Mar abr 2017

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ANO XXXIV - Nยบ 1193 - MARร O/ABRIL DE 2017


EDITORIAL

O CENTRO DAS ATENÇÕES Lindolfo Paoliello Presidente da ACMinas

EXPEDIENTE

Onde impera o desenvolvimento, os lojistas caminham celeremente para o comércio eletrônico porque veem nele uma reinvenção do seu negócio e negócios vivem da capacidade de reinventar. Onde, no entanto, é o atraso que se alastra, os comerciantes de rua – depois de se virarem para resistir aos shopping centers – vão acabar migrando para o comércio eletrônico, não como quem é impelido pelo espírito empreendedor saudável, mas como quem é conduzido a emigrar para outro espaço pelo implacável espírito de sobrevivência. Esse pode vir a ser o destino dos comerciantes do

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centro de Belo Horizonte. Conheça o quadro trágico do Hipercentro da capital de Minas Gerais: em um só flash, nos quarteirões entre a estação rodoviária e a Praça Sete, você receberá um esbarrão e ficará sem seu celular, se resolver correr atrás (o que não deve fazer porque outro vai surgir do nada e o agredirá) vai dar de encontro a duas, três ou quatro bancas de camelôs atravancando a calçada; e nesse piscar de olhos verá a pior cena: moradores de rua dormindo abrigados em trapos, comendo ao lado de fogareiros improvisados ou transacionando craque.

Os números assustam: São cerca de 1.700 pessoas morando nas ruas da região centro sul; camelôs são mais de 600, 15 por cento estão nessa há mais de 10 anos, 55 por cento afirmam ter uma profissão e 75 por cento têm carteira assinada, mas perderam o emprego, a maioria na construção civil. Os assaltantes, esses é difícil saber quantos são porque se movem rápido até mesmo da cadeia para onde costumam ser levados pela manhã e saem à tarde.

PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE MINAS Registro nº 647 no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas da Comarca de Belo Horizonte Redação: Av, Afonso Pena, 372 – Centro – BH – MG – CEP: 30130-001 Assessor de Comunicação: Antônio Rubens Ribeiro Tel.: 3048-0715 e 3048-0714 – e-mail: imprensa@acminas.com.br Editora Responsável: Gabriela Carvalho – Reg. Prof.: MG 13549 JP Presidente: Lindolfo Paoliello Presidente de Honra: José Alencar Gomes da Silva (in memoriam) Vice-Presidentes: Aguinaldo Dinis Filho, Fábio Guerra Lages, Hudson Lídio de Navarro, Hélcio Roberto Martins Guerra, José Mendo Mizael de Souza, Marcos Brafman, Modesto Carvalho de Araújo Neto, Paulo Eduardo Rocha Brant, Paulo Sérgio Ribeiro da Silva, Romel Erwin de Souza, Ruy Barbosa de Araújo Filho, Sérgio Bruno Zech Coelho, Wagner Furtado Veloso e Wilson Nélio Brumer

Jovem Aprendiz: Isabella Fernanda Projeto Gráfico e Diagramação: CMR Comunicação 31 99675-6188 Publicidade: José Carlos Cruz Fone: 31 3048-9560 publicidade@acminas.com.br Estagiário: João Victor Morato Arte Capa: João Victor Morato Fotos: Fábio Ortolan Impressão: Gráfica Del Rey

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NESSES DOIS QUARTEIRÕES DA

Nesses dois quarteirões da principal avenida de Belo Horizonte, a Afonso Pena, estão a sede da ACMinas – Associação Comercial e Empresarial de Minas que há 116 anos, enquanto cumpre sua responsabilidade de representar as empresas que mantêm os cofres públicos, esforça-se pela solução dos problemas da cidade. Também ali está a sede daquela que se não é a maior é uma das maiores contribuintes do município, a Drogaria Araujo. E, não menos relevante, a estação rodoviária, onde desembarcam aqueles que esperam encontrar na capital desenvolvimento, organização, segurança e qualidade de vida. Para apoiar a solução desse quadro que envergonha nossa cidade, a ACMinas realizou em março uma Mesa Redonda intitulada S.O.S. Hipercentro e dela resultou um Movimento ao qual se integraram, até este momento, cerca de 20 organizações cujas atividades se concentram ou incluem o

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PRINCIPAL AVENIDA DE BELO HORIZONTE, A AFONSO PENA, ESTÃO A SEDE DA ACMINAS – ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E EMPRESARIAL DE MINAS QUE HÁ 116 ANOS, ENQUANTO CUMPRE SUA RESPONSABILIDADE DE REPRESENTAR AS EMPRESAS QUE MANTÊM OS COFRES PÚBLICOS, ESFORÇASE PELA SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DA CIDADE.

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Hipercentro. Os problemas aqui tratados foram denunciados naquele encontro e a nova administração municipal respondeu rápido. No dia 27 de março, a secretária municipal de Serviços Urbanos, uma das participantes da Mesa Redonda, anunciou em entrevista coletiva um Plano de Reabilitação do

Hipercentro de Belo Horizonte. As medidas anunciadas incluem tolerância zero à presença de camelôs no prazo de 60 dias, redução do número de pessoas em situação de rua e providências para a segurança pública. Dias depois, o Ministério Público decidiu pela ampliação do prazo para 90 dias, fundamentada na necessidade de maior tempo para se analisar a reinserção dos vendedores ambulantes no mercado de trabalho. O episódio resultou até aqui em uma rara ocasião de interação ágil e produtiva entre representantes da sociedade civil e de colaboração harmoniosa e pronta resposta da Prefeitura. A exata consciência da gravidade da situação, a percepção de que a opinião pública acordou para o fato e a noção de responsabilidade precisam estar aguçadas para que prevaleça entre os parceiros a confiança em que cada um está disposto a atuar na obtenção de resultados. Convém que o Centro fique no centro das atenções.

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SEMANAIS

ACMINAS EM MOVIMENTO Reuniões Semanais da Diretoria trazem à pauta de debates as principais questões do ambiente empresarial Realizadas regularmente às terças-feiras, às 18h30, as reuniões plenárias da ACMinas têm sido dedicadas a temas específicos, propostos pelos Conselhos Empresariais, nas quais são debatidas as grandes questões de interesse do mundo corporativo. As mais recentes debateram as reformas política, previdenciária e trabalhista, o comércio na era Trump, licenciamento ambiental e mobilidade corporativa.

REFORMAS JÁ! “As mudanças são urgentes e, se não forem feitas, as contas não vão fechar, devido à mudança na pirâmide demográfica no País e ao aumento da expectativa de vida da população.” O alerta foi feito pelo presidente do Conselho Empresarial de Economia da ACMinas, Mauro Sayar. “Não temos que ter medo das reformas, temos que ter medo é se as reformas não forem feitas”, disse. O principal foco de sua apresentação foi a reforma da previdência, que, segundo ele, é absolutamente necessária para fazer com que a economia do país melhore. “O déficit da Previdência pode levar à redução da capacidade de investimento, perda de competitividade por parte das empresas e à dificuldade de geração de empregos.”

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Para Sayar, é urgente a elevação da idade mínima para a aposentadoria, além da aplicação do princípio fundamental da igualdade previsto na Constituição. Ele defende que homens e mulheres se aposentem com a mesma idade e que os funcionários públicos deixem de ter diferenciações, como receber o mesmo salário de quando estavam na ativa, o que não ocorre com o trabalhador ligado à iniciativa privada. “Atualmente, a Previdência separa o cidadão em classe A e classe B”, disse. Para o economista chefe da FIEMG, Guilherme Leão, convidado para o encontro, ele e seus companheiros de trabalho já estão vendo algum sinal de melhora neste ano. “O governo entrou numa linha de

política macroeconômica mais coerente, mais correta. E isso tem levado a um processo de rápida redução da taxa de inflação e sua convergência para o centro da meta. Isso tem propiciado ao governo reduzir e acelerar o processo de redução das taxas de juros.”

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AS INCERTEZAS DA “ERA TRUMP” Desde que assumiu a presidência dos EUA, Donald Trump tem gerado instabilidade e críticas das principais lideranças mundiais. Para analisar e debater esses impactos medidas capazes de afetar a economia brasileira, a reunião teve a participação do professor Carlos Alberto Primo Braga, especialista em Política Econômica Internacional, ex-diretor do Banco Muncial, e Comissão Europeia. Para ele, uma das características mais marcantes da administração Trump é a incerteza sobre o que vai acontecer. “Hoje não sabemos quais serão os seus próximos atos ou qual caminho a sua ges-

tão vai tomar”, constatou. Para Braga, a economia do Brasil, infelizmente, é aquela que tem previsão de crescimento mais baixa entre todas as grandes economias

mundiais. “Sou otimista, mas a recuperação que se espera para 2018 depende ainda de uma série de fatores, inclusive do contexto internacional”, disse.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL Licenciamento Ambiental foi o tema central de outra reunião semanal, abordado pelo secretário-adjunto da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD-MG), Germano Luiz Gomes Vieira. Germano descreveu a situação do licenciamento

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ambiental no Brasil, principalmente em Minas Gerais. Segundo ele, na nova estrutura da SEMAD, a Superintendência de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SUPRAM) continua com as atribuições de fazer o licenciamento ambiental e a fiscalização, assim como

as intervenções que se façam necessárias. “Estamos trabalhando para otimizar a análise de processos”, afirmou. Germano falou também sobre a modernização da legislação, que hoje traz uma nova configuração, não só para a secretaria, mas

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também para o Conselho Estadual de Política Ambiental. “Estamos priorizando o treinamentos e a capacitação, a padronização de procedimentos, a modernização via tecnologia de informação e a fiscalização ambiental preventiva nas indústrias. “Com estas mudanças, houve uma grande redução dos passivos dos processos”, concluiu. Também participou do encontro o exministro de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho.

MOBILIDADE CORPORATIVA NAS ORGANIZAÇÕES Outro tema de reunião plenária foi “Mobilidade Corporativa”, debate organizado pelo Conselho Empresarial de Mobilidade da ACMinas, foi tratado pelo especialista do WRI Brasil, Guillermo Petzhold. Segundo ele, o problema está principalmente no cenário atual de congestionamento que enfrentamos todos os dias ao sair de casa. “Isto é causado muito em função da distribuição das atividades dos cidadãos pelos vários pontos da cidade”, disse. “Mas o que muitas vezes a gente não percebe é que nós, como organizações, também impactamos muito a mobilidade urbana”. Guillermo justificou por que deveríamos fazer uma mudança quanto a nossa mobilidade corporativa. “O que as pessoas da cidade e as próprias organizações têm a ganhar com isso? Para as pessoas, uma melhoria na qualidade de vida, um aumento da pro-

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dutividade, uma maior satisfação com o trabalho. Para a região, uma redução da poluição local, do congestionamento do entorno e o aumento da segurança viária”, disse. Para finalizar, o especialista citou o exemplo da Cidade Administrativa, que é atendida por duas linhas do Move, que substituíram os veículos

convencionais por um ônibus com tarifa mais acessível, ar-condicionado e que trafega em vias exclusivas, tornando esse deslocamento muito mais rápido. “Tudo aconteceu graças ao Plano de Mobilidade Corporativa e a integração entre os Agentes do Governo do Estado e do Município”, concluiu.

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ACONTECE

MOVIMENTO MINAS 2032, DO DC, BUSCA AS BASES PARA A CONSTRUÇÃO DO FUTURO O jornal Diário do Comércio, de Belo Horizonte, está lançando o Movimento Minas 2032 pela Transformação Global, iniciativa que visa, por meio do debate, do envolvimento e do diálogo com a sociedade, estabelecer bases para a construção de um futuro sustentável. O Movimento foi objeto de apresentação prévia aos presidentes das organizações que compõem o Fórum das Entidades Empresariais de Minas Gerais, realizada durante almoço organizado pela ACMinas. Prevê a realização de encontros periódicos, com a participação de personalidades do meio político, lideranças empresariais e representantes dos vários segmentos da sociedade civil. Segundo Luiz Carlos Motta Costa, presidente do DC, “A intenção do

Movimento é saber, por meio da interlocução com estas lideranças, o que queremos como projeto de construção do futuro de Minas Gerais e do Brasil. É fazer com que a sociedade se aproprie do que quer ser, das transformações que pretende ver realizadas”, disse. Luiz Carlos lembrou, também, que a escolha de 2032 como referência não foi aleatória. “É o ano do centenário do Diário do Comércio.” Para o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Minas Ge-

rais, Roberto Simões, a proposta elaborada pelo DC tem uma importância fundamental. “Devemos todos participar dessa iniciativa, e juntos”, afirmou. O presidente da ACMinas, Lindolfo Paoliello, afirmou que “o Brasil está sem um horizonte de planejamento, apenas contemplando e esperando. Esse estado de coisas está nos expondo ao risco da surpresa. E esta pode ser um colapso geral no País.” Também participaram do encontro Yvan Muls e Adriana Muls, diretores do Diário do Comércio, o professor Raimundo Soares, do Instituto Orior, que atua na organização do Movimento, o presidente da Federaminas, Emílio Parolini, o superintendente da Fiemg, Paulo Brant, e o vice-presidente da CDLBH Anderson de Souza.

MINAS GERAIS BUSINESS GUIDE EM UBERLÂNDIA Será apresentado no dia 08 de maio, às 19h, na Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, para os empresários locais o Minas Gerais Business Guide. A região, segundo

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Monica Cordeiro, cordenadora da iniciativa, tem forte potencial de atração no mercado internacional e o Minas Guide é visto como uma ferramenta para identificação de

novas oportunidades. Mais informações e inscrições pelo e-mail: internacionalizabh@acminas.com.br. Ou ligue (31) 3048-9566 (Ramal: 9520).

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S.O.S. HIPERCENTRO

GOVERNANÇA PÚBLICA PRIVADA PARA O HIPERCENTRO ACMinas passa a atuar como facilitadora da agregação da sociedade civil aos projetos de requalificação do centro de BH

Brumer: além dos problemas imediatos

Apresentando-se como cidadão empenhado em contribuir com o desenvolvimento de Belo Horizonte, Wilson Brumer, vice-presidente da ACMinas, propôs às organizações que integram o Movimento S.O.S. Hipercentro a implementação de um projeto de longo prazo para assegurar à região central de Belo Horizonte um desenvolvimento sustentável. Sugeriu que a providência seja tomada simultaneamente às medidas emergenciais

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propostas pelo Movimento e já em curso pela Prefeitura. Informado pela secretária municipal de Assuntos Urbanos, Maria Fernandes Caldas, de que a PBH já dispõe de um planejamento feito há cerca de 10 anos, mas bem atual, Brumer sugeriu a adoção de uma governança, composta por integrantes dos setores público e privado, capaz de apoiar a Prefeitura na implementação do plano. Bem rece-

bida pela secretária, a proposta foi posta em votação pelo presidente da ACMinas, Lindolfo Paoliello, e aprovada pelos componentes do Movimento. A ideia prevê um sistema de governança do qual participem, em um sistema não hierárquico, tanto órgãos da administração pública quanto da sociedade civil organizada e do sistema judiciário, assim como representantes do empresariado.

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PODERÁ SER ADOTADA NOVA VISÃO Brumer, com sua grande experiência na iniciativa privada e como secretário Estadual de Desenvolvimento, afirmou ser preciso ir além dos problemas imediatos – camelôs, moradores em situação de rua e criminalidade. Para ele, a questão precisa ser orientada segundo uma percepção crucial: a necessidade de se adotar um planejamento integrado e de

longo prazo que leve em conta o que queremos, não só para o Hipercentro mas, também, para Belo Horizonte e mesmo para Minas Gerais, algo que há muito tempo não se faz. “É preciso repensar a nossa economia, saber o que queremos de nossa cidade”, disse. “Não se consegue mais enxergar Belo Horizonte pela visão tradicional, é preciso fazer com que a cidade cresça tendo como referência a

nova economia, o turismo de negócios, as startups. Enfim, explorar suas vocações por meio de um planejamento integral: medidas de curto, médio e longo prazo que se integrem por meio de um plano de ação capaz de agregar valores”, concluiu.

CENSO A secretária Municipal de Serviços Urbanos, Maria Fernandes

Maria Caldas: censo revelou perfis dos camelôs

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Caldas, endossou a necessidade de governança com protagonismo da sociedade e de planejamento de longo prazo, mas enfatizou a existência de um problema imediato – os mais de 600 camelôs e toreros que invadiram o centro da cidade – que precisa ser resolvido o quanto antes e que vem envolvendo praticamente todos os órgãos da administração municipal. Ela revelou que o prazo previsto de 60 dias para sua retirada foi estendido para 90 dias, a pedido do Ministério Público, para que este possa analisar devidamente o problema da reinserção dessas pessoas no mercado de trabalho. Esta reinserção é, na verdade, o grande problema a ser resolvido, dada a sua dimensão, revelada em um censo dos camelôs, cujos resultados foram apresentados pela secretária. Segundo ela, 75% deles são pessoas que perderam o emprego, a maioria vinda da construção civil, enquanto 15% são camelôs há mais de 10 anos. 55% têm profis-

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são, 70% têm filhos, 55% moram em casas alugadas, distribuídas por toda a região metropolitana de Belo Horizonte, 27% têm mais de 35 anos, 34% não têm outra fonte de renda, 18% recebem o Bolsa Família. A grande maioria, 90%, não tem outra alternativa senão vender nas ruas os seus produtos, 19% dos quais eletrônicos.

O PAPEL DO SETOR PRIVADO Ela revelou também que, segundo a pesquisa, 70% dos camelôs têm interesse em fazer cursos profissionalizantes em busca de novas oportunidades e 85% gostariam de mudar de atividade. “Este fato explica o nosso empenho em buscar um modelo capaz de absorver estas pessoas”, disse a secretária. “Sabemos que há vagas nos shoppings populares, entre outras oportunidades, e que há vagas também em cursos de capacitação, mas não é possível para o poder público resolver sozinho esta questão complexa”. Para ela, é preciso compatibilizar as ações do

Ministério Público, da defesa dos direitos humanos; temos que achar alternativas para cumprir e fiscalizar as atividades. “Não se trata simplesmente de expulsar estas pessoas do hipercentro, temos que tentar recolocá-las no mercado de trabalho. Estamos conversando aqui com o setor privado, estamos buscando alternativas para os que querem ir para shoppings populares, estamos articulados com o setor privado para que este dê também a sua contribuição. Precisamos do apoio da sociedade civil”, concluiu. Já a arquiteta Laura Penna destacou, sob a perspectiva de sua profissão, a necessidade de planejamento urbano e a participação da comunidade e dos usuários do centro da cidade em seu planejamento e conservação. “Não é possível ter um plano-diretor engessado”, afirmou. “Não se pode tornar obrigatórios determinados tipos de ocupação, mas trazer para o centro aquilo que seja sua vocação. Isto foi feito em várias cidades, como Barcelona e Medellin, que podem servir de exemplo”.

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ENTREVISTA

NA MOBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE, AS SOLUÇÕES PARA O HIPERCENTRO Participante de primeira hora do Movimento

Segundo Maria Caldas, a prefeitura estabeleceu um

S.O.S. Hipercentro – pois estava entre os debatedores

prazo de 60 dias para que isto aconteça e um diagnós-

da Mesa Redonda que originou a iniciativa –, a

tico da situação já está em curso. O prazo foi aumenta-

Secretária Municipal de Serviços Urbanos, Maria

do para 90 dias, por solicitação do Ministério Público.

Fernandes Caldas, anunciava, menos de uma semana

Nesta entrevista, ela relata a complexidade da questão

após aquele evento realizado pela ACMinas, a retirada

e aborda, também, o problema dos moradores de rua,

dos camelôs das ruas do centro de Belo Horizonte.

que tem um considerável viés social.

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Quais serão as medidas que a prefeitura tomará para, conforme anunciado, retirar os camelôs das ruas num prazo de 60 dias? Serão considerados os aspectos sociais da questão? A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, está realizando um recenseamento para entender a natureza da motivação dessas pessoas. Inclusive, a pesquisa está praticamente concluida e já podemos retirar algumas conclusões que, de um modo geral, nos leva a confirmar o que já sabía-

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mos: que a maior parte dos camelôs que está nas ruas são pessoas que trabalhavam com carteira assinada em alguma empresa da área de construção civil e, por falta de opção, estão na atividade ilegal do comércio ambulante. Ao finalizar o diagnóstico, iremos abrir um diálogo com os camelôs, envolvendo o Ministério Público. Já temos uma reunião marcada e vamos tentar entender as alternativas, oferecer manter, ao mesmo tempo em que já estamos providenciando algumas, como

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geração de postos de trabalho compatíveis com o perfil dessas pessoas. A partir de um determinado momento vamos entrar com um processo de fiscalização. No momento, estamos fazendo uma fiscalização mais preventiva e depois iremos atuar com mais rigor. Há neste contexto também uma perspectiva criminal, pois grande parte dos camelôs atua, na verdade, como distribuidores de produtos contrabandeados e até de drogas. Como a senhora analisa esta situação? Trata-se de um assunto de competência exclusiva da polícia ou o projeto irá abordá-lo por outras perspectivas? Temos informações de que existem pessoas na situação de camelôs que fazem parte de uma rede de crime organizado. E esse assunto foge, obviamente, da competência da Secretaria de Serviços Urbanos, mas não da Secretaria de Segurança Urbana e Patrimonial, que faz análises em parceria com a Polícia Militar, Receita Federal e a Promotoria de Crimes que investiga contrabando. E essas são ações de segurança e não

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EXISTEM

PESSOAS

NA

SITUAÇÃO DE CAMELÔS E FAZEM PARTE DE UMA REDE DE CRIME ORGANIZADO”

podem ser confundidas com o trabalho de fiscalização que estamos fazendo com os camelôs. Como será tratada a situação dos moradores de rua? A ideia de utilizar imóveis desocupados do centro da cidade para abrigá-los é viável? E quanto ao fato, reconhecido, de que muitas dessas pessoas moram nas ruas por opção? Há possibilidade de interlocução com elas? Há alguma delas que possa representá-las nessa interlocução? O problema é bastante complexo. Hoje temos cerca de 1.700 pessoas em situação de rua na região CentroSul, a maioria no hipercentro, um problema complexo que não tem uma solução simples. A Prefeitura está atualizando este diagnóstico e, também, tentando entendê-lo, pois

as pessoas em situação de rua não são uma categoria. Elas têm motivações distintas e estão em situações distintas. Com isto, pretendemos chegar a um conjunto de soluções que possamos oferecer, entre elas a moradia social no centro da cidade. Haverá ações específicas para o combate à criminalidade na área central de Belo Horizonte? Sim. No eixo do Plano de Requalificação do Hipercentro, as ações serão realizadas pela Secretaria de Segurança Urbana e Patrimonial, que identificou os pontos onde há maior incidência de criminalidade, de furtos e roubos, e os horários em que isso acontece com maior frequência. Nesses pontos, haverá operações especiais, com policiamento ostensivo, acompanhado por ações de inteligência policial. Além disso, a Secretaria trabalha em conjunto com outros órgãos responsáveis pela segurança pública no Estado de Minas Gerais. Como a senhora percebe o papel da ACMinas, que levantou estas questões em Mesa redonda e criou o Movimento S.O.S.

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Hipercentro? É muito importante que a ACMinas dê este exemplo e possa coordenar a participação das entidades organizadas da sociedade civil, além de chamar para a responsabilidade de todos. Eu tenho dito que os problemas, que nós vemos de maneira mais intensa no Hipercentro, acontecem em toda a cidade, não são problemas do hipercentro ou da Prefeitura ou de uma determinada Secretaria. São problemas da sociedade, da maneira que a gente organizou a sociedade. São, provavelmente, ampliados e motivados pela crise econômica que o mundo atra-

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vessa. E um problema dessa natureza não tem como ser resolvido apenas pela Prefeitura. Então, todos devem se unir em torno dessa causa e buscar soluções e entender de qual forma podem contribuir para melhorar essa situação. É efetivamente viável fazer novamente do centro o coração pulsante da cidade, um local para onde o comércio possa voltar e as pessoas a frequentar? Eu creio que sim, desde que todos nós possamos trabalhar juntos com esse mesmo objetivo. A Prefeitura não pode responder pelo que dirá o

empresário, o responsável pelo comércio ou pela atividade. A Prefeitura pode responder por aquilo que lhe compete, que é tomar as providências para criar um ambiente seguro, saudável e bom de se investir. E o setor empresarial tem que responder pela retomada e pela revitalização econômica do hipercentro. Inclusive, com a visão de que é necessário levá-lo ao uso residencial, pois este é o grande motivador e indutor da vitalidade das áreas, principalmente à noite, quando o comércio fecha e hoje os lugares desertos são tomados pelo uso marginal.

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A DECEPÇÃO DE UMA VISITANTE Acostumada a viajar com frequência para o Brasil, por conta de seus estudos sobre a obra da escultora brasileira Mary Vieira, a pesquisadora suíça Malou von Muralt esteve em Belo Horizonte no início de abril. E decepcionou-se ao verificar o estado de degradação de um dos principais trabalhos de Mary, a praçamonumento “Liberdade em Equilíbrio” – uma estrutura de concreto com 21 metros de altura na praça Rio Branco, provavelmente a maior do mundo em seu gênero – assim como o de todo o seu entorno. Por meio de um amigo, o professor e ex-presidente do Conselho Executivo da Unesco José Israel Vargas, tomou conhecimento do Movimento S.O.S. Hipercentro, criado pela ACMinas, e apressou-se em escrever ao presidente da entidade, Lindolfo Paoliello, manifestando sua reação diante do que viu mas confessando-se aliviada em saber que

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Degradação do centro de BH surpreende pesquisadora Suíça

existe um movimento preocupado em reverter a situação. “Não adianta lutar pelo reconhecimento e restauro da praça-monumento”, escreveu, “se o entorno não passar também por uma requalificação. De modo que a salvação, o respeitoso restauro só será possível com o apoio e a sensibilidade de amplos setores da sociedade Belo-

Horizontina. É preciso, de fato, um movimento mais amplo, mais abrangente como aquele que você está fomentando.” Em visita à ACMinas, dias depois, a pesquisadora manifestou suas apreensões, em entrevista à imprensa, tanto quanto à obra de Mary Vieira quanto ao estado do hipercentro.

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IMPRESSÕES SOBRE UM CONVÍVIO Gabriel Azevedo, vereador, depõe sobre o que é morar no centro de Belo Horizonte Moro há 31 anos na esquina da rua Rio de Janeiro com Tupis, bem no centro de Belo Horizonte, de onde pude acompanhar boa parte das mudanças por que passou a região. Hoje, em grau bem mais acentuado, percebo a situação a que chegamos, o cenário de desqualificação do hipercentro, em que vivemos novamente lado a lado com camelôs, com a falta de cuidado com o equipamento urbano, com o aumento da criminalidade, com o fechamento de lojas e a redução da atividade do comércio. Enfim, há uma série de indicadores que mostram a necessidade de requalificação dessa região. Acho que para isto é fundamental que as pessoas que moram no centro, se aliem. Esta união, contudo, não costuma acontecer. Muitas vezes nem sabemos quem mora no nosso prédio, não se conhece o vizinho de porta, não se participa das reuniões de condôminos e tampouco se atua em associações de moradores, de um

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debate sobre a situação. O Poder Público tem suas funções, mas só vai adiante se motivado pela mobilização das pessoas. Eu sempre pensei assim, tanto que, percebi que o centro de BH nunca teve, pelo menos desde que nasci, uma representação na Câmara Municipal. É por isto que decidi me candidatar a vereador e representar, ali, a voz dessas pessoas – elas podem me procurar e sugerir

ações políticas em favor desse coração de Belo Horizonte. O Centro precisa de uma ação inteligente de segurança pública, uma vez que mais da metade dos roubos acontecem no limite do hipercentro em horas e locais conhecidos. Necessita de um processo de fiscalização para coibir práticas ilegais contra o código de posturas, como as dos camelôs. Carece de uma ação social efetiva para compreender a questão das pessoas em situação de rua e estabelecer uma política pública adequada nesse sentido. Uma ação de desenvolvimento econômico para estimular as vocações locais. Uma ação especifica para o comércio, com equipamento públicos, iluminação, reforma de vias e calçadas para transformar o centro num lugar aprazível, valorizando seus espaços históricos, como o edifício Acaiaca, o próprio obelisco da Praça 7 e muito outros locais simbólicos que estão abandonados. Precisa de tudo isso — e logo.

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INTERNACIONALIZAÇÃO

MÃO NA MASSA Primeiras estudantes da Skema já iniciaram convívio com empresas mineiras O acordo de cooperação firmado entre a Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas) e a Skema Business School, escola de negócios francesa que está entre as melhores do mundo, já começou a mostrar resultados: duas estudantes, entre os que estão no Brasil participando do Conexão Internacional, projeto resultante do acordo, passa-

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ram cinco dias em empresas mineiras conhecendo a cultura de negócios local, desenvolvendo projetos e criando para elas a oportunidade de convívio com o estilo internacional de negócios. Estes, segundo Monica Cordeiro, diretora da ACMinas e coordenadora do “Internacionaliza BH”, iniciativa na qual o Conexão internacional se

insere, são os principais objetivos visados. “Empresas de todo porte podem participar dessa iniciativa, abrindo as portas para os estudantes e beneficiando-se de tudo aquilo que eles podem trazer em termos de cultura empresarial”, disse.” As empresas que quiserem integrar o projeto podem fazer contato com o Internacionaliza BH por e-mail

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(internacionalizabh@acminas.com.br) ou pelo telefone 31-3048-9566 ramal 9520.” Para uma delas, Camille Le Gal, estudante francesa que participou do Projeto na Leve, um locadora de automóveis em Belo Horizonte, o objetivo de participar do projeto é conhecer as peculiaridade de funcionamento e gestão de uma empresa brasileira em comparação com empreendimentos estrangeiros que atual no mesmo setor, no caso, o turismo. “Fizemos um intercâmbio comparativo de conceitos e práticas entre a cultura empresarial da França e a do Brasil”, disse Camille. Acredito que, neste período, consegui transmitir às pessoas algumas ideias, baseadas em minha própria experiência”. Resultados como este tornaramse possível graças ao acordo entre a Skema e a ACMinas, firmado em Belo Horizonte pela reitora da instituição, Alice Guilhon, e pelo presidente da entidade, Lindolfo Paoliello. Para Monica Cordeiro, a iniciativa dá sequência à consecução de uma das metas estratégicas da entidade, a internacionalização, e passa a fazer parte do projeto. Para a diretora, a parceria celebrada em um evento específico (do qual participou também uma comitiva de jornalistas franceses – leia matéria na página seguinte) abre o território mineiro para novos conhecimentos e para o compartilhamento

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Paoliello e Guilhon: promovendo convívio com as empresas

de experiências. “Ela agrega ao nosso jeito próprio de fazer negócios o conhecimento dos métodos de gestão internacionais e promove a convivência entre culturas empresariais”, disse. “Entendemos que temos que quebrar o mindset de que o mineiro é introvertido”, acrescentou Paoliello. “Temos que trabalhar, aprender estilos, gestos, formas de agir, metodologias e processos internacionais a partir do jeito de ser de outros países. E é exatamente isto é o que esse projeto trará de novo. Vamos trazer isto tudo para cá, com a Skema, com os jovens que virão aqui coexistir com as empresas de Minas Gerais, e, com isto, poderemos tanto aprender quando ensinar.” O acordo prevê que estudantes da Skema/FDC tenham oportunidade de conviver com empresas mineiras.

A Skema tem foco especial na área internacional, com campi nos Estados Unidos e China, além dos três na França. Desde 2015, a escola francesa tem parceria com a FDC, tendo ali o seu único campus na América Latina. A escola tem mais de 8 mil alunos de mais de 150 nacionalidades diferentes. Para a dean da Skema Business School, Alice Guilhon, o acordo é uma evolução da presença da escola no Brasil. “Tínhamos interesse no Brasil, que é um dos países mais dinâmicos da América Latina. Nossa meta é criar talentos em todas as partes do mundo e identificamos na FDC esse mesmo interesse. Queremos contribuir para o desenvolvimento local de onde estamos instalados e ter nossos estudantes convivendo com o meio empresarial um grande passo para a sua formação e para a nossa integração”, destacou.

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CURIOSIDADE JORNALÍSTICA

Modesto Araujo, Luis Alberto Garcia, Lindolfo Paoliello, Eugênio Mattar e Rubens Menin foram entrevistados pelos franceses

Um grupo de oito jornalistas, representando os principais veículos da França, acompanhava a comitiva da Skema. Para eles, a ACMinas organizou uma entrevista, para a qual convidou quatro das personalidades mais expressivas do mundo empresarial brasileiro: o chairman e cofundador do Grupo MRV, Rubens Menin Teixeira de

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Souza; o CEO do Grupo Drogaria Araujo, Modesto Araujo Neto; o chairman e fundador do Grupo Algar, Luiz Aberto Garcia, e o CEO do grupo Localiza Rent a Car, Eugênio Mattar. Os temas de maior interesse dos jornalistas foram o ambiente de inovação desenvolvido em Belo Horizonte, a segurança pública no Brasil e o sistema educacional,

especialmente no que se refere ao ensino universitário. Em suas respostas, os empresários demonstraram que os problemas hoje enfrentados pelo Brasil não são capazes de paralisar a realização de negócios e que muitos deles são apenas características de uma cultura própria, que não segue, necessariamente, os padrões europeus.

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SAVASSI CRIATIVA

Projeto de revitalização do bairro mostra a cinergia com o S.O.S. Hipercentro

“Uma ideia aqui e outra ali sempre existiram para dinamizar a Savassi, mas nunca reunidas em um só projeto”, é assim que o presidente da Associação de Moradores e Amigos da Savassi (Amas), Nelson Galizi, e a coordenadora de Marketing do projeto, Natalie Oliffson, apresentaram o projeto “Savassi Criativa”, durante reunião Plenária Semanal da Diretoria e Associados da ACMinas. Segundo Galizi, o objetivo do

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projeto é usar a criatividade para levar o desenvolvimento à região — que começou pela elaboração de uma identidade visual para o projeto, por meio de logomarca — e com o mapeamento da região em 05 espaços: norte, sul, leste, oeste e Circuito Cultural Praça da Liberdade. “Queremos estimular todos os atores desta comunidade a se envolverem, com criatividade e integrados, e transformar problemas em soluções”, disse Galizi.

Já a coordenadora de Marketing destacou que a Savassi é autossuficiente, com um mix completo de atendimento ao público. A região tem mais de 108 bares, dois shoppings centers, diversos bancos e hotéis e 374 lojas de moda. “Temos que ter uma visão integrada de tudo isso, buscar a aderência de moradores, lojistas e frequentadores da Savassi e fazer com que a região volte a ser um roteiro turístico de lazer e compras”, finalizou.

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INOVAÇÃO

ABDI TEM R$ 50 MILHÕES PARA INVESTIR EM INOVAÇÃO Programa financia as pontes entre startups e empresas que buscam competitividade Com orçamento de R$ 50 milhões, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, anunciou, em reunião plenária da ACMinas organizada pelo Conselho Empresarial de Inovação da entidade, que pretende ser a ponte

entre as indústrias que precisam desenvolver soluções em diferentes níveis e as startups que as oferecem. O programa, apresentado pelo presidente da Agência, Luiz Augusto de Souza Ferreira, “É um passo importante para que Minas Gerais desenvolva seu hub de inovação”, como assinalou o presidente da ACMinas,

Lindolfo Paoliello. De acordo com Luiz Augusto Ferreira, há uma grande discussão dentro do Ministério sobre como tornar o Brasil mais competitivo, e a conclusão é de que só podemos fazer isso por meio da inovação. “Ela é que permite à indústria diminuir seus custos e torne-se mais compe-

Luiz Augusto Ferreira: Inovação é fator de competitividade

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titiva”, disse o executivo, “e uma das saídas é criar parcerias com as empresas de base tecnológica, que têm na solução de problemas o seu negócio. O que vamos fazer é ligar essas duas pontas”, explicou. Para o presidente do Conselho Empresarial de Inovação da ACMinas, Paulo Renato Cabral, a iniciativa da ABDI é importante para Minas porque as startups são os empreendi-

mentos que mais têm capacidade de inspirar e viabilizar mudanças no setor industrial e em outros segmentos. “Ao desenvolverem novas tecnologias e modelos de negócios inovadores, as startups estimulam os empresários a repensar seus negócios e adotar soluções capazes de tornálos mais inovadores e competitivos em cenários difíceis como os de hoje”, afirmou Cabral.

Startups, instituições de apoio e empresas industriais têm acesso ao edital do projeto no site da Agência (www.adbi.com.br), onde podem se inscrever até o dia 12 de abril. Ali as indústrias selecionam as empresas de base tecnológica que têm aderência às suas necessidades e, à medida que as startups forem entregando as soluções, irão recebendo aportes que podem chegar ao total de R$ 850 mil.

OUTRAS INICIATIVAS NO ESTADO A reunião acabou por se tornar uma catalizadora de boas práticas, ao incluir também apresentações de outras instituições ligadas à inovação. A Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) apresentou três cases desenvolvidos a partir de pesquisa e aplicabilidade no

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mercado. O primeiro foi na área ambiental, pela JCF Soluções em Resíduos Ltda, de Timóteo, realizado em parceria com a Universidade Pitágoras de Ipatinga e o CEFETMG. A empresa desenvolve o “compensado de borracha”, que resulta do reaproveitamento de resíduos de cabos elétricos e pneus descartados. Além de ter maior durabilidade do que o compensado comum, por não utilizar madeira mas material reciclado, o produto permite reduzir o desmatamento e a produção de lixo. O segundo case, também na área ambiental, foi o da pMethar, Plataforma de Metanização de Resíduos Orgânicos, resultante de uma parceria entre UFMG e a empresa Methanum, com apoio FAPEMIG. O projeto consiste numa plataforma integrada para a metanização de resíduos orgânicos, produzindo fertilizantes e biogás para produção de energia. A tecnologia reduz a emissão de gases estufa e se insere no mercado de energias renováveis. E, finalmente, o Safe Trace – Sistemas de Rastreabilidade, projeto de pesquisa universitária que foi incubado no INCIT (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, ligada à Universidade Federal de Itajubá) que, com apoio da FAPEMIG, desenvolveu um sistema de controle na procução de alimentos, em especial na cadeia da carne, de modo a garantir a procedência e a observância de normas sanitárias e socioambientais. O projeto levou a criação de uma empresa. Outra instituição que participou do encontro foi

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a Rede Mineira de Inovação, que apresentou as oportunidades existentes para intervenções inovadoras em Minas e no Brasil. Segundo sua presidente, Ana Cristina de Alvarenga Lage, Minas Gerais tem força e capilaridade para o desenvolvimento da inovação. Ana Cristina também apresentou algumas iniciativas de empresas incubadas que vêm apresentando bons resultados. Já a Embrapii – Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial – se propõe a compartilhar os riscos de projetos de inovação com as empresas que pretendem implantá-los. Segundo seu diretor de Operações, Carlos Eduardo Pereira, o apoio se dá

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Carlos Eduardo Pereira, Luiz Augusto de Souza Ferreira, Lindolfo Paoliello, Ana Cristina Alvarenga Lage e Evaldo Ferreira Vilela

por intermédio de unidades ou núcleos de centros de pesquisa ou universidades. “Essas unidades e núcleos fazem a seleção dos projetos e financiam 30% do aporte financeiro necessário para a implantação, explicou, e a Embrapii também par-

ticipa com outros 30% do investimento, ficando o restante a cargo da própria empresa,” assinalou. Todo o processo de gestão, investimentos, evolução do projeto e avaliação de resultados também é acompanhado pela Embrapii.

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