Revista Abigraf 283

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máquinas vão ser testadas e, certamente, muito de­sa­fios ainda vão surgir. Vai se con­ firmar ou não uma real disruptura entre o offset e o digital? Seguramente sim, com o tempo. Não há como, digital, inkjet e Lan­ da, este é meu quinto ponto de destaque. Vendo tudo isso e com uma participa­ ção bem menos relevante dos sistemas off­ set na feira, po­de­r ía­mos concluir que os processos tradicionais estão em real deca­ dência prevalecendo de vez o digital, mas a história não é bem essa. Primeiro, porque a produção de ma­te­r ial gráfico em offset, fle­ xografia, rotogravura e outros é ainda am­ plamente dominante. O digital é crescente e con­ti­nua­rá a ganhar espaço, mas ao lon­ go destes últimos anos o investimento em offset parou de cair em nível mun­dial e vem se estabilizando ao redor de 28%, conforme os dados das pesquisas da Drupa. Fora isso não há como não se ex­ta­siar, essa é a pa­ lavra, com a qualidade de reprodução atin­ gida hoje pela flexografia, de longe o pro­ cesso que mais ganha espaço na produção de rótulos e embalagens, ainda que o digi­ tal venha mordendo pedacinhos desse seg­ mento. Segmento de embalagens, ­aliás, que logo chegará a representar 50% da produção gráfica mun­d ial, segundo os dados do es­ tudo WWMP da NPES/Primir. Não é à toa que tantos lançamentos focaram esse mer­ cado na feira, tanto de impressão digital, equipamentos híbridos e os tradicionais, incluindo nisso os de acabamentos, novos reis na busca de produtividade e embeleza­ mento do ma­te­r ial impresso. O fator sen­ so­r ial real­ça o ma­te­r ial impresso e capta a atenção do consumidor e dos muitos jovens que redescobrem valor em algo além do di­ gital. Por isso mesmo não houve quem não se im­pres­sio­nas­se com as fabulosas apre­ sentações dos novos equipamentos e apli­ cações da Scodix, os envernizamentos da MGI, o corte e vinco a laser da Highcon e outros. O mundo da conversão que inclui a produção de rótulos e embalagens flexí­ veis, corrugadas ou semirrígidas, a evolu­ ção dos acabamentos em linha na busca de produtividade e todos os recursos que real­çam o lado sen­so­r ial da impressão, são, ob­v ia­men­te, meu sexto ponto de real­ce. Muito também se mostrou e se falou das agora badaladas impressão fun­cio­nal e impressão in­dus­t rial, embora muitos REVISTA ABIGR AF  maio /junho 2016

não entendam ainda essas classificações. A impressão fun­c io­nal é toda aquela não ba­sea­d a em papel e que pode utilizar os mais diferentes substratos: madeira, te­ cidos, vidro, plástico, cerâmica, eletrôni­ cos e outros. A impressão in­dus­trial tam­ bém usa esses diferentes substratos, mas é parte de um processo produtivo in­dus­ trial como movelaria, vi­dra­r ias, cerâmicas etc. Com as novas tec­no­lo­g ias digitais de impressão em equipamentos chamados de grande formato em plotters, flatbeds, etc., vem re­vo­lu­cio­nan­do mesmo a arte de im­ primir e pintar o mundo. É o que chamo

de mundo da impressão da coisas. O inte­ ressante é ver a importância que essas apli­ cações ganharam ao longo do tempo, her­ deiras que são do ainda existente e firme mercado de silk ­screen. Mercados fragmen­ tados, mas nichos que ganham importân­ cia e relevância a ponto de serem cada vez mais incorporados nas linhas de produção de gráficas co­mer­cias. Nessa linha também entram as im­ pressoras 3D e toda a discussão que trazem embutidas. É ou não impressão? É ou não produto gráfico?. Apontada como uma das artífices da nova produção in­dus­trial, seu uso é crescente desde protótipos a fantásti­ cas aplicações bio­mé­di­cas, na construção de próteses e articulações e muito mais. O que fa­ziam esses equipamentos na Drupa? Nesse ponto creio que os organizadores acertaram em cheio. A intenção foi c­ riar a

disruptura, um contraponto, um estímu­ lo para se pensar fora da caixa. Daí tam­ bém o convite para que o pes­soal do Medi­ ce Group vies­se na abertura da feira falar de inovação ressaltando o que chamam de intersecções, choques de diferente cultu­ ras que geram novas ideias e, claro, inova­ ções. Mais que nunca pensar fora da caixa é fundamental em um mundo dinâmico, interdependente e complexo onde a comu­ nicação é cada vez mais in­d i­v i­dua­li­za­da e menos apolínea. O que se vai fazer com o 3D? Ora alguns vão simplesmente fazer bo­ nequinhos com a cara das pes­soas e vender em quiosque nos shoppings. Outros vão in­ corporar em convites, em materiais promo­ cionais, em comunicações que c­ riem dife­ renciais para seus clien­tes e causem novas ex­pe­r iên­cias. Outros, como mostrado pela Massivit, de Is­r ael, que trouxe uma im­ pressora 3D de 1,80 m de altura para c­ riar não só outdoors chamativos com peças tri­ dimensionais, como também um case de envelopamento de um ônibus com im­ pressos sobre moldes feitos em 3D com as caras dos Angry Birds produzindo um efei­ to vi­sual incrível. Por todo esse novo mun­ do fun­c io­n al, tri­d i­men­sio­n al e também sen­so­r ial, meu sétimo ponto. Por fim, regresso ao começo. Revejo a entrevista do Guy e confirmo. Sem dúvida esse é o li­miar de uma nova indústria grá­ fica, ou de uma nova indústria, com mais oportunidades pela diversidade de produ­ tos, mercados e inovações. Dentro disso, o empresário gráfico pode dar um salto à frente, se arrojar e tomar a atitude de mu­ dar e buscar novos caminhos que come­ çam no efetivo entendimento das novas necessidades dos seus clien­tes que que­ rem reduzir seus custos de processos, que­ rem se comunicar melhor e levar aos seus clien­tes ex ­pe­r iên­c ias sensoriais, relevan­ tes, personalizadas e customizadas. Que­ rem mais do que fornecedores: querem ver­ dadeiros parceiros de jornada e de ne­gó­cios. A tecnologia para isso já existe. A Drupa mostrou isso claramente. Que tal aceitar esse desafio já? Hamilton Terni Costa hterni@anconsulting. com.br, é diretor geral da AN Consulting, www.anconsulting.com.br e diretor para América Latina da NPES.


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