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A pecuária vive NOVOS DESAFIOS

Co m foco na gestão eficiente e participativa, a ABCZ se preocupa em fortalecer cada vez mais a pecuária nacional, o agronegócio e a sociedade. Pronta a dialogar, a nova diretoria da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu trabalha com a missão de informar para impulsionar a produção e garantir desenvolvimento aos produtores do Brasil. Acompanhe a entrevista com o presidente

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Gabriel Garcia Cid.

REVISTA ABCZ: Qual o papel da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu na gestão 2023-2025?

Gabriel Garcia Cid: O nosso papel é conciliador. Sabemos que as entidades precisam de apoio dos governos e nós também somos um canal importante de comunicação. Vamos aproximar o associado dos serviços que ele precisa para se desenvolver melhor e crescer no mercado. Um exemplo disso é a qualidade que temos em nosso Departamento de Fomento, que reúne programas como o PMGZ Corte, PMGZ Comercial e PMGZ Leite Max, bem como o Pró-Genética. São eixos do melhoramento genético que utilizamos para promover uma integração entre quem produz a genética e o criador que tem interesse em melhorar o rebanho. Queremos promover essa integração e vamos cobrar dos governos políticas públicas de incentivo, com custos mais acessíveis. Quando informamos melhor o produtor, ele entende quais estratégias precisa usar para ampliar sua produtividade.

REVISTA ABCZ: Como a ABCZ pretende auxiliar os pecuaristas a praticarem a sustentabilidade?

Gabriel Garcia Cid: A imagem do sistema de produção do agronegócio brasileiro é equivocada no exterior. Para mudar isso, precisamos concentrar esforços no primeiro elo da cadeia produtiva. A produção de carne e leite com carbono neutro é uma realidade – mas ampliar essas boas práticas exige avançar, também, na oferta de condições para que o produtor possa se adequar. O mercado consumidor exige com velocidade essas mudanças, ao passo que o setor precisa de apoio e prazo para evoluir. Então, nós estamos prontos para falar cada vez mais desse assunto e mostrar como colocá-lo em prática, porque a ABCZ pratica a sustentabilidade em seus programas de melhoramento genético.

REVISTA ABCZ: A nova gestão defende que a ABCZ precisa ser a voz dos associados. Quais as principais demandas dos sócios da entidade e como elas impactam a pecuária zebuína nacional? Gabriel Garcia Cid: A ABCZ tem outras obrigações além dos serviços de registro genealógico e melhoramento genético. Ser a voz de um determinado grupo é promover uma relação de respeito entre o setor e os governos. Somos uma instituição delegada do Mapa - Ministério da Agricultura e Pecuária, e isso nos possibilita cobrar por acesso às tecnologias, paz e segurança para produzir. Também reconhecemos que uma das necessidades do criador é ter como escoar sua produção, tanto no mercado interno, quanto para exportação. Essas demandas impactam diretamente a abertura de novos mercados – o que é fundamental – mas soma-se, ainda, o investimento em logística que é um grande facilitador para quem produz. No Brasil, há diversas regiões com extremo potencial produtivo, como, por exemplo, a região noroeste do Mato Grosso, mas a falta de estrutura se torna um grande obstáculo para quem quer avançar nos negócios.

REVISTA ABCZ: Como está a relação da ABCZ com o Governo Federal, mesmo com o viés de oposição?

Gabriel Garcia Cid: Como instituição, mantemos o respeito ao governo, porque, independentemente do viés político, nossa atuação é em favor dos nossos associados e da pecuária zebuína nacional. Mas isso não significa aceitar decisões que levem o agronegócio brasileiro, tão economicamente sustentável, ao retrocesso; é ter discernimento para compreender o papel do diálogo numa relação política e atuar de forma responsável numa oposição que se comprometa com a defesa do setor produtivo, sem prejudicar ou anular as conquistas dos produtores rurais até aqui.

Desde que assumimos a nova gestão da ABCZ, colocamos nossa Diretoria à disposição para dialogar com o atual governo. Fomos a primeira entidade do país a receber o gabinete itinerante do Mapa. Atendendo ao nosso convite, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Henrique Fávaro, esteve na Associação e recebemos mais de 50 representantes de instituições ligadas ao agro.

Agora, o que não podemos tolerar é que o trabalho do produtor seja colocado em risco e, já no segundo dia à frente da nova gestão, vimos a necessidade de nos posicionar em apoio à Frente Parlamentar da Agropecuária, a FPA, em razão de um decreto presidencial que extinguiu a Diretoria Agrícola do Ministério das Relações Exteriores. Mais recentemente, manifestamos nosso repúdio às invasões registradas no oeste paulista e cobramos medidas mais severas dos governos, bem como a atuação jurídica que garanta com agilidade a defesa do que está previsto na Constituição Federal, quanto ao direito à propriedade privada. Nós vamos respeitar o governo e exigir que o governo respeite quem produz neste país.

REVISTA ABCZ: Como a ABCZ enxerga o futuro da pecuária zebuína nacional?

Gabriel Garcia Cid: Trabalhamos por uma pecuária de precisão. A ABCZ tem no programa Integra Zebu uma ótima alternativa e que está muito alinhada à política nacional de aumentar a produção sem desmatar, de produzir mais e melhor em menos tempo e espaço, mas isso depende do uso de tecnologia, basicamente. Mais de 80% do rebanho nacional tem genética Zebu e nós temos de nos preocupar também com a base que consome essa genética. Aliam-se a isso a boa genética bovina, o bom manejo, a boa alimentação e boas práticas de conservação de solo. O que quero dizer é que não podemos pensar isoladamente; precisamos de um conjunto de ações e de mais exemplos, de casos de sucesso que possam motivar o produtor a também perseguir o sucesso. As instituições governamentais têm que abrir diálogo com as entidades que realmente conversam com o setor – as associações, os sindicatos, que vão intermediar essa conversa e, de fato, construir pontes para um caminho de resultados no futuro.

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