarização de perto em Campos – outra unidade fora de sede que sofre com os problemas da expansão. “Nosso corpo discente é muito particular, pois a maioria dos nossos alunos vem de outras cidades e até mesmo de outros estados. A lógica de permanência deles na universidade e a relação entre docente e discente acabam sendo, de certa forma, diferente – até porque nós, professores, geralmente, também não somos da cidade. Mas a principal questão é
Comunidade aguarda visita do Comitê Gestor a Angra Após mobilizações, Reitoria divulga calendário de visitas aos campi da expansão
Reunião do CUV, presidida pelo vice-reitor, teve novo protesto
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reitoria anunciou visitas do Comitê Gestor da UFF às unidades fora de sede. A data da ida à Angra ainda será divulgada. Para a presidente do sindicato, Renata Vereza, a iniciativa é uma resposta às mobilizações da comunidade universitária.
“Atravessamos um momento de crise e ataques às leis trabalhistas. É um momento difícil, com uma série de medidas que nos afetam, como a política de ajuste fiscal do governo, que retira verbas das universidades. Isso tem nos atingido diretamente na UFF, que, como dito
pelo reitor, já em 2014 acumulava dívidas com empresas terceirizadas e concessionárias de luz, de água e de telefone”, disse a representante da Aduff. “O sindicato sinalizou diversas vezes que a expansão sem planejamento traria problemas, porque é preciso que os alunos tenham infraestrutura para estudarem e os colegas tenham boas condições de trabalho. Com o corte do orçamento, vimos todos esses problemas eclodirem. E temos reforçado a necessidade de mobilização em torno das questões internas, como tem acontecido em Campos, em Rio das Ostras e em Macaé, por exemplo, com a criação de um fórum de estudantes, professores e técnicos”, disse Renata. A primeira visita do Comitê Gestor foi a Campos. O calendário divulgado pelo reitor prevê ainda vi-
o fato de a estrutura física ser mais precarizada”, avalia. A professora Andréa Pavão, coordenadora do Curso de Pedagogia, diz que falta um restaurante universitário. Outro problema é a carência de técnico-administrativos. “Temos uma única bibliotecária e um auxiliar. Somos três cursos. Temos um grande acervo do curso de Geografia, esperando catalogação, na casa de um professor. Não temos espaço físico aqui”, diz. Ela observa ainda que técnicos terceirizados, penalizados com atrasos nos salários, acabam tendo que paralisar o trabalho.Para ela, desde a última greve, em 2012, a comunidade já havia sinalizado as dificuldades. “Ainda assim, ganhamos o curso de Licenciatura em Geografia, com as mesmas condições. Pedagogia está aqui desde 2009 e não tem um laboratório legal de Ciências. E, até o começo desse ano, ainda falávamos em abrir mais dois novos cursos – Ciências Naturais e Engenharia Ambiental, ambos precisam de laboratórios. Loucura completa, irresponsabilidade em termos de políticas públicas de expansão de qualidade”, analisa. “Passamos o ano passado sonhando com o prédio novo. Estamos ‘caindo na real’”.
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“Não temos para onde nos expandir aqui. Nossa estrutura está totalmente saturada” Priscila Riscado, professora da UFF em Angra
sitas a Macaé (12/5), Pádua (14/5), Friburgo (19/5), Volta Redonda (21/5) e Rio das Ostras (3/6), além de Angra, com data a ser definida. O Comitê Gestor, uma novidade da atual gestão, é presidido por Sérgio Mendonça, pró-reitor de Assuntos Estudantis, e composto ainda por Roberto Kant de Lima, pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação, Túlio Franco, pró-reitor de Gestão de Pessoas, Luiz Augusto Cury, prefeito do Campus, Fernando Gonçalves, superintendente de Tecnologia da Informação, e Néliton Ventura, pró-reitor de Administração. O reitor e o vice não integram o comitê. (AP)
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Maio (1ª quinzena) de 2015 • www.aduff.org.br
Jornal da ADUFF
UFF em Campos exige soluções da Reitoria Comitê Gestor não sinaliza saídas para problemas da expansão precarizada; Fórum Permanente dos três segmentos faz reunião dia 14 de maio para avaliar visita Fotos: Luiz Fernando Nabuco
Conselho Gestor em primeira de uma série de visitas: primeira visita Lara Abib (texto) e Luiz Fernando Nabuco (fotos) enviados a Campos dos Goytacazes
A visita do Comitê Gestor da UFF a Campos, após as mobilizações de abril, não tranquilizou a comunidade universitária. Marcada por promessas e poucos compromissos, decepcionou os presentes, que questionaram o comitê e a ausência do reitor, Sidney Mello. “Não acho que tenha sido uma reunião esclarecedora. A reitoria encaminhou um grupo que não tem governabilidade técnica nem política para se comprometer com a comunidade acadêmica e que transferiu todos os problemas da universidade para o governo federal. O comitê não deu qualquer resposta em relação a prazos e datas para as nossas reivindicações”, afirmou a
professora do curso de Psicologia Luana da Silveira. A estudante do 9° período de Serviço Social Gisela Alves concorda: “Eles garantem que estão empreendendo todos os esforços para que as coisas sejam resolvidas . Mas, na prática, não se comprometem com nada. E pior, se esforçam imensamente para desdizer as coisas que haviam dito e prometido na visita anterior, compromissos que não cumpriram”. A avaliação coletiva do encontro será parte das atividades de 14 de maio, dia de paralisação docente na UFF, convocada pelo fórum permanente dos três segmentos (estudantes, técnicos e docentes). A reunião será às 18h, na tenda do campus avançado.
Docentes, técnicos e estudantes participaram da reunião em Campos O que foi dito - Campus novo: “Reitor garantiu que poderíamos dizer o seguinte: obra de Campos será priorizada”, disse Sérgio Mendonça, pró-reitor de Assuntos Estudantis e presidente do Comitê Gestor. Outros integrantes do comitê admitiram que as obras estão paradas e que não há previsão de conclusão. - Contêineres: Após cinco anos de renovações, a Procuradora Federal não autorizou nova prorrogação do contrato de aluguel. “Reitor garante a presença dos módulos até que os prédios do campus novo fiquem prontos”, disse Néliton Ventura, pró-reitor de Administração, por meio de contrato emergencial e nova licitação. - Quadro docente: Pró-reitoria de
Gestão de Pessoas vai promover um estudo levando em consideração os projetos pedagógicos para elaborar critérios para resolver o déficit docente de cursos em Campos. Alberto Di Sabatto, que representava a pró-reitoria, não deu mais detalhes sobre isso. - Restaurante: Está previsto no projeto do campus novo, mas as obras do campus novo estão paradas. - Moradia estudantil: “O próprio campus tem que apresentar possibilidade de terreno para a construção de moradia estudantil” (Sérgio Mendonça). - Creche: Sérgio Mendonça disse que a “melhor solução é o auxílio-creche para os estudantes com necessidades”. O auxílio não chega a R$100,00.
“Essa não é a educação que queremos”, diz estudante na sessão do CUV Estudantes da UFF voltaram à reunião do Conselho Universitário (CUV), no dia 28 de abril, para protestar contra a precariedade das condições de trabalho e estudo e cobrar soluções para os problemas da instituição. A mobilização contou com estudantes da UFF em unidades fora da sede. Havia cerca de 25 alunos de Campos, além de estudantes de Rio das Ostras e Volta Redonda. Alguns professores de Campos foram ao Conselho e reafirmaram o convite à reitoria para visitar o campus avançado, decisão do fórum dos três segmentos, constituído nas mobilizações de abril. “Parece que o interior está esquecido. Enquanto em Niterói a galera paga 70 centavos no bandejão, a gente paga 22 reais o quilo. O pré-
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“Parece que o interior está esquecido. As aulas acontecem em contêineres que estão com contrato para vencer e não sabemos se será renovado” Juliana Carvalho, estudante de Serviço Social de Rio das Ostras
Sessão do CUV, no dia 29 de abril dio novo, chamado Multiuso, não tem condições de funcionamento e está fechado, servindo como mural de cartazes. As aulas acontecem em contêineres que estão com contrato
para vencer e não sabemos se será renovado. Água é artigo de luxo, a biblioteca é precária e as bolsas estudantis são insuficientes. A pergunta que faço ao Conselho é a
seguinte: é essa educação que vocês querem? Porque não é a que a gente quer”, questionou Juliana Carvalho, estudante de Serviço Social de Rio das Ostras. (LA)