Revista 21 mai/jun 2014 nº13

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estratégico concebido pela Abinfer, a partir de análise que considerou, entre outros pontos, o acirramento da concorrência vinda da China. Reduzir pela metade o déficit na balança comercial brasileira até 2015, gerar nesse mesmo prazo 2 mil empregos qualificados e tornar o país um dos três melhores do mundo no fornecimento de moldes e ferramentas, nos próximos dez anos, são as metas centrais. Com um maior equilíbrio nos negócios globais, estima-se a possibilidade de alcançar um superávit na balança comercial da ordem de US$ 200 milhões até 2026, de modo que, em vez de importar massivamente, o Brasil ganhe o status de exportador de ferramentais. “O trabalho é árduo e intenso. Estamos apenas no começo”, sublinha o dirigente. Na mesma direção, desde 2012, a Abinfer participa da Associação Mundial de Ferramentarias (ISTMA), buscando “a articulação de regras justas para o comércio de moldes e matrizes em nível internacional”, como afirma Dihlmann. Presidente do Núcleo de Usinagem e Ferramentaria da Acij, Daniel Scholze, diretor da BSS Industrial, enxerga que o avanço chinês é, de fato, o problema mais complicado, ao lado da carência de mão de obra preparada e de incentivos fiscais. “A China cresceu consideravelmente em fabricação de moldes para o Brasil a partir de 2009”, situa Scholze. “Hoje, não produzimos mais de 30% dos moldes feitos no país.” Segundo ele, já estaria havendo uma virada, com indústrias que apostaram em parcerias orientais e se arrependeram. “Muitas sofreram um revés em relação à qualidade do material utilizado, chegando ao ponto de ter duplicidade de moldes, sendo copiados pelos próprios chineses”, revela. “Diante de tais situações, o que estamos sempre fortalecendo é a neces-

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No alto, Menezes, da Magna Moldes: entusiasmo com os mercados automotivo e de linha branca; acima, Fix, da Abimaq: “A desindustrialização é notória”

sidade de nos unir cada vez mais e eliminar a ideia de que o concorrente é o seu vizinho.” No comando da Câmara Setorial de Ferramentaria e Modelações da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o empresário Alexandre Fix concorda que a disputa com os rivais asiáticos é desparelha para os brasileiros e aponta um obstá-

culo importante na conjuntura atual. “O governo federal não colabora com a empresa nacional, não tem uma política industrial sadia. A desindustrialização é notória”, reclama Fix, chamando atenção para a dificuldade dos fabricantes em modernizar seus parques produtivos, com a falta de estímulos concretos. Outro ponto, de acordo com o empresário, é a inadimplência por parte de inúmeros clientes de ferramentarias. “O resultado é que o setor está sofrendo”, diagnostica. O cenário mais otimista que chegou a ser desenhado no lançamento do Inovar-Auto, diz ele, ainda não se confirmou. “Era para ser uma ação espetacular, a salvação da lavoura. A associação das montadoras tinha receio até de que não conseguiríamos suprir a demanda, com tantos moldes e peças que seriam feitos no Brasil”, recorda-se o empresário. “Torço que vá adiante, mas parece que só foi anunciado para dizer que o governo estava fazendo alguma coisa.” Se o quadro geral parece desanimador, há exemplos de empresas que vão muito bem, obrigado. É o caso da joinvilense Magna Moldes, que ingressa no quinto ano de existência exibindo crescimento médio de 30% a cada exercício. Entusiasmada com a resposta dos dois principais mercados em que atua, automotivo e de linha branca, a Magna Moldes investiu R$ 2 milhões em 2013, na compra de máquinas, ampliação da fábrica e treinamento. Neste ano, calcula um desembolso de R$ 1,5 milhão, para dar conta da demanda prevista. “Nossos clientes, em geral, são multinacionais de grande porte e lideres em seus segmentos, o que já demonstra a capacidade, qualidade e seriedade da Magna Moldes no trato dos negócios”, orgulha-se o proprietário Júlio de Menezes.

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