Jornal ACMinas - Mai/Jun 2018

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CONJUNTURA

QUE LIÇÕES TIRAMOS DA CRISE? Dois especialistas – um em transportes, outro em economia – analisam a greve dos caminhoneiros A Diretoria Executiva da ACMinas reuniu-se, no auge da crise dos transportes, para analisar os novos cenários político, econômico e institucional que ela provocou. Para o vicepresidente Paulo Sérgio Ribeiro, empresário do setor de transportes, ela resultou de um processo político em que os governantes brasileiros mais recentes lotearam cargos federais e neles colocaram pessoas que não entendem das áreas que administram. “É estranho que nem o

Ministério dos Transportes nem a Agência Nacional de Transportes Terrestres, a ANTT, órgão incumbido de regular o setor, participaram do Comitê de Gestão da Crise constituído pelo Palácio do Planalto”, afirmou. “Quem estava nas reuniões eram pessoas que nada entendem de transportes e, por isso, o governo não soube conduzir as negociações. Simplesmente porque não havia gente que entendesse da matéria”.

Paulo Sérgio falou também da origem da crise. “Em 2013, com a economia crescendo, o governo Dilma oferecia financiamento a juros de 2,5%, o que levou a indústria de caminhões a expandir a produção e, consequentemente, ao aumento da frota em circulação. Esta conjuntura fez com que o preço dos fretes se reduzissem a um nível que, tecnicamente, não permitia a operação sustentável do setor de transportes”.

GOVERNO DESPREPARADO “Há uma acusação de que são as empresas de transportes que exploram os autônomos”, prosseguiu Paulo Sérgio. “Mas as informações

JORNAL

que a mídia utiliza provêm de gente incompetente do governo. Até mesmo a ANPP, que mesmo tendo atualizado seus dados traz informa-

ções que ainda carecem de aprimoramento. Por exemplo, a de que o transporte rodoviário no Brasil tem 117 mil transportadores, o

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