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máquinas vão ser testadas e, certamente, muito desafios ainda vão surgir. Vai se con firmar ou não uma real disruptura entre o offset e o digital? Seguramente sim, com o tempo. Não há como, digital, inkjet e Lan da, este é meu quinto ponto de destaque. Vendo tudo isso e com uma participa ção bem menos relevante dos sistemas off set na feira, poder íamos concluir que os processos tradicionais estão em real deca dência prevalecendo de vez o digital, mas a história não é bem essa. Primeiro, porque a produção de mater ial gráfico em offset, fle xografia, rotogravura e outros é ainda am plamente dominante. O digital é crescente e continuará a ganhar espaço, mas ao lon go destes últimos anos o investimento em offset parou de cair em nível mundial e vem se estabilizando ao redor de 28%, conforme os dados das pesquisas da Drupa. Fora isso não há como não se extasiar, essa é a pa lavra, com a qualidade de reprodução atin gida hoje pela flexografia, de longe o pro cesso que mais ganha espaço na produção de rótulos e embalagens, ainda que o digi tal venha mordendo pedacinhos desse seg mento. Segmento de embalagens, aliás, que logo chegará a representar 50% da produção gráfica mund ial, segundo os dados do es tudo WWMP da NPES/Primir. Não é à toa que tantos lançamentos focaram esse mer cado na feira, tanto de impressão digital, equipamentos híbridos e os tradicionais, incluindo nisso os de acabamentos, novos reis na busca de produtividade e embeleza mento do mater ial impresso. O fator sen sor ial realça o mater ial impresso e capta a atenção do consumidor e dos muitos jovens que redescobrem valor em algo além do di gital. Por isso mesmo não houve quem não se impressionasse com as fabulosas apre sentações dos novos equipamentos e apli cações da Scodix, os envernizamentos da MGI, o corte e vinco a laser da Highcon e outros. O mundo da conversão que inclui a produção de rótulos e embalagens flexí veis, corrugadas ou semirrígidas, a evolu ção dos acabamentos em linha na busca de produtividade e todos os recursos que realçam o lado sensor ial da impressão, são, obv iamente, meu sexto ponto de realce. Muito também se mostrou e se falou das agora badaladas impressão funcional e impressão indust rial, embora muitos REVISTA ABIGR AF maio /junho 2016
não entendam ainda essas classificações. A impressão func ional é toda aquela não basead a em papel e que pode utilizar os mais diferentes substratos: madeira, te cidos, vidro, plástico, cerâmica, eletrôni cos e outros. A impressão industrial tam bém usa esses diferentes substratos, mas é parte de um processo produtivo indus trial como movelaria, vidrar ias, cerâmicas etc. Com as novas tecnolog ias digitais de impressão em equipamentos chamados de grande formato em plotters, flatbeds, etc., vem revolucionando mesmo a arte de im primir e pintar o mundo. É o que chamo
de mundo da impressão da coisas. O inte ressante é ver a importância que essas apli cações ganharam ao longo do tempo, her deiras que são do ainda existente e firme mercado de silk screen. Mercados fragmen tados, mas nichos que ganham importân cia e relevância a ponto de serem cada vez mais incorporados nas linhas de produção de gráficas comercias. Nessa linha também entram as im pressoras 3D e toda a discussão que trazem embutidas. É ou não impressão? É ou não produto gráfico?. Apontada como uma das artífices da nova produção industrial, seu uso é crescente desde protótipos a fantásti cas aplicações biomédicas, na construção de próteses e articulações e muito mais. O que faziam esses equipamentos na Drupa? Nesse ponto creio que os organizadores acertaram em cheio. A intenção foi c riar a
disruptura, um contraponto, um estímu lo para se pensar fora da caixa. Daí tam bém o convite para que o pessoal do Medi ce Group viesse na abertura da feira falar de inovação ressaltando o que chamam de intersecções, choques de diferente cultu ras que geram novas ideias e, claro, inova ções. Mais que nunca pensar fora da caixa é fundamental em um mundo dinâmico, interdependente e complexo onde a comu nicação é cada vez mais ind iv idualizada e menos apolínea. O que se vai fazer com o 3D? Ora alguns vão simplesmente fazer bo nequinhos com a cara das pessoas e vender em quiosque nos shoppings. Outros vão in corporar em convites, em materiais promo cionais, em comunicações que c riem dife renciais para seus clientes e causem novas exper iências. Outros, como mostrado pela Massivit, de Isr ael, que trouxe uma im pressora 3D de 1,80 m de altura para c riar não só outdoors chamativos com peças tri dimensionais, como também um case de envelopamento de um ônibus com im pressos sobre moldes feitos em 3D com as caras dos Angry Birds produzindo um efei to visual incrível. Por todo esse novo mun do func ion al, trid imension al e também sensor ial, meu sétimo ponto. Por fim, regresso ao começo. Revejo a entrevista do Guy e confirmo. Sem dúvida esse é o limiar de uma nova indústria grá fica, ou de uma nova indústria, com mais oportunidades pela diversidade de produ tos, mercados e inovações. Dentro disso, o empresário gráfico pode dar um salto à frente, se arrojar e tomar a atitude de mu dar e buscar novos caminhos que come çam no efetivo entendimento das novas necessidades dos seus clientes que que rem reduzir seus custos de processos, que rem se comunicar melhor e levar aos seus clientes ex per iênc ias sensoriais, relevan tes, personalizadas e customizadas. Que rem mais do que fornecedores: querem ver dadeiros parceiros de jornada e de negócios. A tecnologia para isso já existe. A Drupa mostrou isso claramente. Que tal aceitar esse desafio já? Hamilton Terni Costa hterni@anconsulting. com.br, é diretor geral da AN Consulting, www.anconsulting.com.br e diretor para América Latina da NPES.