Jornal O Líder SMO 18/05/2013

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- SÃO MIGUEL DO OESTE - SC, 18 DE MAIO DE 2013

Vassoura e carrinho a postos Todos os dias os garis passam de rua em rua para fazer a recolha de lixo e varrer as calçadas

Evandro Cesar Weber e Alexsandro Beninca são garis há mais de três anos em São Miguel Um inocente papel de chiclete ou bala cai disfarçadamente, e disfarçadamente ninguém nota, mas eles enchem as calçadas e ruas da cidade. Jogar papel de bala ou uma latinha de cerveja no meio da rua infelizmente é fato corriqueiro, principalmente após os finais de semana. O que quase ninguém percebe é que ao passar pelo mesmo local no outro dia a rua está limpa, até que o ciclo se reinicie e o primeiro começa a jogar o lixo na rua novamente. Fazer a diferença nessas ruas e deixá-las limpas novamente é graças ao trabalho do profissional conhecido como gari. Enquanto alguns varrem o lixo jogado pelos cidadãos ou mesmo a poeira e as folhas de árvores que ficam nas ruas, outros catam o lixo em seus carrinhos. Esta profissão é de extrema importância para a sociedade, pois graças aos garis a cidade permanece limpa e um local agradável não deixando que o lixo se acumule nas ruas e nos bueiros, causando enchentes e permitindo a proliferação de bichos e doenças. A rotina deles inicia cedo, e às 07h30 da manhã todos os dias já estão nas ruas com as vassouras e carrinhos. Sempre uniformizados, eles não passariam despercebidos pelas cores e ferramentas, porém, nem sempre tem seu trabalho reconhecido pelos cidadãos que cru-

zam o caminho com eles nas calçadas. Evandro Cesar Weber, 27 anos, e Alexsandro Beninca de 26 anos, são dois dos 41 garis e coletores que trabalham em São Miguel do Oeste. Weber já trabalha na profissão há mais de quatro anos, e diz que procurou o emprego na época, pois estava desempregado. Ele que ainda mora com seus pais, diz que pretende continuar na profissão até que consiga juntar dinheiro para abrir seu próprio empreendimento. Enquanto isso sai todos os dias para as ruas centrais da cidade de São Miguel com o carrinho e sua vassoura para deixar as calçadas mais limpas e organizadas. “É puxado, estamos com poucos varredores e temos 12 ruas para limpar entre dois”, conta. Beninca que está há três anos e meio na profissão conta que a profissão exige esforço e, além disso, lamenta o lixo que as pessoas jogam no chão provocando o mal cheiro. Inclusive relata que por este motivo, há dias em que não consegue nem ao menos almoçar, já que segundo ele, o cheiro do lixo fica impregnado. “Sem contar que têm muitos mal educados, que nos tratam mal, tem preconceito com nós, tem alguns que nos enxergam e atravessam a rua para não passar por nós”, lamenta. Por dia a dupla que trabalha com dois carrinhos, enche 30 bolsas de lixo em uma rua apenas, sen-

do que limpam 12 ruas. Eles observam que a segunda-feira é o pior dia, já que acumula muito lixo dos finais de semana. Ele diz ainda que muitas vezes quando acabam de limpar acontece de outras pessoas jogarem em seguida lixo novamente no chão. Apesar das dificuldades da rotina no trabalho, os dois dizem sentir orgulho pela atividade que desempenham já que é ela que garante o sustento e os estudos como é o caso de Beninca, que cursa técnico em segurança do trabalho. “Quando eu me formar, vou mudar de profissão”, diz. Os garis lamentam que por diversas vezes ocorrem de pessoas jogarem cigarro na frente deles que estão limpando a calçada, além disso, já encontraram livros, camisinhas e roupas íntimas jogadas nas ruas. “Mas têm aqueles que reconhecem nosso trabalho e nos ajudam, principalmente mercados que nos vêem e nos servem lanche”, conta Beninca. A rotina dos dois após percorrer as ruas, se encerra ao final do dia às 17h30, quando as ferramentas são guardadas para no próximo dia começar tudo novamente. Entre as pessoas que passam pelas calçadas, entre os carros estacionados, os dois em malabarismos com as vassouras, sacos de lixo e carrinhos têm a tarefa diária de deixar as ruas mais limpas e agradáveis para quem passa por elas.

Fotos: Débora Ceccon/ O Líder


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