O garoto de calção branco 002

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raios de sol deram lugar às esmaecidas réstias de luz que se esgueiravam tímidas, através das folhagens das árvores. Olhávamos fixamente até a copa de um pinheiro por alguns instantes. Devido à virtualidade dos galhos, das folhas verde escuras pontiagudas, da forma cônica das copas, que mais pareciam taças, do tronco cilíndrico de altura elevada, o pinheiro proporcionava um colorido especial a natureza e a brindava com seu monumento. Ao esplendor da tarde o pinheiral verde se vestia de vagos tons alaranjados. No pinheiro gostava de aproximar-me de seu tronco e afagá-lo, olhar o céu através de sua copa enorme e luminosa. Um serelepe se alimentava com um pinhão. Depois saltitava entre os galhos a uma distância de vários metros. Uma pinha estourou ao sol espalhando-se num arredor de cerca de cinqüenta metros a partir da planta mãe. - André, vamos sapecar pinhão na brasa? - Convidou Oscar, todo contente. - Vamos sim! - Concordei, ajudando a colher os pinhões, preparando o aceiro, amontoando a grimpa e ascendendo o fogo que logo crepitou. - André, eu já colhi mais de vinte pinhões. - Enumerou ele, antes de colocá-los nas brasas. - Eu colhi menos que voce! - Disse, depois de contar quinze pinhões colhidos enbaixo do taquaral. Oscar se aranhou nos xaxins e taquaruçus para colher pinhões bem maduros. Degustamos os pinhões à medida que iam se tostando. Descascamos com as próprias unhas e dentes. - Como é gostoso comer pinhão assado na brasa! - Exclamou Oscar ao descascar um pinhão e colocá-lo na boca. Um papagaio voava na cúpula ensombrada e frondosa do pinheiral nos enchendo de admiração. Decidimos observá-lo mesmo que à distância. Para se desviar de um galho, de um tronco caído, os olhos já se apertavam. O ar estava impregnado do cheiro das folhas caídas ao chão. As árvores eram tão juntas umas das


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