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BARRIGA

Folha erra em anúncio de patrocinador da Seleção O jornal publicou após o jogo contra o Chile uma peça publicitária em tom despedida da Copa, que só ocorreria dias depois, diante da Holanda. O Departamento Comercial da Folha de S. Paulo cometeu um grave equívoco ao publicar no caderno Copa 2010 do dia 29 de junho, um dia após a vitória do Brasil sobre o Chile, o anúncio errado da rede de supermercados Extra, um dos muitos patrocinadores da Seleção Brasileira. Na peça publicitária o tom era de despedida. Como se sabe, o Brasil só seria eliminado da Copa no jogo seguinte, contra a Holanda. Sem contar um calhau da Kalunga, o anúncio do Extra era o menor dos cinco publicados naquela edição (CVC, Mercedes-Benz, Band e Rádio Transamérica), um rodapé com apenas 8 cm de altura e um título confuso que usou o idioma Zulu para citar a palavra “seleção”: “A I quembu le sizwe sai do Mundial. Não do coração da gente”. Se não fosse pela falha cometida pela equipe da Folha a peça jamais teria sido tão comentada. O erro provocou a indignação do empresário Abílio Diniz, Presidente do Conselho de Administração do Grupo Extra/Pão de Açúcar, que divulgou nota no seu microblog, na qual pede desculpas “aos brasileiros e, principalmente, aos jogadores da Seleção”. A mensagem de Diniz diz também o seguinte: “Não compartilhamos com a impunidade e to-

tar publicamente com a correção do material, visto que, como patrocinador da Seleção, a rede Extra tem sido um entusiasta do time brasileiro”. “Mancada”

O episódio do anúncio ganhou grande repercussão no Twitter e foi classificado pela ombudsman da Folha, Suzana Singer, como uma “mancada”. Ela admitiu o erro do jornal e publicou o seguinte: “Saiu anúncio errado do Extra hoje por problema de inserção da Folha. Sairá errata amanhã. Tremenda mancada”. Suzana afirmou que, devido a um problema ocorrido no deparNo tablóide Copa 2010 um pequeno anúncio se tamento de inserção de anúncios transformou num grande problema para a Folha. do jornal, o anúncio do Hipermercado Extra tinha sido publicado maremos as providências, que não eliequivocadamente, e que a Folha lamentaminarão o erro, mas irão responsabilizar va o erro. Em sua edição do dia seguinte, a os culpados”. Folha de S. Paulo se desculpou pela confuDe seu lado, o supermercado Extra são e publicou uma errata e a versão corredivulgou nota à imprensa lamentando ta do anúncio do Grupo Pão de Açúcar. o erro e afirmando que cabe ao jornal a A errata, assinada pelo Departamento retratação. “A empresa informa que a Comercial do jornal, que lamenta o erro, Folha de S. Paulo errou na seleção do também foi veiculada no Caderno Copa material para publicação e irá se retra2010. “Comunicamos que erramos na

publicação do anúncio do Extra, referente ao resultado do jogo entre Brasil e Chile, publicado por este veículo de comunicação no dia 29 de junho de 2010, pág. D11. Ao invés do anúncio de vitória do Brasil, foi publicado, equivocadamente, anúncio citando a derrota. Lamentamos o ocorrido”, diz o comunicado. A ampla repercussão do caso na internet e nos meios de comunicação fez com que o Extra também veiculasse um anúncio de página inteira na página 9 do primeiro caderno da edição. Sem mencionar diretamente o jornal, o texto explica aos leitores por que a peça publicitária foi publicada errada: “Somos apaixonados por futebol e acreditamos no nosso time. Sempre torcemos pela vitória, mas temos que encarar as duas possibilidades de um jogo de mata-mata: ou ganhamos ou perdemos. Por isso, criamos dois anúncios para o jogo do Brasil: um em caso de vitória (e queremos publicar mais três até a conquista do Hexa) e outro em caso de derrota mostrando nosso apoio também nos momentos difíceis. Ontem (terça), infelizmente houve um equívoco e publicaram o anúncio errado. Veja no Caderno de Esportes a errata esclarecendo o ocorrido. E veja abaixo o anúncio que deveria ter sido publicado”.

LANÇAMENTO

MTV vai às ruas com jornal gratuito Canal especializado da televisão cria publicação para continuar falando aos jovens, agora a céu aberto. POR SIBELE OLIVEIRA Após anos de sucesso consolidado na televisão, a MTV parte para o mercado de jornais gratuitos, utilizando a mesma receita com a qual conquistou seu público fiel: irreverência, humor e contestação. Com circulação de segunda a sexta-feira e tiragem inicial de 150 mil exemplares, o MTV na Rua, que teve seus primeiros exemplares distribuídos em 7 de junho nas principais vias da capital paulista, faz parte de um projeto da MTV “de oferecer a seu público e clientes a possibilidade de mídia em 360 graus, com tv, site e jornal”, informou a Diretora de Redação Noelly Russo. “O MTV na Rua surgiu da percepção de que este formato de jornal, gratuito e tablóide, tinha total adequação ao público da emissora. As notícias rápidas e curtas, os títulos mais irreverentes e um portfólio de assuntos que se distancia do cardápio tradicional dos grandes jornais fazem que o jornal seja bem recebido pelos jovens, e, o que mais tem nos surpreendido, por leitores de outros veículos também”, disse. Além de atrair os jovens, muitos dos quais não cultivam o hábito de ler jor-

nais impressos, o MTV na Rua disputa com os concorrentes a preferência dos leitores adultos, mesclando colunas que abordam assuntos mais leves, como baladas, celebridades e esportes, com temas mais sérios, como política e cidadania. Dividida em cinco editorias – Geral (cidades, política, economia e internacional), Almanaque (cultura), Arena (esportes), Combo (estilo de vida) e Etc (quadrinhos, horóscopo e cruzadas) –, a pauta do jornal de 16 páginas é trabalhada sem compartimentar as notícias de maneira fixa, com o propósito de não estabelecer uma rotina. “Gostamos de pensar no jornal como um companheiro que percorre as ruas a caminho do trabalho ou da faculdade, sempre surpreendendo e apresentando questões com uma abordagem diferente, provocante”, diz Noelly. Para acompanhar a proposta editorial, o projeto gráfico do MTV na Rua é limpo e direto, sem deixar de ser vibrante e jovem. “No lugar dos fios dividindo os blocos de informação, adotamos colunas falsas, abrindo áreas brancas para arejar as páginas, com blocos de texto simples sem elementos invasivos atrapalhando

a leitura”, explicou Fábio Machado, Editor de Arte. “Conseguimos energia com uma paleta de cores pequena, mas viva e brilhante, bem definida na temperatura. Para completar, uma gama variada de ícones apresenta assuntos de maneira leve e bem humorada”. Aposta nos quadrinhos

Com a intenção de imprimir uma identidade criativa ao jornal, os idealizadores do MTV na Rua reuniram um time de cartunistas, que se revezam durante a semana. “A decisão de ter um nome diferente a cada dia tem como objetivo aproveitar ao máximo o potencial do artista convidado e abrir a possibilidade para ele usar linguagens diferentes. É quase como uma tela, na qual ele decide se faz um painel, uma charge, uma história”, afirma Douglas Vieira, Editor de Cultura. Diz Douglas que desde o início do projeto a idéia foi misturar nomes consagrados do cartum com talentos da nova geração. “Entre os grandes potenciais dos últimos anos, trouxemos Arnaldo Branco e André Dahmer, que já possuem uma tra-

jetória muito legal na internet”, explicou. Mauro A., que ganhou fama na web com a tira Wagner & Beethoven, já publicada também na revista Playboy, é a aposta do MTV na Rua. “Ele criou exclusivamente para o jornal a hq Conan, Repórter Investigativo”, informou Vieira. “Para fechar o grupo, trouxemos dois quadrinistas consagrados: Laerte, um dos nomes mais importantes da hq brasileira, e Gilbert Shelton, criador dos Freak Brothers e ícone da contra-cultura norte-americana dos anos 60. Shelton foi referência para o trabalho do próprio Laerte e também para outros grandes do Brasil, como o Angeli”, concluiu Douglas. Jornal da ABI 356 Julho de 2010

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