O Desenvolvimento nos Media – Percepções e Visões de Jornalistas e Profissionais da área do Desenvol

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rinstitucional para a Educação em situações de Emergência fez enorme alarido, e até posso dizer que já aconteceu uma situação bastante chata para nós — pelo menos eu fiquei bastante aborrecida — com um chavão do tipo ‘Universidade do Minho leva a educação a países de emergência’. Isto é terrível tendo em conta a nossa filosofia de Cooperação. (...) ou interessam as notícias mais sensacionalistas, mais terríveis ou mais ligadas às situações de emergência, ou quando há reportagem sobre Cooperação para o Desenvolvimento, nunca vi nenhuma sobre o que é que correu mal nos processos de Desenvolvimento. (...) Quando há reportagens é — ou é tudo maravilhoso, o que se fez, ou são as situações gritantes da emergência. Falar dos processos, das dificuldades (...), acho que falta isso. (...).” Sandra Fernandes (UMinho) “Os Media nacionais estão muito reduzidos a Lisboa e Porto. Todo o trabalho para o Desenvolvimento que é feito nas zonas rurais e no interior fica muito apagado. (…) Em termos internacionais, acho que a nossa agenda – a Agenda para o Desenvolvimento – está muito virada para dois focos. Um que tem a ver com o grande noticiário internacional, como a vertente de Ajuda Humanitária, quando estamos a falar de refugiados, grandes deslocações de população por causa dos conflitos – ainda agora a Síria, a Ucrânia, e uma série de conflitos sempre a decorrer. E há uma atenção que é prestada pelos Media a essa vertente do Desenvolvimento que é a acção humanitária, mais episódica. Depois, a Ajuda ao Desenvolvimento propriamente dita, da Cooperação para o Desenvolvimento, acho que tem muita pouca visibilidade nos Media em geral. Às vezes, aparecem reportagens ou notícias que tem a ver com deslocações de jornalistas a países africanos de língua oficial portuguesa, por exemplo, para acompanhar visitas oficiais ou cobrir outros assuntos e aproveitam e fazem algum trabalho nesse âmbito. Mas é muito raro ter alguém que vai de propósito tentar trabalhar essas matérias.” Ana Cristina Pereira (Público) “A história – vou exagerar agora – jornalística normal sobre o Desenvolvimento é a mensagem da urgência do ‘temos que fazer qualquer coisa’ e tudo é legitimado na base da urgência sem pensar a coisa em conjunto, sem pensar no contexto (...) Contudo, tal não significa que apenas seja noticia38


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