Revista A Bordo da Comunicação - nº3

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E-agora? Empresas do século XX, profissionais do século XXI - Setembro 2010 Vivemos numa época de transformações e incertezas, inseridos em tempos “insanos”, onde as mutações estão ocorrendo num ritmo acelerado, como nunca antes foi visto, e revelando uma singular paisagem mundial onde os contornos econômicos e sócio-culturais criam novos paradigmas em todas as áreas do conhecimento humano. Uma era emoldurada pela informação e pelo conhecimento que, além de alavancar o desenvolvimento da humanidade, revolucionou os conceitos de valor agregado, transformando-se em um fator econômico. Assim, novos mercados, serviços, empregos e empresas estão surgindo e a tecnologia da informação e a comunicação interferem significativamente no ciclo informativo, tanto do ponto de vista dos processos, como das atividades, da gestão ou dos custos. Com essas rápidas e drásticas mutações tecnológicas e dos procedimentos de processamento de produção, é necessário que o mundo corporativo demonstre sinais de vitalidade e ressurja das cinzas - tal como a Fênix - para fazer frente ao desafio oriundo da preocupação com a sobrevivência organizacional, de maneira a buscar uma nova forma de ser e atuar no contexto empresarial. Este é, sem dúvida, um importante momento histórico onde as tecnologias de informação e comunicação recriam novos conceitos para espaço e tempo. Se antes o tempo era linear e o espaço algo que devia ser explorado (tinha forma, volume, distância etc), hoje impera o imediatismo, a compressão do tempoespaço; o espaço é desterritorializado pelas redes telemáticas que ditam, simultaneamente, novos parâmetros de tempo.

A luta que se faz hoje é pelo presenteísmo, visto que não se sabe o que será do amanhã. Não se trata, no entanto, de uma visão catastrófica do mundo, mas, antes, um olhar sobre as transformações que nos afligem. Tais transformações ocorrem em movimento e, como tal, suas explicações também devem ser dadas em movimentos – que perpassam a complexidade, o caos, a incerteza, a descontinuidade, a desterritorialização, a fractalidade etc – inaugurando novos campos de pensamento, novas formas de ver, comunicar, agir, estar no mundo, manifestar-se culturalmente, e até mesmo educar. Nesse sentido, entendemos que a informação passou a desempenhar um papel de vital importância na configuração dos negócios e, por esse motivo, sofremos forte impacto se tentarmos romper com o pensamento análogo - no qual uma empresa só existe se tiver um espaço físico definido na sociedade e se possuir uma estrutura que sirva de referência física para os clientes e para seus membros -, e tentarmos nos engajar ao paradigma digital, que implica abandonar o controle e o processamento das ações via papel, além do controle do fluxo de informações nas organizações via sistema de filtragem.

“Captar e compreender as grandes tendências que estão se delineando para o futuro é tão vital para as organizações quanto gerenciar os problemas do dia-adia.” que uma ruptura com o conceito de canais de informação - que regiam o modelo anterior - e o início de uma caminhada para a empresa digital, assumindo todos os riscos e vantagens desta nova concepção, ainda levará um tempo a acontecer, até que as organizações deixem de resistir e passem por uma completa reformulação cultural, bem como pela aceitação de que terão de abandonar determinados modelos mentais que foram bem sucedidos em certos períodos de sua história mas que, na atualidade, são limitadores deste processo de revisão e adoção ao paradigma digital emergente.

Grande parte disto ocorre porque a maioria dos gestores e de seus colaboradores não sabe ainda como lidar com um cenário onde as informações não existem mais apenas em um formato, que podem ser guardadas em gavetas ou colocadas em arquivos. Estes funcionários ainda não tem consciência plena do Como podemos perceber, o cenário que fazer para gerenciar seu tempo vigente exige uma concepção se tiverem que se autogerenciar e estrutural revisada; uma radical trabalhar em casa, por exemplo. transformação na forma de operar e conviver com a tecnologia digital Não podemos, porém, ignorar que disponível. Nessa linha, vemos as organizações que cresceram e a necessidade das empresas amadureceram no estado análogo repensarem seus rumos e sua e que se habituaram a pensar em forma de se relacionar interna e termos de espaço físico, pessoas externamente. circulando, escritórios, reuniões, entre outros fatores, ainda pensam que esta é uma realidade difícil de À guisa destas considerações, temos aceitação; uma dificuldade que não

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