assim como do de Viseu, teria como principal razão de ser o favorecimento da hegemonia de Coimbra.
A restauração da dignidade episcopal Em 1147, Lamego e Viseu passam a ter bispos próprios. Usualmente, associa-se esta mudança na política eclesiástica à conquista de Santarém e Lisboa por Afonso Henriques, ocorrida nesse mesmo ano74. Com o avançar da fronteira cristã mais para Sul, de facto, Coimbra recuperava a totalidade dos territórios da sua diocese e deixava de precisar dos rendimentos de Lamego e Viseu para se sustentar. Por outro lado, a sua importância estratégica diminuía, pois Lisboa passava a assumir o papel de guarda avançada da fronteira que Coimbra tinha desempenhado desde 1064, e a conquista da futura capital do reino dava origem, também, à restauração de mais uma diocese, em cuja cátedra o monarca colocou um dos cruzados ingleses que colaboraram na tomada da cidade75. Se tudo isto faz sentido e deve ser tido em mente, outros aspectos devem igualmente ser considerados ao estudarmos a restauração efectiva das dioceses beirãs. Antes de mais, há que ter em conta que as primeiras notícias sobre a existência de prelados nesses dois bispados são anteriores à conquista de Lisboa. O primeiro diploma que os menciona é o pacto celebrado pelo rei, após a queda da praça escalabitana, com os cruzados francos que vinham participar na conquista de Lisboa, pacto esse que não apresenta data mas se pode com
74 Vid. MATTOSO, José – Dois séculos de vicissitudes políticas…, p. 84-87; e BARROCA, Mário – Da Reconquista a D. Dinis…, p. 33-45.
Sobre a restauração da diocese de Lisboa e a escolha de Gilberto de Hastings para seu primeiro prelado, vid. CLEMENTE, Manuel – Lisboa, diocese e patriarcado de. In DICIONÁRIO de História Religiosa de Portugal… Vol. J-P, p. 93-113; e BRANCO, Maria João – Reis, bispos e cabidos: a diocese de Lisboa durante o primeiro século da sua restauração. Lusitania Sacra. 10 (1998) 55-94. 75
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