Infância na Mídia (7ª edição) - O boom da educação na imprensa

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Pesquisa ANDI - Infância na Mídia que temos a satisfação de apresentar traz dados referentes ao segundo semestre de P ESQUISA - I-NFÂNCIA MÍDIA dos Direitos 1997. EditadaANDI pela ANDI Agência NA de Notícias ANDI da Infância (responsável pelos dados nela contidos), em Julho - dezembro de 1997 parceria com o Instituto Ayrton Senna e apoio do Unicef, a Pesquisa ANDI - Infância na Mídia, a partir de agora passa a ter nova periodicidade - antes trimestral - para permitir um trabalho mais acurado no levantamento de informações e melhor cooperar com os meios de comunicação, possibilitando um retrato bem mais real do comportamento jornalístico sobre a situação das crianças e adolescentes em situação de risco no País. Essa pesquisa encerra um ciclo de 21 meses de trabalho - um ousado mergulho nas páginas de nossos principais jornais e revistas e possibilita visualizar um novo paradigma para o jornalismo brasileiro, preocupado não apenas em divulgar os fatos do dia a dia e as grandes denúncias (fundamentais) mas também em colaborar no sentido de investigar e debater as soluções para os problemas sociais brasileiros mais agravantes, com foco voltado para as questões que atingem a infância e a adolescência. RESULTADOS Registramos nessa pesquisa um crescimento de 42,8 % em relação ao primeiro semestre de 97 no espaço que os jornais e revistas dedicam à infância e à adolescência. Uma demonstração de que o presente e futuro dos nossos jovens estão definitivamente entre as preocupações sociais da imprensa brasileira. METODOLOGIA A Pesquisa ANDI - Infância na Mídia tem sido, desde o seu início, unicamente um instrumento prestador de serviços aos veículos pesquisados. Realizada a partir do clipping diário dos jornais e revistas, trabalhamos com um índice de correção que varia de 18% a 25% - sobre alguns jornais, de acordo com a regularidade (ou irregularidade) com que chegam a Brasília, onde a coleta de dados é realizada. É considerada, ainda, uma margem de omissão de clipagem sobre o total de matérias computadas.

Sobre o total de matérias das pelas revistas não é aplicado o índice de correção porque sua clipagem é integralmente realizada pela ANDI. Além disso, lembramos que a ANDI não considera para efeito da Pesquisa a centimetragem das matérias, mas sua “inserção” nas páginas dos jornais e revistas. Box e sides são computados como inserções. Em ocasião anterior, a ANDI comparou o critério utilizado com o de centimetragem e não encontrou diferenças que alterassem os resultados. Outra publicação da ANDI - a Análise do Clipping - permite conhecer melhor como os temas, constantes na Pesquisa, são classificados. A Análise do Clipping também está disponível, como demonstração, em http://www2.uol.com.br/andi. A Análise do Clipping (publicação semanal) é um instrumento para a identificação de tendências regionais e nacionais, sendo uma fonte inesgotável de novas pautas. Pode ser adquirida, via assinatura. A Pesquisa ANDI, que teve início no período abril - junho de 1996, tem recebido dos veículos pesquisados uma excelente acolhida. A ANDI é consultada por editores e outros responsáveis pelas publicações que desejam melhorar a cobertura dos temas. A ANDI - Agência de Notícias dos Direitos da Infância - presta esse serviço (debate de pautas e levantamento de dados) sem qualquer ônus financeiro para os veículos de comunicação. Colocamos à disposição quaisquer outros esclarecimentos relativos aos produtos e serviços da ANDI e esperamos que esta Pesquisa possa contribuir para um aprimoramento da cobertura dos temas mais relevantes para a infância e adolescência do Brasil, bem como para reflexão sobre os compromissos sociais da mídia.

Marco Túlio Alencar Coordenador de Projetos

Fernando Molina Coordenador ANDI OnLine

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E•X•P•E•D•I•E•N•T •E P ESQUISA ANDI - INFÂNCIA NA ANDI

MÍDIA

Julho - dezembro de 1997

Í•N•D•I •C •E

I - Destaques O espaço que os jornais dedicaram à infância e adolescência em situação social de risco ............................................................... 3

ANDI Agência de Notícias dos Direitos da Infância

• Gráfico:jornais mais atuantes ........................................................... 4 • Análise:temas mais abordados ......................................................... 6 • Gráfico:temas mais abordados ......................................................... 7

• Presidente: Âmbar de Barros • Direção Executiva: Geraldinho Vieira

I I - Busca de Soluções (BS) • Análise ............................................................................................... 8

• Coordenadores de Pesquisa: Fernando Molina e Marco Túlio Alencar

• Gráfico: jornais mais atuantes ........................................................ 11

• Tabulação: Carla Perdiz, Alexandre Castilho e Jonas Valente

• Análise: percentual de BS sobre total de inserções ...................... 13

• Programação Visual: Letícia Ono e Fernando Molina

• Gráfico: jornais que proporcionalmente mais inseriram matérias classificadas como Busca de Soluções .......................................... 14

• Edição (Análise do Clipping): Marco Túlio Alencar • Redação (Análise do Clipping): Sandro Farias, Juliana Andriguetto, Alexandre Porto e Graziela Nunes • Produção e Distribuição: Adélia Rondon • Secretaria: Lourdes Nunes e Antônia Amélia. • Equipe de suporte: Anita Campos e José Newton Júnior • ANDI: SDS Ed. CONIC bl. A sala 101 Brasília - DF • 70391-900 fone: (061) 322-6508 fax: (061) 322-4973 • E-mail: andi@uol.com.br

• Gráfico: revistas mais atuantes ...................................................... 12

I I I - Educação • Análise: a evolução do tema Educação desde 1996 .................... 15 • Gráfico: jornais mais atuantes ........................................................ 18 • Artigo: Por que os jornais devem ter editorias de educação? ...... 19

I V - Artigos e editoriais • Gráfico: jornais que mais publicaram artigos no período ............. 21 • Gráfico: jornais que mais publicaram editoriais no período ......... 22

V - O que aconteceu em 1997 • Gráfico: jornais mais atuantes em 97 ............................................ 24 • Gráfico: temas mais abordados em 97 .......................................... 25

O ministro Paulo Renato, Ruth Cardoso, e os especialistas Garren Lupkim, Jorge Werthein, Guiomar Namo de Mello, Antônio Carlos Gomes da Costa e Bruno Silveira comentam o crescimento na mídia do tema Educação ............................................. 16

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D E S TTA AQUES

P ESQUISA ANDI -OINFÂNCIA NA Mos ÍDIA espaço que jornais dedicam à infância e adolescência em situação social de risco ANDI

Julho - dezembro de 1997

Publicamos, a seguir, gráficos que permitem comparar a atuação dos principais jornais de todas as regiões do Brasil no segundo semestre de 1997. Para chegar a este resultado foi aplicado índice de correção que varia de 18% a 25% sobre os jornais que chegam com irregularidade a Brasília. A clipagem é realizada permitindo um retrato mais fiel sobre a atuação dos jornais. Os jornais mais atuantes de cada região do País: • Norte - A Província do Pará - Belém (PA) - A Crítica - Manaus (AM) • Nordeste - O Povo - Fortaleza (CE) - A Tarde - Salvador (BA) • Centro-Oeste - Correio Braziliense - Brasília (DF) - Jornal de Brasília - Brasília (DF) • Sudeste - Folha de S. Paulo - São Paulo (SP) - O Estado de S. Paulo - São Paulo (SP) • Sul - Diário Catarinense - Florianópolis (SC) - Zero Hora - Porto Alegre (RS)

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Julho - dezembro de 1997

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• Total de matérias pesquisadas: 8.998 • Total após aplicação de índices de correção: 10.443 • Total de matérias do primeiro semestre de 97 : 6.297 • Crescimento entre o primeiro e o segundo semestre de 97: 42.8% 4


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Julho - dezembro de 1997

OS JORNAIS MAIS ATUANTES (CONT.)

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* Mudamos a escala do eixo vertical nesta página para facilitar a leitura 5


P ESQUISA ANDI - INFÂNCIA ANDI

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MAIS ABORD ADOS ABORDADOS

Julho - dezembro 1997 - ANDI: Adoção,Aids, Arte, Assistência Emergencial, Cidadania Empresarial, Comportamento, Temas considerados nade Pesquisa Crianças Desaparecidas, Direitos e Justiça, Drogas, Educação, Esportes, Exploração e Abuso Sexual, Exploração do Trabalho, Família, Meio Ambiente, Meninos de Rua, Mídia, Mortalidade Infantil, Nutrição, ONG, Políticas Públicas, Portadores de Deficiência, Privação de Liberdade, Profissionalização, Protagonismo Juvenil, Saúde, Sexualidade, Violência, Números, UNICEF, Internacionais.

Para efeito da Pesquisa ANDI, as matérias são classificadas em 31 temas. A soma de todas as inserções de cada um desses temas é igual ao universo pesquisado. Contudo, como no gráfico da página 7 temos apenas os 15 assuntos mais abordados, faz-se necessário algumas considerações: 1. Temas como Meninos de Rua, que no segundo semestre de 1997 aparece em oitava posição, dão uma idéia da mudança no enfoque da mídia. Tema imprescindível nos anos 80, atualmente os meninos e meninas nessa situação não mais são vistos sob a ótica apenas do abandono e da situação social de risco mas, também, do ponto de vista do “resgate” (ressocialização), através da divulgação do trabalho das ONG e outras iniciativas. Daí que a questão da infância nas ruas “frequenta” outros temas como Direitos e Justiça e Educação. 2. Unicef aparece em 15º lugar entre os assuntos mais abordados no ano de 1997 (pág. 25). Isso porque são consideradas especificamente as matérias que tratam de ações protagonizadas exclusivamente pela instituição. Na verdade, o Unicef, se consideradas todas as citações, teria posição muito mais elevada, já que o Fundo das Nações Unidas para a Infância continua sendo a mais importante referência para as ações em prol das crianças e adolescentes. Todos os seus documentos oficiais recebem da mídia tratamento “especial”. 3. Outros temas, como Aids, que não aparecem entre os 15 mais abordados, são tratados de forma “cíclica” pela imprensa. Os avanços da medicina nessa área e, por exemplo, os efeitos colaterais do coquetel de medicamentos contra o HIV nas crianças sempre ganham destaque.

O gráfico que traz os quinze assuntos mais abordados pelos jornais brasileiros no segundo semestre de 1997 nos permite algumas considerações importantes. A) O fato de termos em primeiro lugar entre esses temas as notícias relativas a Direitos e Justiça confirma três tendências: 1. as conquistas do movimento social brasileiro, que insiste na afirmação de que as questões da infância e adolescência devem ser vistas do ponto de vista da cidadania e não “da polícia”, como se pensava tempos atrás; 2. a disposição da imprensa de trabalhar sob a ótica dos direitos; 3. o reconhecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente como um intrumento regulador e, pedagogicamente, transformador da dura realidade a que são submetidos milhares de meninos e meninas em todo o País. Além disso, é necessário lembrar que, ao longo do segundo semestre de 1997, as notícias referentes à privação de liberdade - incluídas aí situação física e operacional de institutos e centros ditos de recuperação, rebeliões e outros - passaram a ser computadas separadamente e, mesmo assim, o tema Direitos e Justiça permanece em primeiro lugar, situação que se repete ao longo de todo o ano que passou (como está demonstrado no gráfico da página 25). B) Chama atenção ainda o fato de que o tema Educação alcançou a terceira posição na atual pesquisa (veja na página 15).

OS 15 TEMAS MAIS ABORDADOS

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Julho - dezembro de 1997

No próximo gráfico, confirma-se a tendência revelada na pesquisa anterior de que, cada vez mais, a imprensa brasileira se empenha no sentido de equilibrar o teor da publicação de reportagens que tratam dos problemas que afetam crianças e jovens brasileiros entre a denúncia (fundamental) e a investigação das soluções sociais propostas por governos, empresários e organizações não governamentais. O número de matérias que difundem ações positivas e/ou propositivas (e desse modo ajudam a multiplicá-las), classificadas como “Buscas de Soluções”, tem crescimento vertiginoso. A pesquisa mostra que 26,6% do material publicado por jornais e revistas traz a ótica da investigação de soluções um novo paradigma, sem dúvida, para a investigação jornalística. * É válido observar que os cadernos, páginas de jornais e revistas dedicadas ao público adolescente também investem nas matérias que apontam para a busca de soluções. Outra publicação da ANDI, a Pesquisa ANDI: Os Jovens na Mídia (período agosto - outubro / 97) constatou que 26,8% do material publicado nesses veículos tratam de temas de relevância social, na linha “busca de solução”. Efetivamente os jornais estão investindo nesse caminho. Se compararmos com

pesquisas anteriores, é possível apontar algumas situações que mostram essa nova realidade: • O jornal O Povo , editado em Fortaleza (CE) tem se destacado (entre outros) na Região Nordeste e está em quarto lugar no País na publicação de reportagens que contribuem para a visibilidade das buscas de solução. • O Diário Catarinense (SC) e Zero Hora (RS), agora em quinta e sexta posições, respectivamente, também têm feito dessa tendência (nacional) sua principal vertente de trabalho. Outros dois importantes jornais da Região Sul (Gazeta do Povo e Folha de Londrina, ambos do Paraná), a cada pesquisa mostram-se mais sintonizados com esta tendência. • No Norte do país, A Província do Pará lidera na publicação de material que traz a ótica da busca de solução.

EXEMPLOS Vale destacar, como exemplos, iniciativas louváveis da mídia brasileira, ao longo de 1997, que contribuem para dar visibilidade às “buscas de soluções”: * O jornal O Estado de S. Paulo realizou série em que divulgou, um a um, o trabalho das 50 entidades que receberam o Prêmio Bem Eficiente, da Kanitz e Associados e debateu temas cruciais como a educação e o trabalho infantil. * A Folha de S. Paulo também publicou série em que destacou o trabalho de entidades que em todo o País trabalham para o resgate das nossas crianças e adolescentes. Além disso, publicou um caderno especial sobre o trabalho infantil, um dos mais importantes levantamentos feitos no país sobre o tema e importante instrumento de consulta. O jornal divulgou ainda, com destaque, pesquisa da USP que derruba mitos relacionados a crianças de rua. * O Diário da Amazônia, publicado em Porto Velho (RO), foi pioneiro na publicação de matéria cujo tema era a infância e adolescência ilustrada com o selo, criado pelo Unicef, que divulga o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

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* O jornal cearense O Povo fez das suas páginas reportagens sobre temas importantes que publicou, discutiu a programação da TV e o um espaço para divulgação bem P ESQUISA ANDIde- experiências INFÂNCIA NA MÍDIA sucedidas na recuperação de jovens no estado. excesso de sexo e violência com que são ANDI Julhode - dezembro 1997 e do bombardeados diariamente as nossas crianças. Divulgou exemplos ações dade capital interior do estado e abriu a discussão da importância do Estatuto da Criança e do * A revista Pais & Filhos, que completou 30 anos de vida, publicou série onde trata de temas Adolescente para resolver a situação. diversos: aprendizagem, violência, paternidade, * O Diário de Pernambuco também investiu sexualidade e direitos da criança, entre outros. no tema e realizou séries sobre os meninos e meninas de rua do Recife e sobre a realidade * A revista Marie Claire, que fez um trabalho de qualidade ao longo de 1997, fechou o ano com nutricional no estado. uma reportagem especial sobre a Escola de * O Globo desvendou a rede de prostituição Dança e Integração Social (Edisca), que devolve infantil no Amazonas, mantida por comerciantes às meninas da periferia de Fortaleza a autoe outros profissionais. A divulgação da existência estima e a dignidade. de uma “disneylândia do sexo” chocou o país e repercutiu de modo que o governo e a sociedade * Identificadas com a sigla RMBH (Região se mobilizaram para acabar com o problema. Metropolitana de Belo Horizonte), matérias do Dando exemplo de bom jornalismo, o jornal jornal Hoje em Dia investigaram diversos voltou a Manaus para verificar se todas as problemas e também suas soluções, destacando providências já haviam sido tomadas. A o trabalho de entidades governamentais e não reportagem deu diversos prêmios ao jornal, governamentais que atuam na área da Grande BH. O jornal não esqueceu das outras regiões inclusive o “Esso de Jornalismo”. de Minas Gerais. * O jornal Estado de Minas deu ênfase às questões relativas à privação de liberdade e às * A TV Cultura, de São Paulo, mais uma vez, fez experiências para reverter o atual quadro - a melhor programação para a juventude e presente na maioria dos estados - de instituições promete para 98 uma programação dominical inteligente para fazer frente à hipocrisia que como “depósito de crianças”. domina a televisão brasileira nesse dia. * A revista Isto É levou para suas páginas temas como trabalho infantil, o tráfico de jovens * A TV Bandeirantes inaugurou nova fase brasileiras para o Paraguai, onde são jornalística, contribuindo para dar visibilidade a prostituídas, e a situação dos adolescentes ações, nos quatro cantos do país, que visam à diminuir as diferenças entre os jovens brasileiros. brasileiros nas prisões daquele país. * A revista Cláudia, entre as diversas * A TV Globo passou a investir em temas

positivos. Durante o ano, diariamente, a telinha foi invadida por notícias que revelam novas atitudes: solidariedade e busca de soluções para os problemas que afetam crianças e adolescentes. Programas como o Fantástico e o Globo Repórter também se dedicaram a investigar situações críticas de nossas crianças, como o trabalho infantil no interior de Sergipe. * O jornal Gazeta Mercantil destacou atitudes dos empresários-cidadãos, aqueles que têm investido na solução dos problemas de suas comunidades. A preocupação com o balanço social das empresas também foi destaque durante o ano que passou. * A revista Exame tratou do tema Educação como poucos. Sempre de olho na profissionalização, publicou revista especial com dados e avaliações da situação brasileira nesta área. * O jornal Correio Braziliense divulgou o trabalho de diversas instituições que atuam no Distrito Federal com objetivo de resolver as questões da infância e adolescência e não esqueceu de prestar um serviço a essas organizações e à sociedade, que deseja ajudálas, informando endereço, telefone e conta bancária para doações. * O jornal Correio da Paraíba abriu espaço para discutir o Estatuto da Criança e do Adolescente em suas reportagens e, em caderno especial, mostrou a relação entre os jovens paraibanos e as drogas, apontando a realidade das mais diferentes regiões do

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o abuso sexual de crianças pelos seus parentes - mostrou a seriedade com que trata o tema P ESQUISA ANDI - INFÂNCIA NA MÍDIA * A Tarde, de Salvador, não deixou de denunciar infância e adolescência. Os jovens do estado ANDI - dezembro de 1997 na encontram no jornal um instrumento de defesa os assassinatosJulho de crianças e adolescentes cidade, mas divulgou experiências bem dos seus direitos. sucedidas, como o combate ao trabalho infantil no interior do estado e o trabalho de * O espaço editorial da Gazeta do Povo, de organizações que ajudam a reverter a realidade Curitiba, dedicado a temas que tratam da criança baiana, desfavorável para grande parte de sua e do adolescente, cresce diariamente. Com responsabilidade, o jornal contribui para discutir juventude. as questões que afetam os jovens paranaenses. * O Jornal de Brasília debateu em suas páginas temas importantes, como a recuperação de * A Província do Pará tem feito denúncias que jovens em regime de privação de liberdade e contribuem para melhorar a vida dos jovens do alertou contra a falta de perspectiva para os estado, muitos dos quais precisam vender o jovens que perambulam pelas ruas do Distrito corpo nas praças de Belém para sobreviver. O trabalho de instituições que atuam para reverter Federal. esse quadro também é destacado, ao lado de * O Popular, de Goiânia, discutiu, com bastante experiências inovadoras na área de empenho, as questões que envolvem a adoção ressocialização de jovens infratores. de crianças brasileiras por estrangeiros. E não esqueceu de debater as políticas públicas * No Rio, o Jornal do Brasil abriu discussões voltadas às crianças e adolescentes. Também nas mais diversas áreas - saúde, educação, destacou, em suas páginas, temas como a direitos e justiça, privação de liberdade - sempre violência praticada por jovens de classe média. denunciando os problemas e chamando atenção para suas soluções, com a divulgação de * A campanha pela gratuidade da certidão de experiências bem sucedidas. A revista Domingo nascimento para todas as crianças nascidas no (encartada no jornal aos domingos), por exemplo, Brasil ganhou, no Diário Catarinense, um aliado. dedicou capa e várias páginas, a um dos mais O jornal debateu o assunto e tratou com muito importantes trabalhos do País na área da afinco dos problemas que afetam a juventude infância e adolescência, realizado no Morro da do estado. Foi espaço ainda para divulgação de Mangueira. experiências bem sucedidas que ajudam a mudar * As campanhas de vacinação e de aleitamento essa realidade. materno encontraram um aliado no jornal Meio * No jornal gaúcho Zero Hora, a publicação de Norte, de Teresina. Além dessas preocupações séries - como a que tratou do silêncio que envolve básicas com a vida das crianças, o jornal foi palco estado.

de debates sobre o trabalho infantil e fiscalizou a aplicação de políticas públicas estaduais e municipais. * O Jornal do Commercio, editado em Recife, não esqueceu dos demais municípios pernambucanos e publicou experiências bem sucedidas de todas as regiões, contribuindo assim para difundi-las no estado como um todo. * No Amazonas, o jornal A Crítica foi importante interlocutor das crianças e adolescentes no ano de 1997. Abordando com responsabilidade a mais ampla gama de temas, o jornal contribuiu para fixar a importância de se observar o que está contido no ECA, principalmente em uma região em que a realidade é absolutamente diversa da maioria dos estados do País. Mesmo naqueles jornais e/ou revistas cujo número de matérias relevantes publicadas no período ficou abaixo dos demais percebe-se, claramente, a tendência de mesclar denúncias e soluções.

Visite a home page da ANDI em: www2.uol.com.br/andi

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P ESQUISA ANDI - INFÂNCIA ANDI

Julho - dezembro de 1997

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BUSCA DE SOLUÇÕES Jornais que mais publicaram matérias que contribuem para a visibilidade das buscas de soluções

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• Total de inserções em Busca de Soluções (sem aplicação de índice de correção): 2.427 • Percentual de Busca de Soluções sobre total de matérias: 26,6% 11


P ESQUISA ANDI - INFÂNCIA ANDI

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MÍDIA

BUSCA DE SOLUÇÕES

Julho - dezembro de 1997

Revistas que mais publicaram matérias que contribuem para a visibilidade das buscas de soluções

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P ESQUISA ANDI - INFÂNCIA ANDI

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Julho - dezembro de 1997

No gráfico a seguir, podemos observar o número de inserções que remetem à “Busca de Soluções”, comparado ao total de matérias publicadas por cada veículo. Impressiona o fato de que os jornais do Norte e Nordeste - onde se concentram alguns dos piores indicadores sociais do País, do trabalho infanto-juvenil à exploração sexual de crianças e adolescentes, passando pela desnutrição e a mortalidade infantil dediquem a maior parte do seu noticiário referente à infância e adolescência aos projetos que representam tentativas de soluções para os problemas que afetam essa faixa etária. Sabe-se, entretanto, que essas regiões, são responsáveis por grandes avanços e abrigam as mais criativas e bem sucedidas experiências sociais do Brasil, tanto em políticas públicas quanto em ações de organizações não-governamentais.

* São consideradas como uma contribuição da imprensa para as “Buscas de Soluções“ para os problemas sociais as matérias que: - revelam projetos sociais bem sucedidos; - representam investigação com foco na denúncia mas incluem fatos ou idéias que remetem o leitor à reflexão sobre as buscas de solução; - apresentem os debates de seminários e reuniões entre setores diversos da sociedade; - esclareçam aspectos legais ou projetos de lei aprovados nos níveis municipal, estadual ou federal; - forneçam resultados de pesquisas de campo, produzidas por entidades civis ou governamentais; - cooperam com os esforços de campanhas na área da assistência social; - sejam apresentadas como editoriais ou artigos e que enfatizem o elogio a soluções existentes ou a necessidade de busca de soluções para quadros sociais alarmantes. * não são consideradas, por exemplo, as matérias sobre ações policiais (blitz), promessas de governantes, propostas de parlamentares ainda não aprovadas ou repasses de verbas. * não são consideradas as matérias dos cadernos para adolescentes, retratados em outra publicação - a Pesquisa ANDI - Os Jovens e a Mídia (realizada em parceria com a Fundação Odebrecht e o UNICEF). * não são consideradas as revistas Nova Escola, Educação, Pais & Filhos, Crescer e Viver/Psicologia, por serem publicações especializadas que na íntegra de suas edições têm o debate sobre “Buscas de Soluções” como a razão mesmo de existirem.

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P ESQUISA ANDI - INFÂNCIA ANDI

NA

MÍDIA

BUSCA DE SOLUÇÕES

Julho - dezembro de 1997

Percentual de matérias consideradas “Busca de Solução” sobre total de inserções

Gazeta Mercantil - SP

44%

Alto Madeira - RO

44%

Diário de Cuiabá - MT

46%

Diário Catarinense - SC

47%

O Estado do Maranhão - MA

48%

Correio da Bahia - BA

48%

Zero Hora - RS

48%

O Liberal - PA

51%

A Notícia - SC

52%

Tribuna da Bahia - BA

53%

Folha do Estado - MT

54%

Diário de Natal - RN

56%

O Estado do Paraná - PR

57%

A Tribuna - SP

59%

Diário da Amazônia - RO

64% 0%

10%

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P ESQUISA ANDI - INFÂNCIA ANDI

NA

MÍDIA

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Julho - dezembro de 1997

Outra tendência que a Pesquisa ANDI revela é o crescimento do número de reportagens na área de Educação. O tema, em oitavo lugar na primeira Pesquisa ANDI, chega ao terceiro lugar nessa pesquisa que cobre o segundo semestre de 1997. Deve-se observar que, para efeito da Pesquisa, a ANDI somente registra as matérias referentes ao ensino fundamental (até a 8ª série) e ao 2º grau. As que se referem ao 3º grau não são computadas. Vale ainda lembrar a posição do tema Educação em relação aos demais temas mais abordados em todas as edições da Pesquisa ANDI: abr. a jun. /96

jul. a set./96

out. a dez./96

jan. a mar./97

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Exploração Sexual

Direitos e Justiça

Saúde e Nutrição

Direitos e Justiça

Violência

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Direitos e Justiça

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Exploração Sexual

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Educação

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Políticas Públicas

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Educação

Educação

Trabalho

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A que se deve esse quadro tão favorável, em que a mídia, cada vez mais, dedica-se ao tema Educação? O acompanhamento diário da imprensa brasileira nos permite apontar algumas razões: N A SOCIED ADE SOCIEDADE

* As diversas campanhas, ao longo dos últimos anos, que procuram despertar nos brasileiros a importância que tem a Educação para o exercício pleno da cidadania; * As providências do governo federal, que tem buscado priorizar o ensino fundamental e tornar o ensino mais próximo da realidade (vide as propostas do MEC que constituem os novos parâmetros curriculares); * As campanha Toda Criança na Escola, Tá na Hora da Escola e Acorda Brasil. * As iniciativas estaduais e municipais em curso nas diversas regiões do país - como as Classes de Aceleração - e os censos, que registram jovens em idade escolar, mas fora da escola. * As iniciativas de entidades não governamentais (como o Instituto Ayrton Senna e os vários pactos e mutirões pela Educação) geraram importantes programas; * O nascimento da TV Futura é outro forte indicativo de que o País

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NA IMPRENSA P ESQUISA ANDI

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acordou para a Julho Educação; ANDI - dezembro de 1997 * Editorias ou sub-editorias de Educação também começam a surgir. Mesmo aqueles jornais ou revistas que não possuem equipes ou espaços específicos têm dado destaque ao debate das questões em torno desse tema. Apesar dos equívocos, percebe-se uma acentuada melhora, não somente quantitativa, mas qualitativa, na abordagem do tema (leia, à página 18, artigo do jornalista Fernando Rossetti sobre a importância de se ter uma editoria de Educação). * A maior rede de TV do País, a Globo, passou a fazer da Educação o tema de sua campanha para as comemorações dos 500 anos de descobrimento do Brasil; * O Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo, que recebe inscrições até 31 de janeiro, estabeleceu categoria especial para o tema Educação. É o primeiro prêmio jornalístico do País a reconhecer esta tendência, ajudando a solidificar o avanço.

REPERCUSSÃO: QUE BRASIL É ESSE ? A Pesquisa ANDI - Infância na Mídia confirma uma tendência que vem se registrando nos últimos quatro anos, apontando para o fato - quase óbvio - de que quando a sociedade produz fatos e reflexões novas a imprensa se mostra sintonizada com os desafios sociais. No caso do nítido e vertiginoso crescimento da produção jornalística sobre Educação, algumas autoridades e especialistas foram ouvidos pela ANDI para uma melhor compreensão das razões que levaram a esses resultados:

“A presença marcante do setor na mídia, nos últimos anos, é uma clara demonstração de que o Brasil já está mudando. Hoje o País entende que sem Educação não é possível dar o salto de qualidade de vida cobiçado por todos nós - Educação é pré-requisito para promover a justiça, o pleno exercício da cidadania e reduzir a desigualdade social.” (Paulo Renato Souza, Ministro da Educação) • “ Esses resultados são muito importantes. Quero vê-los como reflexo de uma mobilização da sociedade brasileira em torno da Educação. É disso que precisamos: um conjunto de iniciativas na Educação, que vão resultar na eliminação de diversas formas de injustiça contra a criança no Brasil”. (Ruth Cardoso, presidente do Conselho da Comunidade Solidária) • “Começam a surgir propostas para mudanças, novas reflexões e resultados de experiências pioneiras (os projetos bem sucedidos). É como se, do ponto de vista jornalístico, a imprensa agora pudesse encontrar o que cobrir. Os resultados da Pesquisa ANDI mostram uma bola de neve: na medida em que sindicatos, empresários e movimentos como o dos Sem Terra - além dos esforços do atual Ministério da Educação - passam a se preocupar com o tema, a imprensa percebe que não há interesse apenas de professores, que o público-leitor está ampliado. E novos debates surgem, mais informações são democratizadas, compartilhadas com a população, alimentando a própria imprensa e mobilizando ainda mais a opinião pública”. (Garren Lumpkin - oficial da área de Educação do Unicef) • “Os resultados revelam um despertar sobre a importância da Educação para o processo de desenvolvimento de um país chamado Brasil. Revelam a vontade política - que é clara - por parte do governo federal, mobilizando esforços além de recursos humanos e financeiros. E detectam um comportamento espetacular da sociedade civil...e , na sociedade civil, sobretudo do setor privado. Só para citar um exemplo, é louvável a qualidade dos trabalhos e a soma de recursos empregados pela Fundação Bradesco em Educação. Descobrimos que Educação não é gasto, é investimento no desenvolvimento do país, das futuras gerações e da maior eficiência no mercado de trabalho. O despertar da imprensa soma-se a

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esta consciência”. (Jorge Werthein - representante da Unesco no Brasil)

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Julho - dezembro de 1997 espaço da educação escolar vem aumentando - não só nas matérias sobre infância e juventude como no conjunto da mídia - devido à conjunção de vários fatores. Dentre eles, destaco a fase em que o país se encontra no processo de modernização. Uma vez alcançada a estabilidade econômica, começa a ficar visível - e dramático - o despreparo dos recursos humanos do país para o exercício da cidadania plena e o enfrentamento da competição numa economia globalizada. Neste sentido, em muito contribuiu a experiência asiática pela qual - e apesar da atual crise de conjuntura - o mundo aprendeu que o único investimento capaz de manter o desenvolvimento a longo prazo é o que se faz em recursos humanos. No Brasil, lenta mas continuamente, as atenções das elites econômicas e culturais, das lideranças políticas e dos formadores de opinião voltam-se para a escola, essa “caixa preta” da qual todos esperam tanto mas poucos se esforçam para entender como se opera na prática do dia a dia. Só há motivos para saudar esses novos e poderosos interlocutores da educação. Com eles aumenta a esperança de que o tema deixe definitivamente de ser considerado assunto “cri-cri” (criança e criada), e passe a ocupar lugar estratégico na agenda do estado e da sociedade para o desenvolvimento sustentável. Em fins dos anos 80 já se afirmava que a Educação era assunto sério demais para ficar nas mãos dos educadores, que a participação e o controle da sociedade eram indispensáveis para melhorar o resultado de nossas escolas. A crescente preocupação com Educação, que os meios de comunicação refletem, é a chance que todos esperamos para que isso aconteça”.

(Guiomar Namo de Mello, diretora executiva da Fundação Victor Civita) • “A mídia, num primeiro momento, tem sido instada, provocada a dar importância à Educação. Além disso, a imprensa é fundamental para que a população tome conhecimento do tema e modifique o seu olhar e sua posição. Diversas iniciativas formais e informais - prêmios, congressos, seminários - têm feito essa provocação. Os comunicadores começaram a ser alimentados e orientados de modo a tomar uma posição. Registra-se

uma volta ao passado, quando todos os veículos possuíam editorias de Educação. Além disso, a mídia também “corre atrás” de assuntos que entram na agenda das lideranças nacionais - políticas, sindicais, religiosas, artísticas e empresariais. Contudo, nada disso estaria acontecendo se não fosse absolutamente consistente a importância do tema, principalmente no Brasil, que registra um atraso em relação à Educação”. (Bruno Silveira, Fundação Odebrecht) • “É notório o crescimento da Educação na mídia. Este crescimento revela não apenas uma nova postura da sociedade em relação ao tema, mas um reposicionamento da Educação na agenda do Estado Brasileiro. Esse crescimento, a meu ver, tem algo de espontâneo e induzido. O primeiro aspecto representa a sensibilidade da imprensa em relação a esse reposicionamento. Por outro lado, as ações do Unicef (que realizou uma série de eventos reunindo jornalistas), da sociedade (como o Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo) e dos órgãos governamentais (nos três níveis) também são reflexos da nova ênfase que a Educação vem tendo nos últimos quatro anos. Melhoria da remuneração dos professores, avaliação externa das escolas, o Provão e a TV Escola servem para mostrar um novo posicionamento. Além disso, a exigência do mercado de trabalho tem levado os jovens, cada vez mais, a procurar a escola. Eles descobrem, quando vão procurar emprego, que já não basta a escolaridade que possuem. Uma pesquisa da professora Felícia Madeira, da Fundação Sead, de São Paulo, revela que em três anos caiu para 42% a taxa de jovens entre 15 e 19 anos fora da escola. Entre 1992 e 1995, esse percentual era de 62,4%. Além disso, a liderança empresarial do país compreendeu que o Brasil, com uma escolaridade média de quatro anos (contra seis anos do Paraguai, para ficar no Mercosul), não poderá jamais ser competitivo. Essa conscientização tem feito com que as empresas tomem atitudes sérias em relação à Educação. Nunca houve um envolvimento de empresários com esse tema como hoje”. (Antônio Carlos Gomes da Costa - consultor e dir. presidente da Modus Faciendi)

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QUE OS JORNAIS DEVEM TER EDITORIAS DE EDUCAÇÃO ?

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Julho - dezembro de 1997 Reproduzimos a seguir, na íntegra, artigo do jornalista Fernando Rossetti (Folha de S.Paulo), referência nacional na cobertura do tema Educação. O texto foi publicado pelo Jornal ANJ (agosto/97) sob o título “Por que os jornais devem ter editorias de educação?”.

“A maior parte da cobertura que a imprensa faz hoje da educação é superficial. Ou só se descreve a “catástrofe” ou só a “salvação”. Ora é a evasão, a greve, os baixos resultados dos estudantes. Ora, o projeto revolucionário, a reforma, as avaliações que vão melhorar o desempenho do ensino. Em geral falta, além de contexto e história, um trabalho mais aprofundado de descrição. Não se fala do que acontece dentro da sala de aula, não se ouve a criança, não se conta como a professora trabalha ou a relação que estabelece com seus alunos. A grande maioria das reportagens é limitada à reprodução de discursos oficiais: do governo, do sindicato, do especialista e, às vezes, de uma organização não-governamental. Os atores principais estão ausentes. E essa deficiência ocorre em um momento em que a educação adquire reconhecimento inédito na sociedade. Concluída a transição do regime militar para a democracia e estabilizada a inflação, os temas dominantes hoje são sociais. As pessoas estão preocupadas com a educação. Todo pai e mãe quer educar bem os filhos. Os empregadores querem profissionais qualificados. Os assalariados querem empregos melhores. “Não creio que pedagogia seja tudo, mas creio que sem ela também não se faz nada”, disse Paulo Freire em uma de suas últimas entrevistas. Desde que começou a ser feita, no segundo semestre de 1997, a pesquisa diária com leitores da “Folha de S. Paulo” (Datadia) vem demonstrando o interesse pela cobertura de educação. As reportagens dessa área ocupam, muitas vezes, os primeiros lugares entre os assuntos mais citados. A divulgação dos resultados de pesquisas sobre o desempenho do ensino, por exemplo, sempre tem muita leitura. Pode ser que educação não dê retorno financeiro imediato para os editores. Mas, se isso for verdade, é apenas um resultado momentâneo. A longo prazo, a cobertura mais profunda e responsável tende a elevar a

qualidade geral da educação no país. E isso resulta em uma população mais letrada, produz consumidores críticos para o mercado editorial. A melhoria da educação é um processo lento, medido em gerações. Mas é consenso em todo o mundo que o seu sucesso depende do esforço de toda a sociedade. A atenção dada à área pelos Estados Unidos é modelar. Para que a imprensa desempenhe seu papel social na melhoria do ensino é necessário que ela invista mais na especialização da cobertura. Não é possível que um repórter de Geral, que ora está escrevendo sobre uma chacina na favela, ora, sobre o congestionamento provocado pelas últimas chuvas, seja também encarregado de explicar a reforma no ensino proposta pelo prefeito. Educação —assim como economia, futebol e música— precisa ser coberta por especialistas, que conheçam a história da área, que lembrem quais experiências já foram testadas, que tenham trânsito entre aqueles que podem analisar as consequências desta ou daquela medida. Com o peso que a educação está adquirindo, não dá mais para deixar sua cobertura na mão de amadores. O resultado dessa prática já é evidente: a maior parte do que é dito sobre educação é superficial, quando não, artificial. Jornais conceituados, como o “The New York Times”, não têm um, mas vários especialista em educação, trabalhando em uma editoria onde podem trocar idéias sobre as pautas. Em um ambiente desse tipo, especializado, pode-se aprofundar a cobertura dessa área e desenvolver, por exemplo, estratégias para relacionar o que o professor faz em sala de aula com as políticas governamentais. Hoje, ter uma editoria de educação pode não atrair, de imediato, novos anunciantes. Mas contribui, certamente, para o necessário debate nacional em torno da melhoria do ensino. É esse o papel social possível para a imprensa contemporânea”. (Fernando Rossetti)

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P ESQUISA ANDI - INFÂNCIA Julho - dezembro de 1997

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