O universo dos sonhos técnicos

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Universo dos sonhos técnicos

Como as inteligências artificiais redefinirão nossa imaginação

O UNIVERSO DOS SONHOS TÉCNICOS

Como as inteligências artificiais redefinirão nossa imaginação

Marcus Bruzzo

O universo dos sonhos técnicos: como as inteligências artificiais redefinirão nossa imaginação

© 2025 Marcus Bruzzo

Editora Edgard Blücher Ltda.

Publisher Edgard Blücher

Editor Eduardo Blücher

Coordenador editorial Rafael Fulanetti

Coordenadora de produção Ana Cristina Garcia

Produção editorial Juliana Morais e Andressa Lira

Preparação de texto Mariana Góis

Diagramação Thaís Pereira

Revisão de texto Cristiana Gonzaga Souto Corrêa

Capa Laercio Flenic

Imagem da capa Foto de Reggio Emilia - a pintura da Apoteose de Santo

Apolinário, uma Madonna e da criança na Igreja Chiesa di San Agostino por Giovan Francesco Barbieri - Guercino (1591-1666).

Rua Pedroso Alvarenga, 1245, 4o andar 04531-934 – São Paulo – SP – Brasil Tel.: 55 11 3078-5366 contato@blucher.com.br www.blucher.com.br

Segundo o Novo Acordo Ortográfico, conforme 6. ed. do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, Academia Brasileira de Letras, julho de 2021.

É proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios sem autorização escrita da editora.

Todos os direitos reservados pela Editora Edgard Blücher Ltda.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Heytor Diniz Teixeira, CRB-8/10570

Bruzzo, Marcus

O universo dos sonhos técnicos: como as inteligências artificiais redefinirão nossa imaginação / Marcus Bruzzo. – São Paulo : Blucher, 2025.

184 p.

Bibliografia

ISBN 978-85-212-2589-8 (impresso)

1. Metafísica. 2. Ontologia. 3. Filosofia. 4. Inteligência Artificial (IA). 5. Determinação da realidade. 6. Percepção da realidade. 7. Realidade baseada em IA. 8. Imaginário social e IA. 9. Sinais e símbolos. 10. Simbolismo. I. Título.

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Índices para catálogo sistemático:

1. Metafísica

2. Ontologia

3. Filosofia

4. Simbolismo

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Conteúdo

1.

2.

1. As máquinas sonham?

“Androides sonham?”, Rick se perguntou. Evidentemente; é por isso que de vez em quando eles matam seus patrões e fogem para cá. Uma vida melhor, sem servidão. Philip K. Dick, Androides sonham com ovelhas elétricas?

Por muito tempo nos questionamos se as máquinas um dia sonhariam, mas aparentemente estamos diante da possibilidade de que o inverso disso se realize: nós sonharemos os sonhos das máquinas. Em outras palavras, os sonhos das próximas gerações serão baseados em fantasias como filmes, literatura, roteiros de teatro, imagens de redes sociais, séries de TV e influenciadores virtuais, todos criados por modelos de inteligência artificial. A esta altura, isso se configura como um futuro inegável e revela a nossa condição; a imaginação autônoma das máquinas irá mudar o estatuto do imaginar. Mas como chegamos até aqui? Quais os impactos? Este trabalho almeja justamente isso, um passeio pela arqueologia do pensamento sobre o imaginário, suas ricas e complexas variações, seus encantos e riscos.

Talvez uma das principais portas de acesso a essa investigação esteja contida na seguinte reflexão: “O mundo contemporâneo prescinde de

8 as máquinas sonham?

uma verdade substancial”. Essa passagem concisa e provocativa aparece perdida em meio à obra intitulada Benjaminianas, de Olgária Matos,1 no contexto em que a autora investiga o fascinante conceito de “sex appeal do inorgânico”. Esse conceito está originalmente presente nos trabalhos de Walter Benjamin, a respeito da cultura das imagens hiper-reais da modernidade. Mas dizer que o mundo contemporâneo prescinde de uma verdade substancial refere-se ao fato de que o próprio conceito de “verdade” recebe um deslocamento na nossa cultura; não buscamos pela verdade atualmente, e, mais incisivamente, não parecemos em qualquer momento depender de fato de alguma verdade. Aterradora revelação, essa ideia de verdade, que por milênios foi buscada por meio de diversas técnicas e caminhos, é removida da centralidade da nossa cultura de forma definitiva. Basta vermos que, pelo lado da ciência, a verdade é desmerecida, enquanto os novos métodos demonstram que tudo o que temos do mundo, na verdade, não passa de recortes, jamais o todo. E tudo bem, os recortes são acertadamente os objetos da ciência, e bastam-se como referências da real complexidade das coisas para fins de estudos. Toda investigação é o recorte de um fenômeno muito maior, todo olhar recorta. Isso significa, de fato, atestar com honestidade que nem a ciência é mais o refúgio do conceito de verdade. Nas demais esferas da sociedade, seja na cultura geral popular, artes, política, infraestrutura, atuações técnicas, em todas essas, o conceito de verdade é deixado de lado por reconhecimento da falta de necessidade de uma “verdade” para que as coisas continuem a funcionar. A busca por uma verdade substancial universal ficou relegada aos esforços das teologias; enquanto existirem, todos os demais olhares das artes humanas são assumidamente recortes, porque assim se bastam na tecnocracia.

Walter Benjamin também denunciou que, no mundo moderno, a busca pela “verdade substancial” foi abandonada, mas essa sua visão

1 Matos, Olgária. Benjaminianas: cultura capitalista e fetichismo contemporâneo. São Paulo: Editora Unesp, 2009. p. 124

não deve ser confundida com um desejo de retorno à postura platônica, ideal. Ele não defende um ideal absoluto ou transcendente, como faria Platão, nem promove uma visão nostálgica ou apologética da “aura” de algo. Sua crítica é mais complexa: aponta para a perda de profundidade na experiência, sem sugerir um retorno a modelos metafísicos antigos ou à idealização do passado. É mais um diagnóstico tardio sobre a humanidade: como espero que fique demonstrado ao longo deste trabalho, a humanidade sempre apresentou repulsa pela realidade, por isso criou sua própria verdade sobre as coisas. Aqui entram as imagens, por serem os mais íntimos veículos de construção e tráfego coletivos de verdades que a humanidade dispõe. Aqui, nota-se prontamente que “verdade” não é sinônimo de “realidade”; trata-se de algo diferente, cuja distinção ficará mais evidente no percurso deste trabalho.

O fascínio que a humanidade tem pelas imagens demonstra a complexa relação entre criação e criador, propriocepção e reflexo espectral, você e sua imagem no espelho. Construímos nossa percepção acerca de nós mesmos por meio das imagens, por isso criamo-nas ao passo que delas dependemos. Criamos as imagens no mesmo ato em que culturalmente criamos a nós mesmos, porque a essas imagens retornaremos mais tarde para entendermos o que somos. Dependemos delas como evidência e, por fim, verdade. Mas nos deparamos com um problema de saída: as imagens não são confiáveis, ou pior, elas são “artifício da enganação”, como diria Gaston Bachelard na sua oposição ao que chama de “imagem material”. Para Bachelard, as imagens meramente visuais, como pinturas, fotografias, filmes, jamais representariam a verdadeira e íntima experiência com a realidade, que necessariamente ocupa outras dimensões como tempo e espaço. Aqui Bachelard ressoa a fenomenologia da percepção de Merleau-Ponty. Mas se a imagem serve de interface para a realidade lá fora, então é claramente interpretável como recorte, ou melhor, como um fetiche em sua concepção originária de Freud em 1927, de pars pro toto. Fetiche é uma relação de tensão entre desejo e acesso velado com a realidade. A imagem é uma

2. Sonharemos os sonhos das máquinas

Não homens, mas aparelhos devem ser programados, e o devem ser por decisão humana em prol da liberdade humana.

Vilém Flusser, O universo das imagens técnicas

As máquinas podem sonhar? Essa é uma questão recorrente, especialmente a partir da segunda metade do século XX, que exprime uma condição perversa acerca das dúvidas fundamentais da humanidade e sobre sua própria consciência. Indagar se as máquinas podem sonhar é, no fundo, desafiar a natureza do próprio conceito de sonho – e da consciência – como suposto privilégio da humanidade.

Perguntas que nada revelam sobre “se as máquinas um dia poderão ou não sonhar”, e tudo revelam sobre o desespero humano de sofrer mais um deslocamento, mais uma revolução copernicana, mais uma ferida narcísica. O maior temor com as IA é que elas tirem da humanidade a exclusividade imaginativa que teve até então. Na dialética dessa relação nos deparamos com uma possibilidade ainda mais complexa: perderemos, nós humanos, o privilégio da mentira?

A imaginação negativa?

116 sonharemos os sonhos das máquinas

Quando Philip K. Dick propôs o – agora célebre – título: Os androides sonham com ovelhas elétricas?, publicado em 1968, e que deu origem ao longa de Ridley Scott, Blade Runner, ele na verdade formulava uma pergunta retórica, porque já assume que sonham, apenas levanta questões acerca da natureza desses sonhos – se são de matéria humana, ou se haveria uma natureza distinta na formulação dessas imagens. Na obra, os replicantes (robôs) são absolutamente indistinguíveis das criaturas biológicas humanas em sua aparência e forma de pensar, e portanto conseguem sonhar, projetar, prospectar e desejar, sendo sua única diferença a aparente incapacidade de sentir empatia. Uma curiosa e bastante reveladora delicadeza conceitual da obra.

A questão que devemos investigar não deve se limitar ao fenômeno atual de criação de imagens, porque as inteligências artificiais criam imagens a partir de recombinações de imagens anteriormente criadas por seres humanos. Nesse sentido, não podemos considerar que as inteligências artificiais deliberadamente criem uma realidade destituída naquela que está amplamente estabelecida dentro do imaginário cultural humano. Não seria correto confundir a característica criativa do processo – o que de fato é algo novo – com o material imaginado como possibilidade de realização. Quando Dall-e, Sora ou outros sistemas de geração de imagens atuais concebem algo, imaginam, eles misturam fragmentos de imagens disponíveis em bancos públicos para concepção de novas colagens. Devemos centrar nossos focos na análise do estatuto da verdade, do conceito sobre “o que é” ou “pode ser” verdadeiro dentro da epistemologia (filosofia da ciência) e da cultura doxástica (saber popular).

Sobre a imaginação das máquinas, bastante material está disponível publicamente, e a evolução da tecnologia tem se mostrado excessivamente rápida, de forma que a obsolescência de qualquer explicação sobre o processo seja um problema para estabelecer definições basilares.

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Mas segundo as informações oficiais da própria empresa OpenAI,1 o estado da arte neste momento seria o seguinte: com acesso a um banco de vídeos ou imagens estáticas, um processo de mapeamento sobre essas imagens é feito para que os dados visuais se transformem em patches. Estes são conjuntos de informações retiradas dos vídeos decompostos em partes, identificando e individualizando elementos como uma casa, um cachorro, uma cadeira, e aglutinando essas informações de forma matemática, por meio de fórmulas de compactação de dados, para facilitar a recuperação dos dados posteriormente. Para que ocorra a criação desses patches, estabelece-se uma relação entre imagem e texto, isto é, as imagens são transcritas de forma textual (legendagem), criando relação descritiva com seus objetos individuais. Assim, é automático que a relação “texto para imagem” ou “imagem para texto” torne-se uma possibilidade técnica. Uma vez que já temos a imagem transcrita em texto, se solicitarmos também por texto em linguagem natural algo como “um cachorro correndo sobre a grama em um dia ensolarado”, a máquina poderá fazer o percurso contrário, quebrando os tokens (partículas desse texto, como palavras ou sílabas) e relacionando o sentido da frase com os vídeos em que esses elementos são encontrados. A máquina pode isolar os elementos (“cachorro”, “grama”, “ensolarado”), verificar suas possibilidades de relações através das imagens que a alimentam (para evitar, por exemplo, um cachorro voando ou atravessando a parede) e compor a cena dentro de uma aceitabilidade previamente treinada por um ser humano por sistema de pontuação. Tudo o que não for descrito, a máquina deverá escolher sozinha. Nesse caso, o ângulo da câmera, o tipo de lente, o tipo de iluminação, se há ou não nuvens do céu, se outras pessoas aparecerão, a região geográfica na qual a cena é criada, assim como os tipos de árvores

1 Video generation models as world simulators. OpenAI, 15 fev. 2024. Disponível em: https://openai.com/index/video-generation-models-as-world-simulators. Acesso em: 15 dez. 2024.

3. O encontro

Apenas quem já esteve diante de uma obra clássica sabe o sentimento de se encontrar com essa “força da imagem”. Evidentemente você deve ter antecipado a aura da obra de arte, mas já chegaremos lá. Tudo se iniciou quando, no Hermitage, em São Petersburgo, no ano de 2014, após subir três lances de escadas, notei na visão periférica uma imagem colossal muito bem iluminada que exigiu meu olhar. Fui tomado pelo choque do encontro: era a universalmente conhecida Danse de Henri Matisse, na minha frente. Ela é uma pintura muito maior do que se pode imaginar pelas figuras nos livros de artes que tive na escola. Sua presença, em uma parede imensa, tomava a sala inteira, e a forma como furtou a minha atenção me provocou espanto e reflexão. Lembro-me de uma emoção que alterou meu pulso, fiquei ofegante por uns minutos, e olhava para os outros para ver se era apenas comigo. Fiquei por meia hora notando qual seria o efeito sobre todas as pessoas que subissem aquela escada de costas para a imagem, e que quando virassem, se deparassem com ela. Queria ver se era só sobre mim que ela tinha tamanho poder, talvez uma vaidade minha em supor tamanha importância no encontro com um ícone popular, talvez a busca da aura em um jogo perverso de valorização da minha experiência. Mas notei

rapidamente que eu não estava sozinho, e que os grupos de estudantes que subiam as escadas, assim como casais desavisados, e alguns solitários amantes de arte, praticamente sem exceção, ao tornar-se à obra, levavam a mão ao rosto, ao seu peito, ou ao ombro do parceiro ao lado. Foi verdadeiramente uma experiência de encontro com a imagem, ou com o poder que a imagem tem sobre a nossa espécie; encontro que me rendeu diversas reflexões posteriores e levantou questões, nem todas ainda solucionadas. Jamais esquecerei porque foi um momento de profunda reflexão, sobretudo acerca da “aura” da obra de arte anunciada por Benjamin, mas algo ainda mais curioso me ocorreu. Quanto mais profundamente investiguei as sensações daquele dia, mais nitidamente tive a compreensão de que eu, assim como aquelas pessoas, não tive a simples sensação relativa a um encontro, por mais poderoso que possa ter sido, mas sim um reencontro.

Para Walter Benjamin, a obra de arte tem uma aura que pode ser definida precisamente como um “aqui e agora”, ou seja, o aspecto que a torna única é que ela seja o testemunho puro do seu tempo. O processo, os objetos elencados como assuntos a serem pintados, a forma como são observados por quem os pintou, a estilística com a qual são registrados, assim como o suporte utilizado e as técnicas empregadas são todos testemunhos documentais históricos de um momento muito específico no tempo, grafados pela obra. Sua crítica à reprodutibilidade técnica trata da perda desses aspectos pela cópia mecânica, sobretudo porque essa cópia se sobrepõe à experiência frontal com a peça única e verdadeira. Torna-se um fetiche, que para Freud é a parte tomada pelo todo.

Mas o que não saía da minha mente era a premissa antropológica de que o poder da imagem se dá pela consagração ritualística dela como representação desse mundo ou outro, a partir do qual ela penetra o imaginário social, como um portal para uma realidade ainda mais profunda do que aquela simplesmente vista a olhos nus. Transportei-me imaginariamente para refletir sobre o que via um ser humano do

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Renascimento frente a uma pintura de Michelangelo, e se o impacto gerado pela imagem se dava pelos motivos míticos nela contidos, pela consagração anterior por meio de alguma ritualística religiosa, ou pelo reencontro entre a expectativa pessoal e a obra como documento benjaminiano da história.

Busquei ainda mais definições sobre a aura para ver se encontrava algum indício. Benjamin também define a aura como o recorte consciente sobre um momento efêmero; uma folha que cai, montanhas no pôr do sol, aquilo que não se pode possuir – sendo esse possuir o elemento definidor e provável fonte das angústias do que é ser pós-moderno. A aura é a obra de arte vista para muito além de sua estrutura estética, mas como documento físico de uma consciência sobre a terra em um dado momento histórico. Concluir que ela contém esse aspecto de não poder ser possuída, apenas como aspecto secundário de seu fascínio. O fator crucial da aura, o qual me custou diversos dias de reflexão, talvez seja, por fim, o encontro com um sonho cristalizado, o imaginário humano de uma outra época, uma forma de ver o mundo tornado sólido e tangível. Não haveria outra maneira de acessar os sonhos de épocas distintas da humanidade senão pela cristalização deles, no que chamamos de obras de arte.

Foi assim que passei a ver com maior clareza, e a aura passou a fazer sentido. Assim como vi no tríptico de Bosch um realismo muito maior no inferno do que no paraíso, porque refletia experiências de sua própria vida. Bosch viu, ainda novo aos 13 anos, sua própria cidade em chamas, em 1463, o que fez com que as chamas pintadas na parte do inferno do tríptico fossem muito mais realísticas do que a imaginação da concepção e do paraíso. E sua visão de inferno permeou o imaginário de diversas gerações das culturas ocidentais, o que nos leva a refletir sobre as fontes tão puramente humanas das imagens que são base do imaginário humano. Mas chegaremos lá.

Não há nada de especial na obra de Matisse, sejamos francos. Não podemos confundir a aura com a fetichização da obra de arte, de forma

Por muito tempo nos questionamos se as máquinas um dia sonhariam, mas aparentemente estamos diante da possibilidade de que o inverso disso se realize: seremos nós que sonharemos os sonhos das máquinas.

“A imaginação era um privilégio humano.”

Um mergulho nas profundezas do imaginário em nossa história, de Lascaux à modernidade, passando pelo renascimento europeu, pelas artes e pelas revoluções sociais. Devemos questionar: O imaginário deixará de ser um privilégio da humanidade? A criatividade passa a ser disputada, pela primeira vez, com algo não humano? Essas e muitas outras questões surgem nesta obra, e são navegadas com primor, sobre a profunda alteração na cosmovisão da humanidade diante da autonomia imaginária das IA.

“É seguro afirmar que, no esforço de imaginar - isto é, criar imagens -, a humanidade não tem demonstrado excessivo apreço por qualquer ‘realidade’ da captação das imagens que produz [...].”

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