437 - MANUAL DE ECONOMIA2

Page 227

1 - Comércio Internacional João Sayad Professor Titular da FEA / USP economista, Ph.D. (Universidade de Vale, EUA), livre-docente, professor adjunto e professor titular pela USP.

1. Introdução Por que a Suíça é o maior produtor mundial de relógios, ao passo que o maior produtor de café é o Brasil? Por que a taxa cambial, isto é, o preço do dólar e de outras moedas está subindo constantemente? Que motivos fazem corri que o governo incentive a exportação? Quais são as funções do Fundo Monetário Internacional, e quais as principais razões da crise financeira internacional? Estes são alguns dos principais problemas relativos ao comércio internacional, que serão abordados neste capítulo. Para responder a algumas das perguntas acima, existem alguns instrumentais teóricos específicos que constituem a Teoria do Comércio Internacional, cujos objetivos são exatamente a explicação de por que os países comerciam entre si, por que alguns países produzem alguns bens enquanto outros países produzem outros, por que existem barreiras ao comércio etc. A Teoria Econômica apresentada até esta altura do curso, isto é, a teoria microeconômica e a teoria macroeconômica, é útil para a explicação e análise destes problemas, mas existe uma série de particularidades que exigiram a construção de item especial na Teoria Econômica, qual seja, a Teoria do Comércio Internacional. Entre as principais particularidades, pode-se citar primeiramente o fato de as trocas ou o comércio não serem realizados entre indivíduos ou firmas de uma mesma nação. Isto não quer dizer que o comércio entre nações seja feito por meio do governo. Na realidade, os principais participantes do comércio internacional são indivíduos e empresas pertencentes a nações diferentes e, portanto, sujeitos a legislações diferentes. Além disto, outro aspecto peculiar, no caso do comércio internacional, se refere ao problema monetário. Quando uma empresa brasileira vende para uma empresa brasileira, está obrigada por lei a aceitar, como pagamento pelas vendas, a moeda nacional, ou seja, o cruzeiro. Entretanto o mesmo não ocorre quando uma empresa brasileira vende para uma empresa argentina. Aquela não aceita como pagamento os pesos argentinos porque, com a moeda argentina não poderá pagar seus operários ou realizar suas compras no Brasil. Da mesma forma, uma empresa argentina não aceitará como pagamento cruzeiros, já que esta moeda não será aceita na Argentina. Este aspecto introduz uma diferença adicional nos problemas de comércio internacional, sendo uma das, justificativas para a elaboração de uma teoria especial, ou seja, a Teoria do Comércio Internacional. A razão básica, entretanto, para se estudar o comércio internacional separadamente reside na "imobilidadede fatores de produção entre nações. Em palavras mais simples, isto significa que, enquanto dentro de uma nação a mão-de-obra e o capital movimentam-se entre diversas firmas e entre regiões diferentes, orientados pelas taxas de lucros dos diversos setores de produção e das diversas regiões, entre nações não existe esta mobilidade. Isto não quer dizer que não existe nenhuma movimentação de mão-de-obra ou capital entre diversas nações, mas que estas movimentações são mais difíceis.

425


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.