Jornal O Líder São Miguel

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- SÃO MIGUEL DO OESTE - SC, 20 DE ABRIL DE 2013

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Geral

GUARACIABA

Lotérica do Lírio tem dois acertadores em menos de uma semana Apostadores do município compraram o bilhete na lotérica e foram os ganhadores de um dos prêmios A cidade de Guaraciaba por muito pouco não teve dois novos milionários. Em dois sorteios acumulados da Mega Sena do último sábado (13) e da quarta-feira (17), dois apostadores do município acertaram cinco números da Mega Sena e levaram a premiação da Quina. O Prêmio no sorteio desta quarta-feira estava acumulado em R$ 37 milhões de reais e saiu para uma única aposta de Londrina no Paraná. Os números sorteados foram 01- 06- 10 - 34 - 40 - 54. No último sábado (13), as dezenas sorteadas foram 04 - 27 - 30 - 36 - 54 e 59. Um apostador do município faturou quase R$ 15 mil após acertar cinco dos números sorteados. O que parecia ser um fato iso-

lado se transformou em um fato de repercussão na região depois que mais um apostador faturou a premiação da Quina nesta quarta-feira (17). De acordo com a diretoria da Lotérica, o apostador ainda não retirou a premiação de R$ 20.176,24. O responsável pela Lotérica do Lírio em Guaraciaba, Alexandre Dalacorte, disse que o fato é inusitado. A lotérica, segundo ele, funciona no

município há pelo menos 10 anos e nunca teve dois acertadores em um período tão curto de tempo. Alexandre conta que o primeiro sortudo descobriu que tinha acertado os cinco números da Quina após ir até a lotérica para conferir as dezenas sorteadas. O responsável pela lotérica diz que espera que um dia a Lotérica do Lírio possa pagar o grande prêmio da Mega Sena.

DEMASIADAMENTE HUMANOS Daniel Galera tem uma coluna no caderno de cultura da edição eletrônica do jornal O Globo. Ele escreve todas as segundas-feiras. Gosto de acompanhá-lo, também, em seu Twitter (@ranchocarne), porque é escritor da minha idade, da minha época, da minha geração. Em sua última coluna, intitulada Navio no deserto, Galera aborda a experiência única e irrepetível que nos proporcionam os filmes a que assistimos em determinados períodos das nossas vidas. De acordo com Galera, [...] Os filmes a que assistimos na infância e na adolescência imprimem tamanho valor afetivo que é quase impossível analisá-los, na idade adulta, com todo o afastamento necessário. Depois disso, quando começamos a ver os clássicos, de início eles parecem diferentes demais, e muitas vezes tediosos ou difíceis. Mas é esse contato com os grandes filmes do passado que nos educa sensorialmente, e intelectualmente, para o grande impacto que deverá ocorrer em algum momento entre os 20 e os 30, com os grandes filmes de então. Esses filmes ampliam nossa capacidade de deslumbramento com o cinema, e ao mesmo tempo a limitam para tudo que será visto dali em diante. Novos filmes incríveis continuam aparecendo, mas o nosso “maior filme que apareceu nos últimos tempos” está lá no passado, uma marca que se afasta no calendário, mas que carregamos para sempre. [...]. Essa coluna me tocou profundamente e me fez pensar nos pequenos momentos de lucidez e satisfação existenciais, em que as respostas às perguntas parecem desnecessárias, o ímpeto questionador acalma-se e tudo parece ter cadência, fluidez e coerência. E, então, me lembrei de instantes fugazes, de segundos em meio ao turbilhão de acontecimentos marcantes e inolvidáveis da minha existência: O nascer do sol em Praga, visto de dentro de um trólebus, à beira do Rio Vltava. O primeiro contato visual com o portal do campo de extermínio de Auschwitz, em que se lê Arbeit macht frei (O trabalho liberta). O adeus definitivo e irreparável a um amigo, com um aperto de mão firme e silencioso, em uma ruela da Cracóvia. O primeiro contato corporal com o inverno, o ar frio tomando conta dos pulmões. A sessão vazia de cinema do filme Casablanca, de 1942, em uma madrugada gelada de 2000, em Porto Alegre. A leitura das primeiras páginas do livro A Peste, de Albert Camus, em um dia ensolarado de maio de 1998, em um gramado da PUCRS. O cheio de pão fresco e páprica em uma manhã de 2009, em Budapeste. A amabilidade franca dos amigos e da família em situações-limite, expressa, apenas, com um sorriso complacente. A afabilidade espontânea e o olhar sincero de um cão ao ser chamado pelo nome. Pequenos rituais, momentos mágicos, como preparar um mate, passar um café, cultivar temperos em floreiras, tocar violão, correr de agasalho com capuz numa noite de inverno e com neblina. Ficar em silêncio. Pena que a humanidade esteja perdendo o hábito desses atos aparentemente insignificantes e padecendo, à custa de seus valores comunitários e locais, em favor da parafernália eletrônica, dos smartphones, tablets, gadgets, redes sociais e afins. Penso nisso tudo enquanto escuto Pé de Espora, uma canção de Vitor Ramil que conta a história de duas esporas que, depois de muito tempo servindo a um tropeiro e rasgando o lombo dos cavalos, são simplesmente separadas uma da outra e atiradas ao abandono. Que não façamos como o tropeiro fez com as esporas: que nos lembremos, dia após dia, daquilo tudo que nos é subjacente, que nos faz humanos – demasiadamente humanos, para usar uma expressão nietzscheana – e que saibamos usufruir, sem abandoná-los jamais, desses pequenos, inolvidáveis momentos que fazem tudo valer a pena.


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