Viver 3 - Associações e Associativismos da BIS

Page 22

Grande tema

Associações da Raia:

20

Sabemos de antemão que o associativismo que se faz e, principalmente, se VIVE nesta Região, não é de fácil trato, nem a nossa selecção aleatória dos casos em análise pretende afirmar-se como metodologia de aplicação prática dominante para as outras colectividades. Cada caso é um caso, e esta reportagem só tem valor na medida em que descreve a diversidade e riqueza da realidade associativa do território da BIS, abrindo assim os espíritos daqueles que dirigem ou podem vir a assumir, futuramente, a direcção de uma associação. Tudo isto na senda do bem comum do desenvolvimento das comunidades de uma Raia que se quer bem viva, principalmente para as populações que ainda a habitam ou para os que a visitam. Numa altura em que a valorização do património natural e cultural continua a ser uma realidade apagada e pouco difusa, apostar na criação de associações ambientais parece ser a tendência actual. O desiderato consiste na protecção do rico espólio de bens patrimoniais do território da BIS, que sempre esteve tão esquecido na memória das nossas gentes locais. Uma tarefa de contornos complicados, sobretudo quando as colectividades pretendem sensibilizar as pessoas para a importância comunitária que devem ter os artefactos culturais e a natureza envolvente, que sempre constituíram parte inerente de um quotidiano despreocupado no que concerne às questões patrimoniais e ambientais. Paralelamente, começa a nascer uma consciência colectiva de que todo o universo tradicional raiano

se está a diluir num envelhecimento progressivo que, se nada a seu tempo for feito, resultará numa morte anunciada de territórios, pessoas e tradições. Perante tal cenário, a BIS assistiu à constituição de um grande número de associações ligadas à defesa da sua etnografia, como forma de perpetuá-la pelas gerações vindouras. Aqui tem particular importância a sabedoria dos velhos da Raia como memoriais das aldeias, como fontes inesgotáveis de cultura popular e tradicional dos seus territórios. Actualmente, as actividades ligadas à preservação de histórias e de tradições da Beira, as recolhas etnográficas, a recuperação de edifícios com elevado valor patrimonial e a protecção do meio natural, nomeadamente através da manutenção de redes de percursos, começam a atrair o interesse das populações locais e, mais curioso, de turistas provenientes das mais diversas regiões do País, que ficam extasiados com a beleza e riqueza da geologia e etnografia da Raia. Não de somenos importância é o facto de os poucos jovens que ainda residem na BIS principiarem a ficar sensibilizados pela genuinidade da Região e mobilizados para o voluntariado associativo em prol dos interesses comunitários dos seus territórios. Foi, aliás, a pensar nos jovens ain-


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.