Vias medievais nos coutos monásticos
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18 - Calçada que parte junto à ponte do Touro
4. CONCLUSÃO
C
onscientes da dificuldade em muitos dos casos de atribuir uma cronologia precisa aos caminhos descritos, pensamos ter traçado um quadro aproximado da paisagem viária na área dos coutos monásticos de Sta. Maria de Salzedas e S. João de Tarouca. Observando a distribuição geral e a sua atribuição cronológica é clara a existência de certos percursos antes da implantação dos mosteiros que os aproveitaram como a forma mais segura para a circulação de pessoas e mercadorias. Embora não tenhamos aflorado os caminhos mais secundários é certo que deveriam existir, ligando pequenos núcleos humanos ou explorações agrícolas às rotas mais utilizadas. Estes deveriam ser bastante simples, provavelmente em terra batida, correndo o risco de durante as épocas de maior pluviosidade ficarem inundados e intransitáveis. Em outros casos podiam
agregar alguns troços de calçada, tal como as vias principais, em zonas de maior risco, como junto a linhas de água ou em cotas mais baixas. Apesar destes mosteiros se terem implantado numa área onde já existiam alguns caminhos, é certo que contribuíram para a abertura de novos e de travessias fluviais. Pensamos que serão responsáveis pelo traçado de pequenas vias que nos séculos posteriores, nomeadamente durante a centúria seiscentista e setecentista, foram profusamente utilizadas, ligando os núcleos urbanos que se desenvolveram devido à presença monástica, como aquela que de S. João de Tarouca segue para a povoação do Couto, formada após a fundação do cenóbio.