Revista Abigraf 285

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5 Abraçando o apresentador do Prêmio HQ Mix, Serginho Grossman, Álvaro tem nas mãos exemplar de “Vapt-Vupt”, vencedor como Melhor Livro Teórico. À sua esquerda, Cesar Mangiacavalli e Plinio Gramani, respectivamente diretor de arte e editor da obra. 6 Apaixonado por quadrinhos, Álvaro também desenhava. Depois de adaptar e ilustrar “A marcha”, de Afonso Schimidt, e “Zumbi”, fez uma versão de “Macbeth” de Shakespeare, para uma revista de terror, que desenhou a lápis e contou com a ajuda de Jayme Cortez no Nanquim. Julho de 1960

foi instantânea. Não apenas o inglês de Álvaro ti­ nha um estilo muito americano, como seu humor e sua perspectiva eram igualmente universais . . . Foi através dele que percebi o fato de que a essência das minhas histórias, minha visão sobre a condi­ ção humana, podia transcender a barreira linguís­ tica.’ ( . . .) Depois, várias vezes nos encontramos em Lucca, Roma, Paris, Frankfurt, e em outras oportu­ nidades em Nova York e na Flórida. ( . . .) A primei­ ra vez que Will Eisner veio ao Brasil foi em Avaré, no interior de São Paulo, em 1974. Depois, visitou também o Rio, Belo Horizonte, Recife e São Pau­ lo, inúmeras vezes. Quase sempre, como meu con­ vidado. Dizia que teria sido brasileiro na outra en­ carnação.” Will Eisner faleceu em 3 de janeiro de

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2005, enquanto Álvaro, ainda no hospital, se re­ cuperava de um infarto seguido de uma crise de vesícula. “Se eu tivesse morrido, na minha turma iriam dizer que eu era tão fanático por Will Eisner que tinha ido junto com ele . . .” * PLINIO GRAMANI

O editor da Revista Abigraf já conhecia Álvaro de nome e em 1991 entrou em contato para sa­ ber se ele iria à Bienal Inter nacional de Qua­ dri nhos do Rio de Janeiro, encomendando uma entrevista com Will Eisner. “Quando vi o resultado da matéria, fiquei entusiasmado”. Quadrinhos tornou­se uma seção fixa na revis­ ta. “Nesses anos todos, as matérias saíram lin­ díssimas, graças ao talento do diretor de arte Cesar Mangiacaval li. ( . . .) Nunca vi comics sair com tamanha qualidade”, escreveu Álvaro na apresentação do livro Vapt­Vupt, coletânea de seus artigos na Revista Abigraf, publicado em 2003. A obra ganhou o Prêmio HQ Mix no mes­ mo ano, na categoria Livro Teórico. “Graças à in­ dústria gráfica brasileira temos, a cada dois me­ ses, a oportunidade de divulgar essa arte tão popular e tão incompreendida.” A paixão pela arte levou o irrequieto e au­ todidata Álvaro de Moya a outros universos. Jornalista, escritor, professor, roteirista e di­ retor de TV e cinema, ele foi chefe das delega­ ções brasileiras de comics, na Bienal de Lucca, na Itália, por vários anos. Programador de fil­ mes de arte do cine Marachá­Augusta, na dé­ cada de 1970, participou do show de inaugu­ ração da TV Tupi, em 1950, em São Paulo, da qual foi diretor. Também dirigiu as TVs Ex­ celsior, Bandeirantes (onde produziu a novela Os Imigrantes), Cultura e Paulista. Álvaro, 86 anos, continua a escrever para a Revista Abigraf, a ser um exímio contador de histórias e a se emocionar ao falar de filmes, livros e autores que admira.

* Trechos retirados da matéria Meu amigo Will Eisner, publicada na edição 216 da Revista Abigraf (jan/fev 2005)

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setembro /outubro 2016


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