Revista TN Petróleo

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opinião

Petróleo I Gás I Biocombustíveis

Inovação e propriedade intelectual, de Julio Regoto, da Tauil & Chequer Advogados Associado a Mayer Brown LLP

Estaleiro gigante avança no Norte Fluminense Indústria gaúcha navega na ‘maré offshore’ Energia eólica ao sabor do vento Ano XIV • nov/dez 2012 • Nº 86 • www.tnpetroleo.com.br

Especial: segurança operacional offShore

Muito mais do que lições Tecnologia associada ao conhecimento Órgãos reguladores aumentam o rigor

Cobertura

Onde as paralelas se encontram, por Rene Toedter O mercado brasileiro de óleo e gás como cenário para a internacionalização de empresas, por Clarisse Mariana Medeiros Rocha e Licia Regina Medeiros Rocha Royalties internacionais do petróleo, por Andressa Guimarães Torquato A evolução do conteúdo local, por Alberto Machado Neto

Entrevista exclusiva

Helcio Makoto Morikossi, diretor de vendas da unidade de automação do grupo WEG

Preparada para novos desafios




sumário

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edição nº 86 nov/dez 2012

entrevista exclusiva

PREPARADA PARA NOVOS

NOSSOS INVESTIMENTOS

DESAFIOS

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AO LONGO DOS ANOS A WEG VEM ACOMPANHANDO AS EXIGÊNCIAS DO MERCADO TANTO COM

A ENTRADA DA EMPRESA no mercado de energia eólica e solar é uma das últimas novidades da companhia, que vem utilizando recursos próprios e linhas de financiamento em pesquisa e inovação. “A empresa desenvolve produtos com tecnologia própria, de acordo com os mais elevados padrões internacionais”, afiança Helcio Makoto Morikossi, diretor de Vendas da Unida de Automação do Grupo WEG.

DESENVOLVIMENTO DE LI-

Preparada para novos desafios

NHAS EXISTENTES QUANTO DE NOVOS PRODUTOS.

TN Petróleo – Quais os investimentos da WEG em P&D? Quanto desse investimento tem foco na indústria de óleo & gás e offshore/naval? Helcio Makoto Morikossi – A WEG investe 2,3% de seu faturamento anual líquido em P&D e Inovação e também conta com recursos de linhas de incentivo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Não divulgamos investimentos por segmentos isolados, mas posso garantir que boa parte desses recursos vai ser direcionada para o setor de petróleo e gás, que demanda inovação e soluções eficientes. Temos buscado também aprimorar nossa oferta de serviços, desenvolvendo nossa já extensa rede de assistentes técnicos e investindo em contratação e treinamento do nosso próprio pessoal de comissionamento em campo.

nacionais. Todos os produtos são desenvolvidos e fabricados no Brasil, portanto temos condições de fornecer soluções globais com alto índice de conteúdo local aos nossos clientes desta cadeia.

Foto: Divulgação

Qual o peso e a importância do setor de óleo, gás, energia e indústria naval para a companhia, principalmente no que se refere ao faturamento? Estes setores são importantíssimos e estratégicos para a WEG, e representam entre 3% e 5% do faturamento da empresa, que tem conteúdo local e grande disponibilidade no atendimento como um de seus diferenciais. Quais as soluções mais importantes que a empresa vem disponibilizando para o mercado brasileiro em cada um dos segmentos em que atua? Da geração de energia ao controle e distribuição, a WEG entrega motores, geradores, transformadores, painéis de média e baixa tensão, bem como drives de baixa e média tensão, componentes e tintas – com as especificações exatas para a necessidade do mercado petrolífero/ offshore. Dentre eles podemos destacar a sala elétrica, módulo que integra toda a solução de cubículos, painéis e centros de controle de motores de baixa e média tensão, transformadores e outros equipamentos para o controle e proteção de todos os equipamentos elétricos da plataforma. Fornecemos ainda geradores e motores, de baixa e média tensão, com aplicações em plataformas offshore; sistema de au-

tomação, que permite comandar qualquer operação ou processo na plataforma da sala de comando ou no local; e soluções em tintas, tanto para plataformas novas quanto para conversões ou reformas, atendendo todas as áreas de um navio ou plataforma offshore.

Qual o grande diferencial da empresa nesse no mercado de óleo & gás? De emblemático é o fato de a WEG ser uma autêntica empresa brasileira, com presença mundial, que desenvolve produtos com tecnologia própria, de acordo com os mais elevados padrões inter-

A empresa teve que desenvolver novos produtos, fazer melhorias ou expandir determinadas linhas existentes para atender as demandas do mercado brasileiro por conta do pré-sal? Nossos investimentos para esse setor são constantes. Ao longo dos anos a WEG vem acompanhando as exigências do mercado tanto com desenvolvimento de linhas existentes quanto de novos produtos. Entre eles está o inversor de frequência de média tensão para uso com bombas submersas de petróleo, que foi desenvolvimento em parceria com a Petrobras e o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp). Temos ainda um inversor de frequência refrigerado

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com Helcio Makoto Morikossi, diretor de vendas da unidade de automação do grupo WEG

PARA O SETOR DE ÓLEO E GÁS SÃO CONSTANTES.

por Maria Fernanda Romero

Assegurar o desenvolvimento, a produção e a comercialização de produtos e serviços com maior eficiência e segurança é um dos pilares dos negócios da WEG, que consolidou amplo portfólio de soluções para atender os diversos segmentos em que atua – motores, energia, transmissão & distribuição, automação e tintas.

Entrevista exclusiva

Helcio Makoto Morikossi, diretor de vendas da unidade de automação do grupo WEG

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Especial segurança operacional offshore

especial: segurança especial: operacional

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MUITO MAIS DO QUE LIÇÕES Muito já foi dito ao longo dos últimos dois anos sobre as lições deixadas pelo acidente ocorrido em abril de 2010 no campo de Macondo, no Golfo do México. A Rio Oil & Gas 2012 proporcionou algo mais além disso, por meio de uma programação de conferências concentrada em questões relativas a segurança operacional.

Fotos: Divulgação BP

por Gilberto Lima Filho

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epresentantes de operadoras, órgãos reguladores e instituições acadêmicas do Brasil e do exterior ofereceram uma visão esclarecedora, tanto das mudanças efetivas ocorridas na indústria após aquela tragédia, quanto dos desafios tecnológicos que o setor tem pela frente. E o principal deles é atender à demanda crescente por seus produtos, em meio à cobrança de níveis cada vez mais exigentes de gerenciamento de riscos socioambientais. Ao abrir a sessão plenária denominada ‘Segurança operacional offshore e seus impactos’, o vice-presidente e chefe de respostas globais em águas profundas da BP, Richard Morrison, disse que não estava em posição de pregar alguma coisa sobre o tema. O executivo se referia justamente ao acidente em Macondo, operado pela companhia, no qual uma explosão ocorrida na sonda Deepwater Horizon, da Transocean, resultou na morte de 11 trabalhadores e no derramamento de perto de 5 milhões de barris de petróleo no Golfo do México. Engenheiro de petróleo com experiência em diversos países, como Congo, Egito, Emirados Árabes e Venezuela, Morrison trabalhou intensamente durante as ações de resposta após o acidente e, desde então, está à frente das atividades de aprimoramentos na

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Fotos: Cortesia OGX

próximo de duas grandes usinas siderúrgicas e centrais termelétricas a serem instaladas no Complexo do Açu distante apenas 150km da Bacia de Campos – responsável por cerca de 80% da produção brasileira de petróleo. Quem chega à área do Complexo do Açu não se dá conta do gigantismo deste empreendimento que vai abrigar a UCN e um número enorme de parceiros das diversas empresas do grupo EBX. Na estrada privativa do complexo, em meio à nuvem de poeira que recobre veículos e homens que transitam por ali, já é possível ver as instalações em construção de alguns parceiros do complexo, como a francesa Technip e a norte-americana National Oil Varco (NOV). Quando o carro para na guarita do canteiro da UCN, o visitante começa a vislumbrar a obra que está ‘rasgando a terra’ para abrir o canal de acesso do estaleiro. Duas dragas estão em operação na área interna do canal, não muito longe da guarita do canteiro de obras da UCN Açu, que deixará de existir até o final do ano, uma vez que está na rota do traçado do projeto. Outras duas dragas estão operando em mar aberto, aprofundando o canal de acesso do Superporto do Açu. Já foram dragados cerca de 30 milhões m³ (71% do total previsto) do canal, que está com 4,7 km de extensão (e deverá ter um total de 6,5 km), 300 m de largura e 12,5 m de profundidade. Em operação pela primeira vez no país, estas dragas são da empresa holandesa Boskalis,

Estaleiro gigante avança no Norte Fluminense

As obras da Unidade de Construção Naval do Açu, da OSX, em São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro, seguem em ritmo acelerado para realizar suas primeiras operações já no primeiro trimestre de 2013. por Beatriz Cardoso iteralmente terra adentro, as obras da UCN Açu, como já é conhecido o estaleiro da OSX – uma das empresas do grupo EBX, de Eike Batista –, já delinearam aquela que será a maior unidade de construção naval das Américas, segundo a empresa, com nada menos que 3,2 km2, um pouco menor que o Central Park, em Nova York (EUA), que tem 3,4 km2. No Brasil, equivaleria a duas vezes a área do Parque do Ibirapuera, na capital paulista, ou quase uma vez e meia a Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos cartões-postais do Rio de Janeiro. E o dobro de área 30

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Facilidades industriais

• Capacidade de integração de 220.000 ton/ano • Até 3.525 m de cais (2.400 m na primeira fase) • Início da construção em julho de 2011 • Parceria comercial com a Hyundai • Integração de até 11 FPSPs e 8 WHPs simultaneamente do Estaleiro Atlântico Sul, atualmente o maior do hemisfério Sul em operação. Para acelerar a implantação desse empreendimento, a OSX Construção Naval obteve junto ao Banco Nacional de Desenvolvimen-

to Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal (CEF), um repasse de R$ 1,35 bilhão cada, oriundo dos recursos do Fundo de Marinha Mercante (FMM). A aposta no projeto, com investimento total estimado em R$ 4,8 bilhões, se deve, entre outros, a dois fatores. Primeiro, às possibilidades de sinergia com as demais empresas que vão estar abrigadas no Complexo Industrial do Superporto do Açu, da LLX Logística, do mesmo grupo, no até então pacato município de São João da Barra, no norte fluminense. Segundo, a localização estratégica do estaleiro

que utilizou equipamentos como estes na construção do milionário porto de Abu Dabhi e ainda de Palm Three Island, a fantástica ilhada criada pela mão humana e os petrodólares, nessa capital dos Emirados Árabes. Juntas, as quatro embarcações já dragaram um volume de terra equivalente a 40 estádios Maracanãs, cheio até a boca. E devem dragar mais 15 até a conclusão do canal que abrigará do maior estaleiro das Américas: com sua conclusão prevista para o segundo trimestre de 2014, a UCN Açu terá capacidade para integrar simultaneamente até 11 FPSOs (Floating Production Storage Offloading) e construir oito plataformas fixas (WHPs) completas. Enquanto as dragas avançam a uma média de 10 m a 15 m por dia, a OSX já começou a montagem das estruturas metálicas dos edifícios industriais, uma vez que já conclui a etapa de terraplanagem e de fundações, que abrange todas as obras de infraestrutura. Boa parte da terra dragada foi reutilizada nessa primeira etapa.

Grandes números “Temos cerca de 14 quilômetros de estacas cravadas em profundidades que chegam a até 30 metros”, frisa Ivo Dworschak Filho, gerente executivo da UCN Açu. Ocorre que o lençol freático é muito alto nessa região, o que demandou uma complexa obra de engenharia na etapa de terraplenagem e fundações. Tanto que o

empreendimento possui rede de canais de drenagem recortando toda a área industrial. “Temos quase um ano de trabalho e somamos mais de quatro milhões de homens/hora com exposição ao risco, porém sem acidentes com afastamento”, agrega Dworschak. Um índice bastante significativo, uma vez que todas essas obras estão sendo realizadas em uma área sem tradição naval ou com grandes centros de formação de mão-de-obra técnica. O que levou a OSX a criar o Instituto Tecnológico Naval (ITN), que na primeira fase está qualificando profissionais para atuar na UCN e na OSX Serviços. Com investimentos de R$ 13 milhões, a previsão é de capacitar, até o ano que vem, 3100 profissionais da região para atuar na UCN. O capital humano é um ativo essencial nesse empreendimento que vai ter capacidade de processar 180 mil toneladas de aço por ano – expansíveis até 400 mil toneladas por ano – e de integrar 220 mil toneladas por ano. Hoje, esse canteiro de obras da OSX responde por nada menos que metade do total de colaboradores da empresa. E a carteira de encomendas da UCN Açu, que tem entre seus clientes OGX, Petrobras, Sapura, Kingfish, projeta um crescimento da ordem de dois mil trabalhadores por ano: o que pode significar dez mil trabalhadores até 2017, na unidade naval do Norte Fluminense. Mais ainda, enfatiza Dworschak: “a cada emprego gerado no âmbito da UCN são gerados outros três novos empregos fora do Complexo do Açu, nas áreas de serviços, de apoio industrial, hotelaria e restaurantes, o que é bastante significativo para o desenvolvimento acelerado de toda a região do norte fluminense”

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capital da energia

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Fotos: Cortesia Governo do Estado do Rio Grande do Sul

navega na ‘maré offshore’

• 10,7 milhões de habitantes • 98% alfabetização • Expectativa de vida: 75,5 anos • HDI (Índice de Desenvolvimento Humano): 0.832 • PIB (2011): RS$ 273,9 bilhões • Renda per capita (2011): R$ 24.846 • Parque industrial: 3º • Indústria de transformação: 2º

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Órgãos reguladores aumentam o rigor

Estaleiro gigante avança no Norte Fluminense

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Capitais de energia: Rio Grande do Sul

Rio Grande do Sul

INDÚSTRIA GAÚCHA

Números do Rio Grande do Sul

24 Tecnologia associada ao conhecimento

UCN Açu

ucn do açu

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Muito mais do que lições

Instalação do Estaleiro Rio Grande acabou por alavancar a formação de novos núcleos industriais no estado gaúcho, que quer aumentar sua participação no setor naval e offshore brasileiro e buscar novas oportunidades no mercado internacional. por Beatriz Cardoso e Karolyna Gomes

N

a onda da expansão e incremento do setor de petróleo e gás, que vem impulsionando vários segmentos da economia brasileira, a indústria gaúcha singra por ‘mares nunca d’antes navegados’, com metas de conquistar nos próximos anos uma posição de destaque nessa imensa cadeia produtiva. Depois de registrar um crescimento recorde do Produto Interno Bruto (PIB), que alcançou 5,7% em 2011, segundo balanço da Fundação de Economia e Estatística (FEE) – o dobro do índice do país, que foi de 2,7% –, somando R$ 273.879 bilhões, o Rio Grande do Sul descobre sua vocação naval e aposta em um novo avanço econômico, desta vez, movido a petróleo e gás. Com o quarto maior PIB – cerca de 7% da produção de riquezas do país – e o terceiro maior parque industrial do país, o Rio Grande do Sul quer reforçar ainda mais a posição de sua indústria no cenário nacional. Respondendo por um

terço do PIB gaúcho, a indústria do extremo sul olha para novos horizontes, em águas mais profundas. O estado que abriga um dos principais portos de exportação de grãos e importação de contêineres e fertilizantes do país, quer ver sair de seu território navios, principalmente petroleiros e plataformas de produção, armazenamento e transferência de petróleo do tipo FPSO (Floating Production Storage and Offloading), construídos em estaleiros gaúchos, com peças e equipamentos de fornecedores da região. A nova economia local, na qual se insere o setor de petróleo e gás, incluindo indústria naval e offshore, tem atraído brasileiros e estrangeiros: dos R$ 29,2

bilhões de investimentos privados previstos pela Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI) do Rio Grande do Sul, uma parte expressiva está sendo alocada na expansão do parque fabril e atração de novas empresas para o sul do país. “Estamos alavancando um conjunto de investimentos privados que estão dinamizando a economia gaúcha. Fizemos um esforço fiscal para atrair investimentos, inclusive reorganizando a máquina pública”, afirmou o go vernador Tarso Genro, na solenidade que marcou um ano desse verdadeiro balcão de grandes negócios. O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, presente ao evento, confirmou o sucesso da iniciativa. “A estratégia gaúcha é um espelho perfeito e fiel do Plano Brasil Maior.” TN Petróleo 86

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Indústria gaúcha navega na ‘maré offshore’ 44 Universidades dão suporte à indústria


Foto: TN Petróleo

décima primeira rodada

Promessa de leilão dá novo alento ao mercado

votado logo, para que a 11ª rodada seja feita em maio: “Essa questão tem que ser resolvida até janeiro”, frisou. Ou seja, é necessário solucionar esse impasse em torno dos royalties, o qual mobiliza municípios e estados. Até mesmo porque está havendo uma expansão das fronteiras exploratórias, abrindo expectativas para centenas de municípios que sonham em ter uma pequena fatia dos recursos provenientes do ouro negro.

Os principais players do setor de óleo e gás, nacionais e estrangeiros, assim como toda a cadeia produtiva, aguardam com muita expectativa a 11ª rodada de licitações de áreas para exploração da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), aprovada pelo governo em meados de setembro. Este leilão e, principalmente, a primeira rodada de áreas do pré-sal, deu novo alento no mercado, que há quatro tem tido apenas os recursos de farm out e farm in (compra e venda direta, entre empresas que detêm concessão) para renovar ou ampliar a carteira.

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ó vendo acontecer para crer! Este é o sentimento dos investidores e empresários do setor de óleo e gás que aguardavam a 11ª rodada de licitações, adiada mais de uma vez pelo governo – que, no último leilão, em 2008, retirou a melhor fatia de blocos ofertados em função das descobertas no pré-sal, fazendo um leilão terrestre. O ministro de Minas e Energia (MME), Edison Lobão, anunciou que a 11ª rodada será realizada em maio de 2013, assegurando ainda que o 1º leilão de blocos na região do pré-sal está previsto para novembro do mesmo ano. Muitos acreditam que o primeiro evento deverá ocorrer, sem dúvida, mas

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estão céticos quanto ao segundo, que licitará uma das mais cobiçadas áreas do planeta no setor de óleo e gás. Para a próxima rodada, a ANP havia anunciado anteriormente um total 174 blocos exploratórios, metade deles em terra e metade na margem equatorial: 87 em mar, 87 em terra, divididos em 17 setores em nove bacias sedimentares: Barreirinhas, Ceará, Paranaíba, Espírito Santo, Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Potiguar, Recôncavo e Sergipe-Alagoas. Depois do adiamento por quase quatro anos, é possível que haja mudanças. No entanto, segundo a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, alguns desses 174 blocos que tiveram

por Maria Fernanda Romero

Áreas atrativas

autorização do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) poderão ficar de fora por problemas no licenciamento. “Em princípio, devem ser 170 blocos”, disse Magda, frisando que ainda não há um número definido. Ela agregou que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a ANP estão, no momento, avaliando os blocos, e alguns deles, localizados na Margem Equatorial, no litoral nordestino, poderão ser excluídos. Mas há uma questão maior, que poderá provocar atrasos nessa agenda. Chambriard informou que o Projeto de Lei que trata da distribuição dos royalties do petróleo tem que ser

A ANP estima arrecadar no mínimo cerca de R$ 200 milhões com os bônus de assinatura a serem pagos pelas empresas pelos blocos a serem licitados – o que equivale à média de R$ 1,2 milhão por bloco. A 11ª rodada será a primeira a ser feita com o novo modelo de contrato de concessão a ser divulgado pela ANP, após a compilação das sugestões colhidas durante a audiência pública realizada no dia 20 de abril. De acordo com o diretor da ANP, Helder Queiroz, as áreas a serem ofertadas

na 11ª rodada deverão começar a ser apresentadas às petroleiras a partir de janeiro do próximo ano e deverão contemplar, principalmente, a margem equatorial do país e o Recôncavo Baiano. O diretor afirmou que a agência reguladora vai oferecer áreas com bastante atratividade para as empresas, o que deverá tornar o leilão bastante competitivo. “É o caso da margem equatorial, na qual foram feitas descobertas interessantes recentemente pela Petrobras na Bacia do Ceará, e que guarda analogia com a África, sobretudo mais ao Norte”, le3mbrando que também houve ocorrências similares nas Guianas. Queiroz afiança que a indústria tem grande interesse na área equatorial. “Você terá uma competição ferrenha.” Queiroz disse que a ANP realizará road shows e workshops para as principais empresas nacionais e estrangeiras do setor de petróleo para divulgar a rodada.

Atividades voltarão a crescer Essa é a aposta do presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), João Carlos De Luca, que denominou de ‘notícia extraordinária’ a liberação do governo para dois novos leilões. “É extremamente positivo o comprometimento do governo para a realização da 11ª rodada e do primeiro leilão para o pré-sal, em 2013”, disse. De acordo com o dirigente, que também é presidente da petroleira Barra Energia, o cenário da margem equatorial brasileira aponta para um potencial elevado de descobertas de petróleo no Nordeste e no Norte do Brasil. A área se deve à correlação da região com a costa oeste africana, onde estão sendo constatadas inúmeras descobertas relevantes, como já assinalado. “Sem rodadas, as companhias estão reduzindo o nível das ativida-

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des de exploração. Isso traz prejuízos para o setor petrolífero e para o Brasil”, afirmou De Luca, enfatizando que a rodada será muito competitiva, uma vez que investidores estão com ‘apetite’ por novas áreas para exploração no país. André Araújo, presidente da Shell no Brasil, afirmou que a empresa pretende entrar como operadora na disputa pelos blocos de petróleo, mas ainda está definindo as formas de sua participação na disputa. “Temos interesse em todos (os blocos em terra e mar). Está dentro da nossa estratégia o Nordeste e a Margem Equatorial”, disse Araújo. Ele ressaltou que a retomada dos leilões pela ANP vai garantir a manutenção e o crescimento da produção de petróleo e gás no Brasil nos próximos anos. “Mais importante que os leilões do ano que vem é a retomada de leilões regulares”, pontuou. Além de blocos offshore, a Shell tem expectativa sobre os blocos terrestres em que vê potencial de boas reservas de gás de xisto (shale gas) no país. Mas, preferiu não detalhar planos de exploração do gás não convencional. Em 2013, a empresa faz a primeira perfuração onde há potencial de presença de xisto. “Vamos depender dos leilões para ter uma ideia do potencial. Mas a Shell tem liderança nesse mercado e terá interesse em oportunidades”, afirmou Araújo.

Competitividade consolidada Antonio Muller, presidente do Centro de Excelência em EPC (CE-EPC) avalia que o anúncio da 11ª rodada representa para a cadeia epecista a necessidade de investir em novas e melhores tecnologias e processos de gestão que permitam fazer frente às demandas geradas pelas empresas contratantes, o que resulta no fortalecimento da mesma. Muller acredita que quando se fala em novas rodadas, devem-se considerar oportunidades de negócio e crescimento para toda a cadeia de petróleo e gás. “A indústria epecista tem mostrado sua competitividade e produtividade nos cenários que TN Petróleo 86

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Cobertura Rio Oil & Gas 2012

eventos

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CONSELHO EDITORIAL

Promessa de leilão dá novo alento ao mercado

Cobertura Rio Oil & Gas

54 MERCADO MAIS SÓBRIO por Karolyna Gomes, Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez Fotos: André Resende, Rudy Trindade e TN Petróleo

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A 16ª edição da Rio Oil & Gas, que marcou o 30º aniversário de criação do evento, foi marcada pela sobriedade do setor, que ganhou novo alento com o anúncio da retomada das novas rodadas de licitação de blocos exploratórios para o próximo ano. O posicionamento mais global da indústria brasileira se refletiu nos temas do encontro desse ano, quando, mais além do pré-sal, foram debatidas questões relacionadas à segurança operacional, novas fronteiras exploratórias onshore e offshore, a revitalização de campos maduros, os desafios do refino e do mercado de gás natural, entre outros. Mais técnica, e com um novo bloco temático, sobre gestão e cenários da indústria, a ROG cresceu fisicamente, ocupando quase todos os espaços dos cinco pavilhões do Riocentro, além de tendas na área externa.

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Mercado mais sóbrio

Luiz B. Rêgo Luiz Eduardo Braga Xavier Marcelo Costa Márcio Giannini Márcio Rocha Melo Marcius Ferrari Marco Aurélio Latgé Maria das Graças Silva Mário Jorge C. dos Santos Maurício B. Figueiredo Nathan Medeiros Paulo Buarque Guimarães Roberto Alfradique V. de Macedo Roberto Fainstein Ronaldo J. Alves Ronaldo Schubert Sampaio Rubens Langer Samuel Barbosa

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59 Petrobras cobra pontualidade dos fornecedores 62 Gás não convencional: o grande potencial brasileiro 68 Cadeia produtiva destaca conquistas e soluções de ponta para a indústria 90 Arena+10 debate desenvolvimento sustentável

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Santos Offshore: São Paulo se prepara para produção maior de óleo e gás artigos

138 Onde as paralelas se encontram, por Rene Toedter 140 O mercado brasileiro de óleo e gás como cenário para a internacionalização de empresas, por Clarisse Mariana Medeiros Rocha e Licia Regina Medeiros Rocha

Affonso Vianna Junior Alexandre Castanhola Gurgel André Gustavo Garcia Goulart Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira Bruno Musso Colin Foster David Zylbersztajn Eduardo Mezzalira Eraldo Montenegro Flávio Franceschetti Francisco Sedeño Gary A. Logsdon Geor Thomas Erhart Gilberto Israel Ivan Leão Jean-Paul Terra Prates João Carlos S. Pacheco João Luiz de Deus Fernandes José Fantine Josué Rocha

Ano XIII • Número 86 • nov/dez 2012 Foto: Cortesia BP e WEG opinião

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Estaleiro gigante avança no Norte Fluminense Indústria gaúcha navega na ‘maré offshore’ Energia eólica ao sabor do vento Ano XIV • nov/dez 2012 • Nº 86 • www.tnpetroleo.com.br

150 Royalties internacionais do petróleo, por Andressa Guimarães Torquato ESPECIAL: SEGURANÇA OPERACIONAL OFFHORE

152 A evolução do conteúdo local, por Alberto Machado Neto

seções 10 editorial 12 hot news 18 indicadores tn 54 eventos 102 perfil profissional 105 caderno de sustentabilidade

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pessoas produtos e serviços fino gosto coffee break feiras e congressos opinião

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Onde as paralelas se encontram, por Rene Toedter O mercado brasileiro de óleo e gás como cenário para a internacionalização de empresas, por Clarisse Mariana Medeiros Rocha e Licia Regina Medeiros Rocha Royalties internacionais do petróleo, por Andressa Guimarães Torquato A evolução do conteúdo local, por Alberto Machado Neto

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editorial

O impasse dos royalties

O

mercado brasileiro de petróleo e gás preparava-se para entrar novo ano com melhores perspectivas de negócios, depois de quatro anos sem novas rodadas de licitações de blocos exploratórios. Investidores, petroleiras e empresas de toda a cadeia produtiva já faziam

projeções positivas sobre o impacto dos leilões aprovados pelo governo para 2013, tanto em áreas estratégicas na região pré-sal como também em outras bacias brasileiras, de grande potencial. A alegria durou pouco. Menos de dois meses. E dependendo do que ocorrer nos próximos dois meses, pode adiar ou até mesmo inviabilizar leilões no próximo ano. A própria diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard já frisou: a realização de novas rodadas depende da definição em torno da questão dos royalties. Melhor seria dizer ‘depende do consenso’. E o que não há é consenso entre Legislativo e Executivo nessa questão, como ficou comprovado no dia 6 de novembro, quando a Câmara dos Deputados aprovou projeto de distribuição de royalties e participação especial oriundo do Senado. Na realidade, depende também de bom senso e cidadania. Primeiro, porque, pelo que foi aprovado, estados e municípios não produtores estarão recebendo, até o final da década, mais do que os que produzem e arcam também com os impactos socioeconômicos dessa atividade, que não tem apenas um lado róseo. É o mesmo que cuidar de um pomar e, na hora da colheita, ter de entregar ao vizinho as melhores frutas. Pior ainda, faltou ao poder legislativo senso de cidadania quando excluiu, de uma penada – ou será de uma dedada, já que o voto é eletrônico? – a área de educação, considerada pelo governo como o setor prioritário para receber os recursos gerados por estas riquezas naturais. Caberá agora à presidência da República vetar ou sancionar o projeto e deixar para o Supremo Tribunal da Justiça a tarefa de mostrar os vícios e irregularidades do mesmo – e há muitos, como apontam juristas e políticos. Este é o grande impasse do momento, que mobiliza todas as instâncias do poder executivo, municipal, estadual e federal, e o Congresso Nacional. O que nos leva a pensar se, efetivamente, não deveríamos lutar para que 100% destes recursos fossem direcionados sim à educação, um dos pontos mais críticos desta nação. “O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”, afirmou o filósofo alemão Immanuel Kant. Talvez o legislativo esteja mostrando justamente isso. Com a melhoria na área da educação teremos mais chances de consolidar um desenvolvimento sustentável, mais justo, com governantes e legisladores que lutem pelo consenso em torno do que realmente é melhor para todos em uma nação. Com mais educação poderemos ter uma democracia com menos corrupção e menos violência, em todos os sentidos. Afinal, como já dizia Pitágoras, “educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos”. Benício Biz Diretor executivo da TN Petróleo

Rua do Rosário, 99/7º andar Centro – CEP 20041-004 Rio de Janeiro – RJ – Brasil Tel/fax: 55 21 3221-7500 www.tnpetroleo.com.br tnpetroleo@tnpetroleo.com.br

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Os artigos assinados são de total responsabilidade dos autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores. TN Petróleo é dirigida a empresários, executivos, engenheiros, geólogos, técnicos, pesquisadores, fornecedores e compradores do setor de petróleo.

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hot news

A Petrobras inaugurou oficialmente no dia 6 de novembro a plataforma Cidade de Anchieta, no campo de Baleia Azul, no complexo denominado Parque das Baleias, no pré-sal da porção capixaba da Bacia de Campos. A plataforma, instalada no poço 7-BAZ-02-ESS, iniciou sua produção em setembro, extraindo inicialmente 20 mil barris de petróleo por dia, informou a Petrobras em comunicado na época. Outros nove poços (seis produtores e três injetores de água) serão interligados à plataforma futuramente. A previsão é de que o pico de produção, de 100 mil barris por dia, seja atingido em fevereiro de 2013. A unidade, tipo FPSO (unidade flutuante que produz, armazena e exporta óleo e gás), destina-se à produção da camada pré-sal dos campos de Baleia Azul, Jubarte e Pirambu, localizados no Parque das Baleias, nos quais a Petrobras detém 100% de participação.

Foto: Agência Petrobras

Petrobras inaugura a plataforma Cidade de Anchieta, no Espírito Santo

Dados técnicos Comprimento: 344 m Largura: 51 m Altura: 28 m Peso total: 273.000 ton Poços produtores: 7 Poços injetores: 3 A plataforma está operando em uma profundidade de 1.221 m d’água e a 80 quilômetros da costa do Espírito Santo. Ela escoará o

gás pelo gasoduto Sul-Norte Capixaba até a Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, no litoral capixaba. O FPSO Cidade de Anchieta foi convertido em plataforma no estaleiro Keppel, em Cingapura. A cerimônia de inauguração contará com a presença da presidente da estatal, Maria das Graças Foster, e do governador do estado do Espírito Santo, Renato Casagrande, além de diretores da Petrobras.

Novo navio hidroceanográfico de pesquisa O Brasil irá receber em breve um novo navio oceanográfico que estará entre as cinco melhores plataformas de pesquisa do mundo. A embarcação, que deve chegar em setembro de 2013, virá através de um acordo de cooperação assinado entre os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Defesa/Marinha do Brasil, a Petrobras e a Vale, no valor total de R$ 162 milhões. A Financiadora de Projetos (Finep) será a responsável pelo repasse dos recursos do MCTI, de R$ 27 milhões, mesma quantia a ser aportada pela Marinha, enquanto a Vale entrará com R$ 38 milhões, e a Petrobras, com R$ 70 milhões. O novo navio de pesquisa será equipado com o que há de mais avançado em tecnologia de experimentação marinha. O objetivo do investimento é ampliar a 6

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infraestrutura embarcada existente no país, a geração de conhecimento e a formação de recursos humanos sobre o ambiente marinho na região do Atlântico Sul e Tropical. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, ressaltou a importância da ampliação da infraestrutura embarcada para pesquisas no país. “É fundamental e estratégico termos o domínio territorial e a soberania nacional. Mas também é imprescindível t e r m o s c o nhe cimento sobre nosso território, e este acordo de cooperação é mais um passo que damos para avançar no conhecimento do nosso território marítimo”, afirmou.

Já o gerente-executivo do Cenpes, Marcos Assayag, justificou a importância da geração de conhecimento no ambiente marinho. “Atualmente 85% da produção brasileira de petróleo são extraídos do mar, e a tendência é praticamente dobrar essa produção até 2020”, afirmou. “Vamos acompanhar os resultados que o navio vai obter e, muito mais do que cobrar, vamos ajudar nos resultados das pesquisas”, concluiu. Com o novo equipamento serão promovidos avanços das pesquisas nas áreas de química, geologia, biologia e física marinha, com ênfase em trabalhos de levantamento de recursos minerais e bioprospecção em águas brasileiras.


Segundo a empresa, os blocos em águas profundas da Bacia do Espírito Santo são considerados uma nova fronteira exploratória e já foram realizadas descobertas significativas em blocos próximos aos da OGX, comprovando o potencial da região.

Governo de Pernambuco e BNDES assinam contrato de quase R$ 1 bilhão O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o governo de Pernambuco assinaram um contrato no valor de R$ 920,3 milhões para implantação do Programa de Desenvolvimento da Infraestrutura de Áreas Portuárias no Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros (Suape). Assinado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e pelo presidente do BNDES, Luciano Couti-

nho, o projeto contempla intervenções portuárias, rodoviárias, ferroviárias, retroportuárias e de pesquisa ambiental no Complexo de Suape. O BNDES informou que durante a fase de implantação, as obras deverão criar cerca de dois mil novos postos de trabalho. Para atração de investimentos e novos negócios, está prevista a terraplenagem, pavimentação, drenagem, iluminação viária e sinalização da zona industrial. O financiamento prevê, ainda, a implantação de veículo leve sobre trilhos (VLT) para transporte público de passageiros entre os terminais do Cajueiro Seco e do Cabo de Santo Agostinho até a Estação Rodoferroviária de Massangana (a ser recuperada), em Suape.

Radix abre filial no Paraná A Radix, especializada em engenharia e software, está em fase de expansão. Além da sede no Rio de Janeiro e do escritório em Belo Horizonte (MG), a companhia abriu filial em Curitiba (PR), que irá cobrir os estados do Sul do país. A empresa tem como meta inicial anual alcançar R$ 1 milhão em negócios no Paraná e Santa Catarina. Futuramente prevê negócios no Rio Grande do Sul. Atualmente, a Radix desenvolve projeto de engenharia para Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar/Petrobras). Com esse trabalho, o acesso às informações do conteúdo de processo e operação da área de utilidades da refinaria será facilitado aos operadores. O projeto da plataforma digital tem duração prevista de 36 meses. Foto: Agência Petrobras

A OGX, empresa brasileira de óleo e gás natural responsável pela maior campanha exploratória privada no Brasil, obteve da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a qualificação de Operador A, o que significa que ela está apta para operar blocos situados em águas profundas e ultraprofundas, além de águas rasas e em terra – onde já opera como Operador B. Atualmente, a OGX atua em parceria com a Perenco, responsável pela operação de cinco blocos em águas profundas na Bacia do Espírito Santo. A campanha exploratória nesta bacia foi iniciada em novembro de 2011, com a perfuração do primeiro poço, localizado no bloco BM-ES-37.

Foto: cortesia OGX

OGX obtém qualificação de Operador A pela ANP

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hot news

A Petrobras e seus parceiros – BG Group, Petrogal e Repsol Sinopec – por meio de suas afiliadas Tupi-BV e Guará-BV, iniciou no dia 30, no Estaleiro Rio Grande (RS), a edificação (colocação dentro do dique seco do primeiro bloco para a construção do casco) da primeira dentre as oito plataformas replicantes do tipo FPSO (unidade que produz, armazena e transfere petróleo e gás). Essas plataformas estão sendo construídas no Brasil para o desenvolvimento dos projetos do pré-sal nos blocos BM-S-9 e BM-S-11, localizados na Bacia de Santos. O início da utilização do dique seco é um marco importante no projeto dos FPSOs replicantes, que serão utilizados na primeira fase de desenvolvi-

Foto: cortesia Estaleiro Rio Grande

Começa a construção da primeira plataforma replicante no Brasil

mento definida pelos parceiros dos blocos citados. O consórcio do Bloco BMS-11 é operado pela Petrobras (65%), em parceria com a BG E&P Brasil Ltda (25%) e Pe-

trogal Brasil S/A (10%). Já o consórcio do Bloco BM-S-9 é operado pela Petrobras (45%), em parceria com a BG E&P Brasil Ltda (30%) e Repsol Sinopec Brasil S/A (25%).

Statoil confirma descoberta de petróleo em Peregrino Sul A norueguesa Statoil, em parceria com a chinesa Sinochem, concluiu a perfuração do poço 3-STAT-8-RJS na área da descoberta de Peregrino Sul, na Bacia de Campos, onde os resultados confirmam o potencial da área, descoberta pelo poço exploratório concluído em abril do ano passado. O poço delimitador teve o objetivo de confirmar os volumes estimados antes para a descoberta em Peregrino Sul e para otimizar o conceito de desenvolvimento para o Peregrino Fase II. O net pay nesse reservatório foi superior a 70%. “Isso confirma nossa visão positiva sobre a área de Peregrino e irá formar 8

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uma base importante para o desenvolvimento de Peregrino Fase II. Vamos continuar trabalhando para amadurecer o projeto e aprová-lo a fim de garantir o desenvolvimento dessa nova descoberta de petróleo”, diz Kjetil Hove, presidente da Statoil no Brasil. O campo de Peregrino está localizado a 85 km da costa brasileira na Bacia de Campos, a cerca de 100 m de profundidade, nos blocos BM-C-7 e BM-C-47. A Statoil, operadora do campo, possui 60% de parti-

cipação e a Sinochem possui os 40% restantes. A operação da Statoil no campo de Peregrino inclui duas plataformas fixas e uma unidade flutuante com unidades de produção, estocagem e descarregamento (FPSO). A produção de petróleo no campo começou em abril de 2011 e atualmente é um dos maiores campos produtores de petróleo do Brasil. Em fevereiro desse ano, a Statoil fez a descoberta de alto impacto no Bloco BM-C-33, denominado Pão de Açúcar, em conjunto com a operadora Repsol Sinopec e em parceria com a Petrobras.


PhDsoft lança nova versão do software que previne corrosão A PhDsoft está lançando uma nova versão do seu principal produto, o software C4D. Único no mundo, ele é usado na manutenção de estruturas como plataformas de petróleo e navios. Até pelo aumento da segurança que viabiliza, ele já foi adotado por Petrobras, Shell, Modec e Subsea7. Desenvolvida nos últimos dois anos, a nova versão demandou investimentos de R$ 5 milhões. O C4D modela as estruturas em 3D, simula o seu desgaste ao longo do tempo e arquiva todas as informações que antes ficavam dispersas em inúmeras pilhas de plantas e relatórios de reparos. Agora, o software também inclui realidade aumentada para orientar os robôs submarinos que auxiliam nas inspeções. Esta foi uma demanda para a exploração do pré-sal. A nova versão permite ainda uma maior integração com toda a cadeia de valor das petroleiras.

“O C4D é um case de sucesso brasileiro. Ele reúne as técnicas mais modernas de engenharia, TI e gestão para maximizar a eficiência do processo de manutenção e minimizar riscos de acidentes que causam grandes prejuízos, poluição e mortes. Foi isso o que atraiu a Petrobras, há mais de 15 anos, quando eu

ainda testava a tecnologia como professor da UFRJ, antes de fundar a PhDsoft, em 2000. Mais do que cliente, a Petrobras tem sido uma parceira fundamental para o desenvolvimento do C4D”, explica Duperron Ribeiro, CEO da PhDsoft. Estudos norte-americanos estimam os custos da corrosão, nos EUA, em torno de 4% do PIB. Isso é quase US$ 600 bilhões. Um quinto da produção mundial de aço é destinado a repor perdas causadas pela corrosão. Na indústria do petróleo, o problema é ainda mais crítico: cada dia a menos que uma plataforma fica parada para manutenção pode representar uma economia de US$ 500 mil em produtividade. Além disso, falhas na manutenção podem causar desastres ambientais.

Aker Solutions e Coppe: acordo de cooperação tecnológica A multinacional Aker Solutions assinou um acordo de cooperação tecnológica com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe). A parceria, que consiste no desenvolvimento local de pacotes de tecnologia, trazidos de centros da Aker espalhados em diversos países, irá aprimorar conteúdo local além de incentivar fornecedores. Para o vice-presidente de Controles e Novas Tecnologias, Rafael Albea, a parceria foi motivada pela necessidade de se desenvolver novas tecnologias e pela demanda de produtos para o pré-sal. “Esse é um grande

momento para a área de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) no Brasil e, certamente, veremos muitas empresas investindo localmente”, disse. “Para a primeira fase do acordo, nosso foco será o pré-sal. Temos tecnologia e conhecimento humano para isso. Esta é uma área de interesse para todas as nossas unidades de negócio, como subsea ou drilling”, afirmou. Albea explicou que a empresa irá utilizar a estrutura de P&D existente

no país. “Neste primeiro momento, fizemos um mapeamento dos termos do acordo, definindo como desenvolveremos e coordenaremos os projetos, seleção dos laboratórios, propriedade intelectual e patentes, além das formas de pagamento”, explicou. No conjunto de investimentosestá incluído o projeto de construção do Centro de Tecnologia da Aker Solutions no Brasil. “Em termos de mercado, possivelmente o local escolhido deverá ser o Rio de Janeiro, mas estamos analisando todos os aspectos e condições para a instalação”, ponderou o executivo. TN Petróleo 86

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indicadores tn

Três novos poços entraram em produção em reservatórios do pré-sal no campo de Baleia Azul, operado pela Petrobras. Um deles já está entre os 30 maiores produtores, com uma média de produção de 15,6 Mboe/d. Dentre os 13 poços produtores do pré-sal, oito figuram nessa lista. Os outros dez poços estão localizados nos campos de Jubarte (um), Lula (cinco), Caratinga e Barracuda (um) Marlim Leste (um), Marlim e Voador (um) e Barracuda (cinco). Com isso, a produção média nesses reservatórios, atualmente conhecidos como a “menina dos olhos” de empresas brasileiras e estrangeiras, registrou um novo recorde, com 182,6 Mbbl/d de petróleo e 5,9 MMm3/d de gás natural, totalizando 220,1 Mboe/d, que corresponde a um aumento de 8,3% em relação ao mês passado. É o terceiro mês consecutivo que essa produção média fica acima de 200 mil barris de óleo equivalente por dia. A produção média de gás natural no Brasil foi de aproximadamente 71,7 MMm3/d, um aumento de aproximadamente 9,9% em relação ao mesmo mês do ano passado. O maior produtor foi o campo de Manati, na Bacia de Camamu (litoral da Bahia), com uma produção média de 6,7 MMm3/d. O aproveitamento de gás natural na fase de produção foi de 94%.

Foto: Agência Petrobras

Novos poços fazem pré-sal renovar recorde de produção

A produção média de petróleo no Brasil em setembro foi de aproximadamente 1.924 Mbbl/d, uma queda de 4% se comparada ao mês anterior. O campo de Marlim Sul, na Bacia de Campos, foi o que mais produziu petróleo e o segundo maior produtor de gás natural, com média de 318,1 Mboe/d. Cerca de 89,9% da produção de petróleo e 76% da de gás natural foram explotados de campos marítimos. Perto de 93,7% da produção de petróleo e gás natural são provenientes de campos operados pela Petrobras. Dentre os 20 maiores campos produtores de petróleo e gás natural, dois são operados por empresas

estrangeiras: Statoil (Peregrino) e Shell (Ostra). O campo de Baleia Azul, que iniciou a produção neste mês, teve média de quase 23,6 Mboe/d. A produção de petróleo e gás natural em setembro foi oriunda de 9.059 poços, sendo 778 marítimos e 8.281 terrestres. A plataforma P-56, no campo de Marlim Sul, foi a que mais produziu, com média de 144,4 Mboe/d. O grau API médio do petróleo produzido em setembro foi de 24,1º, sendo que 9% da produção são de óleo leve (>= 31º API), 56% de óleo médio (>= 22º e <31º API) e 35% de óleo pesado (<22º API).

Um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia (MME), prevê que nos próximos dez anos o Brasil terá um crescimento no consumo de energia de 4,5% ao ano. Isso significa que a demanda nacional deve passar dos 472.000 GWh atuais, para 736.000 GWh em 2021. O comércio deverá 10

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ter o maior aumento na demanda na próxima década, seguido pelo setor residencial. Para atender a este crescimento serão necessários grandes investimentos na geração de energia, observando-se projetos que não gerem impactos ambientais ou que não representem aumento nos índices de poluição.

Foto: Stock.xcng

Consumo brasileiro de energia aumentará 55% em dez anos


Demanda mundial de petróleo deve ter leve alta em 2013

Set 12

Jul 12

Ago1 2

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Abr1 2

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Mar1 2

Dez 11

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feita pela Agência Internacional de Energia (AIE). Segundo o ‘Relatório de mercado de médio prazo 2012’, o avanço do Brasil será o terceiro mais expressivo entre os países de fora da Opep. Fora da Opep, o aumento da extração no Brasil está atrás do Canadá (produção adicional de 1,1 milhão de barris/dia) e dos Estados Unidos (3,3 milhões de barris/dia até 2017). A entidade diz que essa recuperação dos EUA e do Canadá e o avanço brasileiro compõem um cenário de mudança no jogo de forças na oferta de petróleo.

Out 11

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Out10

Produção de países-membros da Opep e não membros – outubro/10 a setembro/12

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Em seu relatório mensal de outubro, a Opep afirmou que a demanda mundial de petróleo deverá crescer 0,8 mb/d em 2013, deixando inalterada em relação à previsão anterior, e em linha com o crescimento para este ano, que teve revisão para baixo em 0,1 mb/d. As projeções para o consumo global de petróleo continuarão a ser afetados pelas incertezas que enfrenta a economia mundial. A produção industrial mais lenta reduziu fortemente a demanda global de petróleo nos EUA e na China, além das perspectivas do inverno as quais representam mais incertezas para os próximos meses. A oferta de petróleo dos países não pertencentes à Opep deverá crescer em 0,56 mb/d em 2012, a uma média de 53 milhões de barris por dia. Isso representa uma revisão para baixo de 150 mil barris em relação ao último relatório mensal da entidade. A América do Norte deverá ter o maior crescimento entre todas as regiões ‘não Opep’ em 2012, seguido pela Rússia, China, e América Latina, enquanto a África, a Europa Ocidental e o Oriente Médio são as regiões onde as projeções são para declínios maiores de oferta. Já a oferta global de petróleo ficará na média de 89,88 mb/d, em setembro, um ganho de 0,44 mb/d em relação ao mês anterior, aumento este suportado pelas estimativas de fornecimento dos países de fora da Opep. A produção brasileira de petróleo deve crescer 800 mil barris por dia até 2017, segundo projeção

Foto: Stock.xcng

Segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), as estimativas para a demanda deste ano devem ficar em 88,81 milhões de barris por dia. Já em 2013, esse volume deve ficar em torno de 89,6 milhões de barris diários.

Em agosto, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Brasil produziu 2,006 milhões de barris por dia, e de acordo com as projeções da AIE, a extração diária deve crescer cerca de 40% em cinco anos. Entre os tradicionais fornecedores de petróleo, a agência prevê que o Iraque deve liderar o aumento da extração com cerca de dois milhões de novos barris por dia até 2017. Líbia e Emirados Árabes vão contribuir com cerca de 1,3 milhão de barris e 900 mil barris/dia, respectivamente. TN Petróleo 86

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indicadores tn

Itaipu perto de superar seu próprio recorde mundial A pouco menos de dois meses para o final do ano, a Itaipu Binacional nunca esteve tão próxima de superar seu próprio recorde mundial de geração de energia elétrica. Até outubro deste ano, a usina produziu 82.672.690 megawatts-hora (MWh) ante 80.003.695 MWh nos primeiros dez meses de 2008, ano do atual recorde, quando obteve a marca histórica de 94,684 milhões de MWh. Por volta das 11 horas do dia 1º de novembro, quando a usina marcava a produção de 82.717.321 MWh, a vantagem em relação ao mesmo período do ano recordista era de 2,7 milhões de MWh. Para superar sua própria marca, a Itaipu vai precisar

gerar todo dia, até o final do ano, pelo menos uma média diária de 197 mil MWh, quantidade bem abaixo da produzida nos três últimos meses de 2011, que foi de 253 mil MWh, ou até mesmo quando comparada ao último trimestre de 2008, quando a usina produziu 241 mil MWh por dia. Mesmo se essa pequena média diária for confirmada, Itaipu fecharia 2012 com um total de pelo menos 95 milhões de MWh. O superintendente de Operação, Celso Torino, explica que a empresa vem trabalhando para que isso aconteça. Tudo indica que o recorde mundial será quebrado, mas, por uma questão de cautela, ele prefere não arriscar nenhum palpite.

Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural

dow jones (%)

Período de 04/2012 a 09/2012

07/setembro

Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil Abr

Mai

Jun

Jul

Bacia de Campos

1.612,1

1.989,2

1.959,7

1.940,4

Outras (offshore)

142,8

147,0

160,7

159,5

162,3

157,8

Total offshore

1.754,9

1.628,2

1.584,1

1.569,1

1.551,9

1.471,8

Total onshore

206,2

214,0

214,9

211,8

213,5

213,2

1.961,0

2.139,0

2.108,3

2.087,4 2.074,9

1.991,3

Total Brasil

Ago

Set

1.927,7 1.842,8

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil Abr

Mai

Jun

Bacia de Campos

22,753,8

22.599,9

22.484,3

22.698,3 22.509,6 22.145,0

Outras (offshore)

17.127,2

19.014,6

21.659,8

21.337,8 21.875,8 22.229,7

Total offshore

39.880,9

41.613,6

44.144,1

44.036,1 44.385,4 44.374,8

Total onshore

14.867,1

15.823,1

16.127,9

15.498,7 15.738,3 15.698,4

Total Brasil

54.748,1

57.436,7

60.271,9

59.534,8 60.123,8 60.343,1

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Jul

Ago

Set

Set

149,9

149,7

147,6

147,0

147,2

148,5

15.695,1 15.485,5

17.215,5

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional Exterior

16.430,8

17.161,1

16.314,0

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) Brasil+Exterior

2.551,9

2.601,2

2.583,4

2.554,3

2.544,2 2.472,2

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0,11 -0,13 Variação no período: -3,13%

bovespa (%) 10/setembro

08/novembro

0,14 -1,83 Variação no período: -1,64%

dólar comercial* 07/setembro

08/npvembro

2,028 2,039 euro comercial * 07/setembro

08/novembro

2,53 2,60 Variação no período: 0,03%

(*) Inclui gás injetado. (**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom).

08/novembro

Variação no período: 0,55%

Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional Exterior

“Nossos esforços são focados no aprimoramento contínuo do preparo das equipes e da gestão da produção para que possamos ter condições efetivas de ter uma produção anual permanentemente entre os 90 milhões e 100 milhões de MWh”, completou. Outubro Em outubro, a produção de energia elétrica de Itaipu atingiu 7.880.871 MWh. Esta foi a quarta melhor marca estabelecida para o mês. A geração acumulada de janeiro até o último dia 31 soma 82.672.690 MWh.

Fonte: Petrobras

*Valor de venda, em R$


Térmicas: gastos de R$ 400 milhões/mês O período seco mais prolongado e intenso está forçando o acionamento de mais termelétricas movidas a óleo diesel e a óleo combustível, gerando uma despesa adicional de R$ 400 milhões por mês a todos os consumidores do país, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A maioria está localizada na região Nordeste – a mais afetada pela estiagem e pela redução do nível dos reservatórios das hidrelétricas. A princípio, as distribuidoras arcam com o custo, repassando-o só em 2013 aos consumidores, quando for feito o reajuste anual das tarifas. O preço nesse mercado está em R$ 430 o MWh, valor que se situava na faixa de R$ 90 o MWh no começo

de agosto, antes do período crítico dos reservatórios. Segundo o ONS, a seca depreciou rapidamente o volume das principais barragens do país. Na usina de Furnas (Sudeste), o nível estava em 28% em outubro, 58% abaixo ao de igual mês de 2011. Já em Tucuruí (Norte), o volume de 16% era 25% inferior ao de outubro de 2011. Além do custo das 37 usinas emergenciais, as outras térmicas que foram ligadas agora também são remuneradas. Uma parte delas recebe por meio de contrato firmado entre geradores e distribuidoras. Outras são ressarcidas pelo combustível que usam quando são acionadas.

ações ações ações ações ações ações ações ações ações

petrobras

ON

10/set

08/nov

0,18

-0,63

R$ 22,02

PN

R$ 21,26

10/set

08/nov

0,23

-0,57

R$ 21,23

R$ 20,61

VALE

ON

10/set

08/nov

3,68

-1,66 PNA

R$ 35,79

R$ 37,20

08/nov

1,01

-0,75

R$ 35,10

OGX

R$ 36,06

BRASKEM

10/set

ON

10/set

08/nov

10/set

-4,40 PNA -1,37

-1,74 R$ 6,22

R$ 4,78

R$ 14,40

08/nov

-1,44 R$ 14,39

petróleo brent (US$) 07/setembro

114.54

08/novembro

107.17

Variação no período: -6,44%

96.34

08/novembro

85.18

Variação no período: -11,59%

“o preço do etanol atualmente já é economicamente vantajoso em várias regiões do país, mas boa parte dos consumidores ainda não percebeu essa mudança” Adhemar Altieri, diretor de comunicação corporativa da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

“A produção de petróleo da Petrobras vai andar de lado neste e no próximo ano, quando começarão a entrar em operação grandes sistemas de produção na Bacia de Campos. 2012 e 2013 serão para arrumação da casa.” Graça Foster, presidente da Petrobras, 07/11/2012 - Valor Econômico

“Eu considero que seria muito oportuno que nós, no Congresso Nacional, aprovássemos o uso dos royalties do petróleo e uma parte do Fundo Social para garantir que esses recursos sejam investidos na educação.” Dilma Rousseff, presidente do Brasil, 30/08/2012 - Folha de São Paulo

“Teremos no ano que vem, com certeza, procedimentos para ampliar a exploração de petróleo e gás, independentemente do veto ou da judicialização da Lei dos Royalties.” Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucio-

petróleo WTI (US$) 07/setembro

FRASES

nais, 07/11/2012 - Agência Estado

“Baixar o custo de energia é elemento fundamental para o Brasil crescer.” Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 06/11/2012 - Agência Estado

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entrevista exclusiva

Preparada para novos

desafios por Maria Fernanda Romero

Assegurar o desenvolvimento, a produção e a comercialização de produtos e serviços com maior eficiência e segurança é um dos pilares dos negócios da WEG, que consolidou amplo portfólio de soluções para atender os diversos segmentos em que atua – motores, energia, transmissão & distribuição, automação e tintas.

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A entrada da empresa no mercado de energia eólica e solar é uma das últimas novidades da companhia, que vem utilizando recursos próprios e linhas de financiamento em pesquisa e inovação. “A empresa desenvolve produtos com tecnologia própria, de acordo com os mais elevados padrões internacionais”, afiança Helcio Makoto Morikossi, diretor de Vendas da Unidade de Automação do Grupo WEG. TN Petróleo – Quais os investimentos da WEG em P&D? Quanto desse investimento tem foco na indústria de óleo & gás e offshore/naval? Helcio Makoto Morikossi – A WEG investe 2,3% de seu faturamento anual líquido em P&D e Inovação e também conta com recursos de linhas de incentivo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Não divulgamos investimentos por segmentos isolados, mas posso garantir que boa parte desses recursos vai ser direcionada para o setor de petróleo e gás, que demanda inovação e soluções eficientes. Temos buscado também aprimorar nossa oferta de serviços, desenvolvendo nossa já extensa rede de assistentes técnicos e investindo em contratação e treinamento do nosso próprio pessoal de comissionamento em campo. Qual o peso e a importância do setor de óleo, gás, energia e indústria naval para a companhia, principalmente no que se refere ao faturamento? Estes setores são importantíssimos e estratégicos para a WEG, e representam entre 3% e 5% do faturamento da empresa, que tem conteúdo local e grande disponibilidade no atendimento como um de seus diferenciais. Quais as soluções mais importantes que a empresa vem disponibilizando para o mercado brasileiro em cada um dos segmentos em que atua? Da geração de energia ao controle e distribuição, a WEG entrega motores, geradores, transformadores, painéis de média e baixa tensão, bem como drives de baixa e média tensão, componentes e tintas – com as especificações exatas para a necessidade do mercado petrolífero/ offshore. Dentre eles podemos destacar a sala elétrica, módulo que integra toda a solução de cubículos, painéis e centros de controle de motores de baixa e média tensão, transformadores e outros equipamentos para o controle e proteção de todos os equipamentos elétricos da plataforma. Fornecemos ainda geradores e motores, de baixa e média tensão, com aplicações em plataformas offshore; sistema de au-


Helcio Makoto Morikossi, diretor de vendas da unidade de automação do grupo WEG

Nossos investimentos para o setor de óleo e gás são constantes. Ao longo dos anos a WEG vem acompanhando as exigências do mercado tanto com desenvolvimento de linhas existentes quanto de novos produtos.

Foto: Divulgação

nacionais. Todos os produtos são desenvolvidos e fabricados no Brasil, portanto temos condições de fornecer soluções globais com alto índice de conteúdo local aos nossos clientes desta cadeia.

tomação, que permite comandar qualquer operação ou processo na plataforma da sala de comando ou no local; e soluções em tintas, tanto para plataformas novas quanto para conversões ou reformas, atendendo todas as áreas de um navio ou plataforma offshore.

Qual o grande diferencial da empresa no mercado de óleo & gás? De emblemático é o fato de a WEG ser uma autêntica empresa brasileira, com presença mundial, que desenvolve produtos com tecnologia própria, de acordo com os mais elevados padrões inter-

A empresa teve que desenvolver novos produtos, fazer melhorias ou expandir determinadas linhas existentes para atender as demandas do mercado brasileiro por conta do pré-sal? Nossos investimentos para esse setor são constantes. Ao longo dos anos a WEG vem acompanhando as exigências do mercado tanto com desenvolvimento de linhas existentes quanto de novos produtos. Entre eles está o inversor de frequência de média tensão para uso com bombas submersas de petróleo, que foi desenvolvido em parceria com a Petrobras e o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp). Temos ainda um inversor de frequência refrigerado

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entrevista exclusiva

c

Hoje a WEG tem condições logísticas para prestar assistência em todos os lugares onde os principais clientes estão inves-

tindo. Temos uma nova filial em Macaé, no Rio de Janeiro. Em Santos, poderemos dar total suporte às demandas do pré-sal por meio da fábrica de São Bernardo. E em Linhares, no Espírito Santo, a empresa inaugurou uma nova fábrica.

a água, permitindo que o equipamento possa ser instalado num ambiente de praça de máquina ou compartimento do propulsor, onde a temperatura ambiente gira em torno de 45°C; e um motor elétrico com manto d’água, solução que reduz pela metade o tamanho do motor que necessita refrigeração a água e é ideal para aplicação com variadores de velocidade. Esses equipamentos acionam a propulsão da embarcação. Dispomos também de uma linha de painéis de média tensão, específica para atingir os níveis exigidos nas plataformas (5000 A - 50 kA). Somos também o único fabricante nacional capaz de produzir geradores de II polos, depois da aquisição EM, empre-

sa norte-americana com mais de cem anos de experiência e tradicional fabricante deste tipo especial de produto. Como a empresa vem se posicionando para atender à demanda crescente de solução e novas tecnologias? Hoje a WEG tem condições logísticas para prestar assistência em todos os lugares onde os principais clientes estão investindo. Temos uma nova filial em Macaé, centro estratégico da Bacia de Campos. Em Santos, poderemos dar total suporte às demandas do pré-sal por meio da fábrica de São Bernardo. E no Espírito Santo, a empresa inaugurou uma nova fábrica, no município

de Linhares. Além disso, em 2010 adquirimos o controle acionário (51%) do Zest Group, companhia com sede na África do Sul, que tem a distribuidora líder em motores elétricos naquele mercado. Essa aquisição, além de ampliar nossa participação no mercado africano, reforça a presença da WEG no setor de petróleo e gás. Houve novas aquisições? Sim. Adquirimos este ano a Electric Machinery, empresa com cem anos de tradição na fabricação de máquinas de grande porte, uma marca com forte reputação em termos de alta qualidade e grande reconhecimento no segmento de petróleo e gás. Do ponto de vista global, esta aquisição complementa nossa oferta, disponibilizando o estado da arte em produtos e tecnologia. Além disso, nossa plataforma de produção na América do Norte agora combina a unidade em Mineápolis com as fábricas no México, permitindo flexibilidade inigualável no fornecimento de soluções integradas na região. Você acredita que a WEG terá que aumentar sua capacidade de produção para atender o mercado de

Grupo WEG O Grupo WEG Fundada em 1961 por Werner Ricardo Voigt, Eggon João da Silva e Geraldo Werninghaus, como fábrica de motores elétricos, a palavra WEG, que em alemão quer dizer ‘caminho’, é a união das letras dos primeiros nomes dos fundadores dessa empresa 100% brasileira. A partir da década de 1980, passou a fabricar geradores, componentes eletroeletrônicos, produtos para automação industrial, transformadores de força e distribuição, tintas líquidas e em pó e vernizes eletroisolantes. Com forte presença no setor de bens de capital e um dos maiores fabricantes mundiais de equipamentos eletroeletrônicos, atua em cinco linhas principais: motores, energia, transmissão & distribuição, automação e tintas. Com mais de 16

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25 mil colaboradores, é uma das raras empresas brasileiras a aparecer na lista das cem maiores pequenas empresas globais, da revista Forbes. No Brasil, o grupo tem sua sede e principais unidades industriais em Jaraguá do Sul (SC) e fábricas espalhadas por Rio Grande do Sul (Gravataí), Santa Catarina (Blumenau, Guaramirim, Itajaí e Joaçaba), São Paulo (São Paulo e São Bernardo do Campo), Amazonas (Ma-

naus) e Espírito Santo (Linhares). No exterior, a WEG possui unidades fabris na Argentina, México, Portugal, África do Sul, China, Índia, Áustria e Estados Unidos, além de instalações de distribuição e comercialização nos EUA, Venezuela, Colômbia, Chile, Alemanha, Inglaterra, Bélgica, França, Espanha, Itália, Suécia, Austrália, Japão, Cingapura, Índia, Rússia e nos Emirados Árabes Unidos.


preparada para novos desafios

óleo & gás extremamente aquecido no país? Estamos atentos às necessidades do mercado e, se for necessário, temos condições tanto operacional como financeiramente, para ampliar a capacidade fabril. Em setembro, a empresa anunciou seu primeiro fornecimento para o mercado de energia eólica no Brasil, com o primeiro aerogerador que considera as características dos ventos predominantes no território brasileiro. Porque vocês resolveram entrar neste mercado? Já há outros projetos nesta direção? Vocês pretendem também atuar em outras fontes renováveis? Um dos principais focos de atuação da WEG é o segmento de energia renovável distribuída e, dentre elas, a energia eólica é a fonte com o maior crescimento médio

mundial – acima dos 30% médios nos últimos cinco anos – e tendência de continuar suportando essa expansão nos próximos anos, o que a torna extremamente atrativa. A construção do primeiro protótipo do aerogerador já foi iniciada e os testes de campo e a certificação da turbina devem ocorrer em meados de 2013. Estamos apostando também em energia solar: nossa intenção é começar em projetos dentro do país, com concessionárias de energia e parques de geração à base solar, mas, futuramente, também pretendemos ser uma fornecedora mundial nessa área. O lucro líquido da WEG no segundo trimestre de 2012 foi de R$ 139,8 milhões – queda de 10% na comparação com o ano anterior. Entretanto, a empresa teve excelente desempenho de vendas nos mercados externos no segundo

trimestre de 2012. Por que esse resultado e por que houve redução no ritmo de crescimento neste período no mercado brasileiro? O desempenho das vendas no mercado externo foi o destaque, com crescimento acima de 40%. Os investimentos na estrutura comercial têm sido bem-sucedidos na ampliação do portfólio de produtos no mercado internacional, mesmo em ambiente de baixa atividade econômica. No mercado interno, notamos que as medidas governamentais para aumento da competitividade do setor industrial são importantes tanto pelo seu impacto direto sobre a WEG, como sobre os nossos clientes. Esperamos que nos próximos meses as medidas de estímulo do Plano Brasil Maior ganhem impulso e os sinais de recuperação da indústria brasileira fiquem mais claros.

Nesta edição.

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especial: segurança especial: operacional

Muito mais do q Muito já foi dito ao longo dos últimos dois anos sobre as lições deixadas pelo acidente ocorrido em abril de 2010 no campo de Macondo, no Golfo do México. A Rio Oil & Gas 2012 proporcionou algo mais além disso, por meio de uma programação de conferências concentrada em questões relativas a segurança operacional. por Gilberto Lima Filho

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R

Fotos: Divulgação BP

ue lições

epresentantes de operadoras, órgãos reguladores e instituições acadêmicas do Brasil e do exterior ofereceram uma visão esclarecedora, tanto das mudanças efetivas ocorridas na indústria após aquela tragédia, quanto dos desafios tecnológicos que o setor tem pela frente. E o principal deles é atender à demanda crescente por seus produtos, em meio à cobrança de níveis cada vez mais exigentes de gerenciamento de riscos socioambientais. Ao abrir a sessão plenária denominada ‘Segurança operacional offshore e seus impactos’, o vice-presidente e chefe de respostas globais em águas profundas da BP, Richard Morrison, disse que não estava em posição de pregar alguma coisa sobre o tema. O executivo se referia justamente ao acidente em Macondo, operado pela companhia, no qual uma explosão ocorrida na sonda Deepwater Horizon, da Transocean, resultou na morte de 11 trabalhadores e no derramamento de perto de 5 milhões de barris de petróleo no Golfo do México. Engenheiro de petróleo com experiência em diversos países, como Congo, Egito, Emirados Árabes e Venezuela, Morrison trabalhou intensamente durante as ações de resposta após o acidente e, desde então, está à frente das atividades de aprimoramentos na TN Petróleo 86

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especial: segurança operacional

gestão de riscos operacionais. “Muitas barreiras de segurança não conseguiram impedir o acidente na Deepwater Horizon. Nos últimos dois anos, tive a oportunidade de viajar pelo mundo e aprender o que podemos fazer para melhorar a confiabilidade dos sistemas de segurança”, disse. Uma das primeiras iniciativas foi um amplo trabalho de quantificação e revisão de riscos para a aplicação de novos planos que abrangessem desde o CEO até a área operacional. “Fizemos um levantamento de quase 30 barreiras de segurança, tais como sistemas instrumentados, válvulas de pressão e procedimentos de maneira geral. Esses itens não são uma novidade para a indústria, que já os utiliza largamente. A questão de fato importante é a frequência com que essas barreiras aparecem nos nossos planos de prevenção.” Entre os primeiros resultados desse trabalho está a criação de uma organização de autorregulação (self-regulatory organization, SRO, em inglês), em meados de 2011. A função da SRO é fornecer uma visão independente sobre os riscos operacionais da companhia, a partir de um programa de resultados composto por 12 itens. Segundo o vice-presidente da BP, essa equipe é responsável pelo processo geral de gestão de risco da companhia, que envolve auditorias formais e pessoais, incluindo visitas sistemáticas de executivos nas instalações para verificação de questões discutidas durante o processo de revisão, como, por exemplo, a integridade de barreiras de 20

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Grandes operadoras: recursos aplicados Petrobras R$ 22 bilhões investidos em SMS nos últimos cinco anos. R$ 5,2 bilhões investidos apenas em 2011. R$ 172 milhões investidos em projetos ambientais em 2011.

ExxonMobil US$ 4,9 bilhões em despesas ambientais globais em 2011. US$ 3,3 bilhões desse total foram gastos com despesas operacionais. US$ 2 bilhões investidos nos últimos dez anos em P&D de tecnologias de segurança e meio ambiente.

BP US$ 26 bilhões em despesas financeiras em 2010 e 2011 com respostas a derramamentos, incluindo reclamações e despesas judiciais, apoio a investigações, promoção do turismo e ajuda em restaurações do meio ambiente. US$ 1,75 bilhão em despesas feitas em 2011 com medidas de resposta ao acidente no campo de Macondo, no Golfo do México. US$ 6,68 bilhões em outras despesas ambientais. US$ 636 milhões investidos em 2011 em P&D. US$ 12 milhões desse total relativos a respostas para o acidente no campo de Macondo, no Golfo do México

Shell US$ 6 bilhões investidos desde 2006 em programas para melhorar a segurança da produção de óleo e gás em suas instalações. US$ 1 bilhão investidos em 2011 para melhorar a segurança e a confiabilidade de refinarias e instalações químicas e de distribuição.

Chevron US$ 2,7 bilhões em gastos ambientais em 2011. US$ 1,7 bilhões desse total em custos relacionados a prevenção, controle, redução ou eliminação de resíduos perigosos e poluentes e desativação de instalações. US$ 1,4 bilhão contingenciados no final de 2011 para reparos ambientais. US$ 446 milhões em despesas com reparos ambientais em 2011.

segurança. Como parte desse trabalho, a companhia iniciou ainda uma auditoria nos fornecedores de equipamentos de instrumentação. “As inspeções sempre fizeram parte da rotina da BP, mas tivemos a oportunidade de ser mais detalhistas, mais

profundos e mais sistemáticos. Nossos líderes passaram a trabalhar com oito linhas de perguntas em seus procedimentos de segurança de processo, elaboradas com base em situações que levam à maioria dos acidentes”, explicou o executivo.


muito mais que lições

Morrison afirma que houve um reforço nos treinamentos práticos e teóricos dos líderes de cada área, não apenas com foco na resposta a acidentes, mas também para que eles não aconteçam. Assim, o contato direto com a equipe de campo é fundamental. “Estive recentemente em uma inspeção de segurança em uma sonda, e percebi em determinado momento que havia entre a equipe uma falta de clareza sobre os limites operacionais e de segurança na detecção de vazão do poço. Foi uma oportunidade para reforçar os fundamentos de segurança operacional e, ao mesmo tempo, melhorar os nossos programas de monitoramento”, relatou. Outra atividade considerada estratégica para a BP

ocorre no centro de monitoramento da companhia, em Houston, que acompanha em tempo real e individualmente todas as sondas em operação no Golfo do México, durante 24 horas por dia. O objetivo é agir na prevenção, a partir do monitoramento do fundo do poço, bombas, pressão e vazão. “Essa equipe verifica se os dados apresentados estão de acordo com os planos. Caso contrário, podemos entrar em contato diretamente com o técnico responsável pela operação por meio de um protocolo de escalonamento”, explicou Morrison.

Maior controle governamental O diretor-geral do Bureau of Safety and Environmental Enforcement (BSEE), James Watson, apresentou na Rio

Oil & Gas 2012 as mudanças ocorridas na fiscalização ambiental exercida pelo governo americano nas atividades offshore na plataforma continental, após o acidente de Macondo. A própria existência do BSEE é um resultado prático dessas iniciativas, uma vez que o órgão foi criado depois da tragédia, como parte de uma série de medidas anunciadas para garantir a segurança das operações offshore na plataforma continental do país. Passado mais de um ano desde o início de suas atividades, o BSEE dedica seus esforços na aplicação de seus dois objetivos estratégicos até 2015.

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especial: segurança operacional

O primeiro deles é exigir das operadoras a elaboração de políticas e ferramentas de segurança para situações de emergência e de responsabilidade ambiental, com o objetivo de garantir o desenvolvimento adequado da atividade offshore. Para isso,

estão previstas ações como a definição e diferenciação dos riscos inerentes à atividade e o estabelecimento de regras abrangentes e eficazes de licenciamento. O segundo objetivo estratégico é investir na estrutura do BSEE para que o órgão

Grandes acidentes no Brasil e no mundo

seja capaz de realizar com padrões de excelência suas atividades de fiscalização e regulação. A ideia é ir além das normas estabelecidas pelo Instituto Americano do Petróleo (API, em inglês), e partir para ações práticas. Segundo Watson, alguns procedimentos já haviam sido realizados como regra de emergência em 2010, e envolvem melhorias na cimentação, revestimento e gás de poço, além da atuação de terceiros e testes em geral. “Precisamos ter normas baseadas em desempenho e é isso que significa essa nova norma de segurança em local de trabalho. Não queremos apenas a aplicação das normas do API, Novembro de 2007 – O cargueiro sul-coreano Cosco Busan, de quase 280 m de

Março de 1971 – O petroleiro americano

um vazamento de mais 32 toneladas de

comprimento, se chocou contra a base da

Texaco Oklahoma naufragou a 100 milhas

hidrocarbonetos.

ponte que une San Francisco à cidade de

de cabo Hatteras, na costa leste do EUA,

Agosto de 1994 – A ruptura de um

Oakland por causa de um denso nevoeiro.

o que causou um vazamento de 32.900

oleoduto na República Autônoma dos Komi,

Foram derramadas mais de 132 toneladas

toneladas de petróleo.

no norte da Rússia, causou uma catástrofe

de petróleo.

Março de 1975 – Um cargueiro fretado

ambiental de grandes dimensões, com

Agosto de 2009 – Duas plataformas da

pela Petrobras derrama 6 mil toneladas de

um vazamento de entre 200 mil e 300 mil

companhia PTTEP Australasia provocaram

óleo na Baia de Guanabara.

toneladas de petróleo sobre os campos de

o vazamento de 450 toneladas de gás e

Junho de 1979 – A plataforma me-

Usinsk e os rios Usa e Kolva.

petróleo. Foi formada uma maré negra que

xicana Ixtoc 1 se rompeu na Baía de

Março de 1997 – O rompimento de um

cobriu 10 mil km2 no sudeste asiático.

Campeche (México) e derramou 420 mil

duto da Petrobras que ligava a Refinaria

Janeiro de 2010 – A colisão entre

toneladas de petróleo no mar. A enorme

de Duque de Caxias (RJ) ao terminal na

duas embarcações, um navio-tanque

maré negra afetou durante mais de um

Ilha D´Água provoca o vazamento de 2,8

de 182 m de comprimento, que trans-

ano as costas de uma área de mais de

milhões de óleo combustível em mangue-

portava petróleo e um navio-guindas-

1.600 km

zais na Baía de Guanabara (RJ).

te que rebocava uma barcaça, causou

2

Fevereiro de 1984 – A explosão de

Janeiro de 2000 – O rompimento de

o vazamento de 1.700 toneladas de

um duto da Petrobras na favela Vila

um duto da Petrobras que liga a Refinaria

petróleo em Port Arthur, a 150 km de

Socó, em Cubatão (SP), provoca a

Duque de Caxias ao terminal da Ilha D’Água

Houston.

morte de 93 pessoas e deixa e 2.500

provocou o vazamento de 1,3 milhão de óleo

Abril de 2010 – Explosão na plataforma

desabrigados.

combustível na Baía de Guanabara. A man-

Deepwater Horizon, no campo de Macondo,

Março de 1989 – O petroleiro Exxon Val-

cha se espalhou por 40 km2.

no Golfo do México, operado pela BP,

dez se chocou contra um recife no Alasca,

19 de novembro de 2002 – O navio

provocou o derramamento de 5 milhões de

o que provocou um vazamento de 42 mil

Prestige de bandeira das Bahamas, partiu-

barris de petróleo.

toneladas de petróleo.

-se ao meio provocando uma das maiores

Novembro de 2011 – Acidente em plata-

Março de 1990 – A embarcação Cibro

catástrofes ecológicas já vistas, com o

forma operada pela Chevron, no campo de

Savannah explodiu e pegou fogo em Lin-

derramamento de 10 mil toneladas de óleo e

Frade, provoca vazamento de 3,7 mil barris

den, no estado de New Jersey, e causou

a contaminação de 295 km da costa.

de petróleo.

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mas também um envolvimento maior dos funcionários no relato de acidentes.” O BSEE também vem atuando na busca de soluções para questões técnicas específicas das operações offshore, como a contenção de blowout, quando ocorre um fluxo descontrolado de hidrocarbonetos que pode resultar em acidentes. Segundo Watson, o guia anterior de respostas a derramamentos era muito restrito a equipamentos específicos. Agora, o órgão vem atuando na pesquisa de respostas mais seguras que incluam o máximo de ferramentas possível, tais como dispersantes aéreos, submarinos e radares com visões noturnas.

Foto: divulgação

muito mais que lições

Petroleiro Exxon Valdez

por Maria Fernanda Romero

Cooperação entre operadoras e órgãos governamentais A vice-presidente de SMS da Statoil, Helga Nes, reforçou a importância da troca de informações e experiências entre operadoras e agentes governamentais na elaboração de uma legislação mais efetiva na área de segurança operacional na Noruega. Segundo a executiva, a intenção do parlamento norueguês é de que a indústria petrolífera local seja referência no que tange a segurança. Por isso, ela afirma que a Statoil fez um esforço considerável para a inclusão de dados e resultados na legislação que trata de segurança operacional. “É importante que o regime regulatório tenha a capacidade de funcionar na vida real.”

Plataforma da BP no Golfo do México Mesmo com as condições adversas climáticas do Mar do Norte, Helga Nes afirma que todos os acidentes podem ser evitados, desde que haja um esforço contínuo da melhora de processos. Para isso, é necessário o permanente monitoramento das barreiras de segurança e o investimento no treinamento de pessoal, incluindo fornecedores. “Temos feito isso por meio de um programa intensivo sobre como agir de acordo com os nossos padrões, garantindo uma conscientização de todos os parceiros, dos CEO até os operadores e outros contratados para operações offshore. Treinamos o nosso pessoal a partir do nosso entendimento de gestão de risco, usando estudos de caso”, explicou. TN Petróleo 86

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especial: segurança operacional

Tecnologia

associada ao conhecimento

Como já é de praxe em grandes eventos da indústria do petróleo, os visitantes da Rio Oil & Gas 2012 tiveram a oportunidade de conhecer algumas das mais recentes tecnologias desenvolvidas para a segurança operacional do setor. Ao mesmo tempo, foi possível perceber que o elemento humano é cada vez mais decisivo para que essas soluções sejam de fato eficazes.

A

o participar de uma das sessões plenárias do evento, o diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe/UFRJ, Segen Stefen, avaliou que a indústria brasileira de offshore já opera com altos níveis de segurança, mas os desafios impostos pela nova fronteira do pré-sal exigem mais esforços. E a formação profissional tem papel fundamental nisso. “Se analisarmos o conjunto de acidentes no mar, 80% estão associados a falhas humanas. Então, essa questão tem que ser observada junto com a confiabilidade dos equipamentos”, disse Stefen. A partir dessa constatação, a Coppe/UFRJ pesquisa segmentos industriais que atingiram altos níveis de excelência em segurança operacional, e que apresentem semelhanças com a indústria de óleo e gás. Esse trabalho já rendeu frutos, como 24

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a parceria que a instituição acadêmica negocia atualmente com a Universidade de Cranfield, na Inglaterra, que dispõe de um tradicional centro tecnológico para a indústria aeronáutica. “A tendência aqui no Brasil é a de termos uma produção cada vez mais submarina, com equipamentos de superfície sendo instalados no fundo do mar. Tudo isso vai demandar níveis mais sofisticados de entendimento dessa segurança. E como a segurança aeronáutica está no topo e implica risco direto para as pessoas, vimos uma boa oportunidade para utilizarmos essa experiência no que diz respeito a falhas humanas”, explicou Stefen. No mesmo caminho, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), por meio do Centro de Tecnologia Senai (CTS) Automação e Simulação, dispõe atualmente de um sofisticado núcleo de treinamento com equipamentos de realidade virtual. As instalações, no bairro carioca de Benfica,

ocupam uma área de 1.700 m2 e utilizam algumas das mais avançadas tecnologias disponíveis no mundo em simuladores e equipamentos, que abrangem realidade virtual, holografias, imersões e realidade aumentada. A utilização de equipamentos sofisticados de realidade virtual no CTS Automação e Simulação surgiu a partir de uma parceria firmada em 2003 entre a Firjan e a Petrobras, para atender exclusivamente a indústria do petróleo. Mais recentemente, a Firjan investiu no local cerca de R$ 10 milhões em equipamentos capazes de desenvolver simuladores para treinamento em diversos outros setores, tais como mineração, siderurgia e indústria de processos em geral. A parceria com a Petrobras surgiu a partir da necessidade que a companhia tinha de enviar seus técnicos à Escócia, onde em Aberdeen funciona um centro de referência nesse tipo de capacitação. “A indústria percebeu que, diante crescente demanda


por profissionais qualificados, essa formação no exterior ficaria muito onerosa e significaria um investimento que poderia ser feito no desenvolvimento de uma tecnologia local”, disse Glícia Carnevale, gerente de Estratégias de Mercado Petróleo e Gás, da Firjan. A proposta inicial era a de colocar em funcionamento um simulador de estabilidade e emergência, mas, a partir de outras demandas da Petrobras, foram incluídos no projeto mais dois simuladores, sendo um de plantas de processo em plataformas e outro de atividades em atmosferas explosivas. Segundo Glícia Carnevale, uma das condições para a instalação dos equipamentos foi a participação de uma empresa local na execução do projeto, para evitar a dependência da

tecnologia trazida da Escócia. Além disso, fez parte do acordo a formação de instrutores no exterior, sendo a maioria deles funcionários aposentados da Petrobras. Em 2006, os três equipamentos entraram em funcionamento, com um investimento total de R$ 4 milhões em equipamentos e obras civis, com recursos do Sistema Firjan e da Petrobras. Desde então, mais de três mil profissionais entre gerentes e operadores de plataformas receberam treinamento nas instalações. No simulador de estabilidade e emergência, por exemplo, o aluno é submetido a situações de estresse causadas por diversos fatores, tais como condições adversas de correnteza, choques com outras embarcações ou explosões, que são programadas pelos instrutores. As aulas são monitoradas e gravadas, para uma análise posterior em sala. Os treina-

Foto: divulgação OGX

Foto: divulgação Firjan

muito mais que lições

mentos são feitos a cada dois anos, em média. Segundo Sergio Poliano Villarreal, coordenador de Simulação e Metrologia do CTS Automação e Simulação, a formação de profissionais por meio da tecnologia de simulação é um caminho sem volta. “As empresas já perceberam a diferença de desempenho entre um aluno que passou por um treinamento com simulador e outro submetido ao método convencional”, avalia. Atualmente, o CTS Automação e Simulação realiza formação de profissionais de TN Petróleo 86

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especial: segurança operacional outras operadoras em atividade no Brasil, como a OSX, que formou dez técnicos da plataforma OSX 1. Outros cem técnicos que vão trabalhar nas operações das plataformas OSX 2 e 3 também serão encaminhados para treinamento nos simuladores.

“O grande benefício de um treinamento dessa natureza é possibilidade de se vivenciar situações que podem acontecer na plataforma. É uma forma de facilitar a identificação e a análise de riscos para a adoção de medidas mitigadoras. Então, o simulador tem a vantagem de

Uma ampla agenda de aperfeiçoamentos em análises de risco e respostas a acidentes deve começar a ser discutida, em 2013, entre o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP) e o governo federal. O trabalho conjunto entre o IBP e os ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente, entre outros órgãos governamentais, será a primeira ação prática após a entidade divulgar, em janeiro de 2012, um documento com uma série de propostas sobre o assunto. O trabalho foi elaborado na ocasião pela Subcomissão de Saúde, Segurança e Meio Ambiente do IBP, integrada por 20 empresas com longa experiência em exploração e produção. As propostas levaram em consideração recomendações da International Association of Oil and Gas Producers (OGP), entidade britânica que reúne operadoras e promove práticas sustentáveis na indústria. O objetivo do IBP com a iniciativa é propor projetos prioritários para as atividades de exploração e produção e recomendar ações para órgãos do governo, que resultem no aperfeiçoamento de marcos regulatórios do setor e, consequentemente, em respostas mais ágeis durante emergências. Segundo o gerente de meio ambiente do IBP, Carlos Henrique Abreu Mendes, uma das prioridades é o estabelecimento de critérios 26

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Foto: Agência Petrobras

União de esforços

para o compartilhamento de recursos entre operadoras distintas, mas com atividades em uma mesma área geográfica, para respostas a situações de emergência. Além da agilidade nas ações de mitigação, Lima observa que os ganhos logísticos com o compartilhamento resultam em redução de custos para as empresas. “O objetivo é estabelecer regras transparentes, para que uma empresa que colabora com outra que está passando por uma emergência não seja acusada de praticar uma ação ilegal. Essa questão que não está regulada”, afirma. Outro tema previsto na pauta é a elaboração de um guia de análise de riscos ambientais, com diretrizes gerais e metodologias para a utilização dos possíveis instrumentos de resposta em situações de emergência. O objetivo é estabelecer parâmetros para a utilização, isolada ou combinada, de diversas técnicas, tais como contenção e

fazer o técnico vivenciar esse risco, ainda que dificilmente o enfrentará. É importante que, uma vez acontecendo, saiba ter condições para tomar a decisão correta”, avalia Celso Cordeiro de Mello, gerente de Segurança Meio Ambiente e Saúde da OSX. recolhimento, uso de dispersantes e queima. Das técnicas a serem incluídas no guia, a utilização de dispersantes é uma das mais complexas, porque exige modificações na resolução 269 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que regula o assunto. De acordo com a determinação do órgão, a aplicação do produto só pode ser feita quando houver certeza que o óleo derramado pode chegar a uma área sensível ou se apresentar risco à saúde de terceiros. Embora reconheça a preocupação do Conama com a utilização de um produto químico, Lima argumenta que uma maior flexibilidade tornaria a aplicação de dispersantes mais efetiva e mais segura. Além das mudanças de ordem ambiental, a questão também depende de modificações em procedimentos alfandegários, já que se trata de um produto importado e utilizado em situações de emergência. “O dispersante tem um efeito adequado quando utilizado sobre óleo cru. Se não houver a aplicação do produto até determinado momento, pode ser tarde demais. Então, essa tomada de decisão tem que ser aperfeiçoada para que não seja passível de interpretações de que foi usado de maneira precipitada.” O gerente do IBP revela que a entidade aguarda apenas a conclusão de um levantamento de diversos tipos de dispersantes que está sendo realizado pela Ipieca – associação global da indústria de óleo e gás para assuntos ambientais e sociais. A expectativa de Lima é de que, uma vez recebidos os dados desse trabalho, o IBP possa encaminhar uma proposta a ser discutida com o governo em 2013.


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Sistema de Separação Submarina desenvolvido no Brasil. Centro de Tecnologia - Rio de Janeiro TN Petróleo 86 27


especial: segurança operacional

Órgãos reguladores

aumentam o rigor

Em 150 auditorias realizadas nos últimos dois anos, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) emitiu 1.076 notificações de não conformidade das práticas de gestão de segurança operacional em plataformas com atividades no Brasil. Embora o objetivo das notificações seja a correção de procedimentos, pouco menos de 10% desse total geraram R$ 122 milhões em multas até setembro de 2012. Além disso, foram adotadas 14 medidas cautelares de interdição parcial de sistemas ou de unidades, nos quais os técnicos da ANP entenderam haver um risco intolerável ou não gerenciado.

O

s números foram apresentados durante a Rio Oil & Gas pelo superintendente de segurança operacional da ANP, Rafael Neves Moura, e refletem resultados do modelo regulatório sobre segurança operacional estabelecido pelo órgão em 2007. As notificações mais frequentes envolvem a integridade mecânica de equipamentos e instalações, com 20% dos casos, seguida de análises de risco (12,5%), monitoramento e melhoria contínua de desempenho (10,6%) e gerenciamento de mudanças em operações (9,7%). Esses quatro itens fazem parte de uma relação de 17 práticas previstas no Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional das Instalações Marítimas de Perfuração e Produção de Petróleo e Gás Natural. Essas

28

TN Petróleo 86

práticas balizam as auditorias realizadas por técnicos do órgão, que passam uma semana embarcados para avaliar a segurança das operações. Segundo Moura, os tipos de falhas mais frequentes identificadas pela ANP estão entre as causas de grandes acidentes recentes, como o ocorrido em 2010 no campo de Macondo, no Golfo do México, e no campo de Frade, no final de 2011, na Bacia de Campos. “Todos os relatórios de investigação dos acidentes têm pontos em comum. Então, a conclusão a que chegamos é de que a necessidade de aprimoramento é global, não é apenas no Golfo do México, no Mar do Norte ou no Brasil.” O gerente da ANP explicou que o arcabouço regulatório que entrou em vigor em 2007 tem como foco a qualidade técnica da fiscalização. Por isso, os servidores responsáveis pelas auditorias são engenheiros qualificados em

perfuração, intervenção e controle de poços. No que diz respeito ao pré-sal, Moura condicionou eventuais mudanças regulatórias à capacidade das operadoras garantirem o controle sobre os riscos. “A partir do momento em que há novas tecnologias e novas fronteiras, há um desafio maior por parte do regulador em fazer com que os operadores demonstrem que mantêm os riscos controlados. Então, as bases dos requisitos e diretrizes implementados, tanto do pré-sal quanto do pós-sal, continuam os mesmos.” Participante da sessão na qual o gerente da ANP apresentou as estatísticas, o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli, defendeu a capacidade de que a estatal dispõe atualmente em enfrentar os riscos presentes no


muito mais que lições

pré-sal. “Devemos e podemos melhorar, mas acho que temos hoje condições de trabalharmos nas fronteiras mais difíceis. Como principal operador do pré-sal brasileiro, posso dizer que os riscos estão bastante cobertos no que diz respeito à capacidade da indústria prover nossas operações.”

Fiscalização em terra A bióloga Íris Regina Poffo, do setor de Emergências Químicas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), relatou os esforços realizados pelo órgão desde a entrada em vigor da Lei 9.966, em 2000, que trata da prevenção e fiscalização da poluição por derramamento de óleo e produtos químicos. A partir de então, passou a ser exigida das empresas a apresentação de um plano de emergência individual como parte do processo de licenciamento de suas instalações.

Entre 2002 e agosto de 2012, a Cetesb recebeu 72 planos encaminhados pelas empresas, sendo que 46 desse total foram aprovados e 17 ainda aguardam aprovação. Duas instalações desistiram e sete foram encaminhadas ao Ibama. Segundo Íris Poffo, para um plano ser aprovado, é preciso que o documento apresente boa estrutura organizacional, capaz de enfrentar a ocorrência do pior cenário. O rigor, explicou ela, se deve à dimensão da indústria de óleo e gás no estado, onde está localizado o terminal de São Sebastião, responsável pelo recebimento de 51% do petróleo que entra no Brasil. O produto abastece refinarias também localizadas no estado e estas, por sua vez, escoam a produção de derivados por meio de uma rede de dutos com passagens em muitos ambientes sensíveis. “Percebemos que os estudos não atendem aos procedi-

mentos básicos exigidos pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Os cenários não são compatíveis com as ações de resposta. Então, em uma situação em que há a possibilidade de vazar 5 mil litros de óleo, a instalação tem que estar capacitada para receber 5 mil litros de óleo.” A bióloga da Cetesb criticou o fato de os relatórios serem produzidos em partes separadas por empresas diferentes, que, em alguns casos, sequer conhecem o local onde ficam as instalações. “Ocorreu, por exemplo, o caso de um eventual vazamento que atingiria um rio com 3 m de largura e uma extensão de 3 km. Foi escrito que seriam colocadas barreiras de contenção e embarcações protegendo o rio, o que seria impossível de ser feito. Então, é importante prestarmos atenção em detalhes quando tratamos de planos de emergência”, disse.

Conservação dos oceanos em pauta Compromisso assumido pelo governo brasileiro durante a Rio+20, conferência das Nações Unidas (ONU) para o desenvolvimento sustentável, a preservação de áreas marinhas deve ser assumida pelo setor de óleo e gás como prioridade. A avaliação é do diretor executivo da organização não governamental Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil), André Guimarães, durante palestra na Rio Oil & Gas. Os países signatários do O Futuro que Queremos, entre eles o Brasil, se comprometeram durante a Rio+20 em preservar 10% das áreas marinhas e costeiras, especialmente aquelas de particular importância para a biodiversidade e serviços ecossistêmicos. “Temos que compatibilizar

a exploração de óleo e gás com a proteção do mar. Isso significa compatibilizar portos e linhas de transporte com desenvolvimento socioeconômico, com pesca e conservação. O pré-sal é um ativo fantástico, mas sua exploração não pode significar degradação dos oceanos”, disse Guimarães. A julgar pelas estatísticas da CI-Brasil, o Brasil tem um longo caminho pela frente para cumprir o compromisso assumido durante a Rio+20. Segundo o diretor executivo da CI-Brasil, o Brasil dispõe entre 1% a 1,5% de seus oceanos protegidos.

Outro dado alarmante foi o índice de saúde dos oceanos (OHI, na sigla em inglês), divulgado em agosto pela Conservação Internacional. O trabalho levou em consideração a compilação de dados que abrangem cem bases de dados com informações socioeconômicas, ecológicas e ambientais, políticas e setores econômicos, entre outras. Em uma escala de 0 a 100, o Brasil ficou com um OHI de 62 pontos, enquanto o mundo obteve 60. “Em um primeiro momento, esse dado da pesquisa foi recebido com certo otimismo pelo fato de o Brasil estar em uma situação um pouco melhor da média mundial, mas a verdade é que a situação no mundo está péssima, e no Brasil um pouco menos”, disse Guimarães. TN Petróleo 86

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Fotos: Cortesia OGX

ucn do açu

Estaleiro gigante avança no Norte Fluminense

As obras da Unidade de Construção Naval do Açu, da OSX, em São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro, seguem em ritmo acelerado para realizar suas primeiras operações já no primeiro trimestre de 2013. por Beatriz Cardoso

L

iteralmente terra adentro, as obras da UCN Açu, como já é conhecido o estaleiro da OSX – uma das empresas do grupo EBX, de Eike Batista –, já delinearam aquela que será a maior unidade de construção naval das Américas, segundo a empresa, com nada menos que 3,2 km2, um pouco menor que o Central Park, em Nova York (EUA), que tem 3,4 km2. No Brasil, equivaleria a duas vezes a área do Parque do Ibirapuera, na capital paulista, ou quase uma vez e meia a Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos cartões-postais do Rio de Janeiro. E o dobro de área 30

TN Petróleo 86

Facilidades industriais • Capacidade de integração de 220.000 ton/ano

• Até 3.525 m de cais (2.400 m na primeira fase) • Início da construção em julho de 2011 • Parceria comercial com a Hyundai • Integração de até 11 FPSPs e 8 WHPs simultaneamente do Estaleiro Atlântico Sul, atualmente o maior do hemisfério Sul em operação. Para acelerar a implantação desse empreendimento, a OSX Construção Naval obteve junto ao Banco Nacional de Desenvolvimen-

to Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal (CEF), um repasse de R$ 1,35 bilhão cada, oriundo dos recursos do Fundo de Marinha Mercante (FMM). A aposta no projeto, com investimento total estimado em R$ 4,8 bilhões, se deve, entre outros, a dois fatores. Primeiro, às possibilidades de sinergia com as demais empresas que vão estar abrigadas no Complexo Industrial do Superporto do Açu, da LLX Logística, do mesmo grupo, no até então pacato município de São João da Barra, no Norte Fluminense. Segundo, a localização estratégica do estaleiro


próximo de duas grandes usinas siderúrgicas e centrais termelétricas a serem instaladas no Complexo do Açu distante apenas 150km da Bacia de Campos – responsável por cerca de 80% da produção brasileira de petróleo. Quem chega à área do Complexo do Açu não se dá conta do gigantismo deste empreendimento que vai abrigar a UCN e um número enorme de parceiros das diversas empresas do grupo EBX. Na estrada privativa do complexo, em meio à nuvem de poeira que recobre veículos e homens que transitam por ali, já é possível ver as instalações em construção de alguns parceiros do complexo, como a francesa Technip e a norte-americana National Oil Varco (NOV). Quando o carro para na guarita do canteiro da UCN, o visitante começa a vislumbrar a obra que está ‘rasgando a terra’ para abrir o canal de acesso do estaleiro. Duas dragas estão em operação na área interna do canal, não muito longe da guarita do canteiro de obras da UCN Açu, que deixará de existir até o final do ano, uma vez que está na rota do traçado do projeto. Outras duas dragas estão operando em mar aberto, aprofundando o canal de acesso do Superporto do Açu. Já foram dragados cerca de 30 milhões m³ (71% do total previsto) do canal, que está com 4,7 km de extensão (e deverá ter um total de 6,5 km), 300 m de largura e 12,5 m de profundidade. Em operação pela primeira vez no país, estas dragas são da empresa holandesa Boskalis,

que utilizou equipamentos como estes na construção do milionário porto de Abu Dhabi e ainda de Palm Three Island, a fantástica ilha criada pela mão humana e os petrodólares, nessa capital dos Emirados Árabes. Juntas, as quatro embarcações já dragaram um volume de terra equivalente a 40 estádios Maracanãs, cheio até a boca. E devem dragar mais 15 até a conclusão do canal que abrigará o maior estaleiro das Américas: com sua conclusão prevista para o segundo trimestre de 2014, a UCN Açu terá capacidade para integrar simultaneamente até 11 FPSOs (Floating Production Storage Offloading) e construir oito plataformas fixas (WHPs) completas. Enquanto as dragas avançam a uma média de 10 m a 15 m por dia, a OSX já começou a montagem das estruturas metálicas dos edifícios industriais, uma vez que já conclui a etapa de terraplanagem e de fundações, que abrange todas as obras de infraestrutura. Boa parte da terra dragada foi reutilizada nessa primeira etapa.

Grandes números “Temos cerca de 14 km de estacas cravadas em profundidades que chegam a até 30 m”, frisa Ivo Dworschak Filho, gerente executivo da UCN Açu. Ocorre que o lençol freático é muito alto nessa região, o que demandou uma complexa obra de engenharia na etapa de terraplenagem e fundações. Tanto que o empreendimento

possui rede de canais de drenagem recortando toda a área industrial. “Temos quase um ano de trabalho e somamos mais de quatro milhões de homens/hora com exposição ao risco, porém sem acidentes com afastamento”, agrega Dworschak. Um índice bastante significativo, uma vez que todas essas obras estão sendo realizadas em uma área sem tradição naval ou com grandes centros de formação de mão de obra técnica. O que levou a OSX a criar o Instituto Tecnológico Naval (ITN), que na primeira fase está qualificando profissionais para atuar na UCN e na OSX Serviços. Com investimentos de R$ 13 milhões, a previsão é de capacitar, até o ano que vem, 3.100 profissionais da região para atuar na UCN. O capital humano é um ativo essencial nesse empreendimento que vai ter capacidade de pro cessar 180 mil toneladas de aço por ano – expansíveis até 400 mil toneladas por ano – e de integrar 220 mil toneladas por ano. Hoje, esse canteiro de obras da OSX responde por nada menos que metade do total de colaborado res da empresa. E a carteira de encomendas da UCN Açu, que tem entre seus clientes OGX, Petrobras, Sapura, Kingfish; projeta um crescimento da ordem de dois mil trabalhadores por ano: o que pode significar dez mil trabalhadores até 2017, na unidade naval do Norte Fluminense. Mais ainda, enfatiza Dworschak: “a cada emprego gerado no âmbito da UCN são gerados outros três novos fora do Complexo do Açu, nas áreas de serviços, de apoio industrial, hotelaria e restaurantes, o que é bastante significativo para o desenvolvimento acelerado de toda a região do Norte Fluminense” TN Petróleo 86

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ucn do açu Projeções factíveis, levando-se em consideração o avanço das obras, devidamente documentado por câmaras espalhadas pela área, além de foto aéreas produzidas de tempos em tempos. Ivo Dworschak mostra, em fotos e em campo, aonde vai ficar o dique seco, com 480 m de comprimento, 130 m de largura e calado de 11 m de profundidade, com capacidade para dois FPSOs e um semissubmersível. A área, bem na curva do canal dragado, já está em obras. A empresa estuda até a viabilidade de se utilizar uma das dragas para escavar o dique, uma vez que o contrato com a Boskalis se estende até o início de 2013. Uma engenharia criativa e possível, que pode fazer a OSX ganhar tempo. “A frente de cais será de até 3.525 m (2.400 m na primeira fase), mas em janeiro já estaremos com 150 m de cais acostável, antes do dique seco”, revela o gerente executivo, salientando que a UCN poderá entrar em operação já no primeiro trimestre de 2013. “Já demos entrada com um pedido de licença de operação (LO) provisória, que permitirá a entrada gradual do estaleiro em atividade”, observa. Dessa forma, a UCN poderá dar a partida na construção de sua primeira encomenda, prevista para ser entregue até o final de 2014 (ano em que o estaleiro ficará pronto): um navio para lançamento e instalação de linhas submarinas flexíveis (PLSV, do inglês Pipe-Laying Support Vessel), encomendado pela Sapura. O contrato de US$ 263 milhões foi fechado este ano com essa empresa com sede na Malásia, que atua nos setores de engenharia, transporte offshore e serviços de instalação para a indústria de óleo e gás. “O cais, com 11 a 12 m de profundidade, estará apto a receber embarcações com descarga direta, sem ter de passar pelo Rio de Janeiro, representando ganho em logística e produtividade.”

Modernidade global “A UCN Açu é um estaleiro de quinta geração, que está sen32

TN Petróleo 86

Draga Boskalis operando no canal do construído e será operado com tecnologia da Hyundai Heavy Industries (HHI), líder mundial em construção naval. Somos hoje, o mais moderno empreendimento do qual eles participam”, assegura Ivo Dworschak Filho. Segundo ele, as diversas oficinas de produção (fabricação de blocos, estruturas, acessórios e tubulações) foram projetadas de modo a otimizar o fluxo produtivo de forma a possibilitar o deslocamento de parte de bloco ou módulo, por várias naves de oficinas, a para evitar estrangulamento na linha de produção. Essa infraestrutura é complementada com áreas de montagem de módulos, de pré-montagem e outra de montagem de jaquetas, além de edificações das facilidades industriais. Dentro dessa parceria, a OSX adquiriu equipamentos adicionais para a UCN Açu, como o sistema de pré-tratamento de chapas para prover proteção às superfícies das mesmas durante o processo de fabricação; prensas e calandras para construção de elementos tubulares e conformação de superfícies curvas; e uma linha de panelização para fabricação de componentes (painéis) que formarão os blocos de cascos de embarcações.

Ele lembra ainda que o dique seco da UCN Açu vai ter um dos maiores guindastes navais das Américas: o Goliath, com 125 m de altura (equivalente a um prédio acima de 40 andares), 186 m de distância entre os pilares (duas vezes o comprimento do campo de futebol do Maracanã), e capacidade para 1,6 mil tonelada (o que corresponde ao peso de 2 mil carros populares). “Além desse pórtico, teremos um guindaste de terra com capacidade de içamento de 5.000 toneladas, que tem condições de instalar um módulo de processo a contrabordo de um navio no cais (ou seja, do outro lado do navio acostado).” Dworschak afiança ser um equipamento único nas Américas, que permite operações em toda a área interna e externa, pois é móvel e pode ser deslocado por toda a área do estaleiro. “O que, além de otimizar o trabalho, nos dará um ganho de produtividade e eficiência muito maior, fundamentais para sermos competitivos no mercado internacional”, observa, agregando. “Nem nos melhores estaleiros da Coreia, China ou Cingapura temos um equipamento tão versátil nessa capacidade”. Principalmente em um cenário em que é cada vez mais acirrada a disputa por embarcações de maior valor agregado, que abrange tanto o processo, pro dução, montagem e integração de cascos, como a fabricação de módulos topside para unidades offshore: desde unidades de produção armazenamento e transferência de óleo e gás (FPSO), plataformas de produção fixas (WHPs) e flutuantes (TLWPs) a navios-sonda, navios-tanque e lançadores de linhas submarinas flexíveis (PLSV). Com toda essa tecnologia e modernidade, a UCN Açu deverá se consagrar como a joia da coroa do grupo comandado por Eike Batista no setor naval e offshore. O futuro dirá.


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Rio Grande do Sul

Fotos: Cortesia Governo do Estado do Rio Grande do Sul

capital da energia

Números do Rio Grande do Sul • 10,7 milhões de habitantes • 98% alfabetizados • Expectativa de vida: 75,5 anos • HDI (Índice de Desenvolvimento Humano): 0.832 • PIB (2011): R$ 273,9 bilhões • Renda per capita (2011): R$ 24.846 • Parque industrial: 3º lugar • Indústria de transformação: 2º

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Indústria gaúcha navega na ‘maré offshore’

Instalação do Estaleiro Rio Grande acabou por alavancar a formação de novos núcleos industriais no estado gaúcho, que quer aumentar sua participação no setor naval e offshore brasileiro e buscar novas oportunidades no mercado internacional. por Beatriz Cardoso e Karolyna Gomes

N

a onda da expansão e incremento do setor de petróleo e gás, que vem impulsionando vários segmentos da economia brasileira, a indústria gaúcha singra por ‘mares nunca d’antes navegados’, com metas de conquistar nos próximos anos uma posição de destaque nessa imensa cadeia produtiva. Depois de registrar um crescimento recorde do Produto Interno Bruto (PIB), que alcançou 5,7% em 2011, segundo balanço da Fundação de Economia e Estatística (FEE) – o dobro do índice do país, que foi de 2,7% –, somando R$ 273.879 bilhões, o Rio Grande do Sul descobre sua vocação naval e aposta em um novo avanço econômico, desta vez, movido a petróleo e gás. Com o quarto maior PIB – cerca de 7% da produção de riquezas do país – e o terceiro maior parque industrial do país, o Rio Grande do Sul quer reforçar ainda mais a posição de sua indústria no cenário nacional. Respondendo por um

terço do PIB gaúcho, a indústria do extremo sul olha para novos horizontes, em águas mais profundas. O estado que abriga um dos principais portos de exportação de grãos e importação de contêineres e fertilizantes do país, quer ver sair de seu território navios, principalmente petroleiros e plataformas de produção, armazenamento e transferência de petróleo do tipo FPSO (Floating Production Storage and Offloading), construídos em estaleiros gaúchos, com peças e equipamentos de fornecedores da região. A nova economia local, na qual se insere o setor de petróleo e gás, incluindo indústria naval e offshore, tem atraído brasileiros e estrangeiros: dos R$ 29,2

bilhões de investimentos privados previstos pela Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI) do Rio Grande do Sul, uma parte expressiva está sendo alocada na expansão do parque fabril e atração de novas empresas para o sul do país. “Estamos alavancando um conjunto de investimentos privados que estão dinamizando a economia gaúcha. Fizemos um esforço fiscal para atrair investimentos, inclusive reorganizando a máquina pública”, afirmou o go vernador Tarso Genro, na solenidade que marcou um ano desse verdadeiro balcão de grandes negócios. O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, presente ao evento, confirmou o sucesso da iniciativa. “A estratégia gaúcha é um espelho perfeito e fiel do Plano Brasil Maior.” TN Petróleo 86

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capital da energia

• Matérias-primas • Metal-mecânica • Eletroeletrônica • Equipamentos • Automação

PORTO ALEGRE

Localização dos principais clusters produtivos

• Canteiros offshore • Grandes equipamentos • Grandes estruturas

• Estaleiros

POLO DO JACUÍ • Charqueadas • Triunfo • São Jerônimo

POLO DE RIO GRANDE • Rio Grande • São José do Norte • Pelotas

ERG 1 ERG 2

EBR

Quip

Wilson Sons

Daquele total, R$ 24,4 bilhões estão sendo gerenciados pela Sala do Investidor – estrutura de atendimento físico e virtual do governo gaúcho para empresas dispostas a investir no estado, criada há um ano – e abrangem 220 projetos, em vários estágios de negociação, dos quais 179 são considerados ativos. Os outros R$ 4,8 bilhões são investimentos privados, anunciados por empresas que decidiram investir lá sem negociar diretamente com o governo gaúcho. Ainda que 63,2% dos projetos ativos estejam enquadrados no modelo econômico tradicional, 24,4% são da chamada Nova Economia, na qual se 36

TN Petróleo 86

insere a indústria oceânica e o polo naval do estado, que começaram a florescer nos últimos anos e vêm promovendo o adensamento da cadeia de fornecedores locais.

Vocação naval A retomada da indústria naval e offshore brasileira na última década acabou por se materializar no estado gaúcho, com a instalação do Estaleiro Rio Grande (ERG), no extremo sul do estado, graças à ampliação do canal do porto da cidade de Rio Grande, que atraiu novos investimentos e empresas para a região.

Ironicamente, a vocação offshore dos gaúchos começou a ser ‘descoberta’ nesse município localizado ao redor da Lagoa dos Patos, maior laguna do país e a segunda da América Latina (perde apenas para o lago de Maracaibo, na Venezuela). Com mais de 10 mil km2 e profundidade máxima de 7 m, ela é considerada uma das áreas de grande perigo para o navegador inexperiente, como comprovam as dezenas de destroços encontráveis sob as águas da plácida lagoa. Com uma infraestrutura de 430 mil m2 para construção e reparos de unidades marítimas destinadas à indústria do petróleo, tais como plataformas flutuantes de perfuração, produção e apoio, o ERG vai ficar sob o uso exclusivo da Petrobras até o final dessa década. Responsável pela finalização da plataforma P-55 e a construção de oito cascos para as plataformas replicantes do tipo FPSO, esse estaleiro, chamado pela petroleira de ‘fábrica de FPSOs’, é peça crucial na estratégia da empresa para o desenvolvimento do pré-sal. Mais do que isso, o ERG acabou por “lançar ao mar ” a indústria gaúcha. No bom sentido, pois alavancou toda a cadeia produtiva desse setor, impulsionando não somente a formação de um polo naval no Rio Grande como também de outros clusters industriais no estado. A 55 km de Porto Alegre está em implantação o Polo de Jacuí, que abrange os municípios de Charqueada, Triunfo e São Jerônimo, e vai abrigar novos canteiros offshore para montagem de grandes estruturas e equipamentos. Esse polo às margens do rio Jacuí já tem empresas de peso nele se instalando, como a Iesa, Metasa, Engecampo, Tomé e UTC, entre outros.

Sul Maior Ao mesmo tempo, empresas dos segmentos metalmecânico, eletroeletrônico equipamentos e automação vêm se configurando como um enorme polo industrial, provedor


indústria gaúcha avança na maré offshore

também de matérias-primas para essa cadeia produtiva, no noroeste e nordeste gaúcho. Com todo esse movimento de empresas e uma robusta carteira de encomendas na área naval e offshore, a indústria local está mostrando como a cadeia produtiva de óleo e gás vem mudando a economia do país. “Entendemos que não se trata, stricto sensu, de descentralização do ponto de vista geoeconômico. O que ocorre é um transbordamento da produção Sudeste-Sul, aproveitando-se das vantagens competitivas do estado do Rio Grande do Sul”, diz o coordenador da Área de Energia da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (Abdi), Jorge Boeira. Tendo como uma de suas principais missões dar suporte técnico à execução dos trabalhos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) para a consecução dos objetivos do Plano Brasil Maior (PBM), a Abdi tem mantido um profícuo e frequente diálogo

com o governo, por meio da já citada SDPI, e o setor privado. “Já realizamos diversos eventos em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), incluindo duas edições de road-shows para a divulgação do Catálogo Navipeças, uma rodada de negócios com empresas âncoras e empresas do catálogo”, afirma Boeira. Hoje, a Abdi, a Fiergs e a Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (Agdi), braço operacional da SDPI, estão trabalhando no mapeamento das competências em processos industriais para o setor de petróleo, gás e naval. Boeira esclarece que a descentralização da indústria não se realiza apenas pelo investimento isolado, seja em refinarias ou em estaleiros – e que trazem no bojo efei-

tos econômicos importantes como a geração de empregos e o efeito renda nos demais setores. “Torna-se ainda necessário o adensamento da cadeia de fornecedores industriais na região em que o investimento ocorre”, explica. A despeito das encomendas significativas recebidas pelos novos estaleiros e sites de montagem de módulos, principalmente nos polos do Rio Grande e Jacuí, ele salienta que as oportunidades não se resumem apenas à construção e montagem offshore, pois o estado tem uma base industrial metalmecânica, elétrica e eletrônica bastante forte. “Apesar da sua tradição na área de agricultura, o Rio Grande do Sul tem todas as condições de um aprendizado acelerado, em função das suas competências industriais, infraestrutura de formação técnica e superior e qualidade da sua mão-de-obra”, observa. Ele frisa que esse desenvolvimento recente na área naval e

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capital da energia

Carteira de encomendas da Petrobras - total US$ 9 bilhões Projeto Campo

Tipo

Fase

Local

Capacidade

P-55

Roncador Fase 3

Semissub

Deck box e integração parcial dos módulos

Polo Naval do Rio Grande

180 mil bpd 4 milhões m3/d

P-58

Baleia Azul

FPSO

Integração

Quip

180 mil bpd 6 milhões m3/d

P-63

Papa Terra

FPSO

Integração e conversão (parcial)

Quip

140 mil bpd 1 milhão m3/d

8 hulls

Tupi

FPSO

construção

Polo Naval do Rio Grande

150 mil bpd

3 rigs

Plataforma de perfuração

Projeto por inteiro

ERG 2

3.000 m

offshore também é fruto “da posição firme do governo estadual em definir prioridades e da articulação entre setores privado e público”, tanto em nível municipal quanto estadual. “Além disso, é preciso considerar os fatores de atratividade locacionais, tais como disponibilidade e qualidade da mão de obra, infraestrutura e logística adequadas”, complementa.

Articulação gaúcha Segundo Jorge Boeira, a criação da Agdi mostrou-se crucial para a implementação de uma série de ações que estão diversificando a indústria local, reforçando o foco nos segmentos naval e offshore, devido às numerosas oportunidades que o setor de óleo e gás vem proporcionando. E quem está à frente dessa tarefa conhece de sobra esse setor: o presidente da Agdi é o empresário 38

TN Petróleo 86

Marcus Coester, do grupo Coester, um dos mais tradicionais fornecedores gaúchos da Petrobras e de outras companhias da cadeia de óleo e gás. O empresário tem sido um dos principais defensores da inovação tecnológica e também econômica no estado. Coester tem como seu vice na Agdi, há um ano e meio, o carioca Aloísio Félix da Nóbrega, que tem em seu currículo 31 anos de Petrobras, dos quais cinco em funções gerenciais na diretoria financeira e 25 na área de E&P do Centro de Pesquisa (Cenpes), além de outros três na Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip). “Acreditamos que em quatro anos (2012 a 2016) o volume de encomendas

junto às empresas do estado supere os US$ 10 milhões”, contabiliza Aloísio Nóbrega. A maior parte, relacionada ao setor naval e offshore. “Temos todos os elos da cadeia produtiva aqui, além do diferencial logístico, que é a hidrovia”, agrega. Isso é um fato importante quando se leva em consideração que o polo do Rio Grande está a apenas 360 km de águas calmas do cluster de Jacuí, onde estão instalados diversos fornecedores. Com a expertise dos principais dirigentes, a Agdi tem marcado tentos importantes para a indústria gaúcha, promovendo e participando de eventos, comitivas e delegações no Brasil e no exterior, dos Estados Unidos à Noruega, passando por Alemanha, Inglaterra, França, Holanda, entre outros. Tudo para atrair e consolidar parcerias estratégicas que reforcem a posição do Rio Grande do Sul como fornecedor de bens e serviços para a cadeia produtiva de óleo e gás, naval e offshore. Em maio, a Agdi foi prospectar investimentos na Offshore Technology Conference (OTC), em Houston (EUA), além de divulgar a Indústria Oceânica Gaúcha. O projeto de desenvolvimento desse setor prevê a descentralização do Polo Naval de Rio Grande ao interior do Estado pela hidrovia de 300 km que liga regiões como a Serra, as Missões e o Centro do Estado a Rio Grande. A meta é reforçar a integração entre os polos metalmecânico e o naval. A estratégia deverá gerar oportunidades de novos negócios ao setor. Em agosto, uma missão de mais de 20 pessoas, representando empresas, universidades e organizações, como a Agdi e Fiergs, foram à Noruega para participar da Offshore Northern Seas (ONS), um dos principais eventos do setor na Europa. Em um tour por companhias locais, promovidos pela agência de fomento daquele país, a Innovation Norway, eles destacaram os atrativos do Rio Grande do Sul para as empresa que qui-


indústria gaúcha avança na maré offshore

serem se instalar ou estabelecer parcerias locais.

Parcerias estratégicas Os resultados de toda essa articulação, que mobiliza Agdi, Fiergs, a seccional gaúcha do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e as universidades têm sido altamente favoráveis não somente para a indústria gaúcha como para companhias de outros países, que buscam meios de reforçar a participação no aquecido mercado brasileiro – principalmente em decorrência do pré-sal. A CIM, componentes para a indústria metalúrgica, já firmou uma aliança estratégica com a irlandesa Suretank, grande fornecedora de tanques para as petroleiras que atuam no mar do Norte. Juntas, querem atender às demandas da Petrobras e demais empresas que estão apostando no offshore do país. Com o mesmo foco, a sulista Koch Metarlúgica, com quase 90 anos de atividades na área de máquinas de elevação e movimentação de carga, como pontes rolantes, talhas elétricas e equipamentos manuais, fechou parceria com a norueguesa Bergen Group Dreggen, para desenvolver e produzir guindastes offshore para a indústria brasileira de petróleo e gás, atendendo as exigências de conteúdo nacional. A fabricante de móveis SCA, que há quatro anos começou a atender o setor naval, já fez uma parceria internacional com a sul-coreana Staco, uma das maiores fornecedoras globais de materiais para interiores navais e offshore, de forma a disponibilizar no mercado nacional o que de mais moderno existe no segmento de Total Accommodation. “O acordo prevê troca de tecnologias para fabricação dos produtos certificados pela mesma no Brasil, de forma a atuarmos de forma conjunta em toda a América do Sul e Central”, afiança Sérgio Manfroi, diretor superintendente da SCA. Ele afirma que a experiência com a Staco está permitindo

à empresa ser mais competitiva, seja no aprimoramento de seus processos, seja no desenvolvimento dos produtos. “Hoje fornecemos para praticamente todos os estaleiros do Brasil. Especialmente nos navios de apoio, estamos presente em praticamente todos os projetos que foram executados nos últimos quatro anos neste país”, comemora o executivo. Ela lembra que a empresa também realizou um investimento de mais de R$ 15 milhões e está estabelecendo a SCA Steel, unidade do grupo que ampliará ainda mais o fornecimento de materiais e serviços para o mercado naval e offshore. “Estes investimentos possibilitaram a aquisição de máquinas de última geração que irão garantir produtos de altíssima qualidade a preços competitivos”, diz Manfroi. Hoje, o setor naval e offshore já responde por 5% do faturamento da empresa, com expectativas de elevação dessa participação nos próximos anos. “O mercado teve um crescimento importante nos últimos cinco anos, mas poderia ser ainda melhor. O custo Brasil é um fator extremamente negativo para nosso negócio que sofre fortemente com a concorrência externa”, observa. De acordo com o diretor da SCA, o vigor do mercado de construção de navios, em especial os de apoio a plataformas, chamados de PSV (Platform Supply Vessel), criou boas perspectivas futuras. “Pretendemos crescer em mais de 100% ao ano sobre as bases atuais. Com o incremento de novos produtos, e ainda grandes investimentos e ações que temos pela frente, vemos um grande potencial neste mercado”, afirma. “Estamos nos preparando para sermos a maior e melhor empresa em Total Accommodation da América Latina.”

FIERG - Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul Fundação: 1930 Associados: 41.800 empresas Trabalhadores: 650.000 Sindicatos: 109 Segunda mais importante associação empresarial do Brasil

Federação mais forte A arrancada gaúcha para o setor naval e offshore vem sendo liderada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), que tem buscado manter uma sintonia fina com o governo estadual, por meio principalmente da Agdi, assim como com os órgãos federais que podem dar suporte às empresas para irem cada vez mais longe. Essa articulação está resultando na expansão e diversificação do parque industrial gaúcho que atende à cadeia produtiva de óleo e gás, naval e offshore. E comprova não somente o sucesso da estratégia de governo como também o empenho efetivo das companhias do Rio Grande do Sul para se inserir nesse novo cenário. “O setor naval e offshore de óleo e gás hoje é tratado como prioritário pelo Governo do Estado que o incluiu na sua Política Industrial no campo de ‘novas economias’ para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul”, explica Oscar de Azevedo, coordenador do Comitê de Competitividade em Pe t r ó l e o , G á s , Naval e Offshore da Fiergs. O comitê foi criado em 2009, justamente para ajudar a consolidar esse setor no Rio Grande do Sul, onde as atividades do ramo de óleo e gás estavam, até então, concentradas em terra firme, nas atividades de refino e petroquímica, principalmente. Na criação do comitê, a Fiergs lançou a ousada TN Petróleo 86

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capital da energia meta de o Rio Grande do Sul ter no mercado de petróleo e gás, naval e offshore participação semelhante ao seu peso no PIB do Brasil (em torno de 7%). Uma meta que deve ser alcançada até o final da década. Ou até mesmo antes. “Do parafuso à válvula, do chip à automação de módulos em plataformas, o Rio Grande do Sul tem uma grande capacidade industrial que pode fazer a diferença nesse mercado”, afirmou Azevedo, que é diretor de Novos Negócios da Metasa, uma das empresas gaúchas que está instalando nova planta fabril no Polo Naval de Jacuí. E comprova isso ao elencar os principais segmentos da indústria gaúcha que hoje tem maior participação nessa cadeia produtiva: automação industrial, compressores de gás natural, atuadores elétricos e hidráulicos, engenharia e projetos, eletroeletrônico, módulos, mobiliário naval e offshore, válvulas, máquinas e equipamentos pesados, engenharia e construção, equipamentos termomecânicos, metalmecânicos e pneumáticos, amarras, equipamentos de completação, geradores, guindastes offshore, entre outros

Road show internacional Oscar de Azevedo confirma a estratégia de participação nas grandes feiras do setor no Brasil e no mundo, nas quais a Fiergs busca estabelecer acordos formais e informais com as principais associações industriais do setor, visando acelerar o processo de formação de parcerias entre empresas gaúchas e estrangeiras, detentoras de tecnologias avançadas na fabricação de equipamentos. “Também convocamos as principais universidades do estado a participar das missões internacionais, e estimulamos parcerias que tragam mais conhecimento para os futuros profissionais deste setor ”, frisa o executivo. Ele elenca alguns resultados. “Já temos parcerias formais com associações industriais deste setor no Reino Unido, na Coreia do Sul 40

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e também na Noruega, onde, em agosto, firmamos um memorando de entendimento importante, com o Núcleo de Excelência da Indústria Naval (NCE Maritime), em Alesund”, revela Azevedo, “um dos mais importantes clusters noruegueses no campo de tecnologias marítimas, que concentra cerca de 200 companhias do setor ”.

Carteira cheia Os números mostram a importância dessas ações. Um dos principais estudos sobre o mercado de petróleo e gás no país, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em finais de 2010, denominado “Poder de compra da Petrobras: Impactos econômicos nos seus fornecedores”, aponta o Rio Grande do Sul como um importante polo de fornecedores. “Já temos mais de 120 empresas fornecendo diretamente para a Petrobras, com Certificado de Registro e Classificação Cadastral (CRCC), além de diversas outras que atuam ao longo da cadeia produtiva, com os demais operadores e epecistas”, comemora Azevedo. “Em um universo de mais de 41 mil no Rio Grande do Sul, já mapeamos mais de 700 empresas, das quais uma parte deve se enquadrar no segundo, terceiro ou quarto elo da cadeia produtiva.” Somente a carteira de investimento da Petrobras em Rio Grande é da ordem de US$ 9 bilhões, para fabricação de FPSOs, plataformas semissubmersíveis e sondas de perfuração. A ampliação da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) soma mais R$ 1,6 bilhão. Em agosto deste ano, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, participou da constituição formal do Polo Naval de Jacuí, que se dedicará à fabricação de módulos para plataformas em construção em Rio Grande. “A primeira empresa a ganhar licitação, neste Polo foi a Iesa Óleo e Gás, com pedido na ordem de US$ 720 milhões para fabricar 24

módulos para as seis primeiras plataformas replicantes do tipo FPSO [unidade que produz, armazena e transfere óleo e gás]”, lembra Azevedo, citando outras que já estão ganhando cidadania gaúcha, como a UTC Engenharia e a Tomé Engenharia. Os contratos firmados pela Iesa com a Tupi BV e a Guará BV – empresas constituídas pela Petrobras, BG Group, Petrogal Brasil e Repsol Sinopec –, na modalidade EPC (Engenharia, Suprimento e Construção), preveem ainda a opção de fornecimento de oito módulos adicionais para os outros dois FPSOs replicantes, para os campos de Lula e Sapinhoá. Se essa opção for exercida nos próximos 18 meses, o valor total vai chegar a US$ 911 milhões, com duração de 54 meses. Hoje, no Rio Grande do Sul, a Iesa Óleo & Gás participa, em consórcio ou individualmente, da construção das plataformas P-55, P-62 e P-63, todas em diferentes fases de desenvolvimento e/ou construção no Polo Naval de Rio Grande.

‘Charqueando’ negócios Mais além de charquear a carne com maestria, para um saboroso churrasco, os gaúchos estão mostrando que têm tino para ‘cortar a chapa’ – como se diz no jargão naval quando se inicia a construção de navios. E estão fazendo isso em parceria com outras empresas brasileiras e parceiros d’além mar. Na montagem dos módulos de compressão de gás, que vão facilitar a exportação do produto até o continente, além de serem utilizados para a injeção de CO2 e gás natural nos poços produtores, para incremento da produção de petróleo, será utilizada uma série de equipamentos de pro cesso produzidos na fábrica da Iesa Projetos, Equipamentos e Montagens S/A, em Araraquara (SP), além de outros fornecedores, com índice de conteúdo local superior a 70%.


indústria gaúcha avança na maré offshore

Mas a montagem será realizada na nova unidade gaúcha da empresa, no município de Charqueadas, às margens do rio Jacuí, que receberá investimentos de R$ 100 milhões e deverá iniciar operações no primeiro trimestre de 2013, com a conclusão de um cais. A escolha do local se deve à facilidade de acesso – por rodovia, à unidade de Charqueadas, e por hidrovia, ao polo naval de Rio Grande e ao oceano Atlântico –, que viabilizará a logística de transporte de grandes módulos. Na mesma área, a gaúcha Metasa Offshore está instalando sua nova unidade, projetada especificamente para atender o segmento de óleo e gás. De acordo com o presidente do conselho de administração da companhia, Antônio Roso, a unidade vai fabricar e montar exclusivamente estru-

turas metálicas para plataformas offshore, com foco na construção de pancakes e superestruturas em treliças. “A ideia é colocar a nova unidade em operação ainda no primeiro semestre de 2013.” O executivo explica que a Metasa fornecerá a estrutura montada, pronta para receber os equipamentos e acessórios no canteiro do cliente. Com um investimento inicial de R$ 35 milhões, a empresa espera produzir 5.000 toneladas por ano na primeira fase, utilizando perfis, chapas, travamentos e miscelâneas já pintados, fornecidos pela matriz, em Marau, a 265 km de Porto Alegre, no norte do estado, para serem montados no novo canteiro. Em uma segunda fase, os investimentos podem chegar até R$ 120 milhões, quando a companhia pretende dobrar a produção, passan-

do a fazer parte da fabricação em Charqueadas. O que demandará um incremento em infraestrutura, tecnologia, automação e capacidade da nova unidade. Vizinha à Metasa, quem vai se instalar em Charqueadas é a carioca Tomé Engenharia, com previsão de investir R$ 110 milhões na construção de uma unidade fabril de módulos de plataformas. A prefeitura já assinou o contrato de cessão da posse do terreno para a empresa que, em contrapartida, deverá gerar algo em torno de 1.500 empregos diretos. A Metasa deverá ser uma das fornecedoras de estruturas metálicas da Tomé.

Fome de negócios Mais além das divisas dos polos e clusters industriais, empresas gaúchas de diferentes portes e segmentos estão mostrando ape-

Rio Grande inicia replicantes O início da edificação do primeiro dos oito cascos padronizados para plataformas do tipo FPSO (os chamados replicantes) pela Ecovix/Engevix Construções Oceânicas S/A, no final de outubro, no Estaleiro Rio Grande, marca o início de uma nova fase na onda naval que está ‘varrendo’ o estado gaúcho. Em uma operação que durou dez horas e 30 minutos e mobilizou mais de 40 pessoas da Ecovix, Petrobras e empresas prestadoras de serviços, foi posicionado no dique seco do ERS, no dia 29, o primeiro megabloco do casco da plataforma P-66, pesando cerca de 400 toneladas. A operação marcou o início do uso do dique seco do estaleiro para a construção dos oito replicantes que vão produzir óleo e gás no pré-sal da Bacia de Santos, nas áreas de descobertas dos blocos BM-S-9 e BM-S-11. “Fomos à Suécia e contratamos a GVA para fazer um projeto básico de casco próprio para FPSO, diversificando do que era feito até então, que consistia na conversão de cascos de navios petroleiros. Investimos em um design específico e inovador, que nos deu ganhos de faci-

lidade de produção”, destacou Gerson de Mello Almada, presidente da Ecovix. A previsão da empresa é concluir o primeiro casco em outubro de 2013, passando a entregar uma nova unidade a cada seis meses, até o final de 2016. A produção dos blocos foi iniciada em maio de 2011, nas oficinas do estaleiro: serão usados em cada casco 278 blocos, que serão agrupados para formar megablocos (os quais podem atingir mais de mil toneladas). Para agilizar esta megaencomenda, no valor total de US$ 3,5 bi e seis anos de prazo de execução, a empresa paulista vai utilizar o maior pórtico tipo Golias já construído no mundo, que terá 210 m de vão e 117 m de altura, com capacidade para içar 2.000 toneladas. Os componentes do pórtico, fornecidos pela finlandesa Konecranes, fabricados na matriz e na Coreia do Sul, foram entregues em agosto.

Tipo específico de guindaste usado para interligar grandes partes de cascos de navios, o equipamento tem uma viga única e um sistema de controle avançado – Crane Monitoring System (CMS) – que aumenta sua produtividade. “Com a instalação do pórtico, vamos fazer com que o Polo do Rio Grande esteja mais preparado e competitivo para atender aos desafios da construção naval, com alta tecnologia para os mercados nacional e internacional”, diz Almada. TN Petróleo 86

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capital da energia tite e qualificação para se inserir na cadeia produtiva de óleo e gás. Desde as mais tradicionais, como a Coester, que atua há mais de 15 anos nesse setor, às mais novas, como a Arbra, spin-off do Laboratório de Metalurgia Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), criada em 2007. “Somos a única empresa brasileira a fornecer atuadores elétricos para automação de válvulas industriais, com fabricação 100% nacional”, frisa Lairton Berger, gerente comercial da Coester, lembrando o principal diferencial da empresa gaúcha. O setor de óleo e gás responde hoje por cerca de 45% do faturamento da empresa. “Mas temos convicção de que o requisito de conteúdo local irá alavancar nossos resultados, pois obtivemos o nosso primeiro CCL (certificado de conteúdo local), confirmando que temos um percentual de 96% de produção nacional”, comemora o gerente da empresa sediada em São Leopoldo, que tem fornecedores em toda a região da serra gaúcha. O principal cliente na Petrobras ainda é a área de Abastecimento (atividade de refino), mas a Coester acredita que pode ampliar o portfólio de itens fornecidos para o segmento offshore. E tudo isso com esforço local. “Nosso desenvolvimento em P&D é nacional e competimos em igualdade tecnológica com qualquer fabricante de atuadores elétricos do mundo”, conclui Berger. Outra veterana, a Micromazza, que atua no setor desde a sua fundação há 19 anos – dez dos quais com CRCC Petrobras –, também tem boas expectativas, principalmente com a ampliação e inovação de seu portfólio. “Temos em fase de planejamento e desenvolvimento um projeto de válvula submarina, que quando estiver encaminhado, tornará muito mais fácil a aprovação de novas iniciativas para atender o segmento offshore”, acredita Walter Camara, gestor de Novos Negócios da empresa. 42

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Afora a parte a válvula submarina, que deverá estar concluída até 2014, a empresa fornece hoje uma linha completa de válvulas esfera e gaveta, atuadores, produtos da linha API 6A – onshore (equipamentos de superfície para produção terrestre de p e t r ó l e o ) . “O s setores de óleo e gás representam 60% do faturamento da empresa de forma direta e indireta”, destaca Camara, pontuando que hoje a Micromazza tem 100% de conteúdo nacional. Esses resultados tornaram-se possíveis graças a uma parceria estratégica com a empresa argentina Wenlen, com 50 anos de tradição. “Esta joint-venture agrega tecnologia e conhecimento para o portfólio de produtos e é fundamental no desenvolvimento de válvulas de 16” a 42” e na linha de produção terrestre, onshore.” Com a implantação acelerada de novos projetos, e o consequente aumento da demanda por válvulas, a expectativa da empresa é duplicar a receita atual.

Espaço para novos players O setor de óleo e gás tem hoje 95% de participação no faturamento da jovem Arbra, que realiza serviços de projetos mecânicos, cálculo estrutural, instrumentação e de reabilitação de dutos onshore e offshore (produto em fase de desenvolvimento/qualificação), além de disponibilizar equipamentos especiais para testes de dutos submarinos. O engenheiro Leandro Vanz de Andrade, sócio fundador da empresa, explica que a Arbra vem acompanhando o crescimento do mercado. “O ano de 2012 foi muito especial para a empresa, que aumentou seu faturamento em 200% em relação ao ano passado. E já fechamos contratos que garantem um au-

mento de 700% no faturamento de 2013”, afiança. A Technotag, que atua no mercado desde 2009, também tem boas expectativas. O setor de óleo e gás representa 60% do faturamento dessa fornecedora de soluções baseadas em tecnologia móvel e RFID (Identificação por Rádio Frequência) para gestão de materiais e almoxarifado, gestão de comissionamento, gestão de permissões de trabalho e controle de atividades de inspeções e testes, englobando hardware, software e serviços (consultoria, implantação, treinamento e operação assistida). “O mercado tem apresentado um crescimento gradual, a cada ano, em torno de 20%, impulsionado pelo aumento dos investimentos em novos empreendimentos. Por isso estamos projetando um crescimento de 100% nos próximos três anos”, calcula B e n - H u r Ro s a da Silva, diretor de Projetos e Aplicações da empresa, que faz parte da chamada Rede Petro RS. A empresa, estrategicamente localizada em Porto Alegre, com capacidade para atender a Refap, em Canoas, o Polo Naval de Rio Grande, bem como os fornecedores de peças, máquinas e equipamentos na Região de Caxias do Sul, já tem escritório no Rio de Janeiro para atender ao Sudeste. “Além do mercado gaúcho, na área de óleo e gás, naval e offshore, fornecemos para o Complexo de Suape, em Pernambuco”, diz o executivo. Ou seja, a indústria gaúcha pretende aumentar sua participação no setor mais aquecido da economia brasileira, de Sul ao Norte do país. E já demonstrou que fazer isso sem se valer de royalties ou participações especiais e sim por sua competência e capacidade industrial.


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capital da energia

Universidades

dão suporte à indústria

Parcerias são pontos chave para as universidades alavancarem a pesquisa e desenvolvimento, reforçando a integração regional e global de conhecimento e gerando mão de obra especializada para a indústria gaúcha na área naval e offshore.

D

etentora do primeiro Centro de Excelência em Pesquisa e Inovação em Petróleo, Recursos Minerais e Armazenamento de Carbono (Cepac), inaugurado em 2007, em parceria com a Petrobras, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) é um exemplo do sucesso dessa estratégia. Segundo o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Jorge Audy, e o coordenador do Cepac, João Marcelo Medina Ketzer, a parceria se baseia na estruturação de laboratórios de alto nível cientifico e tecnológico para atuação em pesquisas no setor de petróleo e gás, com destaque para a atuação nas áreas do pré-sal. Serão criados mais cinco laboratórios de ponta para dar suporte aos projetos de P&D em exploração e produção de petróleo. “Estes laboratórios e o conhecimento desenvolvido acaba por incentivar o crescimento de outras áreas de pesquisa. Além disso, tais projetos estão consolidando um grupo de pesquisa singular no país para o estudo de hidratos de gás, bastante estudados em diversos países no mundo, mas pouco conhecido no Brasil”, diz Ketzer. 44

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Biblioteca da UCS

O hidrato de gás é um recurso energético fóssil com capacidade para produzir mais energia gerando menos CO2, de acordo com uma pesquisa realizada pela geógrafa Claudia Xavier Machado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O composto é formado por moléculas de gás – o mais frequente é o metano – encapsuladas em uma estrutura de água congelada, sendo chamado de ‘gelo que queima’. Cerca de 90% da área total das plataformas continentais têm condi-

ções favoráveis para o desenvolvimento de zonas de hidratos de gás: em 1 m³ de hidrato podem estar armazenados até 164 m³ de gás. No ano passado, a PUC-RS e a Geodata Serviços Offshore iniciaram uma campanha para aquisição de dados geofísicos na Bacia de Pelotas, com o objetivo de identificar a presença do composto na região, a partir de 500 m de profundidade e a mais de 100 km da costa.

UCS foca no refino Com projetos voltados para a área de sustentabilidade, a Universidade de Caxias do Sul (UCS) mantém parceria com o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes/Petrobras) visando o tratamento de efluentes de refinarias de petróleo e geração de bio-hidrogênio e biometano – uti-


indústria gaúcha avança na maré offshore

lizando como substrato a glicerina e o vinhoto. Segundo a Coordenadoria de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico da UCS, a ideia é “tratar o efluente para possibilitar seu reuso e ajudar a tornar a atividade de refino sustentável sob o ponto de vista ambiental”. Subproduto do biodiesel, a glicerina corresponde a cerca de 10% da massa total resultante do processo de produção do biocombustível. As ações acadêmicas se fortalecem com parcerias ‘não oficiais’, como a que a instituição possui com a Micromazza, que possibilitou a criação de um curso de extensão em Engenharia de Petróleo, em Bento Gonçalves (RS). “As parcerias estão nos auxiliando a aumentar a estrutura laboratorial (de processos e analítica) e a criar bolsas de mestrado – o que possibilita a realização de pesquisas de alta qualidade e confiabilidade, bem como a formação de engenheiros e mestres com elevado conhecimento na área”, afirma a Universidade.

Vista aérea do campus da FURG

Laboratório da UCS

Furg reforça especialização Ciente do desenvolvimento regional e dos desafios que Rio Grande e municípios vizinhos estão enfrentando com a vinda de empreendimentos industriais, especialmente no setor do petróleo, gás e energia, a Fundação Universidade do Rio Grande (Furg) vem aumentando, desde 2005, a oferta de cursos de graduação nas diversas áreas de Engenharia. A universidade ampliou em 134% as vagas no processo seletivo para os cursos de engenharia, passando de 290 vagas em 2006 para 680 no ano passado. “Na pós-graduação também houve aumento significativo de cursos, sendo que em 2012 criamos o doutorado em Química Tecnológica e Ambiental, o mestrado em Engenharia de Computação e Mecânica, com foco em fabricação mecânica”, diz o vice-reitor Ernesto Casares Pinto, lembrando que em março desse ano foi realizada a I Feira do Polo Naval RS, que abordou os principais

Laboratório da UCS desafios tecnológicos da indústria naval e offshore. A Furg também oferece cursos de qualificação no âmbito do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) e atua em parceria com as redes temáticas do Cenpes e de Inovação para a Competitividade da Indústria Naval e Offshore (Ricino) e com os centros de excelência em Engenharia, Suprimento e Construção (CE-EPC) e Naval e Offshore (Ceeno). Um dos projetos mais ousados, que envolve o governo gaúcho e a prefeitura de Rio Grande para viabilizar a execução do projeto de implantação, é o Parque Científico e Tecnológico do Mar (Oceanotec), em implantação no campus da Universidade (com previsão de conclusão nos próximos dois anos). A iniciativa tem

Professores e alunos da UCS

também o apoio da iniciativa privada: Petrobras, Cordoaria São Leopoldo (CSL), Braskem, Lupatech e Euronet do Brasil, OGX, Chevron e Exxon dão suporte a mais este megaprojeto gaúcho que beneficiará a indústria nacional. TN Petróleo 86

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décima primeira rodada

Promessa de leilão dá novo alento ao mercado

Os principais players do setor de óleo e gás, nacionais e estrangeiros, assim como toda a cadeia produtiva, aguardam com muita expectativa a 11ª rodada de licitações de áreas para exploração da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), aprovada pelo governo em meados de setembro. Este leilão e, principalmente, a primeira rodada de áreas do pré-sal, deu novo alento ao mercado, que há quatro anos tem tido apenas os recursos de farm out e farm in (compra e venda direta, entre empresas que detêm concessão) para renovar ou ampliar a carteira.

S

ó vendo acontecer para crer! Este é o sentimento dos investidores e empresários do setor de óleo e gás que aguardavam a 11ª rodada de licitações, adiada mais de uma vez pelo governo – que, no último leilão, em 2008, retirou a melhor fatia de blocos ofertados em função das descobertas no pré-sal, fazendo um leilão terrestre. O ministro de Minas e Energia (MME), Edison Lobão, anunciou que a 11ª rodada será realizada em maio de 2013, assegurando ainda que o 1º leilão de blocos na região do pré-sal está previsto para novembro do mesmo ano. Muitos acreditam que o primeiro evento deverá ocorrer, sem dúvida, mas

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estão céticos quanto ao segundo, que licitará uma das mais cobiçadas áreas do planeta no setor de óleo e gás. Para a próxima rodada, a ANP havia anunciado anteriormente um total 174 blocos exploratórios, metade deles em terra e metade na margem equatorial: 87 em mar, 87 em terra, divididos em 17 setores em nove bacias sedimentares: Barreirinhas, Ceará, Parnaíba, Espírito Santo, Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Potiguar, Recôncavo e Sergipe-Alagoas. Depois do adiamento por quase quatro anos, é possível que haja mudanças. No entanto, segundo a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, alguns desses 174 blocos que tiveram

por Maria Fernanda Romero

autorização do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) poderão ficar de fora por problemas no licenciamento. “Em princípio, devem ser 170 blocos”, disse Magda, frisando que ainda não há um número definido. Ela agregou que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a ANP estão, no momento, avaliando os blocos, e alguns deles, localizados na Margem Equatorial, no litoral nordestino, poderão ser excluídos. Mas há uma questão maior, que poderá provocar atrasos nessa agenda. Chambriard informou que o Projeto de Lei que trata da distribuição dos royalties do petróleo tem que ser


Foto: TN Petróleo

votado logo, para que a 11ª rodada seja feita em maio: “Essa questão tem que ser resolvida até janeiro”, frisou. Ou seja, é necessário solucionar esse impasse em torno dos royalties, o qual mobiliza municípios e estados. Até mesmo porque está havendo uma expansão das fronteiras exploratórias, abrindo expectativas para centenas de municípios que sonham em ter uma pequena fatia dos recursos provenientes do ouro negro.

Áreas atrativas A ANP estima arrecadar no mínimo cerca de R$ 200 milhões com os bônus de assinatura a serem pagos pelas empresas pelos blocos a serem licitados – o que equivale à média de R$ 1,2 milhão por bloco. A 11ª rodada será a primeira a ser feita com o novo modelo de contrato de concessão a ser divulgado pela ANP, após a compilação das sugestões colhidas durante a audiência pública realizada no dia 20 de abril. De acordo com o diretor da ANP, Helder Queiroz, as áreas a serem ofertadas

na 11ª rodada deverão começar a ser apresentadas às petroleiras a partir de janeiro do próximo ano e deverão contemplar, principalmente, a margem equatorial do país e o Recôncavo Baiano. O diretor afirmou que a agência reguladora vai oferecer áreas com bastante atratividade para as empresas, o que deverá tornar o leilão bastante competitivo. “É o caso da margem equatorial, na qual foram feitas descobertas interessantes recentemente pela Petrobras na Bacia do Ceará, e que guarda analogia com a África, sobretudo mais ao Norte”, lembrando que também houve ocorrências similares nas Guianas. Queiroz afiança que a indústria tem grande interesse na área equatorial. “Você terá uma competição ferrenha.” Queiroz disse que a ANP realizará road shows e workshops para as principais empresas nacionais e estrangeiras do setor de petróleo para divulgar a rodada.

Atividades voltarão a crescer Essa é a aposta do presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), João Carlos De Luca, que denominou de ‘notícia extraordinária’ a liberação do governo para dois novos leilões. “É extremamente positivo o comprometimento do governo para a realização da 11ª rodada e do primeiro leilão para o pré-sal, em 2013”, disse. De acordo com o dirigente, que também é presidente da petroleira Barra Energia, o cenário da margem equatorial brasileira aponta para um potencial elevado de descobertas de petróleo no Nordeste e no Norte do Brasil. A área se deve à correlação da região com a costa oeste africana, onde estão sendo constatadas inúmeras descobertas relevantes, como já assinalado. “Sem rodadas, as companhias estão reduzindo o nível das ati-

vidades de exploração. Isso traz prejuízos para o setor petrolífero e para o Brasil”, afirmou De Luca, enfatizando que a rodada será muito competitiva, uma vez que investidores estão com ‘apetite’ por novas áreas para exploração no país. André Araújo, presidente da Shell no Brasil, afirmou que a empresa pretende entrar como operadora na disputa pelos blocos de petróleo, mas ainda está definindo as formas de sua participação na disputa. “Temos interesse em todos (os blocos em terra e mar). Está dentro da nossa estratégia o Nordeste e a Margem Equatorial”, disse Araújo. Ele ressaltou que a retomada dos leilões pela ANP vai garantir a manutenção e o crescimento da produção de petróleo e gás no Brasil nos próximos anos. “Mais importante que os leilões do ano que vem é a retomada de leilões regulares”, pontuou. Além de blocos offshore, a Shell tem expectativa sobre os blocos terrestres em que vê potencial de boas reservas de gás de xisto (shale gas) no país. Mas, preferiu não detalhar planos de exploração do gás não convencional. Em 2013, a empresa faz a primeira perfuração onde há potencial de presença de xisto. “Vamos depender dos leilões para ter uma ideia do potencial. Mas a Shell tem liderança nesse mercado e terá interesse em oportunidades”, afirmou Araújo.

Competitividade consolidada Antonio Muller, presidente do Centro de Excelência em EPC (CE-EPC) avalia que o anúncio da 11ª rodada representa para a cadeia epecista a necessidade de investir em novas e melhores tecnologias e processos de gestão que permitam fazer frente às demandas geradas pelas empresas contratantes, o que resulta no fortalecimento da mesma. Muller acredita que quando se fala em novas rodadas, devem-se considerar oportunidades de negócio e crescimento para toda a cadeia de petróleo e gás. “A indústria epecista tem mostrado sua competitividade e produtividade nos cenários que TN Petróleo 86

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décima primeira rodada

antecederam esta 11ª rodada”, destacou o dirigente. Ele lembra que das 74 empresas que atuam diretamente na exploração e produção de petróleo no país, em torno de 50% são empresas nacionais, todas elas atendidas de maneira eficiente pela nossa indústria de EPC. “Todo cenário de investimento produtivo, que leve implícito incrementos no crescimento orgânico do setor, será sempre bem-vindo, e como tal será sempre apoiado por nosso Centro de Excelência em EPC”, enfatiza o executivo. De acordo com o presidente do Centro de Tecnologia em Dutos (CTDUT), Raimar van den Bylaardt, a retomada dos leilões não impacta, no curto prazo, o setor de dutos, mas gera a perspectiva de implantação de novos dutos e consequentemente de expansão da malha dutoviária brasileira, sobretudo se considerar-

mos a oferta de blocos em novas fronteiras que vão precisar garantir o transporte da produção. “Além disso, existe a possibilidade de demanda de dutos para interligar os diferentes clusters de produção”, afirma.

Oportunidades de internacionalização De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Alberto Machado, a perspectiva de novos leilões no próximo ano representa um novo alento para a indústria nacional e, apesar de tardio, pode representar novas e excelentes oportunidades para o seu desenvolvimento em bases competitivas e sustentáveis. “Um dos fatores fundamentais para a sustentabilidade e internacionalização da indústria brasileira no setor de petróleo e gás é a diversificação de seus mercados e clientes. Com a abertura do setor de petróleo e gás no Brasil, além da Petrobras, existem mais de 70 empresas de capital nacional e estrangeiro atuando nas mais diferen-

tes etapas dos processos de E&P, que aguardam novas áreas para investir e gerar demandas importantes para nossa indústria”, ressalta Machado. O diretor executivo da Abimaq indica ainda que apesar de já vivermos há mais de 13 anos sem o monopólio, o mercado interno ainda é muito dependente de um único cliente, fato que tende a se agravar em decorrência do longo período sem a realização de leilões para concessão de blocos exploratórios. “Novos leilões certamente darão novo fôlego à indústria local, permitindo que ela possa ter massa crítica para atender às demandas de conteúdo local e, assim, atingir a tão desejada competitividade internacional”, finaliza.

Petroleira quer aumentar portfólio Já o vice-presidente de Relações Públicas e de Responsabilidade Social Corporativa da Statoil, Mauro Andrade, disse que a oferta de novas áreas exploratórias é de extrema importância para manter o nível de investimentos no país, aumentar o conhecimento das bacias brasileiras e promover novas

Catorze entidades de classe empresarial pedem retomada urgente de licitação de blocos de gás natural A despeito da aprovação de novos leilões, um fórum de 14 entidades empresariais vai entregar às autoridades um documento que pede a retomada urgente da licitação de blocos exploratórios de gás natural no Brasil. Segundo o relatório das associações, o MME e a ANP estavam adiando um processo que poderia gerar, no mínimo, R$ 196 milhões em bônus ao país! De acordo com o estudo, o arcabouço regulatório das áreas do pré-sal e a distribuição dos royalties entre estados, municípios e União são os elementos que continuam a emperrar a licitação. “A questão da regulação foi resolvida e uma nova rodada, no regime de concessão, poderia ocorrer independentemente da discussão referente aos royalties, desde que fosse mantida a atual sistemática de rateio”, informa Reginaldo Medeiros, presidente da Associação Brasileira dos 48

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Comercializadores de Energia (Abraceel) e coordenador do fórum. O documento reúne ao todo dez propostas para viabilizar o mercado de gás natural no Brasil e, dessa forma, assegurar competitividade para a indústria brasileira, já que a matriz se configura como um dos mais estratégicos insumos do mundo. O Fórum das Associações Empresariais Pró-Desenvolvimento do Mercado de Gás Natural, é composto pelas seguintes entidades: • Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) • Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape) • Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace) • Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget) • Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine)

• Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) • Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) • Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer) • Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento (Anfacer) • Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abvidro) • Associação Brasileira de Distribuição de Gás Natural Comprimido (ABGNC) • Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) • Associação Fluminense de Cogeração de Energia (Cogen Rio) • Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP)


descobertas que contribuirão com produção futura para o país. Mauro Andrade afirmou ainda que o período entre a fase de exploração e o primeiro óleo pode durar até dez anos, portanto, as rodadas atuais irão adicionar produção para além de 2020. “A Statoil não tem restrições em relação ao modelo de partilha de produção que será adotado para a região do pré-sal, visto que já operamos em outros países com o mesmo arranjo contratual. Iremos avaliar a atratividade do modelo tão logo as condições comerciais estejam disponíveis”, apontou. Mesmo focada no desenvolvimento das campanhas exploratórias na Bacia do Solimões e Namíbia, a petroleira brasileira HRT também já informou que analisa as oportunidades de diversificação do seu portfólio de ativos tanto no Brasil quanto no exterior.

Ilustração: ANP

C promessa de leilão dá novo alento ao mercado

Margem Equatorial será destaque Tida como uma das áreas mais promissoras da 11ª Rodada, com cinco das nove bacias, a Margem Equatorial é formada pelas bacias da foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar, todas elas de fronteira exploratória. Entretanto, essa região apresenta potencial petrolífero altamente promissor, caracterizado pelas descobertas comerciais e subcomerciais nas bacias do Ceará, Pará-Maranhão e Potiguar,

além dos numerosos indícios de petróleo registrados nos poços perfurados. Os óleos nelas identificados são leves e de excelente qualidade (de até 44° API), comprovando o potencial das mesmas. Ademais, as recentes descobertas na costa oeste africana, nas bacias de Gana e Costa do Marfim, análogas às bacias da margem equatorial brasileira, dão indicativo do potencial brasileiro.

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geologia

Pesquisador norueguês lança livro de geologia estrutural Obra tem um capítulo sobre tectônica do sal e conceitos básicos de petrologia metamórfica e estratigráfica O pesquisador Haakon Fossen, do Centro Integrado de Pesquisas do Petróleo da Noruega, veio ao Brasil em outubro para lançar um livro sobre geologia estrutural, tradução para o português de material publicado inicialmente pela Cambridge. A obra tem algumas particularidades, como um capítulo totalmente dedicado à tectônica do sal e conceitos básicos de petrologia metamórfica e estratigráfica apresentada em exemplos, além do conteúdo tradicional como deformações, por Maria Fernanda Romero sedimentações e reologia.

A

publicação já é adotada pela graduação na Noruega desde 2010, o que significa que os estudantes de graduação daquele país já adquirem contato com conceitos e exemplos próprios do campo petrolífero, segmento da economia tão importante na Noruega como é no Brasil. De acordo com Fossen, o livro Geologia estrutural, recobre desde as rochas duras e zonas de cisalhamento até as falhas em rochas sedimentares não metamórficas e os sedimentos não consolidados (como as formações de dunas, por exemplo). Segundo o pesquisador, os leitores também podem encontrar uma cobertura da geologia estrutural relacionada ao campo de petróleo com extensão muito maior do que nos livros anteriores. Um capítulo específico sobre a tectônica do sal contribui para o fato de se tentar abordar 50

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um amplo leque de definições e conceitos importantes. Fossen explica que a tectônica do sal é um tema quente hoje em dia, particularmente na comunidade de geociências do petróleo. De acordo com ele, as estruturas de sal são encontradas em muitas bacias ao redor do

mundo, mas talvez a região mais instigante seja a costa de Santos-Campos-Espírito Santo, no Brasil. Por isso alguns exemplos dessas áreas são apresentados no capítulo da tectônica do sal. “Em primeiro lugar, o sal é uma rocha muito interessante, que flui até mesmo em condições de superfície (ou próximas a ela). Isso torna os movimentos relacionados ao sal na crosta menos previsíveis, e faz das estruturas de sal mais diversas e complexas do que outras estruturas com as quais as companhias petrolíferas têm de lidar durante a exploração e extração de petróleo”, ressalta o pesquisador. O público-alvo do livro é formado, em primeiro lugar, por estudantes de graduação que estudam geologia estrutural ou que têm aulas dessa disciplina como parte dos programas curriculares de seus cursos. Pós-graduandos em Geologia também podem uti-


Modelo 1

Modelo 2

Foto: Cortesia Statoil

lizá-lo como introdução a áreas mais específicas. O livro pode ser proveitoso também para geólogos interessados em conhecer ou rememorar seus conhecimentos, sejam eles do campo da mineração, geocientistas ou profissionais da indústria do petróleo. Fossen diz que o livro tem algumas características únicas – uma delas é o intenso foco nas ilustrações, que com poucas exceções foram elaboradas por ele mesmo – e pelo fato de ser a primeira obra de geologia estrutural publicada totalmente em cores. “Em pleno século XXI, imagino que um livro de geociências para estudantes de graduação como esse deve ser feito em cores, tanto para beneficiar o leitor, quanto para justificar a beleza dos exemplos escolhidos. Outra qualidade já mencionada é a cobertura equilibrada tanto das rochas duras quanto das sedimentares, com destaque para a geologia estrutural relacionada ao petróleo”, comenta. A publicação conta ainda com diversos módulos de e-learning e figuras extras que se encontram disponibilizadas na internet, e parece já estar chamando a atenção dos estudantes e leitores em geral! No Brasil, o livro está nas principais livrarias e também pode ser adquirido pelo website da editora Oficina de Textos. Shoshana Signer, presidente da editora, comentou que a geologia estrutural é extremamente importante na prospecção

de petróleo e gás; na formação de minerais e sua prospecção; em grandes obras de engenharia, como barragens, túneis, entre outras; em estudos ambientais e de água subterrânea e assim por diante... e como há décadas não se publica um livro na área, eles resolveram preencher essa lacuna editorial. “Por outro lado, esta é uma disciplina em que os alunos ‘apanham’ muito, pois é relativamente complexa. Por isso, queríamos um livro bem didático e bem ilustrado. Avaliamos mais de dez títulos internacionais sobre o tema e o original do Fossen sobressaiu-se de tal maneira que não houve a menor sombra de dúvida na escolha”, afirma. Haakon Fossen ressalta que os conceitos básicos de petrologia metamórfica e estratigrafia apresentados em exemplos podem contribuir para o setor de

etal

ênix

óleo e gás no Brasil. Segundo ele, as camadas de rochas duras têm uma relevância indireta para esse setor, porque os embasamentos de rochas metamórficas e/ou ígneas são subjacentes às bacias sedimentares. As estruturas anteriores à formação das bacias têm interessantes e importantes consequências para a maneira como essas bacias se desenvolvem, e particularmente para a localização e a disposição das falhas nas deformações. “Os exemplos diretos da geologia do petróleo são certamente o que mais aproxima os leitores do setor de óleo e gás, pois eles mostram como a geologia estrutural se aplica a reservas de petróleo e às rochas relacionadas. No livro, incluo minha experiência como geocientista, obtida enquanto trabalhei para a Statoil e também durante as atividades que realizei no Mar do Norte. No mundo de Óleo & Gás, a geologia tem que confiar na observação indireta das rochas, por isso exemplos sísmicos e dados de registro são utilizados em alguns capítulos, para introduzir os estudantes às informações relevantes para os negócios do setor petrolífero”, pontua. O capítulo “Balanceamento e restauração” aponta casos da indústria do petróleo, para dar aos alunos exemplos e ideias que os jovens possam utilizar e expandir, se decidirem trabalhar em companhias de petróleo.

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geologia

Brasil e Noruega não são completamente diferentes, e a principal razão é que o leste do Brasil e o oeste da Noruega estão localizados no final de um continente. Ambos têm uma interessante história Pré-Cambriana, que pode ser encontrada nas rochas cratônicas; ambos contaram com uma fase em que se constituíram as montanhas durante a transição do Proterozoico para o Paleozoico (um pouco mais cedo para o Brasil, um pouco mais tarde para a Noruega); e os dois continentes se deformaram em fenda quando se separaram do supercontinente Pangea. No Brasil, isso resultou no Atlântico Sul e no desenvolvimento de uma margem passiva, e este paralelo na Noruega resultou no Atlântico Norte e em uma margem correspondente do centro ao norte do país. Há até mesmo o sal presente em parte da costa norueguesa, embora em menor grau e com um estilo um pouco diferente do que vemos na costa do Brasil. A formação geológica que originou as reservas de pré-sal no Brasil pode ser encontrada em outras costas. De acordo com Fossen, geologicamente falando, a plataforma continental ao largo da África ocidental é a vizinha mais próxima das camadas pré-sal da costa brasileira, já que esses dois continentes eram unidos no supercontinete Pangea antes de ele se dividir, no Mesozoico. “Assim, a África é para onde olharíamos em busca de camadas pré-sal que um dia estiveram em continuidade com aquelas encontradas no Brasil. Isso já está sendo feito, e equipes que trabalham nos dois lados do oceano colaboram entre si para desenvolver mais conhecimentos sobre esses aspectos. As placas tectônicas formam a base para esse entendimento, e as placas tectônicas andam de mãos dadas com a geologia estrutural”, afirma o pesquisador. Fossen aproveitou sua vinda ao Brasil para conhecer a formação geológica do campo de Peregrino, no Rio de Janeiro. Ele conta que reparou a 52

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Ilustração: Cortesia HRT

Formações geológicas semelhantes

possível presença no local de influência de falhas subsísmicas ou quase subsísmicas, o que significa falhas difíceis ou impossíveis de observar pelos gráficos sísmicos. Ele diz que durante a fase de produção de um campo, as informações de produção podem ser surpreendentes em alguns pontos e, se as estruturas sismicamente mapeadas (as falhas) não podem explicar esse comportamento, tendemos a observar (ou imaginar) as estruturas subsísmicas. “Isso é algo que Peregrino tem em comum com diversos outros campos, incluindo campos noruegueses; o campo Njord me vem à mente, mas há muitos outros”, complementa. Com experiência com estudantes de graduação na Noruega, Fossen disse que encontrou no Brasil uma audiência muito entusiasmada e otimista, além de esforçada (a julgar pelas conversas e pelas apresentações) de estudantes que estão de fato interessados nos seus campos de atuação científica. Segundo o pesquisador, a mineralogia, a geologia aplicada a minérios com importância econômica e a pesquisa da história estrutural/ metamórfica da crosta brasileira representam campos de grande interesse entre estes estudantes. “No entanto, a ausência quase total de atividades relacionadas à indústria de óleo e gás é impressionante e apresenta grande contraste com a situação que eu encontro na Noruega.”

“Tenho a impressão de que a indústria brasileira de petróleo poderia mudar esta situação abrindo seus dados para universidades e estudantes, de forma a estreitar as relações com os vários centros de excelência no estudo de geologia no país. Da mesma forma, as universidades deveriam estar abertas para mudanças ou acréscimos nos seus currículos tradicionais. A criação de bolsas de pesquisa bancadas pela indústria do petróleo, como podemos ver no Reino Unido ou na Noruega, é algo que poderia diminuir essa lacuna”, reforça. Para Fossen, hoje, é absolutamente necessário que as companhias abram suas informações para os estudos acadêmicos, de forma que os resultados ganhem publicidade. Ele acredita que este tipo de cooperação cria uma situação na qual todos ganham, e que países como a Noruega e o Brasil não podem desperdiçar. “Com a perspectiva de grande demanda de geocientistas para o setor de offshore no Brasil no curto prazo, essa escolha deveria ser clara. Vemos o tempo todo na Noruega as companhias de petróleo abrirem seus arquivos para os trabalhos de estudantes de mestrado e doutorado, com interesse em empregar estes profissionais anos depois. Em pouco tempo elas colhem o que plantaram e têm de volta um geocientista com as competências certas, ou pelo menos muito relevantes, para a companhia”, finaliza.


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eventos

mercado mais s贸brio por Karolyna Gomes, Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez Fotos: Andr茅 Resende, Rudy Trindade e TN Petr贸leo

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Cobertura Rio Oil & Gas 2012

A 16ª edição da Rio Oil & Gas, que marcou o 30º aniversário de criação do evento, foi marcada pela sobriedade do setor, que ganhou novo alento com o anúncio da retomada das novas rodadas de licitação de blocos exploratórios para o próximo ano. O posicionamento mais global da indústria brasileira se refletiu nos temas do encontro desse ano, quando, mais além do pré-sal, foram debatidas questões relacionadas à segurança operacional, novas fronteiras exploratórias onshore e offshore, a revitalização de campos maduros, os desafios do refino e do mercado de gás natural, entre outros. Mais técnica, e com um novo bloco temático, sobre gestão e cenários da indústria, a ROG cresceu fisicamente, ocupando quase todos os espaços dos cinco pavilhões do Riocentro, além de tendas na área externa. TN Petróleo 86

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eventos

S

em anúncios impactantes ou ações de marketing, e com uma parte técnica reforçada, a Rio Oil & Gas 2012 refletiu a nova fase da indústria brasileira de petróleo e gás, na qual os operadores e a cadeia de fornecedores de bens e serviços estão mais focados e centrados – depois do alvoroço que tomou conta do mercado após as descobertas do pré-sal e os volumes crescentes de investimentos da Petrobras. Tanto é assim, que a própria petroleira, centro das atenções de todos os eventos do setor nessa última década, teve uma presença mais discreta, com participações pontuais de alguns de seus principais executivos em painéis da conferência, enquanto a presidente da empresa, Maria das Graças Foster, compareceu apenas à cerimônia de encerramento. Na abertura da Rio Oil & Gas 2012, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Industria e Serviços, Julio Bueno, representando o governador Sérgio Cabral, cobrava do governo federal uma ‘agenda do petróleo’ e a realização da 11ª rodada de licitação de blocos para a exploração. Ele também criticou a imprevisibilidade na política de preços dos combustíveis brasileiros e a fragilidade de se impor uma política de conteúdo local sem a preocupação com a competitividade. O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins, que se apresentou no lugar do ministro Edson Lobão, chegou a anunciar que ainda não havia definição quanto às próximas rodadas

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para as empresas e atrair investimento público e privado para os novos leilões.

Anúncio oportuno

Rio Oil & Gas 2012 em números: Expositores: 1.300 Área: 39.500 m² Países: 27 Visitantes: 55 mil Trabalhos Técnicos: 586 Rodada de Negócios (âncoras): 30 Profissional do Futuro (estudantes): 2.300 de licitação, deixando o mercado frustrado. Diversas autoridades já haviam feito apelos para uma definição quanto aos leilões de áreas para exploração de óleo e gás. O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), João Carlos de Luca, frisou várias vezes a preocupação da indústria com a não realização da 11ª Rodada, sendo endossado pelo dirigente máximo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira. A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, evitou tratar do tema das rodadas, destacando que a agência tem investido em novos estudos geológicos e geofísicos para reduzir os riscos

Os ânimos se inverteram no segundo dia, quando o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em Brasília, anunciou a aprovação pelo Governo de dois leilões em 2013: a 11ª Rodada, em maio, e a Licitação, em outubro, de áreas do pré-sal. Julio Bueno aplaudiu a decisão, mas ponderou que a melhor saída para agilizar o processo e permitir o desenvolvimento de novas áreas exploratórias seria validar o ‘acordado’ pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva com os governadores dos estados produtores, ao final de seu mandato, em 2010, relativo aos royalties. Segundo Bueno, esse acordo prevê que mudanças na cobrança de royalties só aconteceriam a partir dos novos blocos licitados, não alterando os contratos em vigor. O Governo Federal informou que aguarda a votação do Congresso Nacional esperada para ainda este ano. Para o secretário, é imprescindível que as rodadas sejam retomadas para dar continuidade à curva de crescimento da produção de petróleo, iniciada com êxito com a abertura do mercado em 1997. “O Brasil tem nas mãos uma chance histórica de crescimento e é preciso não desperdiçá-la.” O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, anunciou o lançamento do programa Inova Petro, que visa capacitar fornecedores para a cadeia de petróleo e gás. A iniciativa representa financiamento no valor de R$ 3 bilhões, geridos pelo Banco Nacional de


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eventos

O momento é muito importante e a indústria está sim pronta para dar sua resposta” João Carlos de Luca, presidente do IBP

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e tem o apoio da Petrobras e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). À Petrobras caberá o suporte técnico, desde a seleção até o desenvolvimento dos produtos. “A implantação dessa política inédita reafirma o apoio à inovação do governo federal. É a mescla de buscar a redução de custos tecnológicos com uma política de conteúdo local forte”, explicou Raupp. Durante a abertura do evento foi entregue o Prêmio Leopoldo

Américo Miguez de Mello a um dos fundadores do IBP, o engenheiro químico William Zattar, que ingressou na indústria de petróleo e gás em 1950.

Edição histórica No encerramento, João Carlos de Luca considerou o evento como “histórico”, afirmando que a indústria de petróleo e gás “está pronta para dar a resposta” ao novo impulso dado ao setor com o anúncio da realização das próximas rodadas. “Ainda que a realização dependa do

Rodada de Negócios aumenta faturamento de empresas A Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) afirmou no último dia da Rio Oil & Gas que a Rodada de Negócios poderá gerar R$ 152 milhões nos próximos 12 meses. De acordo com a entidade, 32 empresas-âncora se reuniram com 238 companhias fornecedoras de produtos e serviços para o setor de óleo e gás. Ao todo foram 662 reuniões. Além disso, 84% das empresas participantes da rodada afirmaram acreditar que os negócios acordados serão concretizados. Segundo Bruno Musso, superintendente da Onip, após participarem 58

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dos encontros, o aumento de faturamento registrado pelas empresas chega a 25%. Ele adiantou ainda d u a s n ov i d a d e s que foram implementadas este ano e que serão repetidas nas próximas edições da Rio Oil & Gas. Ele afirmou que há mecanismos para saber se a expectativa de negócio das empresas participantes do encontro se concretizou.

equacionamento da questão dos royalties, o anúncio mostra o reconhecimento e o alinhamento do governo com as necessidades da área”, disse. De Luca fez o seu pronunciamento logo após a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster ter alertado os empresários de que não vai tolerar atrasos nas obras contratadas. “O momento é muito importante e a indústria está, sim, pronta para dar sua resposta”, frisou de Luca. Ele afirmou que a 16ª edição da Rio Oil & Gas foi “a melhor em 30 anos”, com a realização de quatro plenárias e 24 painéis e apresentação de 586 trabalhos técnicos de 25 países, sendo que a conferência contou com 4.250 congressistas. A feira teve 1.300 expositores de 27 países, enquanto o programa Profissional do Futuro, voltado para jovens estudantes, contou com o número recorde de 2.300 participantes. O executivo destacou, ainda, os números da Rodada de Negócios da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), que gerou R$ 152,8 milhões em negócios. O Encontro Joint Venture reuniu empresas estrangeiras e nacionais para a troca de tecnologia. Nessa primeira edição, foram 34 reuniões entre empresas brasileiras com 13 companhias estrangeiras do Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, Argentina, Itália e França. Já a Rodada Tecnológica teve como base aumentar o conteúdo local em projetos de barcos de apoio, FPSO, entre outros. A iniciativa é uma parceria com a Finep. Atualmente há 130 projetos em andamento, sendo que 35 deles foram avaliados na Rio Oil & Gas. “Já há produtos fabricados aqui, que serão usados nos replicantes”, afirmou Carlos Camerini, superintendente da Onip.


Cmercado mais sóbrio

Petrobras cobra pontualidade dos fornecedores Esse foi o mote da apresentação da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, no encerramento da Rio Oil & Gas. A executiva fez um alerta à indústria de fornecedores de que não aceitará atrasos em obras contratadas que comprometam a curva de produção da empresa. “A prioridade A, B, C e D da Petrobras é a curva de produção e tudo gira em torno dela”, afirmou, acrescentando que “não podemos admitir atrasos”.

F

oster deixou claro que os fornecedores serão trocados quando necessário, já que os prazos da empresa estão sendo monitorados e “tudo tem que funcionar como um relógio”. Ela avisou: “Temos compromisso com a indústria nacional que nos atende bem, mas com a que não nos atende bem, não temos compromisso. Não vamos tolerar atrasos e, se necessário, vamos encerrar contratos.” O objetivo da Petrobras com o cumprimento estrito dos prazos é alcançar o crescimento potencial de 15,8 bilhões de barris de petróleo equivalentes (boe) nos próximos anos, garantindo dobrar as reservas atuais da empresa, de 15,7 bi de boe. Para isso, serão realizados investimentos de US$ 236,5 bilhões entre 2012 e 2016, ou o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Do total de investimentos previstos pela Petrobras em quatro anos, US$ 131,6 bilhões estarão voltados para Exploração e Produção, com forte impacto na indústria naval e offshore. Para mostrar o acompanhamento em tempo real que os diretores da companhia estão fazendo das obras contratadas, Graça Foster mostrou diversas fotos de constru-

ção de plataformas. “Só é possível atingir a curva de produção se os estaleiros cumprirem as atividades contratadas conosco”, disse. Até 2020, a empresa vai garantir 38 unidades estacionárias de produção e 50 novas sondas de perfuração. No caso das sondas, segundo a executiva, “há desafios” com aquelas que serão contratadas no Brasil, com conteúdo local entre 55% e 65%. De acordo com Graça Foster, a questão do conteúdo local é considerada importante pela empresa, mas é vista com cautela. “Não avançamos além do que podemos,

trabalhamos de forma racional.” Segundo ela, é fundamental que o país possa contar com fornecedores com capacidade de atendimento. “O desafio é grande, inclusive no que diz respeito à mão de obra”, observou. Segundo ela, a Petrobras vai qualificar 106.929 profissionais entre 2012 e 2020.

Cascade Chinook O grande desafio da construção do FPSO BW Pioneer, utilizado em Cascade Chinook, em águas profundas no Golfo do México, foi a parte regulatóTN Petróleo 86

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eventos ria. O projeto serviu como case para as autoridades americanas elaborarem a legislação para FPSOs no Golfo do México. A afirmação foi dada pelo gerente de ativos da Petrobras America, Cesar Luiz Palagi, que participou de sessão especial sobre o projeto no último dia do evento. Hoje, a plataforma de Cascade-Chinook é a que opera em

águas mais profundas no mundo. Este foi o primeiro FPSO a produzir petróleo e gás no setor americano do Golfo do México. No último dia 6 de setembro, foi iniciada a produção do campo de Chinook,

Empresas perseguem a produtividade em EPC O tempo de deslocamento de uma equipe entre o refeitório e a área de trabalho, num canteiro de obras, pode ser determinante do aumento de prazo e de custos de um projeto de engenharia. Esse foi um dos fatores de redução de produtividade mencionados no seminário realizado no quarto e último dia da Rio Oil & Gas, pelo Centro de Excelência em EPC (Engenharia, Suprimentos e Construção). “Parece óbvio tudo o que falamos aqui, mas o fato é que, muitas vezes esses aspectos não são devidamente co n s i d e ra d o s e , em projetos grandiosos, como são os do setor de óleo de gás, trazem perdas consideráveis”, disse o diretor da Abemi (Associação Brasileira de Engenharia Industrial), José Octavio Alvarenga. O engenheiro comentou, por exemplo, a importância da conclusão do projeto básico antes da contratação, assim como da otimização de documentos para aprovação do cliente. “É comum surgirem modificações excessivas em leiautes e fluxogramas e o processo de aprovação tomar um tempo muito superior ao previsto.” Especificações técnicas muito severas também foram criticadas por Alvarenga: “Com a grande oferta de equipamentos e materiais que temos hoje no mercado, é reco60

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mendável maior flexibilidade nas especificações.” Para identificar e corrigir gargalos da produção, a Petrobras mantém uma Política de Gestão da Produtividade, apresentada no seminário pela gerente da Unidade de Engenharia de Custos da Área de Engenharia, Tecnologia e Materiais, Cármen Heloisa Côrtes Telles. Ela explicou que um técnico de produtividade acompanha as atividades críticas nos canteiros de obra e, num PDA (Personal Digital Assistance), registra os mínimos detalhes – tempo de paralisação de um funcionário e de mobilização para início e fim de tarefas, entre outros. Ao fim do dia, essas informações são reunidas e processadas, o que possibilita, por exemplo, a mensuração e análise dos recursos consumidos por hora de trabalho. “Identificadas as perdas de produtividade, partimos para a elaboração de novas regras e rotinas de trabalho”, assegurou. Junto às suas associadas e com forte apoio da Petrobras, a Abemi fez um mapeamento de atividades de construção e montagem e definiu 80 procedimentos recomendáveis. O Centro de Excelência, por sua vez, também vem realizando uma série de estudos detalhados sobre fatores que influenciam a produtividade em cada uma das

interligado ao FPSO BW Pioneer, localizado a cerca de 250 km da costa do estado da Luisiana no Golfo do México americano. Sua capacidade de produção é de 80 mil barris por dia. “A novidade do FPSO BW Pioneer em relação ao que operamos no Brasil é o sistema de ancoragem, que permite a desconexão”, disse. A decisão de criar um sistema áreas de EPC. Esses estudos foram apresentados pelos engenheiros do CE-EPC, João Mariano, Gilson Faissal, Octavio Pieranti, Danilo Gonçalves e Fabio Van den Byltardt. “Os estudos são resultado do encontro que promovemos com todos os nossos associados. O Centro congrega as grandes o p e ra d o ra s , o s especialistas (da cadeia produtiva) e universidades. Por reunir esse co n j u n t o é q u e conseguimos elab o ra r u m v a s t o mapeamento da produtividade em EPC”, comentou Carlos Aguiar, vice-presidente do CE-EPC e consultor do IBP. Junto à Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), o Centro está trabalhando no uso de simuladores virtuais para capacitação profissional, testes e pesquisas. A demanda do setor de petróleo e gás por equipamentos de automação e simulação foi tema de uma breve apresentação feita pelo diretor de Relações com o Mercado da Federação, Alexandre dos Reis. O presidente do CE-EPC, Antonio Muller destacou que o Centro também tem uma p a rc e r i a co m o CII (Construction Industry Institute), com quem realizará um workshop de Produtividade e Ação, em novembro. “Estamos perseguindo o estado da arte na engenharia de projetos”, concluiu.


Cmercado mais sóbrio desconectável foi tomada por causa dos furacões no Golfo do México. O casco do FPSO foi convertido na China e os módulos foram instalados em Cingapura. O escoamento de petróleo é realizado através de um navio shuttle tanker, chamado Overseas Cascade. Palagi afirmou que as informações que a Petrobras tinha do reservatório eram limitadas, então resolveram fazer o projeto em fases. Atualmente, existe um poço produzindo em Cascade e um poço em Chinook. “A região é extremamente complexa; temos desafios como

as condições atmosféricas e o escoamento de petróleo e gás para as refinarias na costa. E há bastante óleo in place, mas o fator de recuperação é baixo se comparado à Bacia de Campos”, comentou. O gerente contou ainda que a tripulação do FPSO, que é americana, por exigências governamentais, foi treinada no Brasil. Ele assegura que a estatal procurou incorporar as lições aprendidas no Brasil. “A mensagem forte é a capacidade que a Petrobras teve de formar uma equipe como esta fora do Brasil”, reforçou. Para

Palagi, as principais contribuições do projeto ao Brasil são a parte dos poços, pois as perfurações são ultraprofundas – ainda mais que o pré-sal –, o desacoplamento dos equipamentos submarinos das plataformas e o sucesso das operações simultâneas.

Profissional do Futuro

As perspectivas do mercado de trabalho e a importância de aprimoramento constante foi um dos assuntos mais recorrentes do espaço Profissional do Futuro. E teve recorde este ano, recebendo 2.300 estudantes, de diferentes centros técnicos e universidades, que tiveram a oportunidade de debater perspectivas do setor. A plateia formada, majoritariamente, por estudantes de engenharia, foi orientada por diversos palestrantes a manter o foco no conteúdo tecnológico nacional e também investir em mudanças de cultura, para que eventos como a Rio Oil & Gas sejam bem aproveitados. Um representante do Cenpes apresentou dados do crescimento da Petrobras e explicou como o centro funciona. Em 2010, o espaço recebeu 1.750 estudantes.

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eventos

Gás não convencional:

o grande potencial brasileiro

De acordo com um estudo da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o volume de gás não convencional (ou shale gas) no Brasil, em três bacias sedimentares terrestres (Parnaíba, Parecis e Recôncavo), pode chegar a 208 trilhões de pés cúbicos (TCFs). Se confirmado, o número supera em mais de dez vezes as reservas provadas da Bolívia, conforme estimativas do mercado.

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pesar do cenário otimista abordado durante um painel no evento, segundo a própria ANP, o levantamento envolve incertezas. Para se atingir o volume calculado, é preciso que se verifiquem as mesmas condições da área pioneira de Barnett, nos Estados Unidos. A grande vantagem desse tipo de gás é sua possibilidade de produção no interior do país, que hoje não recebe o gás convencional, quase todo oriundo das plataformas offshore. Entretanto, Olavo Colela Junior, conselheiro da ANP, informou que até agora há pouco investimento nesta técnica de exploração no Brasil, mas as empresas já se debruçam sobre o tema e a agência estuda uma regulação para o setor. Há indícios ainda de reservas não convencionais nas bacias do Amazonas, Paraná e São Francisco. Bob Fryklund, vice-presidente de pesquisa de energia da IHS Cera, comentou ainda que faltam regras de investimento que englobem mais os reservatórios não convencionais no Brasil. A falta de uma infraestrutura eficaz no país também foi levantada pelo executivo como um entrave. De acordo com Fryklund, as lições aprendidas na Amé-

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rica do Norte, como o uso de fraturamento hidráulico nesses reservatórios, deve ser aplicado no Brasil. Dentre outras vantagens, ele enfatizou a rápida taxa de retorno que esta tecnologia proporciona. O executivo comentou ainda sobre o potencial do petróleo tight (extraído de formações rochosas densas), que deve aumentar dramaticamente ao longo da década. Segundo ele, até 2020, o hemisfério ocidental pode estar importando muito pouco petróleo do hemisfério oriental.

Marco regulatório Um levantamento recente da KPMG indica que o Brasil pode se tornar o segundo maior produtor de shale gas (gás de xisto) no mundo, energia considerada estratégica para a matriz mundial no futuro. De acordo com o estudo, o país é hoje o décimo entre os detentores de reservas de shale gas, com reservas estimadas de 226 bilhões de m³. “Temos de criar para este setor um novo marco regulatório, já que os atuais contratos de concessão não funcionam para o gás não convencional. É preciso definir parâmetros para estrutura do período exploratório, comprovação de reservas, declaração

de comercialidade, plano de desenvolvimento, tributação, entre outros – afirmou Marcos Tavares, presidente da Gas Energy, empresa de consultoria do setor de gás natural, que participou da Rio Oil & Gas 2012. A diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, disse já se reuniu com autoridades regulatórias nos Estados Unidos para detalhar as leis locais. “Queremos ver como funciona a regulação deles”, disse a executiva. A Petrobras criou uma equipe liderada pelo geólogo Mário Carminatti, da Diretoria de Exploração e Produção, para estudar o assunto, discretamente, como forma de evitar uma elevação de preços. Não basta perfurar um número crescente de poços para garantir a produção de gás não convencional – é preciso usar um método científico, que combine conhecimentos diversos, para identificar áreas de maior potencial e, assim, otimizar investimentos. Essa foi a orientação consensual de três representantes dos maiores players do setor,


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palestrantes em outro painel do evento, que abordou as questões tecnológicas, regulatórias, de infraestrutura e de investimento no gás não convencional na América Latina.

Modelo mais eficiente O presidente da Schlumberger Brasil, José Firmo, foi o primeiro a enfatizar que é preciso que se abandone o brute force (fratura sequencial das rochas) e seja adotado um modelo mais eficiente, baseado em pesquisas prévias. “Há que se estudar onde será melhor perfurar os poços, onde os desafios geomecânicos serão menores”, disse, referindo-se principalmente às características de porosidade das rochas e heterogeneidade dos reservatórios. Segundo o executivo, um dos grandes avanços da indústria americana no setor foi o desenvolvimento da tecnologia de fraturamento HiWAY, utilizada com êxito também em sete de uma sequência de 15 poços perfurados recentemente na Argentina. “A troca de experiências para difusão tecnológica é um ponto chave para o desenvolvimento do setor”, defendeu. Hoje os Estados Unidos possuem 20% das reservas de shale gas e 80% da capacidade instalada de produção no mundo. O gás de xisto corresponde a 60% do gás produzido nos EUA. A América Latina, por sua vez, reúne três dos países com maiores potenciais em reservatórios – Argentina, México e Brasil. “Existe o recurso e estão previstos investimentos de 3,2 bilhões de dólares no setor. Mas a eficiência operacional vai de-

pender de uma indústria ativa e colaborativa”, ressaltou Firmo. Concordando com a importância dos estudos prévios, Paul Guthrie, gerente de Risco Econômico, Global e Estratégia Comercial da Halliburton, chamou a atenção para os custos e a viabilidade econômica das operações no setor de gás não convencional. “Muito está sendo dito aqui na Rio Oil sobre o potencial do não convencional para mudar a matriz energética. Eu não quero dar um banho de água fria, mas tenho que destacar que o desenvolvimento desse setor é custoso.” Para Guthrie, o investimento inicial – sobretudo quando se busca precisão na avaliação da capacidade dos reservatórios – é muito alto. “É preciso investir no estágio piloto, investir corretamente para encontrar

o máximo de valor. Mas continuar perfurando pode ser uma alternativa para não deixar cair a produção.” Ele também destacou a importância de uma regulamentação que permita ao investidor mudar a direção de suas perfurações. “É preciso agilidade, para que a empresa possa decidir perfurar poços em outras regiões, se for o caso. O ritmo de perfuração é muito importante. Foi o que garantiu o sucesso das empresas americanas.” Por fim, Renato Darros de Matos, diretor de E&P da Imetame Energia, comentou sobre a experiência de exploração da bacia de São Francisco, no Brasil, e os desafios enfrentados para identificar potencial e reduzir impactos ambientais. Uma de suas recomendações foi a separação entre bacias onshore e offshore, e convencionais e não convencionais num novo marco regulatório.

Bacias terrestres também são atrativas O futuro das bacias terrestres brasileiras foi alvo de debate no painel ‘Fronteiras exploratórias terrestres brasileiras’. Álvaro Teixeira, secretário-executivo do IBP e Eliane Petersohn, superintendente de definição de blocos da ANP, falaram sobre os investimentos em estudos geológicos que vêm sendo feitos pela agência nos últimos anos nas bacias sedimentares terrestres, principalmente na região Norte do Brasil. Outro painel que teve a produção terrestre como destaque

foi o que discutiu a revitalização dos campos maduros onshore, atividade muito importante para a manutenção dos níveis de produção de petróleo. O superintendente de Jazidas da colombiana Ecopetrol, Jaime Orlando Castañeda, afirmou que a revitalização de campos maduros em todo o mundo pode resultar em um acréscimo de 25 milhões de barris de petróleo por dia em até 30 anos, quantidade equivalente ao volume estimado gerado por novas descobertas. Segundo ele, a empresa conseguiu alcançar um fator de recuperação de 18% nos últimos seis anos e uma produção diária de quase 800 mil barris. TN Petróleo 86

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eventos

Etanol e redução das emissões na ordem do dia Os rumos do etanol na matriz de combustíveis brasileira foi um dos temas iniciais a ser debatido no primeiro dia da conferência, no painel ‘Desafios do mercado de combustíveis para o Ciclo Otto no Brasil’. Um dos maiores produtores e exportadores de cana-deaçúcar e do próprio etanol, o país enfrenta dificuldades para ajustar a produção e a demanda do álcool em relação à gasolina, mesmo com o crescimento do mercado de automóveis e a produção de carros flex.

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secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, ressaltou as contradições que marcam o setor automotivo nacional: “A realidade brasileira hoje é ter um veículo que dá flexibilidade enorme ao consumidor e uma dor de cabeça semelhante a quem está envolvido no abastecimento.” Ele reiterou que o governo federal está estudando reduzir o PIS/Cofins que incide sobre o etanol como forma de tentar fazer com que o produto melhore sua competitividade em relação à gasolina. O presidente da Dastargo, Plínio Nastari, falou sobre as perspectivas do setor sucroalcooleiro brasileiro e mundial, apresentando números que mostram o potencial da produção brasileira e os problemas que a indústria enfrenta nos últimos anos. “O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo e o segundo maior produtor de etanol. E ocupa essa posição dedicando apenas um terço de sua produção às exportações. Internamente, o país chegou a um nível de substituição no Ciclo Otto de até 44% em 2010”, afirmou. Nastari alertou para a queda crescente da participação de mercado do etanol. O próprio percentual no ciclo Otto desceu para pouco mais de 31% até o meio deste ano. As razões envolvem, entre outras, a alta de custos pela adaptação do setor a padrões sustentáveis e a diminuição

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da produtividade agrícola pelo desgaste de canaviais e maiores custos de mão de obra. Nastari acredita, porém, que há medidas capazes de reduzir os prejuízos. “Há a necessidade de se planejar o abastecimento com antecedência. E mais: o retorno dos teores de mistura do etanol para 20% ou 25% já diminuiria em muito a necessidade de importação de gasolina e aqueceria o mercado. E a cana-de-açúcar é não só a biomassa mais produtiva, mas também a mais sustentável se comparada com o milho, beterraba ou outras culturas utilizadas nos outros países.”

Isonomia O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antônio de Pádua Rodrigues, cobrou tratamento igual para as indústrias do álcool e do petróleo e também reforçou a necessidade de planejamento para o setor. “Se há uma política para repor as perdas do produtor de gasolina, que haja política semelhante com o etanol. O produtor não vai investir sem planejamento no longo prazo. É preciso investir em pesquisa para que haja ganhos de produtividade e redução de custos”, disse Rodrigues. Já o gerente geral de Planejamento do Abastecimento da Petrobras, Arlindo Moreira Filho,

defendeu a necessidade de encontrar um mercado mais amplo para o etanol, mas também relativizou as dificuldades do setor. “Fica claro que há um aumento recente dos custos que dificulta a expansão do setor. Mas há também uma assimetria tributária que favorece o etanol em relação à gasolina. Existe um espaço enorme no Brasil para o aumento da eficiência da frota, inclusive com o consumo mais racional de energia”, afirmou Moreira Filho.

Redução das emissões O aumento da demanda por energia e das emissões de CO2 é uma preocupação atual das empresas de petróleo, demonstrada na primeira plenária da Rio Oil & Gas 2012. A indústria indica que pelo menos 65% da demanda de energia até 2050 será de combustíveis fósseis. Por isso, petroleiras como Petrobras, Shell e Repsol Sinopec Brasil estão investindo no desenvolvimento de energias alternativas, gás não convencional e novas tecnologias. Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Almir Barbassa, hoje a energia contribui em 50% como fonte primária de vida da população do planeta. O executivo alertou, entretanto, que a capacidade de geração está muito próxima da


demanda total e que qualquer crise pode afetar diretamente a área de energia e o valor do petróleo. Na última década, o preço do barril de petróleo girava em torno de US$ 15 e US$ 20 e, nos últimos anos, ultrapassou a barreira dos US$ 100. “Por isso, o investimento em petróleo tem crescido. O mundo investiu US$ 556 bilhões no ano passado em petróleo. Neste ano, deve superar US$ 600 bilhões. Essa é a resposta do setor para atender à demanda crescente”, afirmou Barbassa. José María Moreno, CEO da Repsol Sinopec Brasil, lembrou que, apesar dos US$ 296 bilhões previstos pela AIE para acesso a energia, em 2030, 2,7 bilhões de pessoas não terão combustíveis modernos. Moreno disse que 23% da energia são consumidos por 5% da população e que a previsão é de aumento de 43% das emissões de CO2. “As empresas de petróleo devem corresponder às demandas da sociedade e fornecer energia que o mundo necessita para avançar. Há necessidade imperativa de melhorar o perfil de sustentabilidade da energia fornecida à sociedade”, avaliou Moreno. Para a Petrobras, a solução encontrada para a redução da produção dos atuais campos de petróleo e gás natural foi investir em alternativas energéticas, desenvolvimento de novos processos e serviços e conhecimento. Já a Shell investiu na produção de gás natural, GNL e biocombustíveis.

Mobilidade urbana Segundo André Araújo, CEO da Shell Brasil, pela primeira vez

Foto: Stock.xcng

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na história da companhia a petroleira vai produzir mais gás natural do que petróleo. Na área de biocombustíveis, um dos grandes investimentos foi a criação da Raízen e, no mundo, a empresa também investiu em tecnologias de captura e armazenamento de carbono. O uso de carros híbridos (com motor de combustão e elétrico) e elétricos é uma tendência que ganha espaço na indústria automobilística mundial. A tecnologia desses veículos, que possuem motor elétrico e emitem menos CO2, já foi bem aceita pelo mercado de países desenvolvidos. “O desafio é maior nos países em desenvolvimento graças à grande mobilidade urbana. No Brasil, ainda não temos metas de eficiência energética”, afirma o consultor sênior do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), Tadeu Cordeiro

de Melo, que participou do painel ‘Combustíveis renováveis e mobilidade urbana’. No Brasil, no entanto, já há diversos projetos de mobilidade sustentável para os centros urbanos. Mesmo sem previsão de comercialização, a Itaipu Binacional desenvolve o primeiro ônibus com motor híbrido plug-in (cuja bateria pode ser recarregada por meio de uma tomada), movido a etanol. A Itaipu também desenvolve, em parceria com Iveco, um caminhão elétrico. A pesquisa por formas de transporte mais eficientes também chegou à aviação. Jefferson Roberto Gomes, pesquisador do Cenpes, apresentou pesquisa de desenvolvimento da tecnologia H-Bio, para produção de biodiesel a partir do processamento de óleo vegetal em refinarias. “Além de renovável, o biocombustível tem alta qualidade. E não demanda alto investimento, pois podemos utilizar a mesma estrutura instalada para produção do biodiesel comum”, diz.

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eventos

Pavilhões internacionais refletem interesse no Brasil O Brasil se tornou, em poucos anos, um ator energético mundial de primeiro plano, apresentando significativas perspectivas de crescimento para as próximas décadas. Um dos mais importantes mercados atuais de petróleo do mundo, não poderia deixar de chamar a atenção dos especialistas e das empresas internacionais.

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iante disso, ainda mais internacional, a Rio Oil & Gas 2012 contou com 16 pavilhões estrangeiros, estando presente Alemanha, Bélgica, Canadá, China, Dinamarca, Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Noruega, Reino Unido e Áustria e Finlândia, como estreantes nesta edição. A maior missão comercial francesa já organizada no setor de energia no Brasil se reuniu no Pavilhão da França, em busca de parcerias comerciais e industriais estratégicas que possam fortalecer os laços já existentes. A Ubifrance Brasil (Agência francesa para a internacionalização das empresas, com papel semelhante ao da Apex no Brasil) juntamente com a DGCIS (Direção Geral para a Indústria, a Competitividade e Serviços) trouxe uma delegação de 50 empresas francesas e três polos de competitividade. Batendo o seu recorde de empresas participantes da Rio Oil & Gas, o Pavilhão do Canadá reuniu 43 expositores. Participando pela primeira vez da feira, a Timberland que trabalha com engenharia, gerenciamento de projetos e equipamentos espe66

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cializados para FPSOs e outras operações offshore da indústria do petróleo e gás, apresentou alguns de seus equipamentos para o setor. De acordo com o CEO da empresa, Mark Gabourie, a plataforma P-52, da Petrobras, é apenas um dos mais de 30 grandes projetos offshore em que a companhia tem participado nos últimos anos. Segundo ele, essa edição de estreia da companhia foi bastante positiva. Também com mais de 40 empresas, o Pavilhão dos Estados Unidos, aumentou mais de 40% desde 2010 e agora ocupou 750 m2. Thomas Shannon, embaixador dos EUA no Brasil, ressaltou que, com as recentes descobertas e a maior exploração de petróleo a médio prazo, o setor oferece “oportunidades excelentes”. Ainda segundo Shannon, “essas oportunidades, juntamente com as perspectivas econômicas e relações amigáveis entre os países, fazem do Brasil um parceiro ideal para as empresas americanas que buscam parcerias a longo prazo”. Já a Noruega inaugurou seu pavilhão com a presença do vice-ministro norueguês de Petróleo e Energia, Per Rune Henriksen, que reiterou o interesse do governo e da indústria

de óleo e gás daquele país em reforçar os laços comerciais e tecnológicos com o Brasil. Com bom humor, Henriksen observou que, para além da fama como grande produtor de bacalhau, a Noruega também é reconhecida internacionalmente por sua capacidade de inovação e expertise na exploração offshore de óleo e gás. “Temos, portanto, muito a contribuir com as empresas e centros tecnológicos brasileiros para vencer os desafios de novas fronteiras, como o pré-sal.” Organizado pela agência de promoção do governo norueguês, Innovation Norway, o Pavilhão da Noruega reuniu ao todo 35 companhias, entre as quais a Statoil, a estatal do petróleo daquele país, que já se tornou a segunda maior produtora do Brasil. Também participaram as delegações de duas cidades consideradas polos da indústria naval e offshore na Noruega: Stavanger e Bergen. A agência, em parceria com a Câmara de Comércio Noruega-Brasil, NBCC, promoveu eventos paralelos, como o seminário ‘Brazil and Norway: Opportunities and cooperation financing the Oil & Gas


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and Shipping Sectors’. O evento teve o apoio da Embaixada Norueguesa no Brasil, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do banco norueguês DNB e da Intsok, órgão governamental de suporte a internacionalização da indústria, que reúne mais de 220 empresas. No dia 21 de setembro, a Innovation Norway e a companhia de petróleo e gás BG Brasil assinaram memorando de entendimento para colaboração em tecnologias relacionadas aos desafios da perfuração em águas profundas e a produção submarina, operações integradas e tecnologia de monitoramento ambiental. Um dos principais pavilhões, o Reino Unido, contou esse ano com 33 empresas, e a Aggreko apresentou alguns de seus principais serviços no setor de óleo e gás, em especial no Brasil. Participando desde a edição de 2004 da Rio Oil & Gas, a empresa é pioneira no aluguel de geradores para plataformas de petróleo. No Brasil, a empresa forneceu energia para a realização do deck mating da plataforma P-51 e mais recentemente, da plataforma P-56, quando disponibilizou 1,5 MW. A Aggreko também participou do comissionamento das plataformas P-43, P-48 e P-53. Para este ano, os investimentos da companhia serão de quase US$ 650 milhões, sendo que no Brasil, esses recursos vão estar voltados entre outras coisas para o aumento da frota de geradores movidos a gás natural e biodiesel.

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eventos

Cadeia produtiva destaca conquistas e soluções de ponta para a indústria Com mais de 1.300 empresas expositoras, a Rio Oil & Gas reafirma-se como a grande vitrine do setor, sinalizando as tendências do mercado na oferta de bens e serviços que viabilizem a otimização das várias etapas da cadeia produtiva de petróleo e gás natural.

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GE Oil & Gas agitou a feira ao anunciar a assinatura do maior contrato do mundo para produção de cabeças de poço, no valor de R$ 2,28 bilhões. O projeto prevê a entrega a partir de 2013 de 380 cabeças de poço e ferramentas de instalação para a exploração de poços, que terão 75% de peças fabricadas no Brasil, na unidade de Jandira (SP). 68

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A Petrobras pretende instalar os sistemas de cabeça de poço em vários campos de petróleo e gás no Brasil, incluindo o pré-sal. De acordo com João Geraldo Ferreira, presidente e CEO da GE Oil & Gas para a América Latina, os

investimentos em novas tecnologias, principalmente para ampliar o desempenho nos campos maduros. A companhia já está finalizando a entrega de outra encomenda feita pela Petrobras de cabeças de poços em 2009, no valor de US$ 250 milhões. Segundo Ferreira, quando todos os equipamentos forem entregues a empresa irá


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começar a fabricação desse último contrato. Além da GE Oil & Gas, a GE Power Conversion também estava presente na feira, apresentando suas soluções para o mercado de petróleo brasileiro. A empresa, que foi criada após a aquisição da Converteam pela GE Energy em 2011, tem entre seu portfólio de soluções, o sistema de posicionamento dinâmico, que mantém a estabilidade da plataforma de petróleo. De acordo com Wendell Oliveira, presidente da GE Power Conversion para a América Latina, a companhia tem contrato fechado com a Petrobras para o fornecimento de motores de propulsão para as sondas de perfuração. Esses equipamentos serão fabricados no Brasil e têm entrega prevista para este ano. “Esse contrato com a Petrobras foi um divisor de águas para a empresa no Brasil”, afirmou. Ele adiantou ainda que vai triplicar a fábrica da empresa, em Betim, Minas Gerais. A Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) anunciou a compra de duas árvores de natal molhadas (ANM) da Cameron para o controle do fluxo de dois poços no Campo de Atlanta (BM-S-4), no pré-sal da Bacia de Santos. O valor da encomenda das duas árvores de natal é da ordem de US$ 25 milhões. Segundo Roberto Goulart, coordenador da QGEP para Atlanta e Oliva, o sistema de produção antecipado será executado em dois poços horizontais com 1.000 m de extensão cada, com bombas submarinas de 1.500 hp. Ele adiantou ainda que a empresa

vai abrir em breve licitação para as linhas flexíveis que serão utilizadas na operação. A estimativa é de que a produção do primeiro óleo em Atlanta seja em 2014. O campo de Atlanta é operado pela Queiroz Galvão, juntamente com a Petrobras e a Barra Energia.

Da produção ao refino O grupo Micromazza apresentou seus novos produtos voltados para a produção de petróleo onshore, como cabeça de poço, árvore de natal seca e válvulas. Hoje, a empresa atua principalmente no setor de refino, mas a intenção é de que até 2014 chegue ao mercado offshore com válvulas submarinas. Para isso a empresa está especializando, através do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Promimp), uma turma de cinco engenheiros para iniciar o projeto da válvula submarina. Segundo Walter Câmara, da área de Gestão de Novos Negócios do grupo Micromazza, a entrada da empresa no mercado de produção de petróleo onshore fará duplicar o portfolio de produtos da companhia. “Queremos avançar no mercado onshore de produção de petróleo”, afirmou. Já Honeywell mostrou seu mais novo sistema de controle e automação de processo, o Experion Process Knowledge System (PKS), que garante a integração de toda a equipe através de vários dispositivos. Sistemas como esse estão sendo customizados no novo Custumer Solutions Center

(CSC), recentemente inaugurado pela companhia em Barueri (SP). Para Jodir Prates, diretor-geral da Honeywell Process Solutions no Brasil, um dos problemas nas plataformas de petróleo é a quantidade de pessoas embarcadas e com o novo software da empresa será possível fazer o controle das plataformas de terra. Ele afirmou ainda que a feira foi muito positiva, com bom público. A Foster Wheeler, presente há mais de 50 anos do Brasil, vem trabalhando forte, em especial no setor de refino. Em 2010, a empresa ganhou contrato com a Petrobras para a engenharia básica das refinarias Premium I e II. Este ano, a empresa fechou outro contrato com a estatal, também para executar projeto do design da engenharia básica no Complexo Gás-Químico em Linhares, Espírito Santo. Referência no mundo na área de refino, a companhia tem focado nos últimos anos seus investimentos no upstream, inclusive a empresa possui um centro de excelência em Houston, Londres e Malásia, e vai trazer esse know-how para o Brasil. Segundo Clive Vaughan, CEO da Foster wheller Upstream, o mercado brasileiro de upstream é um dos maiores do mundo. Por isso, um dos principais motivos da presença da empresa na Rio Oil & Gas é fortalecer a marca no país, além TN Petróleo 86

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eventos

de ser uma grande oportunidade de estar em contato com as principais empresas do setor.

Robótica A C&C Technologies, empresa líder global em serviços de levantamento hidrográfico e geofísico em águas rasas e profundas, vem trabalhando no Brasil desde 2004, em serviços geofísicos, em quase totalidade para a Petrobras. Os trabalhos de levantamento sísmicos da em70

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presa foram realizados por toda a costa brasileira, em campos no Nordeste e Sudeste, em especial na Bacia de Campos. A empresa tem dois escritórios no país, ambos no Rio de Janeiro, um na Barra da Tijuca e outro na cidade de Macaé. A companhia é a única no país a utilizar a tecnologia AUV Surveyor e está otimista com os rumos do setor de óleo e gás no Brasil. “Está é minha oitava parti-

cipação na Rio Oil&Gas e a cada edição está ficando cada vez maior e com uma organização melhor ”, afirmou Jeffrey Sides, gerente geral da C&C Technologies. Estamos em pleno processo de fabricação de equipamentos como trocadores de calor e centrífugas de diesel que serão instalados nos oito Replicantes do Pré-Sal (Plataformas P-66 e P-73). A empresa irá inaugurar em 2013 um Centro de Serviços Integrados, em Rio das Ostras, que vai ampliar em 40% a capacidade de atendimento da empresa ao mercado de óleo e gás, além da maior proximidade com os clientes e a redução do tempo. Para Reginaldo Macedo, presidente da Alfa Laval, a Rio Oil & Gas é a grande oportunidade para a empresa apresentar novas tecnologias ao mercado e reforçar a presença em serviços. Recentemente, a Alfa Laval adquiriu a Aalborg, empresa dinamarquesa, com planta em Petrópolis, no Rio de Janeiro, voltada para a produção de caldeiras de vapor, de água quente, de fluido térmico e aquatubulares, entre outros.

Tecnologias inéditas Outra empresa a apresentar produtos no Rio de Janeiro foi a Trelleborg, que expôs uma tecnologia inédita do Vikotherm, seu material de isolamento térmico submarino e mangueiras de óleo para aplicação em boias de amarração Calm. A empresa acaba de inaugurar duas fábricas, uma no norte de Macaé e outra em


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Santana do Parnaíba em São Paulo. A unidade do Rio de Janeiro irá fabricar principalmente fitas de isolamento para risers e flutuadores, que são o carro-chefe da companhia. Já a fábrica de São Paulo terá como ponto principal a produção de blanquetas de impressão e ainda mangueiras e mangotes marinhos, que têm grande demanda na indústria offshore. “Estamos muito preparados para esse momento de boom do mercado de óleo e gás e também para desenvolver novos produtos para o pré-sal”, disse Julien Fauquenoy, diretor da Trelleborg. Ainda segundo Julien, a empresa está otimista com

as novas empresas que vêm surgindo no setor.

Novas soluções para grandes empreendimentos A brasileira Forship Engenharia, que hoje atua no mercado internacional, principalmente na Ásia, destacou as soluções que desenvolveu para atender a demandas críticas (e cada vez maiores) na área de análise de risco e acompanhamento de grandes projetos do setor naval e offshore e de suporte em engenharia de proprietário. “Os serviços de análise de risco e de engenharia proprietária, assim como de acompanhamento de construção naval, podem ser agrupados na linha de negócios que chamamos internamente de consultoria técnica”, explica

Antônio João Prates, diretor de Engenharia e de Gestão de Projetos da Forship. Os principais agentes financeiros envolvidos no processo de financiamento de empreendimentos contemplados no Fundo de Marinha Mercante (FMM) são o foco dessa consultoria em análise de risco e acompanhamento de empreendimentos na área de construção naval. “Esta solução também vem sendo utilizada por armadores /operadores com embarcações em construção em estaleiros nacionais”, agrega o executivo. Outra demanda premente nesse mercado, na linha de Owner ’s Engineering – enge-

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eventos

sejam realmente priorizados e mobilizados, e que os eventos físicos e financeiros envolvidos sejam de fato cumpridos nos prazos e custos planejados”, conclui Prates.

Comissionamento reforça segurança operacional

nharia do proprietário –, é a de consultoria técnica especializada de acompanhamento físico-financeiro na construção de embarcações. “No momento, estamos envolvidos em empreendimentos de construção de barcos de apoio (Supply Vessels) que prestarão serviços para as novas unidades da Petrobras. A tendência é ampliar o escopo desse serviço para os outros projetos”, destaca o executivo, lembrando que há diferentes 72

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níveis de desafios em cada empreendimento. “Plataformas de produção de óleo e gás e sondas de perfuração envolvem desafios específicos pelo seu porte, valor e complexidade, mas há aspectos desafiadores que independem do tipo da embarcação. Principalmente os relacionados com a garantia de que os recursos humanos e materiais requeridos para a construção das embarcações nos estaleiros

Referência internacional na área de engenharia de comissionamento, a Forship também destacou soluções já reconhecidas pelo mercado, mas que ganham uma nova dimensão quando a questão da eficiência operacional vem se tornando uma prioridade, principalmente em ativos maduros de exploração e produção. “A maximização da eficiência operacional é uma meta e um grande desafio do operador de qualquer planta industrial, uma vez que o resultado do negócio se dará em função direta dessa eficiência operacional do ativo”, destaca Fábio Fares, presidente da Forship. Ele explica que no ciclo de vida de implementação de uma nova planta industrial o comissionamento é responsável pela operabilidade (desempenho, confiabilidade e rastreabilidade de informações), condição de entrega da planta para o operador. “A eficiência operacional é função da operabilidade e da capacidade de gestão e execução da operação e manutenção (O&M) pelo operador durante o ciclo de vida do empreendimento”, pontua Fares. “Principalmente no primeiro ano de operação a eficiência operacional é fortemente influenciada pelo resultado do comissionamento.”


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Segundo Fábio Fares, o comissionamento é utilizado em várias etapas de um projeto: desde a implantação e construção de um novo empreendimento ao processo de modernização de uma planta ou substituição de equipamentos. “Da mesma forma que num novo ativo, o comissionamento pode ser aplicado às alterações feitas em módulos, sistemas e equipamentos. E pode ser utilizado ainda como instrumento de análise da operabilidade dos sistemas em operação”, diz o executivo. Segundo ele, o emprego de uma sistemática específica de comissionamento para avaliação da operabilidade de ativos poderá auxiliar o operador na obtenção de um diagnóstico sobre as causas de uma eventual baixa eficiência operacional.

Ampliação da produção local A Caterpillar Brasil marcou presença na Rio Oil & Gas 2012 anunciando a ampliação da produção nacional de grupos geradores direcionados para o mercado de petróleo. Para isso, a empresa expandirá em 15 mil m² a fábrica localizada em Piracicaba (SP), onde serão produzidos os geradores de grande porte, C280 e 16CM32C, para apoiar a demanda offshore brasileira do pré-sal. “Esses grupos geradores são aplicados em equipamentos que vão trabalhar em plataformas de perfuração, navios-sonda, navios de armazenamento e distribuição de petróleo”, diz Antonio Costa, gerente de Fábrica da divisão Marítima e Petróleo da Caterpillar. Com densidade de potência superior

e reduções significativas de peso, o modelo C280 oferece alta disponibilidade e baixo custo de operação. Os motores atendem às exigências de emissões EPA Marine Tier II e IMO Tier II, oferecem potência nominal de 1820 ekW a 5200 ekW a 900/1000rpm e estão disponíveis nas configurações de 6, 8, 12 e 16 cilindros. O modelo 16CM32C, que tem potência nominal de 7680 ekW, foi especialmente projetado para trabalhar com grandes embarcações, como navios-sonda e FPSOs. Este modelo atende às exigências de emissões IMO Tier II. A expansão das instalações está alinhada com o desenvolvimento dos novos produtos, engenharia colaborativa e ampliação da capacidade da cadeia de fornecimento da companhia. A meta da Catterpillar é oferecer ao mercado um índice de 60% de nacionalização. “Vamos utilizar a mão de obra que já temos na fábrica. O índice de nacionalização exigido é um desafio na velocidade atual do mercado, mas com a experiência que a Caterpillar tem, somos capazes de cumprir com essa regra, aliando a isso qualidade, competitividade e velocidade”, conclui Costa.

Integridade de dutos Empresa de tecnologia especializada no desenvolvimento de soluções em garantia da integridade estrutural de sistemas para a indústria de óleo e gás, a brasileira Subsin foi para a Rio Oil & Gas 2012 com a certeza de estar inserida no principal e mais promissor segmento da indústria de óleo e gás: o de tecnologia submarina. Empresa 100% nacional de reconhecida competência – tem como clientes grandes empresas TN Petróleo 86

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versidade de São Paulo (USP) e do Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do Exército (Ietex) do Instituto Militar de Engenharia, a empresa foi para o mercado em 2007 e no ano seguinte já recebeu suporte do Criatec, fundo de capital semente – destinado a fomentar startups – do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do BNB (Banco do Nordeste do Brasil). Daí sua participação no estande da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). “A empresa tem crescido continuamente ano a ano. Deixamos a incubadora em 2011. Saímos de uma área de 100 m 2 para uma área de 700 m 2. Estamos com uma boa infraestrutura que possibilita o crescimento da empresa”, afirma Santos, antecipando que a companhia finalizou o plano de negócios para estabelecer uma joint venture em Houston, nos EUA. A internacionalização tem por objetivo diversificar a entrada de recursos e posicionar a empresa entre os players globais na área da garantia de integridade estrutural de sistemas.

Aliando mais serviços como Petrobras, OGX, Weatherford e Prysmian, dentre outras empresas – a Subsin atua no setor de exploração e produção (E&P), segmento no qual se concentra o maior investimento a ser feito pela indústria de óleo e gás no Brasil. “O setor vai demandar muita tecnologia nos próximos anos. De preferência, tecnologia nacional, para atender às exigências de conteúdo local”, observa Melquisedec 74

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Santos, presidente da empresa. “Nossos padrões de qualidade garantem a eficiência operacional, hoje palavra de ordem da Petrobras.” Oriunda das incubadoras de empresas Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), da Uni-

Presente no Brasil há mais de 40 anos, a empresa norte-americana Parker Hannifin participou da Rio Oil & Gas apresentando suas soluções tecnológicas para o mercado e visando o crescimento de sua atuação no setor. A companhia global subdivide seus serviços em nove grupos tecnológicos – aerospace, climate control, electromechanical, filtration, fluid & gas handling, hydraulics, pneumatics, process control e sealing & shielding.


Cmercado mais sóbrio

Presente em 46 países, e com 55 mil funcionários, o faturamento do último ano fiscal da Parker, encerrado em 30 de junho de 2012, foi de US$ 13,1 bilhão. Em maio deste ano, a empresa finalizou seu Centro de Serviços, localizado em Macaé, investindo cerca de US$ 2 milhões. O empreendimento teve a inauguração de sua segunda fase no dia 20 de setembro, e prestará serviços como reparo de cilindros, mangueiras e testes de performance. “Elegemos este mercado como nossa prioridade de crescimento no Brasil, e construímos nosso centro em Macaé porque é uma das principais regiões para essa indústria”, afirmou Ricardo Machado, presidente do grupo Latino-Americano da Parker. O local, que tem cerca de 1.600 m²,

conta com escritórios e área fabril, além da possibilidade de expansão para mais 1.000 m². A empresa, que fornece conexões e válvulas de instrumentação para a Petrobras há 14 anos, passa a contar também com um espaço para estoque. “Podemos fazer estoque tanto para a Petrobras quanto para outros clientes.”

Conteúdo local Acompanhando o crescimento da indústria naval, a Parker também está de olho na demanda por equipamentos e soluções para barcos, navios e sistemas de perfuração. Machado garante a entrega de

materiais com alta porcentagem de conteúdo local. “Temos condições de entregar grandes unidades hidráulicas com 95% de conteúdo local, cilindros com 100%, geradores de nitrogênios com cerca de 65% de conteúdo local... Oferecemos conteúdo local maior do que a necessidade das empresas de EPC”, afirma. O gerador de nitrogênio citado será aplicado em dois projetos para a Petrobras, os FPSOs P-58 e P-62. “Essa solução gera nitrogênio a partir do ar ambiente, que passa por um compressor e o joga em uma membrana que separa o ar e os outros gases do nitrogênio. Este vai para duas outras unidades menores, que são os geradores que inertizam o flare”, conta Machado, explicando que outra aplicação para

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escale superfícies variadas sem risco de queda. A solução, que ainda passa por modificações, destina-se à execução de serviços em locais de difícil acesso ou ambientes hostis, como por exemplo, a limpeza de um casco de navio.

Aposta no aumento da demanda

a solução seria a inertização do reservatório de petróleo em embarcações. “Esta é uma das coisas que poucas empresas no Brasil sabem fazer, e nós temos o diferencial do conteúdo local”, complementa. Com grande atuação no setor de óleo e gás no Golfo do México e no Mar do Norte, a empresa fornece componentes e serviços para clientes como Aker, Cameron e FMC. “Trouxemos este conhecimento para o Brasil”, afirma. “Nossa meta é dobrar as vendas e crescer 76

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dez vezes nos próximos cinco anos”, conclui. O estande da companhia chamou atenção de quem passava pelos corredores do pavilhão 3 pela demonstração da “escalada a vácuo”, executada com um protótipo desenvolvido em parceria com uma empresa de manutenção industrial. Utilizada em uma aplicação pouco usual, os geradores de vácuo e ventosas, acoplados a uma mochila e integrados a um sistema de segurança inteligente, permitem que o usuário

Líder brasileira na distribuição de aços especiais para construção mecânica, a Aços F. Sacchelli anunciou uma nova planta voltada só para o setor de óleo e gás. A fábrica, localizada em Vila Prudente (SP), tem 5 mil m² e receberá investimentos de R$ 50 milhões. “Este é o maior investimento da Sacchelli nos próximos anos. Os planos começaram em 2011, ainda muito sigilosos, mas já podemos confirmar o empreendimento, que ficará pronto até o primeiro semestre de 2013”, diz o diretor superintendente da empresa, Wagner Sacchelli. Com um estande de 170 m², que reproduziu o espaço de um galpão de um Centro de Distribuição de aço, incluindo uma ponte rolante simulada, utilizada na movimentação de barras, a Sacchelli participou do evento na expectativa de ampliar seu networking, já que está presente na cadeia produtiva do setor como um dos principais fornecedores e vem investindo continuamente em estoques, equipamentos, treinamento de pessoal e laboratórios, em especial para atender as demandas que virão do pré-sal. O grupo visa qualidade e competitividade para o mercado, e para isso segmentará a produção,


Cmercado mais sóbrio

hoje feita pela Anthis Metalúrgica. Em 2011, o setor de petróleo representou 30% dos negócios da companhia. “Esta fábrica contará com mão de obra totalmente especializada, e estará ligada com a nossa unidade de materiais e logística, inaugurada ano passado em Santos. O mercado exige cada vez mais qualidade e acompanhamento de produção, e com o anúncio do novo leilão para as áreas de exploração acreditamos no crescimento do mercado e na maior exigência de equipamentos”, diz o executivo, afirmando que os componentes fabricados serão os mesmo já fornecidos, como cabeças de poço, risers e pino de risers.

Apostando no aumento da capacidade de produção do país, a empresa acredita que nos próximos dois anos o volume de aço consumido hoje pela indústria de óleo e gás vai dobrar. A expectativa, segundo Wagner Sacchelli, é de crescimento de 20% ao ano para os negócios do grupo, e para o setor de petróleo 100%. “Nossa pretensão é chegar no começo de 2015 com o setor de óleo e gás representando 50% do faturamento da Sacchelli”, concluiu.

Softwares A multinacional Aveva, fornecedora de soluções para

projetos de engenharia e de gestão de informações, levou para a Rio Oil & Gas 2012 suas soluções para o gerenciamento de informações, projetos e integridade operacional de ativos que oferece ao setor. A ênfase da participação da empresa nesta edição foram os lançamentos em 2D, Aveva Engineering e Eletrical. Santiago Pena, vice-presidente sênior da Aveva para a América Latina, explica que os softwares fazem parte da família Plant

Gas Energy e Poten Plural fazem aliança A Gas Energy, consultoria na área de gás natural, que também atua nos segmentos de petróleo, química e energia, anunciou durante o evento, uma aliança estratégica com a Poten Plural. A Poten Plural é uma empresa recém-criada a partir da joint venture entre o banco Brasil Plural e a Poten & Partners, companhia global que opera com a corretagem independente na área de energia, especificamente na comercialização de GNL (gás natural liquefeito). A partir desse acordo, a Gas Energy poderá facilitar o acesso aos clientes internacionais da Poten Plural interessados em investir no mercado brasileiro de petróleo e gás natural, um dos mais promissores do mundo. Já a Poten Plural apoiará a Gas Energy junto a seus clientes no país e na América do Sul, no desenvolvimento de projetos cujo diferencial será a utilização da expertise em comercialização e transporte de derivados de petróleo e principalmente de GNL. Segundo o diretor presidente da Gas Energy, Douglas Abreu, “a união

de forças com a Poten Plural também representa maior acesso de nossos clientes a importantes mercados internacionais de energia, como Europa, Ásia e Estados Unidos”. Para o presidente do Conselho de Administração da Gas Energy, Marco Tavares, “essa aliança estratégica é um importante marco na trajetória de nossa companhia, que desde 2005 vem apoiando os principais investidores nos mercados de energia no Brasil e América do Sul, visto que resultará na soma de dois diferenciais fundamentais neste negócio: o conhecimento local e a experiência dos mercados internacionais”. De acordo com James Briggs, Global Manager Gas & LNG Consulting da Poten & Partners, a parceria com a Gas Energy será uma experiência inigualável e agregará bastante valor para os clientes da empresa na indústria de gás da Amé-

rica do Sul. “Estamos na expectativa de construir uma aliança duradoura e de grande sucesso”, completou o executivo. Já para Ricardo Hatschbach, diretor da Poten Plural e banker de óleo & gás do banco Brasil Plural, “a parceria une o conhecimento e a experiência da Gas Energy sobre o mercado brasileiro de gás natural com a nossa expertise de atuação técnica, comercial e financeira no mercado internacional. Com o apoio d a G a s E n e r g y, passamos a oferecer produtos e serviços cada vez mais completos aos nossos clientes”, afirma. A Gas Energy, nesse mesmo sentido de buscar internacionalizar suas atividades, comunicou a associação recentemente formalizada com a empresa Energix Strategy Ltd, empresa da engenheira Ieda Gomes, ex-vice-presidente da BP e ex-presidente da Comgás, que atuará como sua parceira nos mercados internacionais, em especial na Europa. TN Petróleo 86

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também fornece soluções para os setores de mineração e papel e celulose. Entretanto, segundo o executivo, a área de petróleo e gás é a mais relevante da companhia e corresponde a quase 100% do faturamento da mesma. Em 2012, a empresa completa 45 anos, e no Brasil, quatro (período em que possui seu escritório, mas já fornece ao país há 15 anos). De acordo com Pena, para o setor, a companhia acredita que o Brasil é o principal mercado e vê as áreas naval e offshore como mercados promissores. O vice-presidente sênior da Aveva para a América Latina informou que ainda este ano – final de novembro ou início de dezembro – a Aveva fará um lançamento importante para o setor no Brasil.

Engenharia replicante

e Marine, que já contam com as aplicações Aveva Diagrams, P&ID e Instrumentation. “Os softwares têm aplicação em plantas industriais e na área naval, e possuem grande integração / sinergia com os aplicativos de 3D”, afirmou. As ferramentas oferecem maior produtividade no ciclo de vida do projeto, economia e reduz impactos de retrabalho, atrasos e aumento de custos. Pena conta que eles já estão sendo usados no Brasil, inclusive as princi78

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pais refinarias da Petrobras foram desenhadas usando as tecnologias da empresa: “Por exemplo, a Premium I e II, que estão na fase inicial, já estão sendo planejadas com nossa tecnologia.” Apesar de possuir um histórico mundial de fornecimento, tendo sido criada para atender a área offshore no Mar do Norte, e mais tarde ter sofrido uma expansão para a área naval – como consequência do bom desenvolvimento desse mercado – a Aveva

Desde 2006 no Brasil, a Doris Engenharia, subsidiária da francesa Doris Engineering, comemorou o sucesso de sua atuação no mercado brasileiro, anunciando durante o evento o início da segunda fase do projeto dos oito replicantes para a Petrobras. “Estamos começando uma nova fase do projeto dos oito replicantes para a Petrobras, a fase de assistência técnica, que irá envolver equipes no Rio, nos três estaleiros de construção dos módulos e nos outros três de integração”, disse Nelson Romano, presidente da Doris Engenharia. Com o projeto dos FPSOs, a Doris viu seu quadro de funcionários crescer significativamente no período de um ano. “Quando fechamos o projeto com a Petrobras, tivemos que aumentar


Cmercado mais sóbrio

a nossa estrutura para atender a demanda e pulamos de 50 colaboradores para cerca de 200,” afirmou Pierrick Sauvage, diretor técnico da empresa. Líder no mercado de engenharia offshore, a Doris tem ótimas perspectivas para o futuro. Com foco nos serviços de alta tecnologia, a empresa está altamente qualificada e em busca de projetos de engenharia de detalhamento. “Só temos a comemorar, pois a DEL está crescendo cada vez mais e com isso buscando

novas oportunidades no mercado. Estamos prontos para ampliar nossa gama de serviços e nosso objetivo é entrar no mercado de engenharia de detalhamento, duplicando nosso quadro de funcionários nos próximos anos”, celebra Gregoire Lavignolle, chefe de Operações da Doris. Segundo Lavignolle, a empresa também está envolvida em projetos de engenharia conceituais e básicos para o desenvolvimento de sistemas de produção submarina e de plataformas de produ-

ção. “Temos extensa experiência e conhecimento reconhecido na realização de estudos conceituais e básicos para projetos offshore, bem como em soluções de engenharia submarina. Por conta da integração do grupo Doris, que atua mundialmente e para várias operadoras, nossa expertise beneficia projetos no Brasil.”

Setor de óleo & gás é prioridade O estaleiro Guarujá II, nova unidade da Wilson Sons, uma das maiores operadoras de ser-

CTDUT reúne empresas do setor de dutos O Centro de Tecnologia em Dutos (CTDUT) promoveu, durante os dias 17 a 20 de setembro, em sua sede em Duque de Caxias (RJ), a quarta edição da Semana CTDUT, programação de testes e demonstrações de inovações tecnológicas voltada para as equipes técnicas das empresas presentes na Rio Oil & Gas 2012. “A quarta edição da Semana CTDUT consolida o evento como uma excelente oportunidade de aproximação entre fornecedores e compradores de tecnologia da indústria de petróleo e gás, alavancando negócios”, afirma Arthur Braga, gerente executivo do CTDUT. A estreante TecnoFink, especializada em manutenção industrial e que atua junto a mais de 200 companhias de grande porte – dentre elas Petrobras, Usiminas, Alcoa, Gerdau, Braskem e Eletronuclear –, apresentou, no dia 18, as soluções Stancball (dispositivo com esfera de borracha especial para vedar vazamentos ativos com até 30 kg de pressão), a Máquina Monti Industrial (para preparo de superfície padrão SA 21/2 ou SA 3 [SSP 5, 3], a bandagem industrial TapeGlass e o Synthoglass, reparo por compósito para reforçar tubulações furadas e ou com perda drástica de espessura, de acordo com normas internacionais ISO e Asme evitando a

substituição da tubulação e tendo garantia de ate 20 anos de sobrevida. “O foco diferenciado da Tecnofink no mercado em ter soluções exclusivas para os principais problema das empresas relacionados a corrosão, abrasão, ataques químicos são excelentes por sua simplicidade e alto valor tecnológico envolvido”, afirma Thomas Fink, presidente da companhia. A Stopaq fez, no dia 19 de setembro, uma demonstração prática do seu Sistema de Revestimento Visco-Elástico totalmente Amorfo em um tubo reto e em um corpo de prova montado com uma configuração de um T em uma curva. Na sua quarta apresentação consecutiva, a empresa pôde mostrar o efeito do tempo sobre os revestimentos feitos nos eventos dos anos anteriores, impressionando os presentes. “Pudemos demonstrar as utilidades e aplicações de nossos produtos na industria de óleo e gás, não só em

dutos, mas em válvulas, conexões, tanques e equipamentos em geral”, avalia Andre Brand, desenvolvedor de produtos da empresa. No dia 20 de setembro, a A.Hak realizou diversas apresentações técnicas de equipamentos e sistemas para inspeção e monitoramento de dutos. Dentre eles, o Pig Ultrassonico e o ROV (veículo remotamente operado) para inspeção visual submarina. “A Semana CTDUT serviu para consolidar nossa imagem junto a clientes que participaram da apresentação para tirar dúvidas de projetos específicos que já estávamos discutindo”, destaca Paulo Augusto Martinez, diretor da A.Hak Brasil, que participou pela segunda vez desse evento, o qual recebeu profissionais da Transpetro, Petrobras, Air Liquide, Modec, BW Offshore, SBM Offshore, Azevedo Travassos, IMC e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dentre outras. TN Petróleo 86

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viços portuários, marítimos e logísticos do Brasil, já está em fase final de construção. O dique seco do empreendimento, que duplicará a capacidade de produção da empresa, será concluído no final de dezembro. O anúncio foi feito por Arnaldo Calbucci, vice-presidente da área de rebocadores offshore e estaleiros do Grupo e diretor da Wilson Sons Estaleiros. Segundo Calbucci, o Guarujá II é o principal projeto da empresa para o setor de óleo & gás, com condições de construir praticamente qualquer tipo de embarcação do setor. “O investimento na nova unidade, que começa a operar até o fim do ano, é de mais de R$ 100 milhões. O novo dique seco tem boca de 26 m, enquanto o do Guarujá I era limitado a uma boca de 16 m”, explica. De acordo com o executivo, a empresa entrega hoje dois PSVs (navios de apoio à plataforma) por ano. Com o Guarujá II, entregará cinco. A nova unidade será focada para embarcações do grupo e de terceiros, sendo que 80% do estaleiro destinam-se ao setor de óleo & gás. Hoje, a Wilson Sons possui em sua frota 14 PSVs e está construindo mais quatro (parte no Guarujá I e parte no II), e possui 76 rebocadores portuários – sendo mais de 50 deles com propulsão azimutal, e está entregando mais dois este ano. O diretor comenta que será construída ainda uma série de mais 12 rebocadores a partir de 2013. “Devemos colocar mais dez PSVs só este ano. E estamos construindo também uma embarcação para apoio a opera80

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ções de robôs submarinos para a holandesa Fugro”, afirmou. O Grupo vai investir US$ 1,5 bilhão de 2012 a 2017, o setor de óleo & gás representa importante parcela. Calbucci informou que os rebocadores offshore representam 100% do faturamento da empresa na área neste setor e os rebocadores portuários, 25%.

Equipamentos de acesso A SH, líder nacional em fornecimento de fôrmas para concreto, andaimes e escoramentos metálicos para o mercado de construção civil, acaba de investir R$ 3 milhões para aquisição de plataformas aéreas – dispositivo mecânico usado para fornecer acesso temporário para pessoas ou equipamentos em áreas de difícil acesso – da Terex (marca Genie). Os equipamentos, que permitem elevações entre 6 m e 40 m, irão complementar a linha de soluções para SH Equipamentos de Acesso, uma das empresas do grupo, que visa o retorno de 15% ao ano sobre o valor investido. “O mercado de manutenção industrial já representa hoje 15% do nosso faturamento”, explica Marcelo Milech, dire-

tor Comercial da SH. A companhia apresentou na feira as plataformas aéreas, dispositivos mecânicos usados para fornecer acesso temporário a pessoas ou equipamentos em áreas de difícil acesso, em geral na altura. Movidas a diesel ou elétricas, tração 4x4, elas são muito utilizadas para trabalhos temporários, tais como manutenção e construção. Para este ano, o grupo SH – formado pelas empresas SH Fôrmas, SH Equipamentos de Acesso, SH Montagens e SH Indústria – investirá ao todo R$ 40 milhões no desenvolvimento e fabricação de novos equipamentos. A expansão das filiais, principalmente, em Fortaleza e Porto Alegre alavancou o crescimento da SH, que prevê um faturamento 20% maior que o ano passado. Com mais de 40 anos de experiência, a SH registrou um faturamento de R$ 170 milhões em 2011.

Conceito inovador A Det Norske Veritas (DNV), reconhecida mundialmente como o órgão líder em certificações

globais, lançou para o mercado brasileiro na Rio Oil & Gas 2012, o Opera, conceito inovador para prover energia de forma eficiente às unidades de produção utilizando o potencial energético das reservas a serem exploradas. Ana Paula França, engenheira sênior de gasodutos da DNV, explica que o conceito proposto surgiu dentro do programa de inovação da companhia ao observar as necessidades do pré-sal. Aumento de eficiência energética e redução de cerca de 40% das emissões de CO2, são as principais vantagens do Opera. De acordo com a executiva, dependendo de como for implementado, o Opera permite também a economia nos custos de produção e o aumento da capacidade de produção. “O Opera pode ser concebido de diferentes formas, e pode também servir como um hub logístico, unidade de remoção de CO2 centralizada, ou parte da produção de GNL offshore. Ele permite melhorias na logística operacional, através da consolidação da localização

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de geração de energia, manutenção e reposição das peças”, afirma França. Segundo ela, o conceito é altamente flexível em tamanho e configuração, tornando-se relevante para diferentes tipos de campos de petróleo. “O objetivo da DNV com o lançamento no evento foi apresentar o conceito para a indústria brasileira e obter os feedbacks dos especialistas das empresas, sobretudo das operadoras, para assim desenvolvermos ao lado de nossos clientes e retornarmos ao mercado com um conceito aprimorado”, conclui.

Recrutamento Pela primeira vez participando de uma feira do setor de óleo & gás no Brasil, a NES Global Talent, multinacional especializada em soluções de mão de obra para os diversos segmentos da engenharia e de petróleo e gás, esteve na Rio Oil & Gas 2012. A empresa já colaborou na contratação de mais de 350 técnicos no país só em 2011, entre engenheiros brasileiros e estrangeiros de diversas especialidades. 82

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De acordo com Giovanna Dantas, gerente de Operações da empresa no Brasil, a NES Global Talent tem mais de 30 anos no mercado e está há três anos no Brasil. O grande diferencial da companhia é o escritório nacional trabalhar em conjunto com sua rede global, espalhada por mais de 40 países, o que permite otimização de processos e agilidade nas respostas ao profissional e empresa contratante. Aqui, a companhia observa a grande dificuldade para encontrar mão de obra qualificada. Além disso, a executiva comenta que o país ainda possui uma cultura de estabilidade profissional, relacionada à carteira assinada. “Acredito que ainda vai haver nos próximos anos uma mudança de cultura nesta direção, porque de maneira geral, as contratações do setor de petróleo e gás estão relacionadas ao ciclo de vida dos projetos”, pontua Dantas. Segundo Nick Stockler, diretor regional da NES Global Talent para a América Latina,

observa-se no Brasil que as empresas enfrentam desafios com a burocracia para obtenção de vistos no caso de expatriados e o crescimento da demanda local por engenheiros, a cada ano. “Só em agosto deste ano disponibilizamos mais de 30 vistos técnicos, específicos para treinamento, para expatriados”, afirma. A gerente de operações da NES Global Talent no Brasil, Giovanna Dantas, faz uma crítica dizendo que ainda é muito caro trazer um expatriado, a empresa contratante tem que pagar 51% de taxa de importação serviço do expatriado. “E mais: não se treina ninguém em 183 dias – porque depois disso o expatriado vira ‘residente’. Acredito que o Brasil deveria flexibilizar a burocracia para trazer esses expatriados para que pudéssemos fazer um treinamento efetivo de conteúdo local. Estamos perdendo a oportunidade de aprender com essas pessoas, que chegam muitas vezes com 30 a 35 anos de experiência no mundo”, ressalta. Atualmente, a NES Global Talent possui escritório no Rio de Janeiro, mas pretende abrir novas filiais em Macaé e São Paulo. Alguns dos principais clientes da empresa no setor em nível mundial são: Chevron, BP, Shell e Total; na área de energia: Siemens, GE e Alstom, dentre outros.

Nova ferramenta Soluções para projeto, construção e operação voltadas para os mercados de óleo & gás, química & petroquímica, mineração, naval e offshore foram apresen-


Cmercado mais sóbrio

tadas pela Sisgraph, empresa do grupo Hexagon, que fornece sistemas de informações geográficas, engenharia & processos e gerenciamento de informações. A empresa lançou o SmartPlant P&ID Engineering Integrity, que já vem integrado ao SmartMarine 3D, solução de software mais avançada para o segmento de construção naval, e novidades do SmartPlant Foundation 2009 R4, instrumento de consolidação de informações de projeto e integração de ferramentas de engenharia. “O lançamento da ferramenta foi feito exclusivamente na ROG. Escolhemos esse evento pois ele é o maior e mais importante do setor de petróleo. Afinal, não é qualquer feira que reúne 1.300 expositores e mais de 50 mil visitantes”, destacou Fernando Schmiegelow, diretor de Marketing da Sisgraph. “Estamos cada vez mais presentes e atuantes no mercado estratégico e de crescimento rápido no Brasil. O evento concentra os principais players do mercado.”

Brastec

A-Frames

Group

Ele contabiliza que mais de dois terços das plantas em todo o mundo foram projetadas e construídas utilizando a tecnologia fornecida pela Sisgraph. “O lançamento do novo software vem complementar um portfólio que já é considerado pelo mercado como uma referência em termos de projetos de plataformas de petróleo, navios e indústrias de processos.” De acordo com o executivo, o mercado já está consciente de que a tecnologia da informação está se tornando questão fundamental para a indústria de óleo & gás e offshore. “Os estaleiros e epecistas passaram a enxergar a tecnologia como uma aliada para o aumento da produtividade e a redução de custos. Nossas soluções proporcionam uma diminuição de prazos no cronograma de projeto e montagem e a diminuição das alterações necessárias no momento da execução que, consequentemente, geram maior produtividade e redução de custos”, conclui. A Meermagen, especializada em aços para diversas aplicações, participou da feira apresentando os principais produtos

que a empresa fornece para o setor de óleo e gás, que são: tubos com e sem costura, tubos de grande diâmetro, conexões, flanges, válvulas especiais, materiais cladeados, forjados, tampos e chapas. E os principais materiais são: aços ligados, aço carbono, aço Inox, cobre-níquel, superduplex e ligas especiais, como níquel, monel, inconel, incoloy, hastelloy, titânio, etc. Segundo Sven Horst Meermagen, diretor-geral da empresa, nos 40 anos de atuação no mercado brasileiro, o Grupo Meermagen sempre esteve atento à evolução do mercado de óleo e gás. “Atualmente, o foco da companhia está voltado para os projetos de novas refinarias (RNEST e Comperj), materiais para aplicações onshore e offshore, linepipes e subsea & riser piping”, explica. O executivo indica que o principal destaque da Meermagen para o desenvolvimento da exploração no pré-sal está nos materiais cladeados por processo de coextrusão, que apresenta

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pela Norma ISO 9001:2008, além da qualidade certificada pelos diversos órgãos internacionais de qualidade assegurados pelas empresas representadas. O segmento de óleo e gás representa, em média, 65% do faturamento da Meermagen; indústria naval, 15%; offshore, 10%; e o setor químico, petroquímico, de papel e celulose e outros, os 10% restantes.

Tubos

grandes vantagens tecnológicas no processo de fabricação, qualidade final e acabamento. “Esta linha de produtos apresenta-se como solução para aplicações nas quais exista alto índice de corrosão, exigindo materiais com elevados índices de resistência ao desgaste. Trata-se de tubos com e sem costura, conexões (Fittings) e flanges de 6” a 56” de diâmetro externo e espessuras até 63 mm, com revestimento interno (clad) em ligas como Alloy 825, 625, ou Inox 316L, 317L, etc.”, pontua o diretor. Haverá grande demanda por este tipo de produto nos projetos da Petrobras, na área do pré-sal, assegura ele. Com isso o Grupo Meermagen, juntamente com a americana PCC Energy e a alemã ThyssenKrupp Mannex, estão mo84

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bilizados e preparados para estes grandes projetos com crescimento real nos próximos anos. Além de São Paulo e Rio de Janeiro, a empresa inaugurou em 2012 um escritório regional em Recife/PE. Dentro do plano de expansão, o grupo está finalizando estudo para criação de área de estoque de tubos, para atender o mercado de pronta entrega. “Dentre as opções disponíveis, provavelmente esta área ficará dentro do estado de São Paulo”, indicou Sven Horst Meermagen. O Grupo Meermagen destaca-se por manter representadas de primeira linha do mercado europeu e americano, tanto para fornecimento normal quanto para aplicações complexas e pacotes customizados. O sistema de gestão de qualidade é certificado

A Tuper, uma das principais fabricantes de tubos de aço do país, inaugurou recentemente uma nova e moderna fábrica de tubos API para o segmento de óleo e gás, tendo sua participação estratégica confirmada na Rio Oil & Gas 2012. A empresa espera que sua divisão de óleo e gás, em até dois ou três anos, movimente negócios em torno de até R$ 300 milhões, devendo responder no futuro por 30% do faturamento anual da empresa hoje. Com sede em São Bento do Sul/ SC, a Tuper possui escritório em São Paulo e centros de distribuição em regiões estratégicas do país. A empresa espera manter a rota de crescimento e de investimento neste segmento, planejando bases avançadas de atuação no Rio de Janeiro e no Nordeste, com foco no mercado de óleo e gás. A Tuper participará principalmente de projetos de expansão de dutovias/ empreendimentos diversos tais como modernização e construção de refinarias, gasodutos, oleodutos, tubos estruturais para aplicações offshore, dentre outros: “Participaremos de forma assertiva e competitiva de todos os projetos e obras envolvendo a utilização de tubos de aço API e estruturais, procurando atender às demandas da Petrobras, companhias de gás, estaleiros, epecistas, e qualquer


Cmercado mais sóbrio

outro empreendimento energético que envolva a utilização de tubos de aço; sempre em nível nacional e internacional”, afirma Luis Silva, gerente comercial da Tuper. A empresa, que faturou R$ 1,1 bilhão em 2011, é a quinta maior processadora de aço do país em atividade, com consumo mensal de quase 30 mil toneladas de aço. A Tuper Óleo e Gás é certamente uma das mais modernas do mundo no processo de fabricação de tubos HFIW (High Frequency Induction Welding), aportando investimento superior a R$ 180 milhões, o que a remete a uma posição estratégica no cenário nacional, permitindo um acréscimo da sua capacidade produtiva anual em até 180 mil toneladas.

Subsea A norte-americana Oceaneering levou para o evento suas novidades em umbilicais para o pré-sal e um simulador ROV (Remoted Operated Vehicle). Quem visitou o estande da empresa

pôde ter a experiência de realizar procedimentos operacionais em águas profundas com o aparelho. Atualmente a companhia possui 36 contratos de ROV. “Levamos o ROV para a Rio Oil & Gas 2012, com o objetivo de aproximar nossos clientes e visitantes dessa tecnologia, para que eles tivessem a exata consciência de como é a vida de um piloto/operador em uma plataforma”, conta Tiago Crespo, gerente de operações sênior da Oceaneering. Em seu centro de excelência em treinamento, na base em Macaé/ RJ, a empresa capacita atualmente entre 350 a 400 funcionários/ano em serviços com ROV. Na ocasião, a companhia também apresentou seus equipamentos e ferramentas para operações de ROV – como os de imagem de terceira dimensão, cabos umbilicais de alta performance, conectores Grayloc – usado para conectar sistemas de dutos, e soluções para inspeção. Os funcionários da Oceaneering trabalham na base de operações em Macaé, na fábrica

de Umbilicais em Niterói, no escritório corporativo no Rio de Janeiro e embarcados. “Em 2010 capacitamos 75 novos funcionários sem nenhuma experiência do mercado. Este ano até agora já admitimos 35 pessoas neste formato. Não teríamos como suprir a demanda offshore e de petróleo e gás se não fosse dessa forma”, afirma. Exploração e produção Com o anúncio da 11ª rodada de licitações a ser realizada no próximo ano, a estatal colombiana Ecopetrol espera expandir seus negócios no Brasil e ficar entre as dez maiores empresas de exploração e produção no país. “Apesar de ainda estar pendente a decisão oficial da confirmação da 11ª rodada de licitação, a impressão que temos é de que agora o governo tem uma agenda de fato para essas rodadas”, afirmou João Guilherme Clark Filho, diretor-presidente da Ecopetrol, durante a Rio Oil & Gas 2012. Sobre o evento, o executivo afirmou que o mesmo está ficando

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eventos

Caribe, Golfo do México, Peru e Brasil, estamos procurando acelerar o desenvolvimento de nossa capacidade operacional offshore”, destacou Clark.

Alta resistência

mais importante a cada ao ano, no cenário internacional, mesmo com os quatro anos de ausência das rodadas de licitação, o que diminuiu um pouco o interesse de outras empresas devido à incerteza de continuidade dos negócios. A petroleira Ecopetrol está no Brasil há seis anos, mas só nos últimos três anos tem se intensificado fortemente suas atividades na indústria brasileira de petróleo e gás. A companhia possui participação em dez blocos exploratórios no país. De acordo com Clark, em atividade exploratória estão o BMC-29, em águas rasas da Bacia de Campos, que a empresa comprou 50% de participação da Anadarko; o BMC-44, também na Bacia de Campos, que tem como operada a Petrobras e como sócia a Petrogal; quatro blocos na Bacia do Pará-Maranhão, com Petrobras e Vale e dois blocos na Bacia de Santos, com Petrobras e a indiana ONGC (BM-S-73 e o BM-S-74). O diretor lembrou que ainda este ano a Ecopetrol adquiriu também 30% de participação nos blocos exploratórios BM-S-72 (antes S-M-1100), BM-S-63 (antes S-M-1036) e BM-S-71 (antes S-M-1035) da PanAtlantic Energy Group, operadora que tem como subsidiária no Brasil a Vanco 86

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Brasil Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural Ltda. A confirmação desta operação ainda está pendente de aprovação por parte da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Clark informou que a Ecopetrol pretende participar ativamente das bacias a serem ofertadas na 11ª rodada. “Estamos trabalhando fortemente nesta rodada há uns três anos. Vamos analisar todas as possibilidades de parcerias.Temos interesse em toda a margem equatorial, analisaremos a Bacia do Parnaíba e estamos muito interessados no 1º leilão do pré-sal”, comenta. Segundo ele, a empresa não busca as bacias maduras onshore, pois não faz parte do foco da companhia no Brasil. A Ecopetrol opta por reservas mais substanciais e não quer disputar com seus negócios na Colômbia, que tem esse foco de investimentos. “A Ecopetrol sempre foi uma companhia de exploração terrestre com atividades nas bacias onshore colombianas há 60 anos. Saímos da Colômbia em 2006, nos internacionalizamos e viemos para o Brasil. Estamos ampliando nossa exploração no

A DSM Dyneema, empresa global com atividades em nutrição, saúde e materiais, levou para esta edição da Rio Oil & Gas sua fibra Dyneema® SK78 feita com UHMWPE (polietileno de ultra-alto peso molecular), que tem como principal característica a alta resistência com baixo peso. A empresa apresentou um trabalho técnico sobre o produto, oficialmente apresentado na última edição da OTC de Houston, realizada em maio deste ano. O produto tem diversas aplicações industriais, dentre elas o segmento marítimo e de exploração de petróleo e gás em águas profundas. As aplicações de Dyneema® variam de cabos, luvas, cordas, e redes de pesca a coletes à prova de balas. Vincent van der Kruit, vicepresidente da DSM Dyneema para a América Latina, explica que este é o fio mais forte do mundo e consiste em uma estrutura química relativamente simples, mas bem resistente – quase 40% a mais do que as fibras de aramídias. Segundo ele, o Brasil e o Golfo do México são mercados interessantes para a utilização deste produto, que pode substituir os cabos de aço. Inclusive, o produto já está sendo aplicado no Brasil em alguns projetos do setor com a Petrobras. “Esses cabos são feitos de poliéster, e por isso têm peso mais baixo e proporciona maior facilidade de manuseio. Cabos de poliéster, com as mesmas propriedades mecânicas, pesam em torno de três vezes mais e são quase duas


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vezes mais grossos do que os cabos feitos com Dyneema. Os cabos de aço podem pesar em torno de sete vezes mais do que cabos feitos com fibra Dyneema”, indica Vincent. Dentre as vantagens da fibra Dyneema ® SK78 estão: ancoragem mais rápida, economia de custos com equipamento e operações, redução de espaço no deck da plataforma, mais leve que a água (podendo alongar o material a altas profundidades), mais rigidez e mais segurança. O vice-presidente da empresa comenta que a área offshore, que começou em 1996 na DSM Dyneema, representa quase 40% do faturamento total da empresa e está crescendo ano a ano, cerca de 10% a 15%. Na América Latina, a companhia possui 2.200 funcionários e no Brasil, onde está desde 2011, tem escritório em São Paulo com cerca de 1.500 funcionários.

Produção local aumentou Por mais um ano presente na Rio Oil & Gas, a Castrol Offshore, fornecedora de lubrificantes para equipamentos de produção e perfuração submarina, destacou nesta

edição do evento o lubrificante Perfecto XPG para turbina a gás que incorpora avançada tecnologia de óleo básico e aditivo; o BioBar, linha de óleos hidráulicos em substituição aos óleos minerais convencionais; e sua linha Castrol Ultimax, que traz os lubrificantes de alta performance. Devido ao crescimento contínuo do setor de óleo e gás no país, Carmen Pino, diretor regional da Castrol Offshore para Américas, Oriente Médio e Ásia, informou que a empresa fabrica hoje cerca de cem tipos de produtos localmente para o offshore brasileiro, o que representa 80% do seu volume, e a meta é aumentar esse número. “Contratamos também dois engenheiros de vendas técnicas e vários funcionários de suporte para entregar nossos produtos e serviços no Brasil. Além do Castrol Transaqua DW, óleos hidráulicos e engrenagens que são produzidos na planta da Castrol no Rio de Janeiro há

Há 50 anos, éramos uma empresa de fornecimento de bunker. Hoje, somos um dos maiores grupos do mercado brasileiro de óleo e gás, atuando em apoio marítimo e portuário, engenharia submarina, construção e reparo naval e proteção ambiental.

anos, agora os óleos para motores também são produzidos aqui”, conta Pino. No início de 2011, a Castrol tinha apenas um distribuidor no Brasil para atender este mercado. Entretanto, a rede integrou cinco novos distribuidores e, até o final deste ano, espera que a base de distribuição chegue a dez. A empresa também está expandindo seu canal de distribuição na América do Sul com um novo parceiro na Argentina e Uruguai, além das Ilhas Malvinas, com planos de introdução na Colômbia e Venezuela em breve.

Parceria técncica A Chemtech e a Bureau Veritas (BV) firmaram parceria para desenvolver uma nova ferramenta para análise do comportamento de unidades de produção ou perfuração e navios aliviadores equipados com sistema de posicionamento dinâmico. O novo produto, anunciado durante a Rio Oil & Gas, utiliza soluções do pioneiro aplicativo Ariane, desenvolvido pelo BV, e integra o módulo Controlador DP (em inglês, Dynamic Position) de-

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eventos

senvolvido pela empresa brasileira especializada em engenharia e tecnologia, ampliando as funcionalidades do software. “As plataformas que atuam em águas profundas possuem sistema de posicionamento dinâmico, já que é fundo demais para elas ancorarem. Então, elas se mantêm no mesmo lugar através de motores e softwares. O módulo que desenvolvemos permitirá que o cliente simule as operações, desenvolvendo estudos de cenários, para verificar se determinada plataforma, com determinada característica, consegue operar em uma condição específica de tempo”, afirma Roberto Leite, diretor de P&D da Chentech. O sistema é um pug-in, que pode ser adquirido pelo cliente que comprar o aplicativo Ariane. Para apresentar o produto aos participantes da feira, as duas empresas promoveram encontros de negócios para apresentação da solução.

Pesquisa de conteúdo local Presente em mais de 140 países e prestes a completar cem anos no Brasil – o que será comemorado em 2014 –, a PwC divulgou durante a Rio Oil & Gas a pesquisa que ouviu diversas

empresas sobre conteúdo local na indústria do óleo e gás. Feita no primeiro semestre deste ano, a investigação apontou que 70% das empresas, tanto da área de exploração e produção de petróleo quanto da cadeia de suprimentos, são a favor da política de conteúdo local no Brasil. Entre os motivos da aprovação está a geração de empregos no país, o desenvolvimento da indústria local e a atração de tecnologia. Outro fator de destaque na pesquisa é que mesmo as empresas multinacionais são favoráveis a essa política. Ao mesmo tempo, o mercado percebe que essa ação pode encarecer o preço dos bens e serviços, por conta do Custo Brasil (infraestrutura, tributação, logística, etc.), além do receio de uma acomodação da indústria local em melhorar seus níveis de eficiência e desenvolvimento de tecnologia. Segundo Marcos Panassol, sócio da PwC Brasil e líder para Petróleo e Gás, a grande preocupação das empresas contrárias à política brasileira de conteúdo local é a limitação de compra de produtos no Brasil com tecnologia nacional, além dos altos custos praticados aqui. “O desejo das empresas é ter a oportunidade

Business Meeting Visando integrar clientes, autoridades, fornecedores, empresários nacionais e internacionais e interessados do setor de óleo, gás e offshore, a MBS Produções promoveu no penúltimo dia da Rio Oil & Gas 2012, o Business Meeting. Segundo Milena Barcelos, responsável pelo evento, o Business Meeting gerou oportunidade para networking e negócios em um ambiente descontraído. 88

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“O encontro foi uma excelente forma de divulgação dos serviços/ produtos de várias empresas de prestígio, aumentando a visibilidade institucional e a geração de negócios”, afirmou. O encontro que foi realizado no Espaço Lonier, próximo ao Riocentro onde foi realizada a Rio Oil & Gas, contou com a presença de grandes empresas e teve o apoio da TN Petróleo.

de buscar produtos fora, ter liberdade de escolha maior”, afirma ele. “Alguns opinam que seria melhor ter incentivos, ao invés de penalidades, como por exemplo, quanto mais equipamentos nacionais no projeto, mais benefícios fiscais para a empresa”, afirma Panassol. A conjuntura atual do setor de óleo e gás é muito favorável, considera o executivo. Porém, ele lembrou que a pesquisa apontou que 68% das empresas ainda não estão estruturadas para um controle eficiente do nível de conteúdo local nos projetos, correndo risco de serem autuadas. Por isso, ressalta, “é preciso fazer investimentos nesse sentido”.

Assessoria especializada Com 36 anos de mercado, a Domínio Assessores é especializada na prestação dos serviços de contabilidade, tributos, administração de pessoal e tesouraria, para empresas de médio e grande porte. Sua experiência em assuntos contábeis e tributários específicos do segmento de petróleo e gás permitiu-lhe, pelo terceiro ano consecutivo, participar da Rio Oil & Gas, objetivando a apresentação de seus serviços e a oportunidade de ver a exposição dos estandes de diversos clientes. “A participação na feira é muito produtiva, pois além de potencializar maior interação com nossos clientes, tem gerado expressivo networking com executivos de empresas que precisam de nossos serviços para se organizar ou se instalar no Brasil”, disse Roberto Francisco, diretor-geral da empresa.


Rio Pipeline

2013

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eventos

Arena+10

debate desenvolvimento sustentável

A agenda ambiental, as estratégias e tecnologias de prevenção e combate de vazamentos estiveram no centro das discussões da conferência, mas o espaço, que foi uma das novidades desta edição da Rio Oil & Gas, debateu os avanços e desafios do desenvolvimento sustentável no setor. O nome dado ao evento paralelo, além de ser uma alusão à Rio+20, marca o período de dez anos da criação de um espaço específico para discutir o tema da sustentabilidade na indústria de petróleo e gás, quando o Brasil sediou, em 2002, o 17º Congresso Mundial de Petróleo (WPC) em conjunto com a Rio Oil & Gas.

O

Brasil precisa rever o papel da produção de petróleo na economia do país e a política energética vigente, para avançar em direção à sustentabilidade do setor. Esses foram os grandes desafios apontados pelos especialistas que participaram desse evento paralelo realizado pela Comissão de Responsabilidade Social do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP). Abrindo os debates, a educadora e chefe da Divisão de Desenvolvimento Social do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Wanda Engel, indicou que o investimento em tecnologia pode ser uma das respostas para que as empresas contribuam com a sociedade para uma nova economia, mais solidária, inclusiva e sustentável.

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Ela apresentou os aspectos econômicos, sociais, tecnológicos e humanos da sociedade e, neste contexto, mostrou possíveis soluções e desafios para as organizações. “Contamos hoje com uma sociedade altamente competitiva em nível global. As empresas estão inseridas em uma sociedade diferente da que tínhamos há dez anos, com características únicas.” “Apostar no desenvolvimento tecnológico pode ser uma ‘tábua de salvação’. O papel das corporações é justamente reconhecer este novo cenário e, assim traçar um plano estratégico de cooperação que não seja míope, individualista e muito menos imediatista”, acredita Engel. Durante o encontro, Jorge Abrahão de Castro, diretor de estudos e políticas sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), comentou que é preciso definir melhor as prioridades do que queremos fazer

com as receitas do petróleo, considerando que esta é uma renda intergeracional e incorporando estados e municípios tanto no esforço de poupança quanto na estratégia de investimentos. “Temos que poupar para reservar parte dos recursos para as gerações futuras e evitar que a volatilidade das receitas prejudique o equilíbrio macroeconômico; e temos ainda que investir para gerar desenvolvimento econômico que tanto beneficie gerações futuras quanto fortaleça a economia contra a ‘doença holandesa’”, afirmou Castro. De acordo com o executivo, o atual modelo de distribuição de royalties mantém relação mínima com o que poderíamos chamar de critérios sociais, econômicos e ambientais de compensação, principalmente entre os municípios.


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Alfredo Renault, superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), reforçou dizendo que o Brasil precisa rever o papel da produção de petróleo na economia do país, tanto para o desenvolvimento da cadeia produtiva quanto pela questão de bens e serviços, ou até mesmo através dos royalties. Na mesa-redonda sobre o consumo consciente da energia, Luiz Augusto Horta, da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), disse que uma das maneiras mais importantes para uma empresa exercer sua responsabilidade social é através da promoção da eficiência no uso da energia. Para Horta, o fomento ao mercado de gás natural, o incentivo à cogeração e a difusão de informações aos consumidores são ações importantes nessa direção. “Além das ações usuais de promoção social, valorização e difusão da produção artística e/ou cultural, as empresas de petróleo, gás e biocombustíveis podem atuar de forma socialmente responsável em seu campo direto de ação, promovendo a eficiência econômica e energética e melhorando as condições ambientais”, enfatizou. Assim, de acordo com Horta, é essencial o balizamento do desenvolvimento dos sistemas energéticos mediante uma adequada política energética que auxilie e justifique a efetiva implementação dos conceitos da

responsabilidade social no âmbito empresarial. Finalizando os debates, Marcos Moisés, gerente de Desenvolvimento de Mercado a Granel da Supergasbras, empresa do grupo SHV Energy – líder mundial em distribuição de Gás LP –, pontuou que o Gás LP (Gás Liquefeito de Petróleo) pode ser a ponte entre os combustíveis fósseis e as energias renováveis. “O Gás LP é uma energia limpa, acessível e sustentável, mas ainda ocupa um espaço reduzido na política energética nacional e

somente 3% na matriz elétrica brasileira. Ela é abundante e de fácil logística, mas é cercada de tabus relacionados à sua competitividade econômica, segurança, eficiência e racionalidade logística e uso”, comentou o gerente. O foco da Arena+10 esteve no debate sobre como a questão econômica reflete nos impactos sociais e ambientais, ou seja, como os recursos financeiros se relacionam com aspectos sociais do desenvolvimento. As discussões estiveram focadas também no grande paradoxo que é o estímulo ao consumo enquanto a sociedade quer reduzir as emissões de carbono.

Boas práticas é primordial

Durante o evento, foi lançada a publicação Boas Práticas de Responsabilidade Social Corporativa no Setor de Petróleo, Gás e Combustíveis, o primeiro livro sobre a temática da responsabilidade social publicado pelo IBP, que desenvolveu a publicação para celebrar os dez anos do seminário Arena +10. A publicação, que contou com a distribuição da Benício Biz Editores e Associados, mostra de forma abrangente e representativa uma coletânea de iniciativas de sucesso realizadas pelas empresas de diversos portes e pela academia no contexto setorial. TN Petróleo 86

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eventos

São Paulo se prepara para

produção maior de óleo e gás por Maria Fernanda Romero

Até 2025, os investimentos previstos em petróleo e gás no estado de São Paulo estão estimados em US$ 78 milhões, com foco em exploração e produção (E&P). De acordo com o último plano de negócios da Petrobras, a estatal vai investir US$ 9,2 bilhões em E&P na região. Análises indicam que a maior parte dos investimentos no litoral será direcionada para a Baixada Santista e o Litoral Norte, alimentando as expectativas de todos os que participaram da Santos Offshore 2012, o maior evento do setor na região. 92

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Fotos: TN Petróleo

Cobertura Santos Offshore 2012

A

s oportunidades de negócios são muitas e a Santos Offshore 2012 retratou bem essa expectativa da indústria paulista. O evento foi realizado numa área de 10.000 m2, e reuniu mais de 12 mil pessoas, 200 expositores, 290 conferencistas e deve movimentar mais de R$ 88 milhões a partir das rodadas de negócios realizadas. O encontro teve por objetivo impulsionar a cadeia produtiva de petróleo e gás da Baixada Santista e, assim, gerar negócios tanto localmente quanto para o restante do estado de São Paulo e do Brasil. Diante dessas oportunidades, o estado pretende aumentar sua participação em petróleo e gás com o início da exploração e produção na região. De acordo com Ubirajara Sampaio de Campos, subsecretário de petróleo e gás da Secretaria de Energia do Estado de São Paulo, a indústria paulista já fornece boa parte dos bens e serviços em óleo e gás e passa a ter uma perspectiva de exercer a atividade de E&P que até então estava muito concentrada no Rio de Janeiro. “Estamos apren-

dendo, interagindo com a indústria nacional e nos organizando para tentar dar fluidez e fazer com que essas oportunidades se materializem na indústria de São Paulo, para que possamos ampliar nosso setor produtivo e o envolvimento nessa cadeia. Estamos estudando também a experiência de outros países tanto na indústria do petróleo quanto de outras com alto grau de inovação e/ ou altos investimentos”, comentou. Ubirajara lembrou que hoje a indústria de petróleo e gás perfaz em torno de 10% a 12% do PIB e se esse ritmo de crescimento permanecer e for viabilizado, em 2020 vamos chegar a algo em torno de 20%. “São Paulo quer participar disso e internalizar as oportunidades que surgem”, ressaltou. Em vista do crescimento das atividades de petróleo e gás no estado, São Paulo iniciou sua atuação no setor em 2010 com a criação do Programa Paulista de Petróleo e Gás Natural (PPPGN), em resposta às recomendações feitas pela Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural do Estado de São Paulo (Cespeg). De acordo com o PPPGN, com a confirmação de investimentos da Petrobras, construção naval, montagens e novos terminais portuários até 2025, o litoral paulista contará com 70.126 postos de trabalho na fase de implantação (petróleo e porto) e 47.115 na fase de operação. Logo na cerimônia de abertura do evento, José Ricardo Roriz Coelho, coordenador do Competro (Comitê da Cadeia Produtiva da Indústria de Petróleo e Gás da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo/Fiesp), alertou que a articulação entre as entidades governamentais e a iniciativa privada é fundamental para o sucesso do setor em São Paulo.“O grande potencial de renda, de geração de empregos e de crescimento sustentável que o pré-sal possibilita tem atraído

novos investimentos para a Bacia de Santos, estimulando o desenvolvimento local. O Competro, junto com a Fiesp e com o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Cieps), está empenhado em contribuir com esta transformação do setor de petróleo e gás que irá se refletir em todo o país”, afirmou Coelho, ressaltando que a Santos Offshore é uma grande oportunidade para a indústria firmar novas parcerias e consolidar o fortalecimento do setor. Alberto Machado, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), informou que São Paulo sempre foi um grande fornecedor do setor para todo o país, mas nunca viveu a exploração do petróleo: “São Paulo possui uma das áreas mais promissoras de petróleo em todo o Brasil e precisa estar preparado para essa realidade”, destacou.

Saipem: grandes expectativas em Santos A Saipem, empresa do grupo italiano Eni e uma das maiores prestadores de serviços de engenharia no setor de petróleo, está investindo US$ 300 milhões em Santos para construir um centro de tecnologia. “O centro visa ao desenvolvimento de equipamentos submarinos para o desenvolvimento da cadeia do pré-sal em águas ultraprofundas, além de engenharia e pesquisa para atender o desafio da indústria no país”, afirmou Giuseppe Surace, gerente geral da Saipem do Brasil Serviços de Petróleo, que participou da abertura do evento. A Saipem é o primeiro grande fornecedor de serviços da Petrobras para o pré-sal a se instalar definitivamente no Litoral Paulista. A empresa, que está desde 2002 no Brasil, assinou em agosto deste ano um acordo de cooperação técnico-científica com a Universidade Católica de Santos (UniSantos), para qualificação da mão de obra para o setor, a organização de projetos de treinamentos específicos, o desenvolvimento de atividades de pesquisa, consultoria TN Petróleo 86

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eventos

Santos Ofshore 2012 em números: 10.000 m² de exposição; 200 expositores; 290 conferencistas; 12.820 visitantes e criação e disponibilização de banco de currículos para seleção de mão de obra qualificada.

Mão de obra São grandes as oportunidade de aprendizagem e preparação para a entrada no mercado de trabalho para o público jovem no setor de óleo e gás. Para isso, a Santos Offshore contou com um ciclo de palestras específicas para estudantes e profissionais que pretendem seguir carreira no campo offshore. As apresentações foram coordenadas pela gerente de Cursos do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Renata Ribeiro; pelo gerente de Projeto do Saipem, Pier Alberto Viecelli; pelo gerente Regional do Senai, Ophir Figueiredo Junior; além do presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) Luiz Gonzaga Bertelli. Este último deu início à programação com uma ampla expla-

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Próxima edição será em abril de 2013 A próxima edição da Santos Offshore será realizada entre os dias 23 e 26 de abril de 2013, mais uma vez em parceria do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis). “Adiantamos o calendário da Santos Offshore para o primeiro semestre de 2013 para que a feira se adequasse ao calendário internacional de eventos offshore”, explicou Igor Tavares sobre a alteração do calendário do evento. nação sobre o mercado de trabalho e as possibilidades de expansão no setor. Entre outros fatores, ele destacou a matriz energética brasileira, a estrutura do consumo de petróleo e derivados no país e toda a demanda que envolve estes processos.“Para que possamos atender a todas as nossas necessidades, vamos precisar de enormes investimentos, tanto

nacionais quanto internacionais”, pontuou. Bertelli também lembrou que a qualificação da mão de obra é fundamental para que as perspectivas de crescimento do setor de óleo e gás sejam concretizadas. Um estudo realizado pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) até 2005 revela que existem 87 perfis de profissionais neste setor, dos quais 55% são de nível superior e 45% de nível técnico ou fundamental. “São inúmeras as opções de vagas para este mercado, como advogado especializado em óleo e gás, analista de transporte marítimo e comandante de embarcações, por exemplo. Mas uma formação acadêmica, um perfil investigador, com interesse em pesquisa científica, aprendizado e atualização permanente são quesitos essenciais”, ensinou. De olho nesta demanda, instituições especializadas na capacitação de mão de obra participam da Santos Offshore para apresentar e oferecer cursos de curta, média e longa duração. O Senac promoveu diariamente em seu estande na feira a apresentação de diversos cursos relacionados ao setor de óleo e gás, como Meio Ambiente, Comércio Exterior, Gestão de Projetos e Finanças. O Senai também marcou presença para divulgar a grande variedade de cursos que oferece para a Baixada Santista através das unidades de Bertioga e Cubatão, como os cursos de manutenção e da área naval, entre outros.


Cobertura Santos Offshore 2012

Petrobras reavalia logística Com objetivo de acompanhar o crescimento da produção, que pulará dos atuais 10% da produção total da empresa para 50% em 2020, a Petrobras está reavaliando sua logística para a Bacia de Santos.

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afirmação é do gerente geral da UO-BS (Unidade de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Santos) da Petrobras, José Luis Marcusso. “A Petrobras está reavaliando o plano de investimentos enquanto contratou a área de armazenamento no Rio. Estamos operando a partir do Porto do Rio, que tem condição de nos atender nos próximos cinco anos, entretanto, em breve vamos anunciar os planos logísticos para a baixada santista”, afirmou. Atualmente a estatal utiliza o Porto do Rio de Janeiro e o de Itajaí (SC), além de uma recém-inaugurada unidade de armazenamento, também no Rio, e os aeroportos de Itanhaém (SP), Jacarepaguá (RJ), Navegantes (SC) e Cabo Frio (RJ). O gerente da Petrobras informou ainda que hoje a produção diária de óleo na Bacia de Santos, entre Petrobras e parceiros, é de 135 mil bpd. “Encerramos agora um sistema de produção antecipada em Iracema Sul e com isso, obviamente, a produção está um pouco menor – cerca de 10 mil barris a menos. E o gás natural, estamos entregando hoje 12 milhões m³/dia na costa, sendo 10,5 milhões em Caraguatatuba e 1,5 milhão na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), a partir dos campos de Merluza e Lagosta”, complementou Marcusso.

A estimativa da Petrobras é de que em 2014 o Brasil produza 4,2 milhões bpd e só o pré-sal da Bacia de Santos responda por quase 50% disso em 2020! “Acabamos de encerrar o Teste de Longa Duração (TLD ) de Iracema Sul. Os próximos devem ser em Sapinhoá Norte e Franco, no primeiro trimestre”, afirmou o gerente geral da UO-BS, observando que os TLDs são realizados em um período de quatro a seis meses. A Bacia de Santos está produzindo atualmente cerca de 92 mil barris/dia no pré-sal e entregando 3 milhões de m3 de gás. “Para o ano que vem, obviamente, essa produção

vai crescer bastante, assim como a da Petrobras, como anunciada”, diz o gerente geral da UO-BS. O novo plano de negócios da Petrobras prevê 38 novos sistemas de produção, sendo que 25 deles instalados na Bacia de Santos (24 se referindo ao pré-sal). Para 2016, a expectativa é de que a produção do pré-sal da Bacia de Santos corresponda a 30% da produção total da Petrobras (2,4 milhões de barris por dia) e em 2020 salte para 50%, quando a produção da empresa estiver em 4,2 milhões de b/d. No que se refere ao andamento dos sistemas de produção, o executivo TN Petróleo 86

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eventos

disse que o sistema definitivo do campo de Iracema Sul – FPSO Cidade de Mangaratiba –, entra em operação em 2014, junto com Sapinhoá Norte, com o FPSO Cidade de Ilhabela. “Com o período de testes coletamos mais informações para calibrar melhor o desenvolvimento do sistema definitivo”, explica Marcussoi. De acordo com ele, no próximo ano entram em operação o piloto de Sapinhoá, com o FPSO Cidade de São Paulo; e o de Lula Nordeste, com do FPSO Cidade de Paraty. Na Bacia de Santos, a Petrobras possui hoje sete sistemas de produção, mas esse número crescerá bastante até 2020, quando 25 novos sistemas de produção deverão estar instalados.

Sobre as obras de ampliação e adequação da Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA), em Caraguatatuba, iniciadas este ano, Marcusso afirmou que estão em pleno andamento: “A quarta turbomáquina da unidade chega em março de 2013, vamos concluir a primeira fase em julho de 2013, e a segunda, no primeiro trimestre de 2014.” Ele agregou entretanto, que ainda há algumas obras até 2015, a serem realizadas fora da unidade, que são a construção dos dutos até a Refinaria Henrique Lages (Revap), de São José dos Campos, para levar Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) e C5+ (combustível natural utilizado pela indústria petroquímica), hoje

Rodadas de negócios

As rodadas realizadas durante a Santos Offshore 2012, promovidas pelo Comitê de Petróleo e Gás (Competro) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp) e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP) movimentarão cerca de R$ 88,3 milhões para o setor nos próximos 12 meses, valor maior que o dobro do movimentado na última edição do evento. “Os números superaram todas as nossas expectativas. Estamos satisfeitíssimos com os resultados”, comentou o diretor da feira, Igor Tavares. A primeira rodada, que contou com a participação de 18 empresas 96

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âncoras, 108 empresas fornecedoras e 1.019 agendamentos, gerou uma expectativa de cerca de R$ 2,5 milhões em investimentos. Já a segunda gerou uma expectativa de R$ 85,800 milhões em investimentos para o setor de óleo e gás nos próximos 12 meses. Os números representam mais do que o dobro dos investimentos prospectados com a rodada do ano passado, que foi de R$ 38.560 milhões. As rodadas contaram com a participação de 26 empresas âncoras e 101 empresas fornecedoras que contabilizaram 300 reuniões. O principal objetivo foi possibilitar que empresas de pequeno, médio e grande porte pudessem apresentar seus produtos e serviços aos representantes da cadeia do setor offshore.

transportados por carretas; e outras obras dentro da refinaria. Com a ampliação, a UTGCA passará de três a cinco esferas de GLP; dois a três tanques de C5+; três, ao invés de uma unidade de processamento de gás condensado; e três no lugar de duas unidades de ajustes de orvalho. “Na realidade, as obras não apenas aumentarão a capacidade de processamento de 18 para 20 milhões de m3 diários de gás natural, mas permitirá receber 10 milhões m³/ dia de gás do pré-sal. Temos uma limitação hoje por conta da riqueza do gás do pré-sal de 6 a 7 milhões, por exemplo”, detalha o gerente da Petrobras. Na Santos Offshore, a estatal – patrocinadora master do evento – realizou cerca de 500 atendimentos para o cadastro de empresas fornecedoras da cadeia de petróleo e gás em seu estande durante os quatro dias de duração do evento. “Fizemos isso para viabilizar e agilizar o processo de cadastramento dessas empresas no Cadastro Corporativo (CRCC – Certificado de Registro e Classificação Cadastral) e Registro Simplificado (Local) de fornecedores da Companhia”, afirmou Marcusso. De acordo com o executivo, 360 atendimentos foram agendados previamente. O estande da Petrobras, que teve 2.700 m², contou também com uma maquete da nova sede da empresa no bairro de Valongo, em Santos. O empreendimento, que teve as obras iniciadas em julho do ano passado, está ainda na primeira fase com a construção da infraestrutura para as três torres e a construção do primeiro prédio. “A previsão é de que o primeiro dos três prédios a serem construídos no local esteja em operação no início de 2014”, afirmou o executivo. Os investimentos da Petrobras com a nova sede em Santos somam R$ 380 milhões.

Ampliação da infraestrutura de E&P na Baixada Santista Seminários técnicos de infraestrutura de E&P e logística encerraram a conferência. Os desafios e


Nova sede da Petrobras no bairro de Valongo, em Santos.

soluções tecnológicas para a produção de novos campos na Bacia de Santos foi o tema da última palestra da Santos Offshore. A primeira palestra foi ministrada pelo diretor de engenharia da Saipem do Brasil Serviços de Petróleo, Alexandre Mitchell. Ele falou sobre alternativas ao escoamento da produção e a logística de apoio offshore. Durante a apresentação foram mostrados desafios e oportunidades para o setor, como profundidade cada vez mais alta e a longa distância até a costa, focando o escoamento do óleo e gás. João Luiz Ponce Maia, consultor técnico da Petrobras, apresentou a importância do projeto de eficiência energética nas instalações marítimas de produção de petróleo. Para o executivo, esta é uma oportunidade para o aumento da produção e do aproveitamento do gás natural, um insumo energético estratégico. “Hoje observamos que a indústria do petróleo está visando à sustentabilidade, e o aumento da eficiência energética nos processos produtivos e no consumo final é por si uma nova fonte de energia. A eficiência energética é o combustível do futuro, com grande potencial de aumento de produção e otimização dos custos nas instalações marítimas de produção, ela ainda agrega valor ao processo produtivo”, comentou. Segundo Maia, a flexibilidade no uso de gás aumenta a eficiência energética e a redução de queima de consumo também. De acordo com ele, o gás natural no Brasil vai fazer a transição para uma indústria mais renovável a partir dos processos de produção que vão cada vez se intensificar mais com o crescimento de nossas reservas. “Temos que saber integrar e fazer o equilíbrio entre os projetos e as práticas para maximizar

as operações, e, como consequência, a eficiência energética”, finaliza. Elísio Caetano, consultor sênior da Petrobras, comentou sobre o Centro de Pesquisa Tecnológica em Petróleo e Gás da Baixada Santista (Cenpeg/ BS) integrará o Parque Tecnológico de Santos. De acordo com o consultor, no primeiro semestre de 2013 o projeto será finalizado, iniciando assim as obras no segundo semestre do mesmo ano e finalmente estando pronto em 2015. Os temas priorizados para o Cenpeg são monitoramento ambiental, gerenciamento remoto, logística, automação de processos, realidade virtual, computação de alto desempenho e interação homem e máquina. Caetano ressaltou que o centro não será um espaço de uso exclusivo da Petrobras e sim se destinará à indústria do petróleo, no segmento de E&P, e qualquer companhia poderá solicitar seus serviços. “O Cenpeg/BS será um centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D), de participação multi-institucional, atuando em multitemas tecnológicos contidos nos conceitos de GIOp (Gerenciamento Integrado de Operações de E&P) no ambiente marinho de lâmina d’água ultraprofunda e a grande distância da costa”, indicou.

Marco Aurélio Linhares Matias, presidente da Fundação Parque Tecnológico de Santos, também presente, disse que São Paulo não tem o perfil de cidade em P&D como o Rio de Janeiro, mas, com o surgimento do centro, se prepara para fomentar essa mudança, pois segundo ele com a exploração do pré-sal, muitas empresas se instalarão no litoral paulista e o Parque Tecnológico de Santos será o berço de boa parte delas. “O Parque Tecnológico de Santos tem como foco as áreas de petróleo, gás natural, porto, meio ambiente, tecnologia da informação e logística. Atualmente, fazem parte as empresas Usiminas, Petrobras e Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp); universidades públicas, além da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Faculdade de Tecnologia de São Paulo”, apontou. O parque ficará localizado entre os bairros do Valongo e Vila Mathias e será voltado para as áreas de petróleo, gás natural, porto, tecnologia da informação, meio ambiente e logística. Participaram ainda do painel, Osvair Vidal Trevisan, diretor do Cepetro (Centro de Estudos de Petróleo) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Arlindo Lima Charbel, diretor do Comitê de óleo e gás da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

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eventos

Movimentando

a cadeia produtiva

Com o grande crescimento que a Bacia de Santos vem tendo nos últimos tempos, as empresas que participam da cadeia petrolífera brasileira acompanham esse ritmo e anunciam novos investimentos e projetos para atender as demandas não só na região, mas em todo o país.

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Niplan Engenharia, por exemplo, especializada em montagem e manutenção, informou durante a Santos Offshore 2012, que está construindo um estaleiro para a construção de módulos e plataformas e apoio offshore, o Niplan Offshore Aratu Bahia. Atualmente, o projeto se encontra em fase de licenciamento ambiental e estará totalmente operacional no primeiro trimestre de 2014. “Com investimento de mais de R$ 100 milhões e área total aproximada de 100.000 m², o estaleiro poderá fabricar simultaneamente, dependendo do tipo e dimensão, até 16 módulos, e dar apoio a cerca de dez embarcações”, afirma o CEO da empresa, Paulo Nishimura. O empreendimento ficará localizado a cerca de 25 km da sede da coligada Niplan Nordeste Engenharia, empresa responsável pelos projetos da Niplan nas regiões Norte e Nordeste. A sede da Niplan fica em São Paulo, mas a companhia recentemente inaugurou um

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escritório comercial no Rio de Janeiro, para atender principalmente os clientes no estado fluminense, como Vale, Petrobras, Odebrecht, Promon, Queiroz Galvão, entre outras. Em agosto deste ano, o grupo espanhol Essentium comprou 50% da Niplan Engenharia. As duas empresas planejam entrar

nos segmentos de mineração, siderurgia e, principalmente, óleo e gás, com especial interesse de atuar na exploração do pré-sal. Segundo Paulo Nishimura, atualmente, para o setor, a Niplan está com três contratos com a Refinaria de Paulínia (Replan); está finalizando um consórcio com a Engevix na Refinaria Presidente


Bernardes (RPBC), em Cubatão, para uma Unidade de Reforma Catalítica (URC); e diversos outros contratos com a Petrobras, através da unidade da empresa na Bahia. “Além disso, terminamos recentemente a reforma do Alto-Forno 1 da Arcellor Mittal, o maior alto-forno das Américas; e ao mesmo tempo no Complexo de Tubarão, em Vitória (ES), entregando em dezembro deste ano a oitava usina de pelotização da Vale; e em janeiro de 2014, a nova usina de pelotização da Samarco, que está sendo construída em Ponta de Ubu”, indicou o CEO da Niplan. A empresa é a maior contratante da cidade de Vitória nos últimos meses. Já a Embraeser, fornecedora de tecnologias e soluções em pintura, aproveitou a oportunidade da feira para apresentar seus três últimos lançamentos para o setor: as bombas Cobra e Jaguar, além da máquina de dosagem e mistura TwinControl. A empresa é a distribuidora no Brasil dos equipamentos do Grupo alemão Wagner. Bruno B. Bianchi, presidente da Embraeser, enfatizou que os materiais evoluíram muito nos últimos anos, o que tem impulsionado a empresa a fabricar máquinas mais sofisticadas. “Temos hoje materiais que não podem mais aplicar com determinados rolos e pincéis, por exemplo. Além do fato das novas normas também

de segurança e preservação do meio ambiente, isso modificou muito a fabricação de nossos equipamentos”, afirmou. Com clientes nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, Paraná e Santa Catarina, a Embraeser possui base em São Paulo e um escritório comercial no Rio de Janeiro, que atende a indústria naval e offshore. Segundo o executivo, a empresa também fornece para outros estados. “Não vamos nos concentrar onde não podemos alcançar benefícios em termos de assistência técnica”, enfatizou. A empresa, que entrou no mercado naval e de anticorrosão há um ano e meio, levou para a Santos Offshore ainda as tecnologias de aplicação para fazer manutenção: Air Coat Em 20-30, Air Len EM 40-15 e Air Spray ZIP52.

A Hitorin, fabricante de conexões, mangueiras e tubos flexíveis, estreou no setor de óleo e gás com a inauguração de uma fábrica em Macaé (RJ). A Santos Offshore foi a primeira feira da qual a empresa participou com estande próprio – antes se abrigava no estande da multinacional Gates, da qual é representante. De acordo com Orlando Ramos, diretor da Hitorin, a ideia é consolidar experiência com essa base fluminense, com foco na prestação de serviços, para avaliar a possibilidade de uma instalação em Santos mais tarde. “O interesse maior da empresa é comercializar com o setor conexões de aço inoxidável e as mangueiras Rotary Drilling para plataformas”, afirma Ramos. A Hitorin fornece ainda uma linha completa de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), terminais hidráulicos, equipamentos e filtros para lubrificação, válvulas, isolamento térmico, dentre outros.

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Setor naval avança,

Foto: Divulgação

eventos

mas ainda tem desafios a superar A 24ª edição do Congresso Nacional de Transporte Aquaviário, Construção Naval e Offshore (Sobena 2012) teve como temas principais o desenvolvimento por Rodrigo Miguez da engenharia e a evolução do setor naval no país.

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ompletando 50 anos de existência, a Sociedade Brasileira de Indústria Naval (Sobena), na pessoa de seu presidente Alceu Mariano de Melo Souza, afirmou, durante a abertura do evento, a importância do fortalecimento do setor de navipeças, com ações de estímulo do governo nesse sentido. O dirigente lembrou ainda os fortes investimentos que vêm sendo feitos na indústria naval, como os sete novos estaleiros que estão em construção no Rio de Janeiro para atender principalmente o setor de óleo e gás. Em conjunto com o Sobena 2012, foi realizada a Expo Naval, quando as empresas do setor puderam mostrar seus produtos e serviços para o público. No primeiro dia de evento, o transporte hidroviário foi o tema das discussões. Considerado pelos especialistas como uma alternativa importante para melhorar a mobilidade

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urbana da população, Richard David Schacter, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), falou sobre os modelos de embarcações que podem ser usados para o transporte de passageiros em cidades como o Rio de Janeiro. Além da tecnologia, segundo ele, essas embarcações têm que priorizar a rapidez do sistema. Já Alexandre Veloso, especialista contratado pela Secretaria de Transportes do Rio de Janeiro para reformular o sistema de transporte aquaviário na cidade, revelou que um dos problemas das barcas é que a maioria tem de 30 a 40 anos de uso, quando o recomendado é de até 20. Além disso, as embarcações mais recentes têm baixa capacidade de passageiros. Ele adiantou que a frota será ampliada com sete catamarãs para duas mil pessoas, uma embarcação de alumínio naval e outra embarcação estilo ferry boat, usando diesel naval e GNV. Este último modelo já é usa-

do na Bahia. Segundo ele, a expectativa é acabar com as filas no trecho Rio-Niterói nos horários de pico, com saídas a cada cinco minutos.

Energia dos mares A Sobena 2012 teve também um debate sobre as tecnologias para o aproveitamento da energia dos oceanos. O professor Segen Estefen, da Coppe/UFRJ, mostrou que a energia proveniente dos mares ainda é irrelevante no cenário energético mundial, se comparada com outras formas de geração de energia, mas que nos próximos anos pode ser uma alternativa para muitos países. A energia gerada pelos oceanos seria capaz de atender toda a demanda energética mundial, através de geração por ondas, variação da maré, corrente da maré, entre outros – assinalou ele. O potencial da América do Sul neste modelo de geração energética está em 4.600 TW/h e a costa do Chile é onde há o melhor local para geração pelas ondas. Hoje, há apenas duas plantas em funcionamento, em La Rance,


Cobertura Sobena 2012 na França, com capacidade de 240 MW e outra na Coreia do Sul. Um dos empecilhos para o crescimento desse modelo é o alto custo, porém, Segen Estefen acredita que a partir de 2020 haverá o início do aumento da geração pelos mares. No Brasil, há um protótipo já pronto e que deve entrar em operação nos próximos meses. A Usina de Ondas do Pecém é uma parceria da Tractebel Energia com a Coppe/UFRJ e tem um potencial teórico de 114 GW.

Frota e portos Outro importante assunto debatido durante a semana foi o aumento da frota de navios para atender o setor de petróleo e também a situação dos portos brasileiros. O diretor de Transporte Marítimo da Transpetro, Agenor Cesar Leite, adiantou em sua apresentação que o petroleiro Zumbi dos Palmares, que está sendo construído no estaleiro Atlântico Sul, será lançado em novembro. A embarcação faz parte

Nova diretoria toma posse em janeiro.

do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef). Agenor afirmou ainda que a empresa está investindo muito em seus recursos humanos, com o trei-

namento e atualização dos funcionários através de simuladores para operações offshore e em hidrovias, e também na Academia Marítima Transpetro, criada em um convênio com a Marinha do Brasil. Danilo Baptista, diretor de Construção Naval da OSX, considera que a demanda atual da indústria naval até 2020 é de 62 sondas de perfuração, 68 unidades de produção, 74 petroleiros, além de 235 barcos de apoio. Para ele, os principais desafios da indústria continuam sendo a sempre citada qualificação da mão de obra, investimento em tecnologia e inovação e na cadeia de fornecedores de bens e serviços. Este último desafio foi tido por todos os palestrantes que participaram do Sobena 2012 como fundamental para que a indústria naval se sustente pelos próximos anos e mantenha o ritmo de crescimento da última década. Sobre a situação do sistema portuário brasileiro, o diretor-presidente da Companhia Docas do Rio de Janeiro, Jorge Luiz de Mello, afirmou que os investimentos vêm sendo feitos ao longo da costa brasileira e que a criação da Secretaria de Portos pelo governo federal foi de fundamental importância para o crescimento do setor portuário nacional. Hoje, o sistema portuário é composto por 34 portos públicos e 129 terminais privativos.

de litros por ano, substituindo o equivalente a 80 mil viagens de caminhão. Além de facilitar a logística do etanol, o programa também ajudará a reduzir emissões de CO2 na atmosfera. Os comboios que serão operados pela Transpetro seguirão com o etanol

até o novo Terminal de Anhembi, em São Paulo, de onde o combustível será bombeado por dutos até a Refinaria de Paulínia. Da refinaria paulista, o etanol irá para os polos do Rio de Janeiro e São Paulo. O investimento total no projeto é de R$ 432 milhões.

No último dia de evento, a nova diretoria eleita da Sobena foi apresentada ao público. O mandato do novo corpo diretor vai até o fim de 2013. Presidente: Engenheiro Naval Floriano Carlos Martins Pires Junior Vice-Presidente: Engenheiro Naval Luis de Mattos Diretor (Regional São Paulo): Professor Helio Mithio Morishita Diretor Administrativo: Engenheiro Mecânico João Carlos dos Santos Pacheco Diretor-Financeiro: Engenheiro Naval Luiz Carlos de A. Barradas Filho Diretor-Técnico: Professor Murilo Augusto Vaz Diretor-Adjunto: Engenheiro Naval Thiago M.C. Lemgruber Porto Diretor- Adjunto: Engenheiro Naval Luiz Felipe Pimentel M. de Araujo Diretor-Adjunto: Engenheiro Naval André de Souza

Promef Hidrovia Em uma das palestras, Agenor Cesar Leite, da Transpetro, falou sobre o Promef Hidrovia, programa da empresa para estimular o uso comercial das vias navegáveis do país. O Estaleiro Rio Tietê, em Araçatuba/SP, que acaba de iniciar suas operações, vai construir 20 comboios para o transporte de etanol pela Hidrovia Tietê-Paraná. Cada comboio será formado por quatro barcaças e um empurrador e terá capacidade para transportar 7,6 milhões de litros de etanol por viagem. O primeiro comboio será entregue à Transpetro no primeiro trimestre de 2013, e quando o sistema estiver em operação plena, poderá transportar cerca de quatro bilhões

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perfil profissional

A engenharia

da qualidade

por Rodrigo Miguez

Há mais de 20 anos nos Estados Unidos, o engenheiro civil Ronaldo Sampaio afirma que a gestão da qualidade, que entrou por acaso em sua vida profissional, é hoje uma dos fatores cruciais para a competitividade e a excelência tecnológica da indústria do petróleo.

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Fotos: Divulgação

uritibano, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o engenheiro civil Ronaldo Sampaio é gerente de Qualidade do projeto Big Foot da Chevron, um dos maiores ativos de águas profundas da companhia norte-americana no Golfo do México. Descoberto em 2006, o campo de Big Foot está situado na área de Walker Ridge, em águas profundas, e terá uma produção de 75 mil barris por dia. O campo tem um total de recursos recuperáveis estimados em mais de 200 milhões de barris de óleo equivalente (boe). Ronaldo Sampaio confessa que até hoje se surpreende com os rumos de sua bem-sucedida carreira. “Jamais passou pela minha cabeça, ao me formar em engenharia civil, que um dia trabalharia na área de qualidade. As coisas simplesmente aconteceram”, diz, frisando que a competitividade e a excelência tecnológica da indústria do petróleo hoje dependem muito das práticas de gestão de qualidade dos projetos, desde sua concepção à operação. No início, trabalhar no setor de óleo e gás estava longe dos planos desse engenheiro que iniciou a carreira antes mesmo de se graduar, na empresa paranaense de engenharia de projetos estruturais Arsan (extinta), na qual executava projetos estruturais, hidrossanitários e de combate à erosão. Ele ficou na companhia por três anos, trabalhando em projetos de prédios residenciais, pontes, fundações, entre outros, em cidades paranaenses. Tudo mudaria quando veio para o Rio de Janeiro, em 1981, após ser aprovado em um processo seletivo da ABB Setal, que na época estava contratando cerca de 50 engenheiros recém-formados. Foi o pontapé inicial de sua carreira no setor de óleo e gás. “Eu era detalhista, buscando sempre os melhores procedimentos e práticas”, diz ele, que acabou se qualificando como Inspetor de Soldagem nível II, pela Petrobras.

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“Quando cheguei ao canteiro da Setal, em Niterói, eu tinha uma vontade muito grande de aprender.” Na cidade fluminense, trabalharia nas primeiras plataformas da Petrobras do Polo Nordeste da Bacia de Campos. “Foi uma diferença profunda mudar do trabalho de engenharia de prancheta para a agitação frenética de execução de um projeto completo.” Em 1988, Sampaio mudou-se para São Paulo, para assumir o cargo de gerente corporativo da Qualidade da ABB Setal Lummus. “Esta fase na minha vida foi muito importante e um grande aprendizado”, afirmou. Nos mais de dez anos na ABB Setal, ele cita os projetos mais marcantes nos quais atuou: as plataformas de Cherne I e Cherne II, na Bacia de Campos; as unidades de produção dos campos de Palanca e Pacassa, no offshore de Angola; as unidades de coletor e de estabilização de condensados da estação de Cabiúnas, em Macaé (Petrobras), as plataformas de East e West Kokongo (Chevron); e o projeto de Etileno e Polietileno (Sinopec), quando teve a oportunidade de morar por um ano na China.

A vida nos EUA Depois do projeto de East e West Kokongo, o engenheiro foi convidado pela ABB Lummus Global, para trabalhar nos Estados Unidos, em Houston (Texas), onde foi executada a engenharia básica das duas plataformas. Segundo ele, a decisão foi difícil, pois a Lummus enfrentava uma crise e estava desativando a área de upstream. Mesmo assim,

Idade: 56 anos Principal cargo: gerente de Qualidade da Chevron Hobby: Gosto de assistir qualquer partida de futebol, sou fanático pelo Coritiba Estilo de música preferido: Sou muito eclético em termos de música. Meus filhos me ajudam a me atualizar a novos estilos Filme favorito: O discurso do rei Livro: Um dos últimos livros que li e gostei foi No easy day [Não há dia fácil], de Mark Owen. Um bom lugar para descansar: Adoro descansar no Brasil, especialmente no litoral norte de São Paulo ou no Nordeste. No exterior, gosto das estações de esqui do Colorado. Eu não esquio como minha esposa e meus filhos, mas os espero na base da montanha, tomando um vinho e observando a natureza e as pessoas.

aceitou a oferta da empresa, onde ficou de 1995 até 2004. Surgiu então a oportunidade de trabalhar na ExxonMobil, no

projeto Cerro Negro/Morichal, de melhoramento do óleo super pesado produzido pelo consórcio formado entre a petroleira norte-americana e a estatal venezuelana, PDVSA, na bacia do Orenoco, na Venezuela. Depois, passaria um ano na Technip, até ir para a Chevron, na qual atua desde 2007. Para ele, é um privilégio trabalhar em uma das maiores empresas de petróleo do mundo. Com relação às vantagens e desvantagens de morar no exterior, Ronaldo Sampaio afirma que cada pessoa tem uma visão, mas que suas prioridades sempre foram oportunidades de trabalho e segurança pessoal. Casado com Vivian e pai de dois filhos, Nicole de 10 e Thiago com 8 anos, ele afirma que a família está completamente adaptada à vida americana, ainda mais que seus dois filhos nasceram em Houston. Ronaldo não vê problemas em conciliar trabalho e família, já que, segundo ele, nos Estados Unidos esse equilíbrio é considerado importante pelas empresas, para que os funcionários desenvolvam um bom trabalho. Após 30 anos de carreira, o engenheiro acha que já conquistou muita coisa, mas ainda pretende trabalhar por muitos anos. “Sinto-me realizado, mas com muita vontade de continuar a desempenhar a minha profissão que a cada dia se torna mais desafiante com a exploração de petróleo em profundidades cada vez maiores”, conclui.

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Ano 3 • nº 24 • novembro de 2012 • www.tnsustentavel.com.br

Eficiência Energética • Comercialização de Energia • Legislação Ambiental • Reciclagem Editorial

Levanta a bandeira, Brasil! Talento, capacidade, inteligência, simpatia e até reconhecimento de alguns importantes países no mundo... nós temos. O que será que nos falta então? O que será que nos falta para, de verdade, conquistarmos uma posição de estabilidade e crescimento real em e para o nosso país? Para ultrapassarmos a barreira do que considero ‘apenas discurso’? Falta ao povo e governantes vontade? Visão? Liderança? Humildade? Planejamento? O que falta? Ao reunirmos nessa edição do Caderno, tantas notícias positivas como a possibilidade de o Brasil se tornar em pouco tempo uma grande potência na geração de energia eólica e nas palavras da presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Melo, a energia eólica pode tornar o Brasil o quarto país do mundo em capacidade eólica instalada, já em 2013. Outra boa notícia é que o Brasil oficializou a entrada na Plataforma Internacional sobre biodiversidade e para o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, a decisão é um marco sobre a importância do conhecimento para a gestão dos imensos recursos naturais do país. E também, no Green Talents 2012, Fórum Internacional dos Alto Potenciais no Desenvolvimento Sustentável, mais uma vez o Brasil se dastacou – com o brasileiro – Antonio Otávio Patrocínio, professor assistente de Química Inorgânica na Universidade Federal de Uberlândia. Ele focou sua atenção em fazer a química ecológica ainda mais “verde” com soluções locais e no desenvolvimento de uma geração de pesquisadores dispostos e qualificados para encarar o desafio da energia. Todas essas notícias sinalizam que podemos ter uma posição de destaque no mercado da sustentabilidade E por isso tudo, tenho a sensação de que a hora é essa... até já passando um pouquinho... de reunirmos o que há de melhor em nós e de transformar em vantagem – e não em armadilha, acreditando que já alcançamos o necessário e nos

acomodarmos. Somos, sim, em essência, o que dizem de nós... e um pouco mais até! Mas parece que estamos sempre negando, esquecendo, abandonando o que nos faz ser como somos, a nossa essência, as nossas origens e a nossa própria sanidade ao não percebermos que, de verdade, não estamos saindo do lugar: nossas crianças continuam a sofrer o pior dos abandonos que é a falta de educação e cultura; jovens e adolescentes não encontram limites, sendo levados por uma avalanche de ilusões; adultos corruptos e egoístas... Por vezes penso que se a resposta para tudo isso não estará na falta ou falência de valores éticos, morais e espirituais da sociedade. E onde será que estão os nossos valores? Quais são eles? Valores que nos levem a respeitar, proteger, amar, cuidar e se comprometer. Uma nação faz tudo isso por sua bandeira, que é o seu símbolo maior de representatividade e respeito. Onde está a nossa bandeira? O verde das nossas matas, o amarelo das nossas riquezas minerais... o azul do nosso céu...? Onde estão? Estamos fechando essa edição na semana em que se comemora o dia da Bandeira que não é feriado nacional como tantos e tantos outros... Mesmo assim, deixamos o convite para uma reflexão à la Bilac em seu conhecidíssimo poema “Ouvir estrelas”, do livro Via Láctea: “‘Ora (direis) ouvir estrelas! Certo / Perdeste o senso!’ / E eu vos direi, no entanto, / Que, para ouvi-las, muita vez desperto / E abro as janelas, pálido de espanto.../ [...] E eu vos direi: ‘Amai para entendê-las! / Pois só quem ama pode ter ouvido / Capaz de ouvir e de entender estrelas’.” Boa leitura! Lia Medeiros Diretora do Núcleo de Sustentabilidade da TN Petróleo

Sumário

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Eólica pode representar 12% da matriz elétrica

Energia eólica ao sabor do vento

Green Talents: brasileiro é um dos 25 vencedores

Entrevista especial

Eólica

Fórum pela sustentabilidade

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suplemento especial

Entrevista especial com Elbia Melo, presidente executiva da ABEEólica

Eólica pode representar 12% da matriz elétrica brasileira em 2020 Desde 2009, com a realização do primeiro leilão de renováveis no Brasil, a energia eólica não parou de crescer e já ocupa o segundo lugar entre as fontes limpas no país.

Com ventos de excelente qualidade e 300GW disponíveis - sem mencionar o potencial offshore o Brasil reúne todas as condições para se tornar, em pouco tempo, um grande produtor deste tipo de energia. Elbia Melo, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), estima que em 2020 o país terá 20 GW instalados, o que corresponderá a 12% da matriz elétrica nacional. Em entrevista ao Caderno de Sustentabilidade, ela fala sobre o crescimento da fonte que pode fazer do Brasil o quarto do mundo em capacidade eólica instalada, já em 2013. TN Petróleo – Na avaliação do Global Wind Energy Council, o Brasil é hoje o país mais promissor em termos de produção de energia eólica. Por quê? 106

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Foto: Divulgação

por Mehane Albuquerque

Elbia Melo – O mundo está em crise. O Brasil tem feito leilões sucessivos de eólica desde 2009, e o mercado tem se mostrado atraente aos investidores. China e Índia, os principais concorrentes, só recebem investimentos domésticos e são fechados ao capital externo. Além de ter o mercado aberto, o Brasil possui um potencial eólico muito grande: são 300 GW. Com as perspectivas futuras de investimento — considerando-se que no Brasil há uma taxa de crescimento da demanda por energia elétrica de 6 GW/ ano — é razoável supor que possamos suprir essa demanda com fonte eólica em cerca de 30%, com uma

previsão de venda a longo prazo da ordem de 2 GW/ano. Por isso o país se mostra tão promissor. Uma das razões do aquecimento no setor foi a queda no custo de produção da energia eólica no Brasil e o aumento da competitividade. A que se deve essa queda? Até 2009 não havia investimentos relevantes em fonte eólica, no Brasil. Os primeiros foram feitos em 2004, através do Programa de Incentivo a Fontes Alternativas (Proinfa), do governo federal. Na época, foram contratados 1.400 MW de energia eólica a R$ 312 por MW/h — um preço altíssimo. O objetivo


era incentivar a fonte para avaliar se valeria a pena investir no futuro. O Brasil não tinha urgência em ampliar suas fontes renováveis, pois a hidrelétrica, base de sua matriz, era igualmente limpa e mais barata: o MG/h custava R$ 70 àquela época. Ou seja, a eólica era quase cinco vezes mais cara. Passados cinco anos, já em 2009, o cenário mudou por conta de fatores estruturais e conjunturais. Entre os fatores estruturais, houve um progresso técnico com o aumento da altura das torres. Em 2004, tinham 50 m e hoje medem 100 m. Quanto mais altas, maior a captação de vento e a produção de energia. Outro fator estrutural é a qualidade dos ventos brasileiros, muito superiores aos da Europa e dos Estados Unidos. Somando-se isso ao aumento das torres, a produtividade cresceu. Em 2004, ainda com torres de 50 m, o fator de capacidade — medida de produtividade de energia — era de 32%. Hoje é da ordem de 45%. Isso reduziu o custo de produção. Entre os fatores conjunturais, a crise econômica de 2009 fez com que os Estados Unidos e os países da Europa, que estavam investindo em renováveis e produzindo tecnologia de ponta, reduzissem os esforços nesse sentido. A indústria eólica ficou sem mercado e só os países em desenvolvimento — Índia, China e Brasil — continuaram a investir em fontes limpas, sendo que destes, só o Brasil recebeu capital externo. Em 2009, também foi realizado o primeiro leilão de eólica. Foram vendidos quase 2 GW, a R$ 170 o MW/h. Entre 2009 e 2010, houve mais um leilão, e o preço caiu para R$ 145. Em 2011, foram três ao todo, com o valor do MW/h cotado a R$ 100. A energia eólica é responsável pela geração de 2 gigawatts (GW), ou 1,5% do total de mais de 110 GW pro-

O potencial eólico é maior que o hidrelétrico, que tem 250 GW a serem explorados. Mas quando somamos o já instalado ao disponível, a fonte hidrelétrica supera a eólica.

duzidos por fontes variadas no país. Quais as perspectivas de aumento deste percentual a curto prazo? De 2009 a 2011 foram contratados 6.7 GW de energia eólica. Esses leilões são geralmente de três anos. O que foi vendido em 2009, em modelo competitivo, começou a entrar em operação em 2012. Atualmente temos 2 GW instalados e um total de 6.7GW contratados. No final de 2016, teremos uma capacidade instalada de 8.4 GW e aí a fonte eólica não representará apenas 1,5%, mas 5,3% da matriz elétrica. Se contratarmos novamente em 2012, iremos agregar mais 2 GW para 2015. E assim, sucessivamente, com a realização de novos leilões. O Plano Decenal de Energia (PDE), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), está contemplando 16 GW de eólica em 2021 e isso corresponde a 9% da matriz elétrica. Com o crescimento de 2 GW/ano, nossa estimativa vai mais longe: em 2020 serão 20 GW, ou seja, 12% de participação de fonte eólica na matriz brasileira.

O potencial eólico no país, estimado em 300GW, é superior ao potencial hidrelétrico, que hoje é de aproximadamente 250 GW. É possível aproveitar todo o potencial eólico brasileiro? O potencial eólico é maior que o hidrelétrico, que tem 250 GW a serem explorados. Mas quando somamos o já instalado ao disponível, a fonte hidrelétrica supera a eólica. Isso é uma análise de curto prazo, pois, se a tecnologia muda, o potencial também se modifica. Com torres de 50 m, por exemplo, o potencial era de 140 GW. Agora, com torres de 100 m, é de 300 GW. Em compensação, a energia hidrelétrica chegou em seu estágio de maturidade tecnológica, portanto, não haverá maiores avanços em ganho de produção. No caso da eólica, que está apenas começando, os avanços tecnológicos ainda reservam muitas surpresas. As repercussões negativas de grandes projetos hidrelétricos como Belo Monte, Santo Antonio e Jirau geraram discussões sobre a real necessidade da construção de novas usinas. Esse pode ser mais um fator a impulsionar o setor eólico? Não. O setor eólico tem sua trajetória natural. Além disso, uma única fonte não pode sustentar a matriz. Uma matriz elétrica consciente e responsável precisa ter várias fontes. Não podemos depender somente das renováveis que, por sua vez, dependem da natureza. É muito arriscado. Por isso, ainda precisamos manter termelétricas movidas a combustível fóssil. A matriz elétrica brasileira é bastante diversificada e a mais limpa do mundo. Por isso, não acredito que iremos aproveitar todo o nosso potencial eólico. Não podemos esquecer que, quando falamos de 300 GW, estamos considerando apenas a captação em parques onshore. TN Petróleo 86

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suplemento especial

O potencial eólico de 300 GW não inclui a geração offshore. É possível estimar o potencial eólico offshore do país? Sim, é possível. Os cálculos ainda não foram feitos, por falta de necessidade. Com um potencial eólico de 300 GW onshore e uma produção bem mais barata em terra do que no mar, explorar os ventos do oceano ainda não foi cogitado. Mas é possível que daqui a oito ou dez anos comecemos a pensar nisso. Temos condições favoráveis, e as empresas certamente terão interesse quando for o momento, porque já dominamos a tecnologia offshore na exploração de petróleo. Logo, não teremos dificuldades. A obrigatoriedade de fabricação nacional de componentes eólicos no país é de 60%. Aumentar este percentual baixaria o custo da energia eólica ainda mais? De todas as empresas fabricantes de equipamentos eólicos no Brasil – hoje são 11 - só uma é genuinamente nacional: a WEG. Nasceu aqui, a matriz é aqui, mas tem filiais no resto do mundo. As demais – Alstom, Wobben e Suzlon – são empresas da Índia, Espanha e Estados Unidos, mas estão aqui produzindo com conteúdo nacional. O objetivo é gerar empregos para profissionais brasileiros e concentrar toda a cadeia produtiva no país, utilizando insumos nacionais — seja bens de capital ou bens de capital humano. A nacionalização não reduziria os custos de produção porque o Brasil não é tão competitivo assim em termos de tecnologia e na produção de insumos. A chapa de aço, por exemplo, usada na fabricação da torre, se for produzida no Brasil custa 30% a mais do que a importada. Temos que estabelecer um grau de nacionalização e trabalhamos nessa linha, mas precisamos estar atentos ao mercado externo porque, 108

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Os bons ventos não estão apenas no litoral. A região do Caitité e de Xique-Xique, no interior da Bahia, tem o melhor vento do país, quiçá do mundo.

se nos fecharmos, poderemos chegar a uma situação de monopólio tal que não conseguiremos evoluir tecnologicamente. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou regras para a geração própria de energia. Nesse caso, os microaerogeradores aparecem como solução ecoeficiente para residências, empresas e condomínios. Há interesse por parte do setor em investir nessa ideia? Isso pode se tornar uma tendência? Nós tínhamos uma regulação em que 70% dos consumidores eram cativos, só podiam comprar da concessionária. Hoje, com as novas regras da Aneel e com o net metering, o consumidor recebe energia da concessionária, mas devolve o que produzir. No final do mês, ele paga à concessionária a diferença entre o que produziu e consumiu. Isso abre uma nova perspectiva de mercado. Atualmente existem três fabricantes de microaerogeradores no Brasil e o interesse pelo produto está crescendo. Temos notícia de um condomínio imenso, que está sendo construído em Florianópolis, com microgeração eólica

própria. Esse é um segmento que tem tudo para crescer porque o investimento é baixo e tem retorno rápido. Com R$ 7 mil é possível comprar um microaerogerador, mas o preço pode chegar até R$ 70 mil, dependendo da potência. Houve uma concentração inicial dos parques no Rio Grande do Sul e no Ceará, mas isso está mudando. Que outros estados brasileiros possuem potencial para a instalação de novos parques? Os bons ventos não estão apenas no litoral. A região do Caitité e de Xique-Xique, no interior da Bahia, tem o melhor vento do país, quiçá do mundo. Quando o mapa eólico brasileiro foi feito, em 2001, as torres mediam 50 m e o potencial, nesse caso, estava realmente localizado na costa, com predominância no Rio Grande do Sul e no Nordeste, nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte. Com torres mais altas, um novo mapa eólico está se configurando. Estamos encontrando potencial eólico, por exemplo, em Minas Gerais, que não tem mar, e no interior de São Paulo. A expansão está se dando em direção ao interior. O Brasil utiliza tecnologias desenvolvidas na Europa e nos Estados Unidos. O país tem chance de desenvolver tecnologia eólica própria? O Brasil adotou o modelo de trazer tecnologia de outros países e adaptá-la às condições locais, porque não houve tempo para investir em pesquisas e inovação. A energia eólica acabou de chegar, e pesquisa requer tempo. Estamos atentos, olhando para os investimentos em inovação que estão sendo feitos ao redor do mundo para adaptá-los às nossas condições, e isso tem sido muito promissor para o Brasil. A prova disso é que o setor eólico não precisa de incentivos do governo para crescer. Hoje, a fonte eólica é a segunda mais competitiva do país.


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suplemento especial

Energia ao sabor do vento Com 2% de participação na matriz energética brasileira, o setor de energia eólica vê um futuro promissor para o mercado que nos últimos três anos se tornou a segunda fonte de energia mais competitiva, recebendo bilhões de reais em investimentos. por Rodrigo Miguez

O

s ventos estão soprando cada vez mais forte no cenário energético brasileiro. Até 2016, vão entrar em operação mais 6,7 GW, alcançando os oito GW de geração de energia eólica no país, que tem um potencial estimado em mais de 300 GW. Também aumentou o número de fabricantes de aerogeradores, que passou de apenas dois, em 2008, para 11, em 2012. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), o Brasil possui um dos melhores ventos do mundo, pois são fortes, constantes em intensidade e direção e quase sem rajadas – o tipo de vento ideal para a produção de energia eólica – além de possuir uma sazonalidade complementar à energia hidrelétrica. Hoje, o Brasil conta com 71 usinas eólicas e perto de mil aerogeradores instalados. A expec110

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Capacidade instalada em 2021:

16 mil MW Investimentos em projetos, engenharia e obras civis

US$

50

bilhões

tativa do setor é de contratar pelo menos 2,5 gigawatts (GW) por ano até 2020, movimentando cerca de US$ 50 bilhões, incluindo os investimentos em projetos, engenharia e obras civis. De acordo com levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo de eletricidade no Brasil irá crescer 4,5%, por ano, nos próximos dez anos, com a demanda total de eletricidade em 2021 chegando aos 736.000 GWh, 56% maior que em 2011 quando a demanda foi de 472.000 GWh. Nos leilões de energia A-3 e A-5 foram cadastrados 14 GW de eólicas para participar do primeiro e 12 GW para o segundo. Pelo Plano Decenal de Energia 2021, da EPE, a capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional entre 2012 e 2021 deverá crescer 56% no período, saltando de 116,5 mil MW para 182,4 mil MW. Um dos destaques do novo ciclo de


Foto: divulga莽茫o

E贸lica

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suplemento especial

MARANHÃO Contratado: 57,6 MW

Capacidade instalada: em construção e pipeline de projetos*

PIAUÍ Operação: 18 MW Contratado: 75,6 MW Total: 93,6 MW

CEARÁ Operação: 518,9 MW Construção: 503,1 MW Contratado: 825,7 MW Total: 1.847,7 MW rio grande do norte Operação: 636,2 MW Construção: 793,7 MW Contratado: 1.460,3 MW Total: 2.890,2 MW

Paraíba Operação: 66 MW Pernambuco Operação: 24,8 MW Contratado: 78 MW Total: 102,8 MW

PARAnÁ Operação: 2,5 MW

sergipe Construção: 30 MW

SANTA CATARINA Operação: 236,4 MW

BAHIA Operação: 384 MW Construção: 224,4 Contratado: 958,1 MW Total: 1.566,5 MW

RIO GRANDE DO SUL Operação: 364 MW Construção: 116 MW Contratado: 947,8 MW Total: 1.427,8 MW

RIO DE JANEIRO Operação: 28,1 MW

Matriz energética brasileira* Biomassa

1,9%

Nuclear

1,7%

7,7%

Termelétricas Combustíveis fósseis

19,3%

Hidrelétricas

*em agosto de 2012

69,4%

Fonte: ABEEólica

planejamento é o forte crescimento da fonte eólica, cuja capacidade instalada deverá chegar em 2021, a 16 mil MW, ultrapassando a 112

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Operação: 2.278,9 MW Construção: 1.667,2 MW Contratado: 4.403,1 MW Total: 8.349,2 MW Fonte: ABEEólica

*previsão de operação até 2016

Eólica

Total

capacidade da geração à biomassa, que terá 13 mil MW. Atualmente, entre plantas em operação, em construção e

energia contratada, os estados com maior participação no mercado de energia eólica no Brasil são Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia e Rio Grande do Sul, comprovando a alta capacidade de geração de energia dos ventos na região Nordeste do país. Os números do crescimento do mercado de trabalho no setor eólico também impressionam. Se em 2010 eram menos de dois mil profissionais empregados, em 2012 já são mais de 200 mil. Pelas expectativas da indústria, em 2020 os postos de emprego serão ocupados por mais 280 mil trabalhadores, principalmente em atividades de construção de parques eólicos. Altos investimentos Um desses novos complexos eólicos irá surgir na cidade de Santa Vitória do Palmar, no litoral sul gaúcho, e será um dos maiores da América Latina. As obras do Complexo Eólico Geribatu foram iniciadas recentemente no local


energia eólica ao sabor do vento

Financiamento Muitos desses investimentos só são possíveis através de financiamento de bancos ou fundos de investimento. Esse ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento

Parque Eólico Alegria Foto: divulgação

onde serão instalados ao todo 129 aerogeradores, distribuídos em dez parques. Com investimento previsto de quase R$ 1 bilhão, o empreendimento é uma parceria da Eletrosul com o Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Rio Bravo, que detém 51% do negócio. Os 49% restantes pertencem à estatal. Com 258 megawatts (MW) de capacidade instalada, o complexo, que tem previsão de pleno funcionamento para o final do primeiro trimestre de 2014, deverá produzir energia eólica equivalente ao consumo de mais de 1,6 milhão de pessoas. Além do Complexo Geribatu, a Eletrosul tem mais três empreendimentos eólicos, todos no Rio Grande do Sul, devido ao potencial energético da região. No último mês de junho, a empresa inaugurou o Complexo Eólico Cerro Chato, com 90 MW de capacidade, em Santana do Livramento, próximo à fronteira com o Uruguai. Nas imediações, está sendo construindo o Complexo Eólico Livramento, com 78 MW, que deverá entrar em operação no primeiro trimestre de 2013. Já as obras do complexo em Chuí devem ser iniciadas ainda este ano. Os quatro empreendimentos totalizam 570 MW de potência. Para escoar a energia dos complexos eólicos do litoral sul gaúcho, a Eletrosul, em parceria com a Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul, irá construir quase 490 km de linhas de transmissão, três novas subestações e ampliar uma já existente. A previsão é de que as obras das linhas de transmissão, que devem custar R$ 700 milhões, sejam iniciadas até dezembro.

Econômico e Social (BNDES) fez o primeiro desembolso de financiamento para a Tractebel Energia para a implementação de quatro parques eólicos do estado do Ceará. Os empreendimentos terão a produção direcionada para a contratação de longo prazo no mercado livre de energia. A primeira parcela somou R$ 53,8 milhões, de um total de R$ 358 milhões, e financiam os parques Mundaú, Flexeiras, Traiti e Guariju.

Outra empresa que recebeu recursos para investir no mercado eólico nacional foi a Wind Power Energia (WPE), fabricante brasileiro de turbinas eólicas, que recebeu da Corporação Interamericana de Investimentos (CII) cerca de US$ 7 milhões que serão empregados como capital de giro para a produção de geradores eólicos a serem instalados nos estados de Santa Catarina e Ceará. A WPE é a líder na fabricação de equipamentos para o setor de energia renovável na América Latina e pertence à empresa argentina Impsa, uma das líderes mundiais na área de energia limpa, com mais de cem anos de tradição. A empresa, localizada em Pernambuco, desenvolveu sua própria tecnologia adaptada aos ventos da região, o que faz dela uma pioneira no setor de energia eólica. “Com este empréstimo, a CII apoia a energia eólica como opção para suprir a crescente demanda por energia no Brasil, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e controlando as emissões de CO2 que contribuem para o aquecimento global”, afirmou Santiago Cat, oficial de investimentos da CII. Já a Desenvix Energias Renováveis contratou recentemente TN Petróleo 86

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suplemento especial

CEARÁ Vestas (aerogeradores+construção) Fuhrländer (aerogeradores+construção) Wobben Windpower (pás+operação) Aeris Energy (pás+operação) Suzlon (aerogeradores+operação) Tecnomaq (torres+operação)

A indústria de equipamentos eólicos no Brasil

rio grande do norte Wobben Windpower (torres+operação) BAHIA Gamesa (aerogeradores+operação) Alstom (aerogeradores+operação) Torrebrás (torres+construção) Acciona (aerogeradores+planejado)

PARAnÁ Flessak Energia Eólica (aerogeradores+planejado) Global Blade Technology (pás+planejado) SANTA CATARINA WEG (aerogeradores+operação)

RIO GRANDE DO SUL Wobben Windpower/WOEBCK (torres+operação) Intecnial (torres+operação) Impsa (aerogeradores+planejado)

financiamento de R$ 98,7 milhões com o China Development Bank (CDB) para a implantação do parque eólico Barra dos Coqueiros, na região metropolitana de Aracaju (SE). O prazo de pagamento do empréstimo será de 15 anos. A fornecedora dos aerogeradores do parque, que terá potência instalada de 34,5 megawatts (MW), é a também chinesa Sinovel. O investimento total no projeto é de R$ 123,4 milhões. O Parque Eólico Alegria, no Rio Grande do Norte, está hoje em construção, e terá investimentos da ordem de R$ 820 milhões. O empreendimento conta com o maior financiamento já realizado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), no valor de R$ 650 milhões, dividido em duas etapas. A primeira, já em fase de liberação, está sendo destinada à unidade Alegria I e soma R$ 250 milhões, enquanto que a segunda está em fase final de contratação e beira R$ 400 milhões. O parque 114

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Pernambuco IMPSA (aerogeradores+operação) RM Pernambucana (torres+operação) Eólica (pás+planejado)

MINAS GERAIS MG Towers (torres+operação) Fundição Brasil (fundições) RIO DE JANEIRO Fundição Brasil (fundições) São PAULO Tecsis (pás+operação) Wobben Windpower (pás+operação, aerogeradores+operação) Siemens (aerogeradores+operação) GE Wind (aerogeradores+operação) S.A.W.E./Engebasa (torres+operação) ROMI (fundições) Vöith (fundições) Moreno (fundições) Pama (fundições) Fonte: ABEEólica

é composto por duas unidades, Alegria I e Alegria II. A unidade Alegria I é composta por 31 aerogeradores com potência total de 51,15 MW, enquanto que na unidade Alegria II serão instalados 61 aerogeradores com potência total de 100,65 MW. Empresas instaladas A Siemens já possui estrutura local de produção, logística e service e participa, atualmente, da implantação de 12 projetos de energia eólica de grande porte, com capacidade de geração superior a 300 MW. Além dos aerogeradores, a Siemens conta com portfólio abrangente em transmissão e distribuição e expertise diferenciado. Entre os destaques da companhia está a turbina SWT 2.3-108, já comercializada no mercado nacional. Uma evolução do modelo 101, a 108 destaca-se pelo aumento das pás, de 49 m para 53 m e do diâmetro do rotor, de

101 m para 108 m. Estas, entre outras melhorias, contribuíram para aumentar o fator de capacidade e a produção de energia. Outra novidade da empresa é a subestação unitária elevatória para aerogeradores, a Siemens Wind E-House, utilizada para conectar parques eólicos à rede de distribuição de energia. “O setor de energia eólica é bastante promissor no Brasil e estamos preparados para fornecer produtos que se destacam pela qualidade e tecnologia de ponta, com produção nacional. Neste momento, estamos na fase final de negociações de grande porte, o que mostra que as expectativas são muito positivas”, afirma Eduardo Angelo, diretor de energias renováveis da Siemens no Brasil.


energia eólica ao sabor do vento A Suzlon, quinta maior fabricante de aerogeradores do mundo, está presente no Brasil desde 2006, e hoje responde por uma capacidade instalada de 388 MW e está construindo parques que irão gerar 363 MW. A companhia opera 185 turbinas em 11 parques eólicos e detém índices de disponibilidade acima de 98% em média. Em outubro, a empresa instalou duas de suas turbinas, modelo S95, no Parque Bela Vista, no Rio Grande do Norte, que também contará com outras sete turbinas do mesmo modelo e quatro turbinas S88, todas de 2,1 MW, que juntas irão gerar 27,3 MW. O Parque Bela Vista fica a 50 km de Mossoró. Recentemente, a empresa inaugurou a sua fábrica em Maracanaú, no Ceará, que produz hubs (parte frontal da turbina eólica) e painéis elétricos para as turbinas, o que levou a companhia a atingir um índice de nacionalização no país superior a 60%, com perspectivas de ultrapassar 70% em 2013. A unidade ocupa uma área de 20.000 m2, englobando estocagem, manutenção, uma linha de produção de painéis elétricos e eletrônicos e outra de montagem de hubs. Estima-se que em meados de 2013, a Suzlon tenha a capacidade de produzir equipamentos que gerarão 400 MW. Esta nova unidade servirá aos 11 parques em operação e também os 14 parques eólicos atualmente em construção pela empresa. País dos ventos Uma das empresas de mais destaque no cenário eólico nacional, a Alstom assinou diversos contratos em 2012 que vão ajudar

a aumentar o potencial eólico no Brasil. Um deles foi com a Casa dos Ventos, um dos maiores desenvolvedores do mercado eólico brasileiro, para fornecer 68 aerogeradores do modelo ECO 122, pelo valor aproximado de € 230 milhões, a novos parques eólicos no Rio Grande do Norte. “Este acordo com a Casa dos Ventos é um importante passo para consolidar a presença da Alstom no mercado eólico do Brasil e da América Latina”, afirma Marcos Costa, presidente da Alstom Brasil. “Acreditamos que o mercado continuará crescendo nos próximos anos, e continuaremos a fazer parte dele, fornecendo tecnologia e expertise inovadoras”, completou. Além disso, a Alstom conta com outros três contratos no mercado eólico nacional. O primeiro, cujo valor é de € 100 milhões, foi assinado em julho de 2010 com a empresa brasileira Desenvix, uma subsidiária do grupo Engevix, para um complexo de 90 MW na Bahia, incluindo dez anos de operação e manutenção. O complexo de Brotas é composto por três parques eólicos equipados com 57 aerogeradores Alstom ECO 86, com capacidade de 1.67 MW cada. Em 2011, a empresa assinou um contrato de cerca de € 200 milhões para o fornecimento e manutenção a três parques eólicos da Brasventos, que serão instalados no Rio Grande do Norte. O contrato inclui fornecimento,

instalação, comissionamento e manutenção de longo prazo dos aerogeradores ECO 86. Já este ano, a companhia fechou contrato com a Odebrecht Energia para equipar os parques eólicos Corredor do Senandes II, III e IV, e Vento Aragano I, localizados no Rio Grande do Sul, e que terão capacidade total de 108 MW. Pelo acordo, a empresa vai fornecer, instalar e comissionar 40 aerogeradores ECO 122, com capacidade unitária de 2.7 MW. Além dos aerogeradores, a Alstom será responsável pelo fornecimento e montagem dos sistemas elétricos e subestações de todo o complexo. Também no Rio Grande do Sul, a Alstom vai instalar sua primeira fábrica dedicada à produção de torres de aerogeradores da América Latina. A unidade funcionará em Canoas, e terá uma capacidade instalada para produção de 120 torres por ano, o que representa em torno de 350 MW. O investimento inicial é de cerca de R$ 30 milhões e a unidade tem início de produção previsto para o primeiro semestre de 2013. O contrato mais recente da companhia foi com a Queiroz Galvão, no valor de € 270 milhões para instalar aerogeradores ECO 122 em dois complexos eólicos, na região Nordeste. O contrato inclui a fabricação, entrega, instalação e comissionamento das turbinas ECO122, além de um contrato de dez anos para operação e manutenção. De acordo com a Abeeólica, os leilões de energia A-3 e A-5, que aconteceriam em outubro foram adiados para os dias 12 e 14 de dezembro, respectivamente.

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Brasil terá maior fábrica mundial de BioMEG Principal ingrediente das garrafas de PlantBottle™ (PET reciclável produzida parcialmente de fonte vegetal) será produzido no Brasil pela Coca-Cola Brasil e a JBF Industries.

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Foto: Divulgação

O

Brasil vai ser o maior produtor do mundo de BioMEG, principal ingrediente das embalagens PlantBottle™: a Coca-Cola Brasil e a JBF Industries anunciaram a construção de fábrica com capacidade para produzir 500 mil toneladas/ ano desse insumo no município de Araraquara (SP). A iniciativa reforça a liderança da Coca-Cola no lançamento de garrafas sustentáveis inovadoras, aproximando-a ainda mais da meta de adotar a tecnologia PlantBottle™ em todas as garrafas plásticas de seu portfólio no país até 2015. O protocolo de intenções foi assinado entre o CEO do Grupo JBF, Cheerag Arya e o presidente da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade – Investe SP, Luciano Almeida, para a construção da nova fábrica, em evento que contou com a presença do governador do estado, Geraldo Alckmin; do presidente da Coca-Cola Brasil, Xiemar Zarazúa; e do vice-presidente mundial de Compras da Coca-Cola, Ronald J. Lewis. “Os benefícios da inovação sustentável só são totalmente percebidos quando ela é comercializada e chega às mãos dos consumidores”, destacou Ronald J. Lewis, lembrando que

Da esquerda para a direita: Xiemar Zarazúa, presidente da Coca-Cola Brasil; Geraldo Alckmin, governador do estado de São Paulo e Ronald J. Lewis, vice-presidente mundial de Compras da Coca-Cola

a companhia lançou em 2009 a embalagem PlantBottle™ e, hoje vende mais de dez bilhões destas garrafas em todo o mundo, reduzindo a dependência de petróleo e também as emissões de carbono. “Estamos satisfeitos porque a nossa parceria com a JBF Industries irá nos ajudar a expandir nossa produção global.” Com a nova unidade, o Brasil se tornará o maior produtor e exportador de BioMEG do mundo, gerando 1.650 empregos diretos e indiretos. “Além da geração de emprego na região central do estado, esse investimento vai agregar valor à cadeia do etanol de cana-de-açúcar, pois São Paulo responde hoje por 60%

da produção brasileira”, explica Luciano Almeida. A cana-de-açúcar produzida na região e os dejetos de seu processamento serão utilizados como matéria-prima na produção da resina das embalagens na fábrica que será operada pela JBF Industries. “Essa é mais uma importante iniciativa de sustentabilidade que a Coca-Cola Brasil abraça, confirmando nossa posição de vanguarda na inovação de embalagens. A nova fábrica deixará de emitir cerca de 550 mil toneladas de dióxido de carbono”, afirma Ronald Lewis. As obras terão início ainda em 2012 e a operação está prevista para começar 24 meses após.


“Este investimento não só é significativo como é, também, sustentável. Em breve, todas as embalagens PET da Coca-Cola Brasil usarão esta tecnologia, o que significará economia anual de 85 mil barris de petróleo e uma redução de emissão de carbono da ordem de dez mil toneladas por ano, além de transformar o Brasil em importante polo exportador de resina de origem vegetal”, comenta Xiemar Zarazúa.

PET verde Com o desenvolvimento da tecnologia liderado pela The Coca-Cola Company, a PlantBottle™ é fabricada por um processo inovador de transformação da cana-de-açúcar em um insumo do processo de fabricação do polímero PET. Seu plástico é produzido a partir da reação química de dois componentes: MEG (monoetileno glicol), responsável por 30% de seu peso; e PTA (ácido politereftálico), responsável pelos 70% restantes. Disponível em mais de 24 países, o uso da embalagem eliminou, desde seu lança-

mento em 2009, o equivalente a quase cem mil toneladas de emissões de dióxido carbono, o equivalente a 200 mil barris de petróleo.

Parceria estratégica O Sistema Coca-Cola Brasil atua em sete segmentos do setor de bebidas não alcoólicas – águas, chás, refrigerantes, sucos, energéticos, isotônicos e lácteos –, com uma linha de mais de 150 produtos, entre sabores regulares e versões de baixa caloria. Formado pela Coca-Cola Brasil e 15 grupos fabricantes brasileiros, emprega diretamente 60 mil funcionários, gerando cerca de 600 mil empregos indiretos. Os investimentos do Sistema Coca-Cola Brasil para 2012 são de R$ 2,8 bilhões. No período 2012 a 2016, o total investido será de R$ 14,1 bilhões, 50% maior do que o montante investido entre 2007 e 2011. A sustentabilidade é um compromisso da Coca-Cola Brasil e se reflete na forma como a empresa e seus fabricantes lidam com as pessoas e com o meio ambiente. O índice de uso

de água da Coca-Cola Brasil, por exemplo, é um dos melhores do mundo: 1,91 litro de água para cada litro de bebida produzido – menos da metade do volume utilizado há 13 anos. A Investe São Paulo é a porta de entrada das empresas que pretendem se instalar no estado, além de estimular a expansão de empreendimentos que já estão em São Paulo. A agência, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia fornece, gratuitamente, informações estratégicas que ajudam os investidores a encontrar os melhores locais para os seus negócios e facilita o contato das empresas com órgãos públicos e privados. Estão ainda entre as atribuições da Investe São Paulo recepcionar delegações estrangeiras, apresentar as oportunidades de investimento no estado, prospectar novos negócios, disponibilizar informações que contribuam para o desenvolvimento de São Paulo, além de promover a imagem do estado no Brasil e no exterior como destino de investimentos.

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suplemento especial

Siemens inaugura centro de desenvolvimento urbano em Londres

“As cidades são motores da economia mundial e também têm o maior impacto sobre o meio ambiente. O sucesso ou o fracasso do desenvolvimento do nosso planeta dependerá do desenvolvimento dos grandes centros. Olhando para a frente, para o futuro urbano, o The Crystal exibe uma ampla variedade de oportunidades e soluções concretas”, afirmou Peter Löscher, presidente e CEO da Siemens, na cerimônia de abertura. Encerrada a fase de construção, que durou cerca de um ano e meio, o The Crystal leva à capital britânica uma arquitetura de destaque e um dos edifícios mais ecológicos do mundo. Cerca de € 35 milhões foram investidos no projeto. Concebido pelo escritório de arquitetura Wilkinson Eyre, o prédio conta com um auditório de 270 lugares e reúne a maior exposição do mundo sobre sustentabilidade urbana. Ostentando uma área de 2.000 m2, a exposição apresenta soluções de infraestrutura que tornam a vida nas cidades mais sustentável e ecológica, elevando, ao mesmo tempo, sua qualidade. No local serão realizadas pesquisas voltadas para tecnologias e inovações para o futuro das metrópoles. Além disso, o setor de Infraestrutura e Cidades coordenará seus gerentes de contas a partir do The Crystal. “Cidades do mundo inteiro estão fazendo investimentos para melhorar seus suprimentos de água, redes elétricas, sistemas de transporte e infraestruturas de edifícios. Sozinho, nosso mercado potencial tem um volume de € 300 bilhões. Nessa área em crescimento, o The Crystal nos 118

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Foto: Divulgação

A Siemens inaugurou em Londres seu primeiro centro para o desenvolvimento urbano sustentável, o The Crystal. O edifício em forma de cristal servirá como centro de conferências, plataforma de diálogo urbano e centro de tecnologia e inovação, reunindo tomadores de decisões políticas, especialistas em infraestrutura e o público em geral para desenvolver conceitos para o futuro das metrópoles.

ajudará a intensificar o diálogo com os nossos clientes. O novo centro é a vitrine, ponto de contato e mentor do nosso setor ”, observou Roland Busch, membro do Conselho Diretivo da Siemens AG e CEO do Setor de Infraestrutura e Cidades. Após a inauguração, o The Crystal será palco de duas conferências. Em 20 de setembro, o programa Habitat da ONU reunirá urbanistas e tomadores de decisões municipais na conferência ‘Urbanismo para dirigentes de cidades’. Um dia depois, em 21 de setembro, os participantes das ‘Cidades concebidas para a vida digital’, conferência patrocinada pela Hubert Burda Media e voltada para o futuro, tratarão de questões relacionadas ao desenvolvimento urbano sustentável e a concepções de cidades inteligentes. Exemplo de sustentabilidade Estendendo-se por uma área de mais de 6.300 m2, o The Crystal é um

modelo de eficiência energética. As instalações consomem 50% menos energia e emitem 65% menos dióxido de carbono do que as edificações tradicionais. Fontes de energia renováveis atendem às necessidades de aquecimento e refrigeração do The Crystal, um sistema fotovoltaico gera eletricidade verde e a água da chuva é coletada para uso. Nas avaliações internacionais Breeam (Building Research Establishment Environmental Assessment Method) e Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), de edifícios energeticamente eficientes, o The Crystal receberá as pontuações mais altas (Excepcional e Platina, respectivamente), o que fará dele um dos edifícios mais ecológicos do mundo. A exposição interativa guiará os visitantes pela infraestrutura urbana do futuro, enfocando possibilidades em mobilidade sustentável, tecnologias de construção e suprimentos de água e energia, além de soluções voltadas para a saúde. Já o centro de conferências é um fórum independente para engenheiros, arquitetos, urbanistas e tomadores de decisões municipais. O The Crystal é o maior e sede do primeiro de três centros de competência para cidades, planejados para serem construídos nos próximos anos em Xangai, na China, e Washington, nos Estados Unidos. O centro de Londres, situado no distrito de Newham, nas históricas Docas Royal Victoria, oferece aos especialistas da Siemens e profissionais do setor uma plataforma de realização de pesquisa e troca de conhecimento.


Brasil oficializa a entrada na Plataforma Internacional sobre biodiversidade

Criada em 2001, com sede em Copenhague, na Dinamarca, é considerada a maior iniciativa mundial com o objetivo de disponibilizar dados com acesso livre sobre biodiversidade na internet. O passo formal para tornar-se membro da GBIF foi a assinatura do Protocolo de Entendimento GBIF pelo titular do MCTI, Marco Antonio Raupp. Essa iniciativa insere o país numa comunidade global (de colaboração) que compartilha ferramentas, competências e experiências relacionadas com a gestão dos recursos de informações biológicas. Segundo a presidente do Conselho de Administração do GBIF, Joanne Daly, “a adesão é muito empolgante e todos os participantes na GBIF compartilharão este sentimento. Muitos países enxergam a participação do Brasil na GBIF como vital para os esforços globais de conservação e gestão da biodiversidade. Não apenas o Brasil é um dos países de maior biodiversidade, mas seus cientistas são alguns dos profissionais mais ativos na ciência da biodiversidade e fazem uma extraordinária contribuição global”, observou Joanne. Para o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, a decisão é um marco sobre

Foto: Agência Petrobras

Detentor da maior diversidade biológica do planeta, o Brasil assinou, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a adesão à Plataforma Internacional de Informações sobre Biodiversidade (GBIF, na sigla em inglês).

a importância do conhecimento para a gestão dos imensos recursos naturais do país. “No ano da Rio+20, o Brasil mais do que nunca está assumindo um firme compromisso de direcionar as nossas políticas para o desenvolvimento sustentável.” É vital, segundo ele, “conhecer para proteger, conhecer para utilizar sustentavelmente”. O Brasil abriga cerca de 15% de toda a biodiversidade do planeta em seis biomas (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pampa, Mata Atlântica e Pantanal), e em sistemas costeiros e oceânicos. Mesmo antes da adesão do Brasil na GBIF, mais de 1,6 milhão de registros relativos à biodiversidade nacional estavam acessíveis por meio do portal de dados da GBIF, provenientes de mais de 700 conjuntos de dados mantidos em 28 países. Com a adesão à plataforma, amplia-se a possibilidade de publicação dos diversos registros digitais que documentam a variedade excepcional de plantas, animais e outros organismos no país por meio do GBIF, a partir das instituições brasileiras de pesquisa, museus, herbários e redes de observação. O objetivo é compartilhar experiências e estabelecer uma interface com o Sistema de Informações para a Biodiversidade e Ecossistemas

Brasileiros (SIB-Br), um projeto do MCTI, em parceria com a organização Global Environment Facility (GEF), envolvendo um investimento de US$ 28 milhões. Os cientistas brasileiros já são usuários expressivos de dados publicados por meio da plataforma: nos últimos três anos, pelo menos 18 trabalhos de pesquisas, de autores do Brasil, revisados por pares, citaram o uso de dados mediados pela GBIF. No mundo, em média, cerca de quatro artigos são publicados a cada semana com dados acessados pela rede GBIF. Inicialmente, o Brasil se associa à GBIF como participante associado, o que significa que, embora possa participar plenamente na publicação de dados e projetos de capacitação, não contribui financeiramente para o orçamento global da GBIF e não possui direto de voto no Conselho de Administração. A partir da assinatura do protocolo de entendimento, como participante associado, se compromete a se movimentar para a participação votante dentro de cinco anos. O Brasil se junta à Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, México, Nicarágua, Peru e Uruguai como integrantes da GBIF na América Latina. TN Petróleo 86

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suplemento especial

Green Talents:

brasileiro é um dos 25 vencedores

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o final do fórum, o distinto júri de especialistas na área selecionaram 25 vencedores de 20 países diferentes, do Brasil ao Zimbábue, pela sua excelente conquista na área de sustentabilidade. Desde energias renováveis e gerenciamento de recursos naturais, até as implicações sociopolíticas de novas tecnologias, os vencedores deste ano cobriram uma gama impressionantemente abrangente de pesquisas e conquistas acadêmicas. A ministra Annette Schavan elogiou a sofisticação dos trabalhos científicos realizados pelos premiados e salientou a contribuição importante da competição Green Talents para a internacionalização da pesquisa

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Foto: FONA – Forschung für Nachhaltige Entwicklungen

Em outubro, 25 vencedores da competição Green Talents 2012 receberam seus prêmios como parte do Fona (Fórum pela Sustentabilidade), em Berlim. Apresentado pelo Ministério Federal de Educação e Pesquisa (BMBF) pela quarta vez, o “Green Talents – International Forum for High Potentials in Sustainable Development” (Talentos Ecológicos - Fórum Internacional dos Alto Potenciais no Desenvolvimento Sustentável) atraiu este ano mais de 400 candidaturas de 69 países.

Vencedor brasileiro – Antonio Otávio Patrocinio, professor assistente de Química Inorgânica na Universidade Federal de Uberlândia, focou sua atenção em fazer a química ecológica ainda mais “verde” com soluções locais e o desenvolvimento de uma geração de pesquisadores dispostos e qualificados para encarar o desafio da energia. Na foto, ele recebe o prêmio da ministra de Educação e Pesquisa da Alemanha (BMBF), Annette Schavan.

sobre sustentabilidade. “Promover a mobilidade dos jovens cientistas de hoje é a base para a pesquisa de nível internacional e para a colaboração futura”, disse Schavan. Mencionando a grande popularidade e reconhecimento da iniciativa, Schavan anunciou que o Ministério também apresentará a quinta edição da competição em 2013 e mais uma vez convidará as mentes brilhantes do mundo inteiro a participarem do evento na Alemanha. A cerimônia de premiação foi o destaque final da viagem, de duas semanas pela Alemanha, dos vencedores. Na visita a um

dos institutos e empresas de pesquisas mais reconhecidos da Alemanha, os participantes obtiveram insights exclusivos sobre a pesquisa de sustentabilidade no país e tiveram a oportunidade de conhecer e trocar ideias com alguns dos cientistas mais conhecidos nas suas respectivas áreas. O ano de 2012 também marcou a primeira reunião oficial de antigos estudantes do Green Talents, que reuniu vencedores desde 2009 a 2011, e apresentou vários eventos de networking. Dando continuidade à obtenção de novos insights e contatos do passeio pela Alemanha, cada


um dos vencedores deste ano terá a oportunidade de voltar à Alemanha em 2013 para uma estadia de pesquisa financiada pelo BMBF. Com até três meses de duração, estas estadias de pesquisas proporcionarão uma base para colaborações internacionais futuras na pesquisa sobre sustentabilidade.

Foco de pesquisa: Dispositivos moleculares fotoinduzidos para conversão de energia solar Antonio Otávio de Toledo Patrocínio, vencedor do Green Talents 2012, passou os últimos anos investigando abordagens moleculares para conversão de energia solar, na esperança de encontrar maneiras de aumentar a eficiência de conversão de dispositivos, como células solares

sensíveis a corantes e dispositivos artificiais fotossintéticos. Um passo importante é a compreensão de processos de transferência de elétrons e como as propriedades químicas e físicas de vários materiais afetam sua eficiência. Antonio Patrocínio deu esse passo e imediatamente chamou a atenção, ganhando o prêmio de melhor tese de doutorado do Brasil em Química em 2010. “Sintetizei e caracterizei rutênio fotoativo e complexos de rênio”, explica ele. “Também usei moléculas de extrato de amora e de outras frutas brasileiras como sensibilizadores em células solares.” Isso é importante para Patrocínio, agora um professor de Química que vê soluções locais como uma pedra fundamental para o crescimento sustentável.

“É preciso, ainda, desenvolver recursos humanos qualificados dispostos a assumir a questão da energia”, diz o premiado, que vê esta como uma de suas responsabilidades. Como membro de um grupo de pesquisa e desenvolvimento ligado a uma universidade e dedicado ao desenvolvimento de novos materiais inorgânicos, Patrocínio incentiva seus alunos, em todos os níveis, a contribuir de forma criativa para o desenvolvimento de soluções sustentáveis. Patrocínio foi selecionado pelo júri por seu trabalho em fotoeletroquímica e o potencial no avanço de tecnologias de energia solar. O júri também considerou sua pesquisa “muito impressionante”.

Indústria naval brasileira. Um setor em expansão.

Acompanhe, acessando www.portalnaval.com.br

Com um mar de oportunidades em sua proa e após anos de estagnação, o mercado naval brasileiro volta a ser uma realidade. De 2000 para cá, com os programas de Renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam) e o de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro, a indústria da construção naval brasileira saltou de dois mil para 80 mil empregos diretos e indiretos, serão 146 embarcações de apoio marítimo e 49 navios, com um índice de 65% de conteúdo nacional no setor de navipeças. Participe! Copyright 2010, Benício Biz Editores Associados | 55 21 3221-7500 TN Petróleo 86

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Foto: Divulgação

EIC tem nova executiva para a América do Norte e Central O EIC (Energy Industries Council), a principal associação comercial para empresas do Reino Unido que fornecem bens e serviços para as indústrias de energia em todo o mundo, nomeou Aimee Marsh como sua nova diretora executiva, da América do Norte e Central. Aimee, que estará baseada no escritório do EIC em Houston (EUA), será responsável por liderar as atividades do EIC em toda a América do Norte e Central, apoiando os membros do EIC a identificar oportunidades de negócio na região, conectando-os com potenciais parceiros locais, e oferecendo uma gama de serviços, networking e treinamento. Graduada em Engenharia Oceânica e com uma carreira em tecnologia marinha, Aimee traz uma rica experiência no setor offshore de petróleo e gás para sua nova posição. Funções anteriores incluem Vendas Regionais na Canyon Offshore, empresa do grupo Helix, onde era responsável pelas vendas e marketing de veículos operados remotamente e embarcações de apoio offshore para a indústria de petróleo e gás; gerente de Projetos da Saipem America Inc, onde gerenciou uma equipe de engenharia e pessoal offshore durante um descomissionamento de dois anos e em projetos de resgate para a Devon Energy. “A experiência de Aimee e a ampla gama de contatos na indústria será de valor inestimável para o EIC, fortalecendo ainda mais o nosso escritório de Houston como um hub regional e plataforma para os membros EIC que objetivam a oportunidade de geração de receitas nas Américas”, disse o CEO do EIC, Ian Stokes. “Estamos muito satisfeitos que Aimee tenha se juntado a nós e esperamos ansiosos por sua contribuição no desenvolvimento do nosso escritório de Houston nos próximos anos.” Aimee é membro da Marine Technology Society, atualmente presidida por ela (julho de 2011 a junho de 2013). Atua no Conselho Consultivo para o Texas Sea Grant (janeiro 2012 a dezembro de 2015) e é voluntária no Houston Live Stock Show and Rodeo. Ela tem diploma em Engenharia Oceânica na Texas A & M University.

Angelo Baptista assume presidência da Transnordestina Tufi Daher Filho, atual presidente, assume diretoria executiva na CSN e continua envolvido no projeto da Transnordestina como membro do Conselho de Administração da companhia. O economista Angelo Baptista será o novo presidente da Transnordestina Logística S.A., empresa da qual foi diretor comercial por três anos (2004 a 2007). Baptista substitui Tufi Daher Filho, que assumirá uma diretoria executiva na CSN, mas continuará envolvido 122

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no projeto da ferrovia como membro do Conselho Administrativo. Ele também manterá sua cadeira no Conselho de Administração da Ferrovia MRS. Baptista tem 48 anos e hoje é diretor comercial e de novos negócios da Rumo Logística. Carioca, iniciou sua carreira como estagiário da Vale nos anos 1980. Na década de 1990, assumiu a gerência geral da logística do Sistema Norte da Vale, que inclui operações ferroviárias e portuárias de carga geral. Também foi presidente da Companhia Docas do Espírito Santo e da Emap, empresa pública que administra o porto de Itaqui (MA).

O novo presidente é formado em Economia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e possui em seu currículo MBA em Finanças pelo Ibmec/ RJ e especializações no Brasil e no exterior em instituições como USP, FGV, Fundação Dom Cabral, Apec (Bélgica), Insead (França). A Transnordestina é uma das maiores obras em construção no Brasil. Quando concluída, a ferrovia destinada ao transporte de carga terá 1.728 km e vai ligar o interior do Piauí aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE), cruzando o semiárido do Nordeste brasileiro.


Foto: Divulgação

Novo diretor da divisão Process Systems no Brasil da Aker Solutions Aker Solutions, multinacional de serviços de óleo e gás, indicou Eric Mehl como novo diretor da divisão Process Systems no Brasil. O executivo substituirá André Andriolo, que, de acordo com a companhia, “está pronto para novos desafios e oportunidades de carreira”. “Eric Mehl tem a qualificação ideal para o cargo. Possui

grande experiência no ramo de sistemas de processo e trabalhou em importantes empresas no mercado offshore. Também tem uma experiência profunda e variada em liderança, e gerenciou diversas equipes em vários continentes”, diz David Merle, diretor da divisão de sistemas de processo da Aker Solutions.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única) anunciou a contratação da economista Elizabeth Farina para o cargo de diretora-presidente da entidade. Ela substitui o engenheiro agrônomo Marcos Jank, que deixou o cargo em abril deste ano. Professora Titular do Departamento de Economia da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), Farina é chefe do Departamento de Economia da USP desde 2011, e foi presidente do Conse-

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Unica anuncia nova diretora-presidente lho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ligado ao Ministério da Justiça, de 2004 a 2008. Foi também coordenadora adjunta do Pensa, o Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial, ligado à USP.

Eric Mehl tem grande experiência na indústria de energia e, nos últimos anos, dedicou-se ao segmento de óleo e gás. Cidadão francês, morou no Brasil por mais de 20 anos. Formou-se em Engenharia Mecânica e fez mestrado em Gestão de Negócios na Wharton Business School na Filadélfia. Sua experiência profissional abrange gestão e desenvolvimento de negócios, vendas e liderança de equipes multifuncionais na Europa, América Latina, EUA e Ásia. O executivo tem experiência com sistemas de processo e trabalhou como gestor em importantes empresas no mercado offshore, como SBM e Converteam. Eric Mehl se reportará a David Merle, na Process Systems, e a Luis Araújo, presidente da Aker Solutions no Brasil. “A Aker tem fornecido com sucesso sistemas de processo a nossos clientes no Brasil por mais de uma década, com forte foco no conteúdo local. É uma satisfação termos alguém experiente e habilitado como Eric, para desenvolver o nosso negócio em um dos mercados offshore mais promissores”, exultou Araújo.

Segundo o Presidente do Conselho Deliberativo da Unica, Pedro Parente, Farina traz para a função credenciais técnicas e experiência acumulada em posições relevantes no Governo Federal. “Ela reúne condições excepcionais para liderar a Unica e contribuir para a superação dos enormes desafios que a indústria de açúcar, etanol e bioeletricidade enfrenta atualmente.” Elizabeth Farina assume suas novas funções na Unica a partir de 1º de dezembro, quando deixará suas atuais funções na USP.

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A subsidiária sul-americana da Klüber Lubrication, empresa do Grupo Freudenberg especializada em soluções com lubrificantes especiais, anuncia a contratação de Mariana Sarmento para o cargo de gerente de Recursos Humanos. A executiva será responsável por toda a área de gestão de pessoas e comunicação interna na América do Sul, onde a companhia possui fábricas no Brasil, Argentina e Chile. Mariana Sarmento é psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA/Salvador), com especialização em Gestão de Varejo pela Universidade Tiradentes (Unit/Aracaju, SE) e MBA em Gestão de Pessoas pela Fundação Instituto de Administração (FIA/São Paulo, SP). A executiva possui quase 15 anos de experiência na área, tendo atuado em empresas de varejo, como a rede G. Barbosa e

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Klüber Lubrication contrata nova gerente de RH para América do Sul

Etna, e no mercado imobiliário, como a Cushman & Wakefield. Segundo Mariana Sarmento, um dos principais desafios do novo cargo é a gestão da área de desenvolvimento de pessoas, inserida em um escopo estratégico para apoiar a empresa nas decisões de gestão, com objetivo de manter a equipe como

um dos seus principais diferenciais competitivos. No caso da Klüber Lubrication, ela ressalta que um dos fatores que a atraiu foi justamente o respeito às pessoas por parte da empresa e do Grupo Freudenberg, além da atuação fundamentada em valores e princípios muito sólidos.

A Locar, maior empresa da América Latina em içamentos por meio de guindastes, tem novo diretor de Transportes: Julio Cezar Teixeira Pereira. Engenheiro civil, com especialização em estradas, Pereira começou a carreira no antigo DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), passou pelo Consórcio Itaipu e depois ingressou na área de transportes especiais. Atuou por 18 anos como diretor da Tomé, depois esteve por um ano e meio na Transdata, antes de assumir a diretoria de Transportes da Locar. Com formação também em Comércio Exterior pela Fundação Getúlio Vargas, Pereira tem como desafio no cargo dar uma nova dimensão ao departamento de Transporte da 124

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Julio Cezar Pereira: novo diretor de Transportes da Locar

Locar, com foco nas soluções integradas para o transporte multimodal. Segundo ele, as diversas áreas da Locar cresceram muito nos últimos anos e o desafio agora é integrá-las cada vez mais. “Vamos trabalhar, por

exemplo, muito próximos da área marítima, especialmente em função do pré-sal, focados na movimentação de módulos e componentes superpesados para plataformas”, disse o novo diretor.


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produtos e serviços

Braskem

A Braskem inaugurou, em setembro, sua nova fábrica de butadieno no Polo Petroquímico de Triunfo (RS) com a presença do governador Tarso Genro. A unidade, que demandou investimentos de R$ 300 milhões, confirma o compromisso da Braskem com o desenvolvimento industrial e da cadeia produtiva química do Rio Grande do Sul e do Brasil. O butadieno é a matéria-prima utilizada na indústria de borrachas sintéticas que são usadas na fabricação de pneus e de artefatos de borracha em geral. Este é o segundo grande investimento inaugurado pela Braskem no Brasil em 2012. “A empresa está focada em projetos importantes para consolidar sua posição como uma das líderes da petroquímica mundial e para o fortalecimento da indústria brasileira”, afirma Carlos Fadigas, presidente da Braskem. Nos últimos quatro anos, os desafios do cenário econômico mundial não impediram a empresa de inaugurar quatro novas unidades industriais: uma fábrica de polipropileno na cidade de Paulínia (SP), em 2008; de eteno e polietileno verde em Triunfo (RS), em 2010; uma unidade de PVC em Alagoas, no último mês de agosto, além da nova planta de butadieno em Triunfo (RS). Com capacidade de produção de 103 mil t/ano e geração de 60 novos empregos diretos, a planta de butadieno irá dobrar o volume dessa matéria-prima processada no polo de Triunfo e contribuirá com o avanço da cadeia de borrachas sintéticas no estado. A unidade já está operando a plena capacidade de produção, o que eleva a oferta máxima de butadieno em Triunfo para cerca de 210 mil t/ ano. A empresa também produz 180 126

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Foto: Divulgação

Nova fábrica no Rio Grande do Sul

mil t/ano de butadieno em Camaçari (BA) e 80 mil t em Capuava (SP). A unidade entrou em operação 50 dias antes do previsto. Essa antecipação foi possível graças a um modelo de gestão de projeto que minimiza riscos e otimiza os prazos definidos nas etapas de engenharia, suprimento e construção. Com duração de 14 meses, as obras envolveram a instalação de 930 toneladas de tubulações, 570 toneladas de estruturas metálicas e mais de 200.000 m de cabos. Liderada pela Construtora Norberto Odebrecht (CNO), a empreitada gerou no período 1,8 mil empregos diretos. A mão de obra foi contratada principalmente dos municípios de Montenegro e Triunfo. Parte dos trabalhadores participou do programa de capacitação denominado Acreditar, realizado em parceria com a Prefeitura de Montenegro e o Senai. O investimento está alinhado com a estratégia da Braskem de buscar, ao mesmo tempo, a competitividade dada pelo gás como matéria-prima em seus novos complexos e trabalhar para maximizar sua posição no mercado de produtos derivados da nafta petroquímica, que têm se tornado mais escassos no mercado mundial. Além de representar uma oportunidade de atender à demanda

mundial, a decisão de investir na expansão de butadieno baseia-se no potencial da cadeia produtiva de borrachas sintéticas no Brasil. Um bom exemplo é o da indústria automotiva nacional, que vem crescendo cerca de 8% ao ano, o que tem motivado fa bri c a ntes de pneus a investirem em novas unidades no país. “Adicionalmente ao potencial de crescimento de empresas já instaladas no Brasil, estamos em contato com companhias da indústria global de borracha sintética interessadas em produzir no país. Desta forma, o butadieno, a princípio destinado ao mercado internacional, poderá ser pouco a pouco industrializado internamente”, afirma Rui Chammas, vice-presidente da Unidade de Petroquímicos Básicos da Braskem. O investimento também reforça o compromisso da Braskem com o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. “A empresa investiu no estado mais de R$ 2 bilhões nos últimos quatro anos, em novas fábricas, aumento de capacidade de produção, paradas de manutenção e em saúde, segurança e meio ambiente”, ressalta Fadigas.


Schneider Electric

A Schneider Electric inaugurou a sua nova fábrica no Brasil, localizada em Curitiba (PR). Na nova planta, que ocupa uma área de 12.000 m2, serão produzidos mais de duas mil unidades de religadores para média tensão e mais de 800 painéis de automação de subestações, por ano. “A planta atenderá a nova demanda do mercado por redes elétricas inteligentes e sistemas de automação que, ao lado de nosso Centro Regional de Automação localizado em São Paulo, fortalecerá nossa presença neste mercado”, afirma Claudio Sérgio Dantas, diretor de automação para América do Sul da Schneider Electric. Apostando no crescimento e mão de obra qualificada da região, a nova fábrica irá gerar para a cidade mais de cem novos empregos diretos na indústria. A empresa também capacitará profissionais para que possam

Foto: Divulgação

Schneider Electric inaugura nova fábrica em Curitiba

atuar regionalmente, tanto no escritório como na fábrica. A unidade local, além dos atuais clientes do mercado brasileiro, também terá a capacidade de exportar para os demais clientes da América do Sul. Além disso, uma das razões para a escolha da cidade para a expansão foi a proximi-

dade com outra unidade fabril de média tensão e transformadores que a Schneider Electric já possui na região. “Acreditamos no Brasil, no potencial de desenvolvimento da região Sul e na força do estado do Paraná”, diz Dantas. A fábrica deve iniciar as operações até o final de 2012.

Promon

Promon fecha parceria com Keppel Fels Brasil A Promon Engenharia acaba de firmar parceira com a Keppel Fels Brasil para atuar no projeto de construção dos novos FPSO (Floating Production Storage and Offloading), da Petrobras. A Keppel Fels Brasil foi uma das três empresas vencedoras da licitação da Petrobras para fazer a integração de seus oito novos FPSOs e foi contratada no sistema de EPC (Engineering, Procurement & Construction). Como integradora, receberá o casco e os módulos dos diferentes fornecedores, produzirá alguns módulos para as interligações e cuidará da montagem, do comissionamento e da partida. “É um

importante marco em nossa trajetória no mercado de óleo & gás. A Promon foi subcontratada pela Keppel para fazer a engenharia, o “E” do contrato de EPC”, comentou Sérgio Nascimento, diretor da Promon responsável pelo projeto. A Promon fará a análise de consistência dos documentos relativos à engenharia de pré-detalhamento (Feed/Front-End Engineering Design) e, a partir daí, o projeto executivo.

“São inúmeras informações e detalhes, vindos de diferentes fontes e fornecedores, com a Petrobras como ponto central. Gerenciar esse fluxo de informações e as várias interfaces é um grande desafio. Uma falha em qualquer elo tem sérios desdobramentos e pode causar impactos no desenvolvimento do projeto”, finaliza. A Promon já detém algumas realizações nesse segmento, como projetos básicos de plataformas, gerenciamento de treinamentos e, mais recentemente, o EPC do MOP-1, plataforma fixa para a operação de pigs que foi instalada recentemente na Bacia do Espírito Santo. TN Petróleo 86

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produtos e serviços

Itaoca Offshore

A Itaoca Offshore é o mais novo player do segmento de infraestrutura e serviços voltados para o mercado de exploração e produção do setor de petróleo e gás brasileiro. Uma empresa genuinamente nacional, o projeto greenfield da Itaoca será dedicado ao fornecimento de serviços e apoio logístico para o mercado petrolífero offshore na costa do Sudeste brasileiro. Com um investimento inicial de R$ 450 milhões, a Itaoca pretende instalar um terminal marítimo no município de Itapemirim (ES), composto por uma área de 600 mil m² – com um cais de 230 m e 11 berços de atracação – acessível pelas rodovias ES-060 (Rodovia do Sol) e por uma ligação direta com a BR-101. A área de embarque offshore terá 40 mil m², com uma profundidade natural de 9,5 m. “Como somos um projeto greenfield, o terminal offshore da Itaoca foi completamente concebido e será construído de forma a otimizar as operações. Trata-se de um diferencial importante porque não haverá adaptações. Pensamos em um projeto para obter uma excelência operacional única a partir de um conceito de transformar nosso terminal em um local centralizado, que prestará todo o tipo de serviço para esse setor. Nesse tipo de indústria, na qual as extremidades da cadeia dependem de equipamentos com custos diários altíssimos, é impensável considerar a interrupção das operações. A oferta de uma solução integrada como Itaoca Offshore representa para essa indústria a certeza que suas exigências sobre confiabilidade, segurança e agilidade serão atendidas”, afirma Álvaro de Oliveira, diretor de Operações da Itaoca Offshore. 128

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Ilustração: Divulgação

Novo projeto na costa do Espírito Santo

A configuração do projeto favorece essa perspectiva. Os 11 berços de atracação, por exemplo, poderão funcionar de maneira independente e simultânea, o que possibilitará uma operação bastante otimizada e sem interferência, com ganhos de eficiência importantes. Outro determinante na concepção do terminal é o fato de a área de estocagem ser contínua ao cais, sem a necessidade de longos transportes de insumos e das cargas. Além da agilidade no carregamento e estocagem, essa configuração permitirá uma redução significativa nos custos operacionais e logísticos na comparação da operação com outros terminais, que em geral foram adaptados para essa finalidade. “Com a Itaoca Offshore, queremos entregar às empresas do setor um terminal de serviços integrados que reúna, em uma única estrutura e local, todos os serviços de suporte ao setor de exploração offshore de petróleo e gás, com ganhos logísticos e de custos operacionais”, adianta Álvaro. Graças à localização privilegiada do terminal, a Itaoca Offshore terá condições de atender à demanda de empresas que operam nas bacias de Campos e do Espírito Santo. “São áreas em que reconhecidamente há carência de infraestrutura para suportar o crescimento da atividade após a descoberta do pré-sal. Nosso terminal, por ser focado e dedicado

apenas ao segmento de petróleo e gás, não irá apenas suprir essa demanda, mas contribuir para o desenvolvimento econômico de toda a região”, detalha Oliveira. As perspectivas do projeto reforçam isso. Em operação plena, o terminal marítimo da Itaoca Offshore deverá gerar cerca de 450 empregos diretos e mil indiretos. Durante a construção, a previsão é de abertura de mil postos de trabalho. A partir de um plano de operações bem estruturado, a instalação do terminal terá impactos mínimos no ecossistema, no turismo e nas atividades socioeconômicas da região. No momento, o projeto encontra-se na fase de obtenção das licenças ambientais. Portfólio de serviços – A Itaoca offshore contará com um amplo portfólio de serviços voltados para a indústria. O objetivo é fornecer soluções completas, a partir de uma operação de excelência, em um único local. O modelo de negócios prevê também o aluguel do espaço para empresas fornecedoras de serviços à indústria. Constarão do portfólio da Itaoca: limpeza de tanques, fornecimento de combustível e de água, coleta e destinação de resíduos, armazenagem de cargas e serviços de atracação, além de heliponto e serviços administrativos, entre outros.


Trelleborg

A Trelleborg inaugurou sua nova unidade fabril, em Macaé (RJ), onde a empresa irá desenvolver, fabricar e fornecer as soluções de isolamento térmico e flutuabilidade de alto desempenho. Além disso, a nova planta conta com a maior câmara privada para teste de pressão hidrostática do mundo. Utilizado para realizar o teste hidrostático da linha de produtos submarinos da empresa a uma profundidade de 5.500 m, o equipamento contará com capacidades de teste desenvolvidas pela Trelleborg. “Como empresa, temos uma estratégia contínua e de longo prazo de investir em mercados com potencial de crescimen-

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Maior câmara de testes de pressão do mundo

to promissor. Após as grandes descobertas de petróleo e gás ocorridas na costa do Brasil nos últimos anos, aumentar nossa presença e suporte ao cliente nessa região tão importante foi um passo lógico. O Brasil tem oportunidades expressivas de crescimento de longo

prazo para nosso negócio; além disso, acreditamos que nossa forte plataforma global será reforçada por essa fábrica, demonstrando nosso empenho em fabricar no Brasil”, comentou Fredrik Meuller, presidente da divisão Offshore & Construction da Trelleborg.

MAN

A MAN Diesel & Turbo, especialista em motores a diesel de grande porte e turbomáquinas, fechou contrato de serviços de longo prazo com a Petrobras para manutenção, reparo e operação de 20 turbinas a gás THM, fabricadas pela MAN, em quatro plataformas offshore na área de exploração de gás natural e petróleo bruto da estatal na costa noroeste do Rio de Janeiro. Esta é a segunda renovação de contrato entre as empresas, e terá duração de cinco anos. O valor do acordo é €150 milhões. As turbinas a gás movimentam dez compressores a gás e dez geradores nas plataformas Cherne 1 e 2, Garoupa e Pampo, situadas a 150 km da costa brasileira, na Bacia de Campos, onde estão

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MAN Diesel & Turbo renova contrato com a Petrobras

localizados cerca de 80% da produção de petróleo e gás natural do país. O acordo inclui suporte técnico para a operação de sistemas, serviço regular de manutenção, todos os reparos necessários, assim como peças de reposição e suas respectivas logísticas. Afora os componentes fundamentais para turbinas, compressores e

geradores, o contrato cobre todos os equipamentos auxiliares e o sistema de controle. A MAN atende às demandas específicas dos negócios de petróleo e gás: disponibilidade nas 24 horas, 365 dias por ano, com rápida resposta para operações de manutenção e conformidade com a exigência em segurança e requisitos ambientais. “A nova extensão do acordo confirma nossa excelente colaboração com a Petrobras e representa uma referência-chave no mercado brasileiro de petróleo e gás”, afirma René Umlauft, CEO da MAN Diesel & Turbo. “Estamos satisfeitíssimos por sermos parceiros altamente confiáveis, de muitos anos, da Petrobras.”. TN Petróleo 86

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produtos e serviços

SKF

A SKF do Brasil traz para o Brasil quatro novas tecnologias que ajudam a reduzir as paradas não programadas com manutenção e a melhorar a produtividade industrial: o Microlog Inspector (equipamento para coleta de dados e inspeção de equipamentos), o alinhador de eixos a laser e um atuador eletromecânico modular. De acordo com Paulo Manoel, gerente de vendas de monitoramento da condição da SKF do Brasil, ainda há desconhecimento de algumas empresas em como melhorar seu desempenho produtivo adotando apenas boas práticas de manutenção. “Não há mais espaço para empresas que olham para a manutenção como um item adicional da operação. As empresas que enxergaram a manutenção como item estratégico de negócios, conseguiram ganhos expressivos nos últimos anos. A tecnologia ajuda e muito nesse sentido.” Além desses lançamentos, a SKF desenvolve outras soluções para o mercado de manutenção. Entre elas, o cilindro elétrico que substitui o cilindro pneumático, produtos para transmissão de potência, rolamentos industriais, lubrificador automático, endoscópio, vedações, lâmpada estroboscópica, sistema de monitoramento online, coletores e analisadores de dados de vibração, serviços de gerenciamento de ativo e repotencialização de rolamentos. 130

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Novas tecnologias de análise e inspeção de equipamentos para reduzir paradas com manutenção

Reconhecimento – A SKF é a marca mais conceituada da manutenção brasileira pelo segundo ano consecutivo. O reconhecimento foi concedido à companhia pela RBM (Rede Brasileira de Manutenção), a partir de levantamento realizado em maio e junho deste ano junto aos profissionais do setor de Manutenção, Reparo e Operação (MRO). A companhia foi líder em sete das nove categorias de produtos e serviços em que foi listada: Acoplamentos, Equipamentos de Análise de Vibração, Rolamentos, Consultoria em Gestão da Manutenção, Serviços de Análise de Vibração, Serviços de Termografia, Serviços de Lubrificação.

A SKF também está listada entre os principais fornecedores do mercado industrial da revista Mies. De acordo com a Pesquisa Anual de Fornecedores, realizada pela publicação, a companhia foi mencionada como fornecedor preferido pelas grandes indústrias. O levantamento foi realizado a partir de uma ampla relação de produtos e equipamentos relevantes e comuns ao dia a dia nas indústrias nacionais. A partir disso, foram selecionados os principais itens e separados nas categorias MRO, Máquinas & Equipamentos; Hidráulica & Pneumática, Instrumentação & Controle, e Movimentação & Armazenagem.


Lord

A Lord, referência global em adesivos estruturais, coatings e sistemas para controle de vibração, completa neste mês 40 anos de Brasil – opera desde 1972 uma fábrica em Jundiaí (SP). Para comemorar, a empresa lançou em setembro a pedra fundamental da unidade que será erguida em Itupeva, também no interior de São Paulo. Orçada em R$ 50 milhões, a nova planta partirá no final de 2013 com o dobro de capacidade de produção da atual, conta Sandro Leonhardt, gerente regional da América do Sul. “A área em Itupeva ainda permite sucessivas expansões para sustentar o crescimento da Lord ao longo dos próximos 20 anos”, afirma. No Brasil, a Lord produz adesivos estruturais e coatings de alta performance, produtos consumidos principalmente pelos setores automotivo e industrial. Entre eles, destaque à família ambientalmente amigável sob a marca Chemlok®: EPCA (Environmentally Preferred Chemlok® Adhesives), que são isentos de metais pesados; EPCA com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis (VOC) e os adesivos Chemlok® base água. Segundo Leonhardt, o faturamento da Lord em 2012 deve

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Lord comemora 40 anos de Brasil e investe R$ 50 milhões em nova fábrica

Da esquerda para a direita, Sandro Leonhardt, gerente regional da América do Sul; Joe Marotta, CEO para as Américas, e Rick McNeel, presidente e CEO

crescer cerca de 10%. “Trata-se de um excelente desempenho, sobretudo se levarmos em conta as dificuldades enfrentadas na primeira metade do ano pelo setor automotivo.” Ajudaram na obtenção desse resultado a entrada da empresa no mercado de óleo e gás – a Lord fornece tanto adesivos e coatings como sistemas mecânicos para controle de vibração das plataformas –, e a consolidação da presença na América do Sul, com a abertura este ano de uma filial na Argentina. “O próximo passo será a inauguração de uma base na Colômbia, que terá como foco o

atendimento aos países do norte da América do Sul”, detalha. Fundada em 1924, a Lord é uma empresa privada que projeta, fabrica e comercializa dispositivos mecânicos e sistemas eletromecânicos para controle de movimento, vibração e ruído; formula e produz adesivos e coatings e desenvolve sistemas que utilizam tecnologias eletromagnéticas. Com sede em Cary, Carolina do Norte, e com vendas acima de US$ 610 milhões, a Lord mantém fábricas em nove países e escritórios em mais de 15 centros comerciais ao redor do mundo.

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produtos e serviços

ITN

O Instituto Tecnológico Naval (ITN), em parceria com o Senai e patrocínio da OSX, formou as primeiras turmas do Programa de Qualificação Profissional em Construção Naval, no dia 3 de outubro. Cerca de cem alunos e familiares participaram da cerimônia, no Ginásio do Sesi de Campos dos Goytacazes (RJ). O evento contou com a presença do diretor de Construção Naval da OSX, Danilo Baptista, do gerente executivo da UCN Açu, Ivo Dworschak, o gerente executivo do ITN, Leo Zimmermann, além da gerente do Senai/Sesi de Campos dos Goytacazes, Ivana Licurgo, e o diretor de Relações com o Mercado do Sistema Firjan, Alexandre Reis. As nove turmas que se formaram nesse primeiro momento são dos cursos de soldador de estrutura metálica, inspetor de solda, técnicas de

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Primeiras turmas

montagem de estrutura e soldador de tubulação. A OSX selecionou 85 desses profissionais recém-formados para contratar e atuar no início das operações da Unidade de Construção Naval do Açu (UCN Açu), previsto para o primeiro trimestre de 2013. O estaleiro já possui carteira com

18 unidades marítimas que serão construídas no empreendimento. O ITN foi concebido pela OSX, empresa voltada para a construção naval e offshore do grupo EBX. Em sua primeira fase de desenvolvimento, o instituto está treinando e capacitando profissionais dedicados às carreiras que compõem as equipes da UCN e da OSX Serviços. Do convênio firmado com a Firjan, por meio do Senai-RJ, foi desenvolvido o Programa de Qualificação Profissional em Construção Naval, que viabilizará a capacitação de 3,1 mil profissionais até 2013. A iniciativa representa a primeira parceria firmada pelo ITN e conta com investimento de cerca de R$ 13 milhões para a formação de mão de obra qualificada. Entre os cursos, que são gratuitos, estão Metalmecânica, Eletricidade, Metalurgia, Automação / Instrumentação e Petróleo.

Sotreq

Sotreq vende novos grupos geradores A unidade de petróleo e marítimo da Sotreq fechou a venda de grupos geradores principais e auxiliares para as duas últimas embarcações offshore do tipo OSRV que o Estaleiro São Miguel, empresa do Grupo Bravante, está construindo para operações da Petrobras. Ao todo, a Bravante irá operar seis embarcações deste tipo e todas contarão com equipamentos Caterpillar comercializados pela Sotreq. Os geradores serão entregues entre fevereiro e abril de 2013 e pertencem à família de modelos 3500, fabricada pela Caterpillar em sua unidade de Piracicaba/SP. São equipamentos que apresentam 64% de índice de nacionalização, atendendo as regras da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 132

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“A Caterpillar foi a primeira multinacional a iniciar a produção no Brasil dos citados equipamentos para o mercado offshore. Esse pioneirismo consolidou ainda mais a preferência dos clientes por nossos produtos”, explica Eduardo Magno, consultor de vendas da Sotreq. O contrato com a Bravante vem se somar a outras parcerias importantes para a Sotreq, como as firmadas com a Wilson Sons e a Astromarítima, para as quais já foram vendidos outros 29 grupos geradores montados no Brasil. “Estamos presentes nos principais players desse mercado,

reforçando nossa liderança”, assegura Magno. Além de apresentar equipamentos com um patamar elevado de conteúdo nacional, a Sotreq conta com o diferencial de sua estrutura de suporte ao produto, considerado modelo para os representantes Caterpillar em todo o mundo e recentemente certificado pela Germanischer Lloyd. No Brasil, a Sotreq mantém uma equipe de mais de cem profissionais especializados no mercado marítimo, distribuídos estrategicamente em sete cidades. A empresa vai inaugurar em fevereiro de 2013 uma nova unidade na cidade de Macaé/RJ, para melhor atender seus clientes offshore daquela região.


Great Ocean

Instalada no Brasil desde março de 2012, a Great Ocean, empresa de agenciamento marítimo e brokerage, vê o mercado marítimo brasileiro estratégico para a implementação de seus negócios. Apesar da curta história, sua gestão e pessoal acumulam décadas de conhecimento e experiência nas mais diversas áreas da indústria marítima local e internacional. O departamento de agenciamento da empresa conta com o apoio de algumas das maiores empresas de transporte marítimo e espera concluir este primeiro ano de trabalho com a presença de cerca de 200 escalas portuárias, incluindo navios offshore Supply Vessels, transportadores de gás e químicos, navios pesqueiros, navios Heavy Lift, navios convencionais de carga seca/geral, dentre outros. Para o setor de petróleo e gás, que corresponde até o momento por perto de 35% do seu faturamento, a empresa fornece transporte em navios semissubmersíveis; navios com capacidade de içamento de até 2.000 toneladas; rebocadores oceânicos para o plataformas, FPSOs, entre outros. Segundo Christian Silva, sócio

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Mais qualidade no transporte marítimo

diretor da Great Ocean, além dos serviços de afretamento, a companhia oferece serviços de operações portuárias, tais como: processamento de licenças de trabalho para a tripulação e técnicos estrangeiros; mobilização, desmobilização e posicionamento de semissubmersível e plataformas jack-up de perfuração; processamento de licenças na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), licenças de importação temporárias / admissão; gerenciamento de projetos; e assistência completa para repa-

ros e serviços de manutenção e inspeção. “Os sócios da Great Ocean Serviços Marítimos atuam no mercado brasileiro há mais de 20 anos e no início de 2012 decidiram abrir uma nova agência para atender às necessidades da indústria marítima. A expansão do setor de cargas de projeto deverá se dar na área de petróleo e gás, energia eólica, hidrelétricas, construção naval, refinarias, entre outros”, explica Silva. A Great Ocean já tem como clientes as empresas Edison Chouest Offshore, EEPSA, Etesco, Jan De Nul, Log-In Logistica Intermodal, Odebrecht, Schlumbeger, Technip, UP Offshore e Vale.“Temos uma estreita relação com algumas das principais EBNs (Empresa Brasileira de Navegação), o que se torna vantagem porque podemos estender os serviços de transporte especializado para o mercado de cabotagem também”, ressalta o sócio diretor da Great Ocean. Atualmente, a empresa já está envolvida em diversos projetos de reboques internacionais e na cabotagem, transporte a diversos projetos de infraestrutura brasileira e apoio à Marinha Brasileira no desmonte da base da Antártica.

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produtos e serviços

Panasonic

A Panasonic, líder em desenvolvimento e produção de uma variada linha de equipamentos de consumo, corporativo e industrial, está cada vez mais mirando o setor de óleo e gás, considerado estratégico pela companhia, que atualmente possui no Brasil, uma equipe dedicada ao atendimento deste setor, da mesma forma que já faz há muitos anos na Europa, Estados Unidos, México, e outros países do mundo. A empresa quer crescer nessa área para fornecer tecnologia de ponta às empresas brasileiras. Com 15 anos de experiência de mercado nos Estados Unidos, onde atua nos setores de óleo e gás, mineração, construção civil, segurança pública, entre outros, a Panasonic no Brasil lançou sua operação em dezembro de 2010. A empresa atua na área de óleo e gás com os computadores robustecidos que são capazes de resistir a variações de temperaturas, quedas, trepidações e ambientes de instabilidade e são ideais para plataforma de petróleo, por exemplo. Os computadores portáteis Toughbook são totalmente desenvolvidos nas instalações da Panasonic, certificadas pela Isso 9001 e ISO 14001, em Kobe, no Japão. A Panasonic fabrica internamente todos os principais componentes, exceto CPUs e os discos rígidos, e é a única fabricante de computadores portáteis sem fio que desenvolve e fabrica sua própria antena, a qual supera as exigências de rede sem fio das principais operadoras. 134

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Panasonic quer fornecer mais para setor de óleo e gás

Os notebooks Toughbook disponíveis no Brasil destinam-se a quatro principais necessidades: totalmente robustos, que atendem às normas militares (MIL 810G) e são classificados de acordo com os padrões internacionais de proteção contra entrada (IP); uma linha especial 100% preparada para uso em áreas restritas (sujeitas a explosões); os semirrobustos e também os robustecidos para uso de executivos e profissionais com uso frequente em viagens e em grandes deslocamentos em seu dia a dia. De acordo com João Alberto Simões, gerente nacional da operação comercial da linha Panasonic Toughbook no Brasil, os clientes do setor de óleo e gás possuem necessidades específicas e o trabalho em missões

críticas ocorre a todo o momento. “Os equipamentos e soluções de tecnologia escolhidos precisam ser desenvolvidos e produzidos dentro das rígidas especificações que atendam a esses clientes e a esses ambientes. Atendemos hoje toda a cadeia de óleo e gás, passando por empresas de prospecção, distribuição, fabricantes de plataformas, navios, integradores de solução e demais setores desse ecossistema”, afirma Simões. Ele destaca ainda que a comercialização é feita em todo o território nacional da Panasonic, através de integradores e revendas especializadas. “Durabilidade, confiabilidade e alto desempenho são as principais características que sempre levamos para os profissionais de campo, seja para trabalhos em terra, ou em plataformas offshore”, complementa. O cliente mais recente da empresa no setor é a PBGás, distribuidora de gás combustível canalizado no estado da Paraíba, que concretizou a primeira venda da Panasonic na região Nordeste. “O modelo adquirido foi o Toughbook 31 e faz parte de uma linha especial de computadores resistentes a quedas, variações bruscas de temperatura e derramamento de líquidos. O equipamento foi estratégico para a PBGás, já que segue as normas estabelecidas para utilização em locais com possível presença de gases inflamáveis, com interfaces e funcionalidades adequadas às desempenhadas pelos técnicos e engenheiros no campo”, explica o gerente da Panasonic.


MEP

Após 24 anos sem fabricação nacional, a Petrobras recebeu o primeiro guindaste offshore, de um lote total de 20 unidades, compradas com exigência de conteúdo local mínimo. Destinados às plataformas do pré-sal, além da P-58 e da P-62, os guindastes serão entregues ao longo dos próximos cinco anos, com índice de conteúdo local crescente de 20% a 65%. Como parte da estratégia de desenvolvimento deste mercado, foi realizada em 2010 uma licitação internacional com empresas estrangeiras dispostas a produzir os guindastes em solo nacional. A vencedora foi a italiana MEP (Pellegrini Marine Equipment). Até o fim de 2012, a Petrobras receberá da MEP quatro guindastes: os dois primeiros serão instalados na plataforma P-58, que está com a integração em curso no Estaleiro de Rio Grande (RS). Prevista para entrar em produção em 2014, a plataforma irá operar no campo Norte do Parque das Baleias, na Bacia

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Primeiro guindaste offshore com conteúdo local

Características dos guindastes Altura: 48 m (comprimento da lança), o equivalente a um prédio de cerca de 20 andares Peso: 111,5 ton Capacidade de içamento do guincho principal: 25 ton a 25 m de altura. Preço/unidade: € $ 2,2 milhões. de Campos. O terceiro e quarto guindastes vão para a plataforma P-62, cuja integração está ocorrendo no porto de Suape, em Ipojuca/PE. A P-62 irá operar no campo de Roncador, também na Bacia de Campos. O contrato da Petrobras com a MEP estabeleceu em 20% o

conteúdo local dos dois guindastes destinados à P-58, mas a empresa superou, alcançando 25,11% já no primeiro deles. Nos outros dois equipamentos, para a P-62, a participação nacional chegará a 35%. Os 16 restantes, que irão operar nas plataformas do pré-sal, serão fabricados ao longo dos próximos cinco anos, incorporando conteúdo local gradativamente até alcançar 65%. Há seis anos, a Petrobras identificou a necessidade de realizar um programa de nacionalização de 150 guindastes offshore para plataformas fixas, flutuantes e semissubmersíveis. Foi um dos casos de famílias de equipamentos e materiais identificados pela companhia que não eram atendidos pelo mercado nacional (este equipamento, em especial, não possui fornecedor nacional e há poucos ao redor do mundo). A partir daí, foi estabelecida a meta de fomentar a fabricação no país, mantendo os aspectos de competitividade de preços e sustentabilidade tecnológica.

Wärtsilä

Motores e propulsores para sondas da Sete Brasil A Wärtsilä, empresa de soluções energéticas de ciclo de vida completo para mercados marítimos e de geração de energia, firmou contrato com a Jurong Shipyard Pte Ltd, subsidiária da Sembcorp Marine, para fornecer motores e propulsores para seis navios-sonda. As embarcações serão projetadas para atuar em águas profundas e construídas no Estaleiro Jurong Aracruz. A encomenda é da Sete Brasil, empresa de investimentos que gerencia carteiras de ativos no setor de petróleo e gás. A atuação principal

das embarcações será na exploração do pré-sal e a operação será feita pela Seadrill e Odfjell. Os seis navios serão equipados com geradores principais acionados por motores Wärtsilä 16V32, e propulsores para montagem e desmontagem subaquática FS3510/NU, com as primeiras entregas programadas para 2013. O primeiro navio tem entrega prevista para o segundo trimestre de 2015. “Ao demonstrar a nossa capacidade em fornecer equipamentos Wärtsilä com alto nível de con-

teúdo local, temos novamente comprovada nossa força global e competitividade. Navios-sonda, que operam em águas muito profundas, enfrentam difíceis condições operacionais e precisam estar preparados para trabalhar em altos níveis de complexidade”, explica Magnus Miemois, vice-presidente da Wärtsilä Ship Power. TN Petróleo 86

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produtos e serviços

Alcoa

A Alcoa está trazendo três novos segmentos de negócio para o Brasil: óleo e gás, construção civil e sistemas de fixação, por identificar perspectivas de crescimento nesses mercados. “Diante do contexto mundial, que tem impactado a indústria do alumínio, com demanda mais contida, elevado nível de estoques e preços deprimidos, nosso foco tem sido trabalhar pela competitividade de nossas operações atuais e buscar oportunidades de desenvolvimento de mercado com produtos de maior valor agregado”, explica Frankli L. Feder, presidente da Alcoa América Latina e Caribe. Segundo o executivo, o aporte inicial nesses três negócios é de U$S 5 milhões, com foco na estruturação das áreas no país e a expectativa da companhia é um retorno de cerca de U$S 15 milhões em 2012. Óleo e gás é um dos segmentos mais dinâmicos da economia brasi-

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Novos negócios no Brasil

leira; o Produto Interno Bruto (PIB) do segmento representa cerca de 10% do PIB nacional e a previsão de investimentos relacionados ao setor é de R$ 270 bilhões até o final da década. Com relação ao mercado de construção civil, o PIB do setor tem previsão de crescer mais de 5% em 2012, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), enquanto o PIB nacional para este ano tem previsão de crescimento de apenas 2%. A infraestrutura para promover grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 são oportunidades estratégicas para a expansão do setor.

Outro objetivo da Alcoa no Brasil é ampliar a participação da empresa no mercado de fixadores da divisão industrial, especialmente para o setor de transportes. Segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), a previsão de crescimento da produção é de 950 mil veículos comerciais (9% em relação a 2011), sendo 661 mil comerciais leves (+ 9%), 235 mil caminhões (+ 9%) e 54 mil ônibus (+13%). “A Alcoa identificou oportunidades estratégicas em três nichos de mercado para lançar negócios no Brasil, por isso decidiu ampliar sua atuação com base na expertise da companhia nessas áreas e no conhecimento do mercado brasileiro. Esta ação reforça o compromisso que temos com o país”, afirma Feder. A Alcoa mantém no Brasil uma divisão responsável pelas atividades comerciais para este mercado e também fornece risers e drill pipes em alumínio.

Rolls-Royce

A Rolls-Royce irá projetar e equipar quatro navios de suporte offshore para a armadora brasileira Grupo Bravante, antiga Navegação São Miguel Ltda. O negócio renderá cerca de R$ 77,7 milhões à empresa britânica. As embarcações, modelo UT 775 SE, serão fretadas pela Petrobras e são projetadas para o transporte de cargas de convés, tubos e óleo diesel para plataformas offshore de petróleo. Assim como em pedidos anteriores, a armadora construirá os navios em seu próprio estaleiro, em Niterói, no Rio de Janeiro. O presidente da divisão Offshore da Rolls-Royce, Anders Almestad, reforçou a importância do negócio. “Esse é um contrato importante para 136

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Rolls-Royce equipará embarcações da Bravante

nós, o que reafirma a nossa posição de liderança no mercado brasileiro, sobretudo no apoio ao crescimento do setor offshore de óleo e gás do país. Nossos sistemas de integração total de navios são personalizados para cada embarcação. Estamos muito contentes com a escolha da armadora por navios de suporte avançados da Rolls-Royce. Essas embarcações enfrentarão os desafios de apoiar ope-

rações offshore em águas profundas da costa brasileira”, exaltou Almestad. Além de projetar a embarcação, a Rolls-Royce também fornecerá grande variedade de equipamentos de bordo próprios, incluindo propulsores Azipull, lemes de proa, maquinário de convés, sistemas de manipulação a granel, conversores de frequência AFE (front-end ativo), aparelhos de controle e automação, além de sistemas de posicionamento dinâmico. Além do navio Mar Limpo II, também projetado pela Rolls-Royce e entregue pontualmente com sucesso em agosto deste ano, o Grupo Bravante ainda conta com oito embarcações com projetos da britânica em construção.


DOF ASA

O grupo norueguês DOF ASA, controlador das empresas Norskan Offshore e DOF Subsea Brasil, realizou o lançamento técnico e batismo do navio Skandi Urca – classificado como manuseador de âncora (AHTS) – no dia 16 de outubro. A embarcação, que será afretada para a Petrobras por oito anos – com uma opção de renovação por igual período –, foi construída pelo estaleiro STX OSV Niterói, com financiamento do Fundo da Marinha Mercante através do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). O evento contou com a presença do chairman do Grupo DOF, Helge Møgster, do presidente do estaleiro STX OSV, Waldemiro Arantes Filho, além de representantes da Petrobras, BNDES e do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O vice-presidente do Grupo DOF Brasil, Helge Austbø, enfatizou o comprometimento da empresa com a indústria naval brasileira e destacou que o novo navio é um projeto piloto para futuras parcerias de financiamento entre o BNDES e o Giek (Bureau de Financiamento das Exportações da Noruega). A cerimônia de batismo foi finalizada com as palavras da madrinha, Sra. Gudfinna Traustadottir, que lembrou as antigas tradições dos Vikings ao nomear navios, reforçando a importância da parceria entre o Brasil e Noruega no setor marítimo. O Skandi Urca acomoda 30 tripulantes, que deverão ser brasileiros, de acordo com executivos da companhia.

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Grupo DOF ASA lança ao mar Skandi Urca

SKANDI URCA Tipo de embarcação: Anchor Handling Tug Supply Porte bruto: 4.200 ton Velocidade: 16 knots Comprimento total: 93,5 m Comprimento entre perpendiculares: 84,8 m Boca moldada: 22 m Pontal moldado: 9,5 m Calado máximo (incluindo skeg): 8,8 m Número de tripulantes: 30 Área de convés: 760 m2 Capacidade de carga Água doce: 900 m3 Óleo combustível: 1.350 m3 Água de lastro: 3.350 m3 Guindaste de convés: 1x 5t / 16 m2 x cargo rail guindaste 3ton – 15 m Paiol de amarras: 1.100 m3 Carga de convés: 1.700 ton Propulsão híbrida Motores principais: 2x 4.000 kW 2 x 4.500 kW Gerador do motor principal: 2x 960 kW Gerador de eixo: 2x 3.000 W Impelidores laterais Avante: 1 x 880 kW À ré: 1 x 880 kW Impelidores azimutais retráteis Avante: 1x 880 kW À ré: 1x 880 kW

O Skandi Urca, que começa a operar ainda em 2012, pertence a um pacote de três embarcações de AHTS que serão construídas no Brasil, viabilizadas através de um investimento de mais de US$

400 milhões. O navio é o primeiro dos três a iniciar as operações e os outros dois seguirão em construção no STX Niterói. Além disso, o grupo DOF entregou recentemente os dois maiores AHTSs já construídos no país – Skandi Amazonas e Skandi Iguaçu – através do aporte de cerca de US$ 380 milhões. A embarcação tem mais de 25.000 BHP instalados e uma força de tração de mais de 250 toneladas. Esse navio integra uma nova geração de rebocadores superpotentes, desenhada para operar em uma ampla gama de águas profundas e variadas condições ambientais. Ele possui os últimos equipamentos em segurança para operações de AHTS, tais como os maiores guinchos, guindastes móveis com manipuladores e um novo sistema de manuseio de âncoras. De acordo com o diretor técnico da DOF, Sigbjørn Stangeland, “o Urca foi projetado para atender às necessidades da Petrobras, em águas profundas brasileiras”. Um exemplo disso é o sistema de manuseio de âncoras, que introduz no país o manuseio remoto, já utilizado no exterior. “A ideia é ter a menor quantidade de pessoas no deck durante o manuseio das âncoras”, disse. O sistema melhora a segurança operacional durante o lançamento de ancôras-torpedos, por exemplo – quando a âncora é liberada em queda livre de até 100 m do solo marinho. TN Petróleo 86

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pré-sal

Onde as paralelas

se encontram

A descoberta das jazidas do pré-sal – anunciada em 2006 – trouxe fôlego e entusiasmo à discussão sobre a apropriação do excedente das atividades de exploração petrolífera. As descobertas iniciais referem-se a jazidas localizadas a aproximadamente 300 km da costa brasileira, situadas entre o Espírito Santo e Santa Catarina, abaixo de cerca de 2.000 m de água e 5.000 m de rocha e sal. O potencial seria superior a 70 bilhões de barris de petróleo de boa qualidade.

D

Rene Toedter é advogado da Andersen Ballão Advocacia. Mestre em Direito do Estado pela Universidade Federal do Paraná (2009), é especialista em Sociologia Política, da Universidade Federal do Paraná (200809), e em Processo Civil, pelo Instituto de Direito Romeu Bacellar (2007). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (2006), é professor nas Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil).

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iante dessa situação, foram encaminhados quatro projetos de lei (Projetos de Lei n. 5.938/2009, 5.939/2009, 5.940/2009 e 5.941/2009) ao Congresso Nacional com a intenção de alterar a legislação petrolífera nacional e com isto garantir uma melhora quanto ao aproveitamento das jazidas do pré-sal. Todos os referidos projetos – após intensos debates – foram convertidos em lei durante o ano de 2010. O primeiro projeto aprovado (Projeto de Lei n. 5.941/2009 que se tornou a Lei n. 12.276/2010) autorizou a União a ceder onerosamente à Petrobras o desenvolvimento das atividades de pesquisa e lavra de petróleo e gás natural nas áreas não concedidas do pré-sal. A partir desta premissa, houve a capitalização da Petrobras, o que apenas se encerrou em 24 de setembro de 2010, e garantiu uma arrecadação de cerca de R$ 120 bilhões, dos quais R$ 74,8 bilhões provenientes da União. Estes recursos garantem o cumprimento do plano de investimentos da Petrobras para a exploração de petróleo nas jazidas do pré-sal até 2014. O segundo projeto aprovado (Projeto de Lei n. 5.939/2009 que se tornou a Lei n. 12.304/2010) autorizou o Poder Executivo a criar a Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A. – Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) vinculada ao Ministério das Minas e Energia. A PPSA não possui funções de execução, mas gestão de todos os contratos de partilha de produção celebrados pelo Ministério das Minas e Energia. Por sua vez, o Projeto de Lei n. 5.938/2009, cujo eixo central era a mudança do regime de exploração das jazidas do pré-sal foi votado em conjunto com o Projeto de Lei n. 5.940/2009, que propunha a criação do Fundo Social formado a partir dos recursos obtidos com a exploração das jazidas do pré-sal, e foram consolidados na Lei n. 12.351/2010.


Ilustração: Agência Petrobras

A partir desta nova base legal, o regime de exploração e produção do petróleo e gás natural das reservas do pré-sal passa do questionável (inclusive sob a ótica constitucional!) modelo de contrato de concessão para o contrato de partilha de produção. Apesar de todos os esforços do legislador em aprimorar a base legal sobre o tema petrolífero, um assunto ainda carece de maiores debates e, principalmente, de maiores iniciativas de revisão: os critérios para demarcação do mar territorial brasileiro e consequente redistribuição dos royalties do pré-sal. A Lei n. 7.525/1986 é a que hoje dispõe sobre os critérios técnicos sobre o tema. Para tanto, procede a divisão do mar a partir da costa em linhas ortogonais imaginárias em ângulo reto até o fim do mar brasileiro, que convergem para um único ponto, afastado e abaixo no sentido sul das reservas petrolíferas do pré-sal. O critério se mostra precipitado para dispor sobre uma ampla costa marítima, com consideráveis irregularidades geográficas e reentrâncias. Tanto que por estes critérios, os estados do Paraná e Piauí são os mais prejudicados. O momento é de discussão e revisão legislativa com a finalidade de fixar um novo marco regulatório que se alicerce sobre o regime da partilha, com a intenção de proporcionar uma redistribuição mais equânime dos royalties provenientes do pré-sal. Em outubro do ano passado, começou a tramitar uma nova proposta de partilha dos royalties do petróleo de autoria do senador Wellington Dias (PT-PI). Trata-se do Projeto de Lei n. 338/2011, que pretendia a divisão entre todos os estados e municípios, produtores ou não, os royalties e participação especial, para o óleo extraído em mar. Após diversos debates, houve substituição da proposta por uma de autoria do senador Vital do Rego (PMDB-PB): Projeto de Lei n. 448/2011. O referido projeto trazia a sugestão de redefinição dos limites do mar territorial brasileiro, o que, a partir da perspectiva atual, beneficiaria São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Isto, porque o projeto previa a delimitação do mar territorial brasileiro a partir de linhas horizontais paralelas, partindo dos limites da costa. Inclusive, este critério possui lastro em outros textos legais, como por exemplo, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e a Lei n. 8.617/1993. A parcela do projeto que tratava sobre a nova divisão do mar territorial não foi aprovada no Senado, o restante da matéria foi remetido para análise da Câmara dos Deputados – sob o registro PL 2565/2011.

Em fevereiro deste ano, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS) optou por não criar uma comissão especial para analisar o projeto de lei, mas criou uma comissão de modalidade partidária, com cinco representantes de estados produtores e cinco representantes de estados não produtores. A comissão possuía prazo para apresentar proposta substitutiva ao projeto do senador Vital do Rego, entretanto, o impasse entre os integrantes da comissão ainda não permitiu qualquer desfecho. Na configuração vigente, por exemplo, o triângulo que define o mar territorial paranaense contém apenas um poço de petróleo, o Caravelas, o qual mesmo assim é reivindicado por Santa Catarina desde 1991. Por sua vez, a divisão por linhas retas incluiria no mar paranaense os campos de produção de Júpiter e Tupi. A alteração é bastante significativa! Com o objetivo de viabilização técnica-científica-jurídica dessa revisão da divisão do mar territorial, entidades como o Movimento Pró-Paraná, a Universidade Federal do Paraná, a Ordem dos Advogados do Brasil-Seção Paraná, a Mineropar, a Associação Paranaense de Imprensa, dentre outras, trouxeram importantes e irrefutáveis fatos e estudos para conferir suporte à elaboração de um novo projeto de lei paralelo para uma nova demarcação que corrija os erros da atual. Os envolvidos também não descartam a possibilidade de eventual medida judicial junto ao Supremo Tribunal Federal e à Corte Internacional, reivindicando uma nova demarcação, agora sim a partir de paralelas que não se cruzem. TN Petróleo 86

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mercado internacional

O mercado brasileiro de óleo e gás como cenário para

a internacionalização de empresas

O Brasil vive um momento crucial, impulsionado por uma economia crescente e por um cenário político estável, que se mostra atraente para investimentos, em especial no setor de petróleo e gás. A implementação do regime de concessão, em 1997, caracterizou a abertura do setor de óleo e gás brasileiro criando oportunidade para novos entrantes. Operadoras nacionais, internacionais e produtores independentes participaram de leilões de concessão para o desenvolvimento da produção nacional. Através da reunião de informações estratégicas é possível identificar oportunidades para o desenvolvimento de negócios.

O

ato de uma empresa, com sede em um país, de investir no exterior formando uma multinacional é caracterizado como internacionalização. Este investimento é classificado como Investimento Estrangeiro Direto (IED ou FDI, do inglês Foreign Direct Investment). A expansão de empresas para outros países pode ser motivada por diversos fatores que vão desde barreiras tarifárias, falta de incentivos fiscais pelo governo local, taxação de produtos importados até a escassez de matéria-prima e custo da mão de obra barata. Existem fatores específicos ligados ao setor de petróleo e gás, como o declínio da produção de petróleo no Mar do Norte, que motiva a internacionalização buscando oportunidades de negócios em regiões como o Brasil, que apresenta perspectivas de novas descobertas de petróleo e gás.

O mercado brasileiro de petróleo e gás Clarisse Mariana Medeiros Rocha é pós-graduada pela Coppe em Petróleo e Gás. Engenheira de Produção pela UFF. Gerente Regional da América do Sul do EIC-Conselho Britânico de Energia. Licia Regina Medeiros Rocha é pós-graduada pela Coppe em Petróleo e Gás, pós-graduada em Marketing pelo Ibmec, e jornalista pela Facha. Gerente de Desenvolvimento de Negócios de Óleo & Gás da Aggreko Brasil.

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Com um consumo de eletricidade per capita ainda baixo (2.300 kw/ habitante), o Brasil observa o crescimento da demanda por energia devido à expectativa de crescimento da economia e da população. Considerada “limpa”, a matriz energética brasileira conta com relevante participação de renováveis, cerca de 45%, em especial em sua matriz elétrica, com cerca de 75% utilizando intensamente hidrelétricas. Todavia, o país continua em busca de maior diversificação de sua matriz, em especial para reduzir a vulnerabilidade nos períodos de seca e diminuir as emissões de poluentes. Com reservas totais de cerca de 28,5 bilhões de barris de petróleo estimados, o Brasil tornou-se um país líder no ranking mundial em termos de grandes descobertas. Embora estes números não constituam ainda reservas comprovadas, não há dúvida de que as descobertas brasileiras do pré-sal estão revolucionando o mercado de petróleo e gás nesta região. Em 2011, a operadora brasileira Petrobras – National Oil Company (NOC) – anunciou investimentos de U$ 224,7 bilhões ao longo de cinco anos, e


Foto: cortesia MCS

outras grandes petrolíferas privadas como Shell, BG, Total e Repsol revelaram planos de explorar em campos brasileiros o valor de U$ 36 bilhões no mesmo período. Conforme o Balanço Energético Nacional 20112020, que fornece um panorama geral do setor energético brasileiro, espera-se que a produção nacional de petróleo e gás natural seja duplicada até 2020, sendo metade advinda do pré-sal. Com a possibilidade de oferta de grandes volumes de gás natural, uma possível consequência da produção petrolífera no pré-sal é a expansão da geração termelétrica a gás. As reservas totais provadas brasileiras estão atualmente em 306 bilhões de m³ (ANP/Anuário Estatístico 2011). Este poderá vir a ocupar um espaço maior na matriz energética, ou seja, o gás natural que correspondia, em 2005, a 9% de participação na matriz energética nacional poderá chegar a uma participação de 15% em 2030, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2011). O Brasil terá um papel cada vez mais relevante no mercado mundial de petróleo passando a atuar como exportador de derivados, além de petróleo líquido, especialmente em função dos investimentos na expansão do parque nacional de refino. Além disso, os setores de energias renováveis têm um papel importante a desempenhar no futuro de energia do Brasil. Líder mundial na produção em biocombustíveis, o país tem definida a meta de alcançar 10 GW de energia eólica até 2020, tendo atingido em 2010 2GW em capacidade. Com a inserção do etanol na frota veicular do mercado brasileiro e sua

competitividade, quando hidratado, em relação ao preço da gasolina, projeta-se, para os próximos anos, a expansão na utilização do mesmo. Por isso, mesmo sendo previsto um comportamento mais protecionista nos mercados externos, o Brasil deverá manter a liderança de vendas no mercado internacional até 2020, utilizando o biodiesel no atendimento à mistura mandatória. A biomassa de cana-de-açúcar usada para a geração de bioeletricidade é apontada como possível solução para expansão da geração através de fontes renováveis. Mesmo com a inclusão das fontes alternativas na matriz energética brasileira, o petróleo continuará sendo de vital importância para a economia. 1. Principais operadoras – Estima-se um dispêndio médio anual da ordem de US$ 40 bilhões nos próximos dez anos, com o potencial desenvolvimento dos campos já concedidos aos operadores, comparando-se com a média de US$ 9 bilhões entre 2005 e 2008, o que demonstra as grandes oportunidades do setor. O Brasil poderá ser considerado o maior mercado do mundo para bens e serviços do setor petrolífero em alto-mar, segundo consultores que acreditam que a Petrobras poderá gastar US$ 1 trilhão nos próximos anos, em investimentos e custos operacionais do projeto em águas profundas. Segundo a lista de agentes econômicos de 2011 da ANP, 86 empresas estão cadastradas como concessionárias de Exploração e Produção (E&P), sendo 62 atuando na fase de exploração. Porém, os campos operaTN Petróleo 86

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mercado internacional dos pela Petrobras corresponderam a cerca de 90% da produção total do país entre fevereiro de 2012 e janeiro de 2010, enquanto o restante vem de operadores privados. A produção de petróleo dos campos não operados pela Petrobras concentra-se em quatro operadores (Shell, Chevron, Statoil e OGX) e tem média crescente de produção tendo atingindo, no mês de março/12, 183 mil barris por dia (bbl/d). A Shell tem sua produção extraída dos campos de Ostra, Argonauta, Bijupirá e Salema, com cerca de 70 mil bbl/d no primeiro trimestre. Neste mesmo período, a Chevron produziu cerca de 31 mil bbl/d no campo de Frade. A Statoil, que em abril de 2010, comemorou seu primeiro óleo no campo de Peregrino, produziu 53 mil bbl/d em março/2012. Por fim, a BP, que em maio de 2011 adquiriu os campos da Devon, detém atualmente oito blocos nas bacias de Campos e de Camamu-Almada e duas concessões em terra na Bacia de Parnaíba. Os blocos da Bacia de Campos incluem as descobertas Xerelete, Wahoo (no pré-sal) e Itaipu, e o campo de Polvo. Com a intenção de aproveitar o momentum brasileiro, vale destacar planos de operadores estrangeiros como a BG, que anunciou investimentos de US$ 30 bilhões ao longo dos próximos dez anos incluindo US$ 1,5 bilhão para a construção de um Centro de Tecnologia Global. Operadoras brasileiras também estão ativas no mercado, como a HRT Participações, fundada em 2009, que se tornou a terceira em ativos no setor devido à estratégia de adquirir blocos prontos, já descobertos, na mesma linha da OGX, do empresário Eike Batista. 2. Exploração de petróleo e gás – Segundo relatório da ANP 2011, das 745 áreas sob concessão, havia 344 blocos na fase de exploração, 82 campos em desenvolvimento da produção e 319 campos na etapa de produção. Somente foram licitadas 7% das bacias sedimentares brasileiras, que ocupam uma área de 6,43 milhões de km², e se dividem em 4,88 milhões de km² em terra, onshore, e 1,55 milhão de km² em plataforma continental, em bacias offshore, demonstrando o potencial de oportunidades no setor. A produção total de petróleo e gás no Brasil em 2011 teve média de 2,52 barris de óleo equivalente por dia sendo que, em reservas localizadas no mar, foram explorados 91% do petróleo produzido e 74% do gás. Este processo foi iniciado nos anos 1960, quando o governo se viu forçado a investir localmente para proporcionar inovação que permitisse alcançar a exploração em alto-mar, uma vez que, na época, empresas estrangeiras, americanas em especial, atuavam com poços em profundidade média bastante inferiores às demandadas (em torno de mil metros). A Petrobras começou então, em 1963, uma trajetória tecnológica única, com a criação do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo A. Miguez de Mello, 142

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conhecido como Cenpes, que permitiu a importação de tecnologias e adaptação à realidade local. Suas primeiras realizações foram a descoberta da primeira bacia petrolífera no mar brasileiro, no Campo de Guaricema (SE) e a proposta do sistema de produção flutuante. O programa de excelência criado em 1986 pela Petrobras, conhecido como Procap (Programa de Capacitação Tecnológica em Águas Profundas) foi certamente de vital relevância no alcance da liderança internacional em tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas (Costa Neto, 2007) A grande concentração dos campos offshore localizada no estado do Rio de Janeiro é responsável por 87% da produção offshore do Brasil e 79,3% da produção total de petróleo, graças à Bacia de Campos. Em termos de gás natural, o estado concentra 44,2% do total nacional e 59,9% da produção marítima, com produção de 10,1 milhões de m³. Como na exploração marítima, três conjuntos tecnológicos distintos são necessários: as plataformas, o sistema de perfuração e a forma de extrair o petróleo do fundo do mar. Com o aumento significativo das atividades no mar, observa-se um consequente crescimento na demanda por FPSOs (em inglês Floating, Production, Storage and Operation Unit), PSVs (Platform Supply Vessel, em inglês), Semissubmersíveis e barcos de apoio, entre outros. Segundo o Plano de Negócios da Petrobras 2011, além das 39 sondas já encomendadas, serão 28 sondas contratadas até 2020 a serem construídas no Brasil. Há cerca de 122 milhões de anos, ao longo da fratura aberta quando os continentes americano e africano se separaram, começou-se um processo de criação de espaço para uma bacia sedimentar que evoluiu de um lago para um golfo (precedente do oceano Atlântico Sul). Quando os sedimentos das partes altas, acumulados nas plataformas continentais tendem a erodir e deslizar para as partes mais baixas do globo, em escala de milhões de anos, dá-se o processo de sedimentação. Este processo permite a formação do petróleo decorrente da decomposição ao longo do tempo, à exposição a diferentes pressões e temperaturas na matéria orgânica que, por alterações, liberam ácidos e formam compostos hidrocarbonetos. Com o passar do tempo, espessas camadas de sal, chegando a 5.000 m de profundidade, foram formadas sobre estes sedimentos e através do uso cada vez mais avançado de tecnologia aplicada à sísmica, a descoberta de hidrocarbonetos na região abaixo das camadas de sal foi anunciada em 2007, caracterizando a “Província do Pré-sal”, que teve o primeiro óleo extraído no ano seguinte. A região do Pré-sal estende-se ao longo de 800 km na costa brasileira, do estado do Espírito Santo ao de Santa Catarina, abaixo de espessa camada de sal (rocha salina) e englobando as bacias sedimentares do Espírito Santo, de Campos e de Santos.


Embora o potencial de acumulação destes reservatórios, apelidados como carbonáticos (devido à presença do carbonato de cálcio [Ca²CO³]), seja bem alto, uma barreira desta rocha presente nas regiões do pré-sal é a característica de que não apresenta aspecto preditivo e não pode ser generalizada, devido às fraturas do calcário que, por conseguinte, exige maiores investimentos. A complexidade na exploração ocorre devido às características das camadas de sal: plásticas, móveis e heterogêneas, podendo mudar de posição à medida que as perfurações são realizadas. Um desafio é evitar que o petróleo que sai do reservatório em altas temperaturas, congele virando cera e bloqueie as tubulações ao chegar a um ambiente frio, com apenas 4ºC, para tal exigindo produtos químicos especiais. Por estarem a cerca de 300 km da costa, a exploração nos blocos do pré-sal traz desafios logísticos que envolvem transportar pessoas, insumos e equipamentos e, portanto exigem soluções inovadoras como a utilização de plataformas a meio caminho, automação para redução do número de pessoas trabalhando nas plataformas, entre outras. Explorado durante seis longos meses, o primeiro poço do pré-sal, furado entre 2005 e 2006, Parati, é até hoje considerado o mais caro da história do Brasil, custando em torno de US$ 400 milhões. O primeiro óleo do pré-sal, no entanto veio do campo Lula, como foi rebatizado ‘campo de Tupi’, que teve sua produção comercial iniciada em dezembro de 2010 e em 2012 já consta entre os 12 campos de maior produção do país. Ao todo, dez campos no pré-sal foram anunciados nas águas profundas da Bacia de Santos. Com significativas descobertas e oportunidades relacionadas ao pré-sal, iniciou-se um processo de mudança no regime exploratório para áreas ainda não licitadas, culminando em 2010, em um novo marco regulatório para a exploração do petróleo sancionado através da Lei n. 12.351, que institui o regime de partilha para blocos do pré-sal e áreas consideradas estratégicas. As áreas já licitadas seguem o regime de concessão que não sofre alteração. A oferta de novas áreas do pré-sal, que ainda depende da definição sobre como serão divididos os royalties relativos a estas descobertas, prevê que a Petrobras se torne a operadora, com uma participação mínima de 30%, em todas as fases de exploração nas áreas “estratégicas”, que abrangem 149 mil km². Além disso, define que nos novos blocos, o governo poderá alocar contratos de exploração da empresa diretamente ou contratar operadores no mercado por meio de leilão e que o licitante vencedor será a empresa a oferecer ao governo a maior parte de seus rendimentos. Para supervisionar os novos contratos, fiscalizando as empresas que operam sob esse sistema, a estatal Petróleo Pré-Sal S/A foi criada. Além disso, ela fará parte com 50% do comitê operacional, responsável por decisões

operacionais como contratação de pessoal, fornecedores e prestadores de serviços, tanto da Petrobras como das empresas privadas. Acordos de unitização, também chamados de unificação ou individualização previstos entre concessionárias de diferentes áreas de exploração em casos em que as reservas de dois ou mais blocos estão ligadas têm sido discutidos com o advento do pré-sal. Para 2017, estima-se que a Bacia de Santos chegue à produção de 1,2 milhão de barris diários de petróleo, somando operações no pré e pós-sal considerando as projeções da Petrobras e parceiros. O planejamento desta operação que conta com sete sistemas, sendo três alocados no campo de Lula no pré-sal e outros quatro no pós-sal, explorando gás natural, contará com 19 sistemas, dos quais 17 serão definitivos, sendo 5 FPSOs (navios-plataformas), oito navios replicantes, quatro unidades em operação na área cedida pela cessão onerosa e dois navios que já realizam os testes de longa duração (TLD), perfazendo 20 TLDs até 2015. A margem equatorial brasileira contém ainda uma série de bacias marítimas pouco exploradas, por um trecho de 2.000 km de costa entre os estados do Rio Grande do Norte, na região Nordeste, e do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa, englobando Potiguar, Ceará, Barreirinhas, Pará-Maranhão e Foz das Bacias do Amazonas. Foco da décima primeira licitação organizada pela ANP, a rodada deve oferecer blocos onshore e offshore em águas profundas e rasas, em áreas que supostamente contêm características semelhantes a blocos offshore em Gana e Costa do Marfim, onde descobertas significativas foram feitas. Com a próxima rodada, espera-se a entrada de um número considerável de operadores estrangeiros ao mercado brasileiro representando uma nova leva de oportunidades para toda a cadeia em uma área pouco explorada. Consideradas inexploradas em relação às principais províncias offshore no país, as bacias terrestres são responsáveis por cerca de 11% da produção total de petróleo e 26% de gás. Grandes descobertas, no interior do Norte e Nordeste do país, como a de óleo leve (46º API) em um poço com potencial de 2.500 b/d da Petrobras na Bacia de Solimões e da OGX na Bacia do Parnaíba (localizada no estado norte-oriental do Maranhão) que levariam a uma produção média diária de até 15 milhões de m³ de gás, são responsáveis por um renovado interesse nas áreas de exploração no Brasil, atraindo pequenos e grandes operadores. Com potencial entre 10 e 20 trilhões de pés cúbicos, a Bacia de Solimões é a segunda maior reserva de gás no Brasil, além de fornecer um dos petróleos mais leves já encontrados no país. Localizada no meio da floresta amazônica, a cerca de 600 km de distância de Manaus, o potencial da bacia é tão grande quanto os desafios enfrentados pelas empresas dispostas a explorar na região. Desde a década de 1980, a Petrobras é consideTN Petróleo 86

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mercado internacional

Quadro 1 – Comparação entre teorias e suas raízes teóricas Teoria

Argumento

Estratégia

Paradigma Eclético ou OLI (Dunning, 1980)

A internacionalização das empresas é explicada por três fatores conjugados: a) Ownership b) Internalização c) Localização: a empresa internacionaliza-se de maneira a angariar vantagens de fatores locais (elementos do diamante de Porter).

Eliminar a concorrência exportadora e explorar imperfeições de mercado, integrar funções intermediárias para transpor imperfeições de mercado e explorar vantagens específicas de localização.

Escola de Uppsala (Johanson & Vahlne, 1977)

a) As empresas internacionalizarse-ão gradualmente de acordo com a sequência: vendas através de agentes, subsidiárias de vendas e subsidiárias de produção. b) O gradualismo seguirá a distância psíquica entre o país de origem e os sucessivos países hospedeiros.

Internalizar atividade para aumentar a eficiência da transferência de conhecimento.

Fonte: Rocha (2010), com base no estudo de Ammatucci & Avrichir (2007).

rada a principal operadora na área, inaugurando em 2011 um gasoduto Urucu-Coari-Manaus que conecta a bacia à cidade, e permite que o gás, antes reinjetado nos poços, possa ser usado para substituir o carvão em centrais térmicas que servem à região. Segundo o BNDES, a demanda local de bens e serviços no setor offshore da exploração e produção, está estimada em quase R$ 720 bilhões até 2020, anunciado pela consultoria Booz. O valor considera as atividades do pré-sal e a criação de uma rede nacional de fornecedores. A informação é do documento do departamento da Cadeia Produtiva de Óleo e Gás do BNDES. Com o início de Graça Foster no comando da Petrobras, em fevereiro de 2012, as ações para aumentar a produção e derrotar os gargalos da indústria foram impulsionadas. Os principais objetivos são atrair novas empresas, expandir o financiamento e formar mais técnicos. Atrasos no desenvolvimento da cadeia significariam atrasar a exploração do pré-sal ou resultar na importação de equipamentos e serviços.

Internacionalização de empresas O setor de óleo e gás brasileiro passou por muitas mudanças desde seu início. Com as atuais descobertas na área do pré-sal, o Brasil vai necessitar de inovações em tecnologia e apoio de empresas estrangeiras para a exploração e produção dos campos. A Petrobras enfrentará muitos desafios, sobretudo nas áreas de exploração de reservatórios, poços, logística de escoamento e aproveitamento de gás, unidades de produção, recursos críticos e engenharia submarina. A empresa tem o apoio do Cenpes, que objetiva desenvolver tecnologias 144

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para incorporar reservas e desenvolver a produção das áreas do pré-sal. A Petrobras é a companhia que mais cria patentes no Brasil e no mundo, através das tecnologias desenvolvidas no Cenpes. Contudo, por conta da demanda de inovações em tecnologia, há uma grande necessidade da instalação de empresas estrangeiras de óleo e gás no Brasil. Para entender como se dá a internacionalização de empresas, é possível estudar algumas teorias, pode-se destacar: o Paradigma Eclético ou OLI (Dunning, 1980) e Escola de Uppsala (Johansson; Vahlne, 1977). A internacionalização de empresas pode ser explicada pelo fato de uma empresa investir no exterior e juntas formarem uma empresa multinacional. Este investimento é chamado de IED (Investimento Estrangeiro Direto). De acordo com a teoria do Paradigma eclético, a dialética dos IEDs atualmente está interligada à busca por eficiência de fatores avançados e ao fato de a tecnologia suprir as necessidades de mercados em expansão. Ou seja, buscar eficiência em fatores avançados de produção e determinar plataformas globais de desenvolvimento de produtos é a estratégia sugerida por Dunning (Ammatucci; Avrichir, 2007) Segundo Rocha (2010), há muitas formas de realizar o IED, dentre as principais encontram-se: • Greenfield (construção de instalações no exterior a partir do zero – inteiramente novo); • Joint-ventures (associação de empresas, parceria ou consórcio – alianças estratégicas); • Aquisições e fusões; •Agentes, distribuidores ou representantes comerciais.


As teorias abordadas neste estudo foram listadas no Quadro 1, juntamente com as principais argumentações.

A Teoria de Uppsala A Teoria de Uppsala (Johanson; Vahlne, 1977) sugere medidas para tornar mais eficiente o modelo de internacionalização, pois a considera como um processo de aprendizagem. São quatro fases do processo de entrada de uma empresa no mercado exterior: Fase 1: Não há atividades de exportação regulares; Fase 2: Exportação através de representantes independentes (agentes e/ou distribuidores); Fase 3: Estabelecimento de uma filial de vendas no exterior; Fase 4: Produção/Fabricação de produtos no exterior. Esta teoria se baseia sobretudo na abordagem comportamental e define a internacionalização como um processo, destacando a necessidade do constante aprendizado. As causas são cíclicas e não são incentivadas por fatores de concorrência e/ou mercado. A teoria sugere que para entender a fundo o processo de internacionalização é imprescindível considerar a distinção entre o “comprometimento com o mercado” e “mudança”, quando o primeiro está ligado ao quanto se sabe sobre o mercado foco e suas operações. Já o quesito “mudança” refere-se aos recursos e decisões da empresa e considera a performance alcançada nos negócios já ativos. Para efeito de comparação, de acordo com os autores, os negócios já existentes são as principais fontes de experiência. É possível afirmar que o conhecimento do mercado e o comprometimento são influenciadores no processo decisório e de forma cíclica se automotivam. As atividades de internacionalização demandam conhecimentos gerais e específicos do mercado. O conhecimento pode ser tratado como uma dimensão de recursos humanos e, portanto, quanto mais intrínseco o conhecimento sobre o mercado, mais valiosos são os recursos e consequentemente o comprometimento com o mercado (Andersen, 1993). Ao iniciar as atividades de internacionalizar, são desenvolvidos negócios de baixo risco em mercados fisicamente mais próximos e, conforme se ganha experiência com as atividades estrangeiras, os negócios que necessitam de mais comprometimento de recursos são realizados em mercados internacionais mais distantes. Segundo Honório (2009), as empresas passam pela tendência de se expor a mercados mais diversos, culturalmente, através da intensificação de relacionamentos, cada vez mais profundos (Honório, 2009). Voltando à teoria de Uppsala, empresas nestas condições têm mais habilidade para ajustar seus recursos corretamente, firmando seu posicionamento em uma rede bem estruturada. Em sua essência, a teoria defende que quando uma empresa adquire a experiência de

internacionalizar, ela passa a deter o conhecimento e assim investe recursos pouco a pouco. O modelo preza pela visão da matriz da empresa sobre as operações estrangeiras. Progressivamente, a matriz verá suas incertezas sobre as operações estrangeiras reduzidas e passa a liberar maiores investimentos (financeiros e estratégicos). Todavia, a teoria de Uppsala não explica como e/ou por que o processo se inicia, ela apenas verifica que o conhecimento (constante) sobre o mercado em foco levará ao comprometimento com o mercado e vice-versa (Andersen, 1993). Além disso, a teoria não considera que a sequência e a velocidade do processo de internacionalização se diferem de mercado para mercado. Após a publicação do estudo de Uppsala, os métodos de entrada em mercados estrangeiros evoluíram e passaram a incluir licenciamento, acordos e joint ventures (Andersen, 1993).

A Teoria do Paradigma Eclético ou OLI De acordo com a teoria do Paradigma Eclético ou OLI (Dunning, 1980), a decisão pela entrada no mercado internacional e a escolha do método por parte da empresa vão depender de “vantagens específicas de posse” (ownership-specific), assim como as vantagens do local – denominado “Localização”. Assim sendo, a escolha pelo mercado brasileiro de petróleo e gás por empresas internacionais pode ser motivada pelas proveitosas condições atuais do mercado e os benefícios e vantagens que ele tem a oferecer. Em sua essência, a teoria de Dunning (1980) é dividida em três vantagens que resultam de operações diretas ou parcerias. A primeira vantagem seria o ownership, que especifica que a empresa ao entrar e operar em mercados internacionais está capacitada a se utilizar de suas próprias competências básicas e essenciais como um diferencial frente aos novos competidores locais. Estas competências seriam desenvolvidas na matriz e passadas às subsidiárias. A segunda vantagem seria sobre os fatores de “Localização” e estão diretamente ligados aos preços de matéria-prima e mão de obra mais vantajosos, além de maior integração ao mercado internacional, reduzindo assim a distância física. A capacidade de explorar o potencial do mercado cresce gradativamente quando se aumenta o domínio da língua e cultura da região. A terceira vantagem é verificada quando a empresa toma decisão de internacionalizar e assim enfrenta a redução gradual de incertezas, uma vez que é detentora da informação, do maior controle da oferta, dos mercados e por consequência, da crescente possibilidade de novos negócios. Para entender a importância de montar uma estratégia e definir os objetivos da empresa que está se internacionalizando. É proveitoso considerar a teoTN Petróleo 86

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mercado internacional

Quadro 2 – Síntese das vantagens e desvantagens dos meios de entrada Meios de entrada

Vantagens

Desvantagens

Acordo de Licenciamento

Baixo investimento

Baixo controle, risco de perda de know-how

Agente de Distribuição

Baixo investimento

Pouco know-how, não há possibilidade de exclusividade, risco de conflito de interesses

Estabelecimento de uma empresa (Greenfield)

Alto controle, alto potencial de retorno

Alto investimento, riscos maximizados

Exportação Direta

Baixo risco, flexibilidade

Alto investimento em logística, altos custos de importação e longo tempo de entrega

Exportação Intermediada

Rápida absorção de conhecimento comercial

Baixo controle sobre produtos e processos

Fusões e Aquisições

Alto controle, alto potencial de retorno

Riscos maximizados, entrada complexa

Joint-ventures (Alianças, consórcios e parcerias)

Alto controle, compartilhamento de custos, desenvolvimento de novas capacidades

Risco de conflitos e de perda de know-how

Representação Comercial

Conhecimento do mercado, baixo investimento (comissão de venda)

Risco de conflitos de interesse

Fonte: Rocha (2010)

ria de Porter (1986). Porter criou o modelo das cinco forças que analisa a competição/concorrência entre empresas. O modelo considera fatores como: novos entrantes, poder de barganha do consumidor, poder de barganha do fornecedor, bens substitutos e a rivalidade de mercado. Ao se analisar as cinco forças para cada cenário, é possível obter uma estratégia empresarial eficiente e eficaz. Estas forças são consideradas por Porter como microambiente.

Meios de entrada de empresas internacionais no Brasil O Quadro 2 desenvolve uma explanação sobre as vantagens e desvantagens das principais formas de internacionalização para o Brasil, no setor de petróleo e gás, de empresas estrangeiras.

Aspectos relevantes do cenário brasileiro Para a tomada de decisão em internacionalizar para o mercado brasileiro de óleo e gás, é aconselhável, após estudar as teorias, entender sobre o cenário atual e a cultura em referência. Abaixo listamos alguns fatores importantes a serem levados em consideração. 1. O Conteúdo Local no Brasil – De forma a reverter a riqueza gerada pelo petróleo em desenvolvimento socioeconômico para o país, o Conselho Nacional de Política Energética estabeleceu, em 2003, que deveria 146

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existir um percentual mínimo de conteúdo nacional a ser implementado pela Agência Reguladora de Petróleo (ANP) às operadoras nas fases de E&P. Estes percentuais foram ajustados a cada rodada de licitação de acordo com a evolução da capacidade de produção da indústria nacional e seus limites tecnológicos, de forma a impulsionar o desenvolvimento da indústria local. Durante as quatro primeiras rodadas entre 1999 e 2002, o conteúdo local foi incentivado, porém, com aferição apenas declaratória. A partir da 5ª rodada de licitação em 2003, o conteúdo local passou a ser obrigatório e quesito com peso na nota da oferta para o bloco, subindo de 15% (rodadas 1 a 4) para 40% e um percentual mínimo de conteúdo local diferenciados para blocos em terra, águas rasas e águas profundas. O percentual de agregado nacional chegou a 60% para bens e 80% para serviços até a 6ª rodada quando já não mais havia incentivos para conteúdo local, e sim, limites mínimos. Em 2005, a 7ª rodada de licitação introduziu a exigência da cartilha de conteúdo local anexada ao contrato de concessão e desde então há um mínimo e alvo relativos a cada fase, de exploração ou desenvolvimento, e um percentual em relação ao subsistema. Regulamentado em 2007, o Sistema de Certificação de Conteúdo Local estabelece a metodologia para a certificação e as regras para o credenciamento de entidades certificadoras junto à ANP. Em 2009 entrou em


vigor a exigência mais rígida de que os componentes dos produtos certificados também fossem produzidos e certificados como locais, então os primeiros certificados de origem para bens e serviços contratados pelas operadoras foram emitidos. Existem quatro Resoluções da ANP publicadas no Diário Oficial da União (16/11/2007): • n. 36 - de Certificação de Conteúdo Local (Regulamento ANP nº 06/2007); • n. 37 - de Regulamentação Credenciamento de Entidades para Certificação de Conteúdo Local (Regulamento ANP nº 07/2007); • n. 38 - de Auditoria na Certificadora de Conteúdo Local (Regulamento ANP nº 08/2007); • n. 39 - do Relatório de Investimentos Locais em Exploração e Desenvolvimento (nº 09/2007). Atualmente são 21 áreas de conhecimento e 27 empresas acreditadas pela ANP para certificação, sendo que apenas cinco delas estão prontas para atuar em todas as áreas de conhecimento. Para entender a aplicabilidade do conteúdo local em cada empresa, a ANP disponibiliza em seu site uma planilha oficial como uma ferramenta estratégica. O momento correto para obter a certificação é após a venda de bens ou serviços, uma vez que a certificação é feita por produto ou serviço contratado e não de uma empresa, especialmente, pois é necessário apresentar folha de pagamento de funcionários, impostos pagos, identidade ou passaporte dos funcionários, entre outros. No entanto, tratando-se de bens, é possível obter um certificado inicial, antes da venda, apresentando documentos como desenho e especificações técnicas, lista de componentes, notas fiscais de compra dos insumos nacionais ou declaração de importação no caso de importados e nota fiscal na qual constará o preço de venda. Por acessar dados estratégicos, como preços, sub-fornecedores e matéria-prima, muitas empresas se preocupam com a garantia de que suas informações estejam bem conservadas afinal, e para tal, um acordo de sigilo é assinado entre a empresa de certificação e cada um dos seus empregados envolvidos. A fórmula que calcula o conteúdo local para bens leva em consideração o valor total menos o valor importado. Dessa forma, o fornecedor expõe apenas os gastos de natureza direta e não precisa expor sua margem de lucro, pois não detalha gastos indiretos, com overhead e administrativos. Somente uma taxa de câmbio é utilizada, em geral, a partir da data do contrato.

Conteúdo Local de bens Para desenvolver conteúdo local no país é necessário configurar uma linha de produção aqui. Portanto, montar, testar e pintar podem representar conteúdo local em um produto final desde que configurem uma linha de produção. Já a simples revenda de produtos, mesmo que empregue brasileiros, não é considerada

conteúdo local. No universo de serviços, são considerados locais estrangeiros com visto permanente e brasileiros. Portanto, a análise de diferentes cenários, junto com as certificadoras, para viabilizar a fabricação de produtos no Brasil deve ser simulada, considerando preços de componentes importados e locais. Os componentes importados serão identificados pelo número CST (Código de Situação Tributária), que mostra como o item foi importado, presente na nota fiscal. Cabe à ANP multar a operadora que não venha a cumprir o percentual mínimo de conteúdo local previsto para um dado bloco. Se a diferença não alcançada se torna maior do que 65%, a multa é crescente variando de 60% a 100%. Se for inferior a 65%, a multa é de 60% sobre o percentual não alcançado de conteúdo local sobre o investimento não realizado. As primeiras multas foram emitidas em 2011, referentes a conteúdo local não cumprido, sendo em 44 blocos pela Petrobras, de R$ 29 milhões, e outras 12 operadoras (Maersk Oil, Aurizônia Petróleo, Petrosynergy, Partex, Arbi, BP, Petrogal, Petrorecôncavo, Shell, Sonangol Starfish, Statoil e W.Washington) no que se refere a 29 blocos obtidos na 5ª e 6ª rodadas de licitação entre 2004 e 2005. O critério de conteúdo local na época tinha peso determinante na licitação, o que levou muitas operadoras a ofertarem percentuais de conteúdo local extremamente otimistas com o objetivo de obter as concessões. Com a aplicação e expectativa de pesadas multas, este tema ganha importância no contexto local e muitas operadoras e empresas da cadeia têm um grupo só para cuidar deste tema.

Mão de obra Por outro lado, com o recorde de 92 milhões de pessoas empregadas em 2011, mais de 90% da população em idade e condições de trabalhar, de uma população de 190.755 milhões, e o avanço da economia brasileira visto pela reduzida taxa de desemprego, fica demonstrada uma das principais fragilidades: a falta de preparo da mão de obra para preencher cargos criados pelas empresas – e isso se torna um dos principais gargalos do crescimento da economia. Trabalhadores pedem salários mais altos com o decrescente nível de desemprego, o que acarreta o aumento de custos das empresas e acaba gerando inflação. Caso a economia não seja freada ou que exista aumento de produtividade, a inflação será cada vez maior. As empresas no Brasil, por conta de um sistema de educação básica falho, necessitam contratar profissionais não qualificados e, então, treiná-los, o que leva a um aumento no custo e menor produtividade. Este fato é refletido no índice de produtividade brasileira, que entre 2000 e 2008 resultou em 0,9% ao ano, índice baixíssimo, ainda mais se comparado com países como Coreia do Sul (7,4%), China (5,2%), Estados Unidos TN Petróleo 86

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mercado internacional

(4,6%) e ainda Argentina (3%), segundo (Exame, 2011). No setor de óleo e gás este gargalo é muito visível. Em países como Coreia do Sul e Cingapura, os navios petroleiros levam perto de nove meses para serem construídos, enquanto no Brasil a entrega do primeiro petroleiro a ser construído no Estaleiro Atlântico Sul (Suape, PE) foi realizada em maio de 2012, mais de três anos após o início das obras. O estaleiro enfrenta grandes desafios quanto à mão de obra, em uma região sem tradição e experiência no setor, já com projetos em carteira desafiadores como 22 navios petroleiros, sete navios-sonda e um casco de plataforma até 2018. Além de buscar profissionais de outros estados para cargos técnicos, a solução realizada pelo estaleiro foi de contratar e treinar internamente antigos pescadores e ex-empregadas domésticas da região, o que resultou no atraso do projeto, justificado pela falta de experiência do time. Para tentar sanar problemas deste tipo o Governo Federal criou, através do Decreto n. 4.925 de 2003, o Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás), que visa diminuir gargalos de mão de obra. O programa nacional pretende maximizar a participação da indústria local de bens e serviços, em bases competitivas e sustentáveis, no desenvolvimento de projetos de petróleo e gás no Brasil e exterior. Gerenciado pela Petrobras em conjunto com o Ministério de Minas e Energia, o Prominp congrega todas as entidades de classe do setor a fim de identificar a demanda de bens e serviços, mapear a capacidade de produção nacional, além de promover a superação de barreiras ao desenvolvimento do suprimento nacional. Até fevereiro de 2012, já foram qualificados 80 mil profissionais em 17 estados brasileiros e o objetivo é capacitar um adicional de 132 mil profissionais até 2015, com estimativa de recursos adicionais de cerca de R$ 565 milhões. Após identificar as necessidades de cada estado, dois ciclos de cursos são oferecidos por ano, propondo-se a qualificar inclusive quem já se encontra empregado, em 175 categorias de formação. Oferecendo cursos gratuitos, que englobam áreas executivas, técnicas e administrativas focadas em atividades do setor de óleo e gás, os candidatos aprovados no concurso que estiverem desempregados recebem uma bolsa-auxílio que varia de R$ 300,00 a R$ 900,00 por mês, dependendo do nível de especialização. E mais: os alunos matriculados em um dos cursos podem optar por ter seu currículo divulgado no banco de dados do Prominp, que conta com uma média de 1.800 empresas registradas. De acordo com um levantamento feito pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), 81% dos profissionais qualificados pelo Prominp encontram-se empregados no mercado de trabalho formal.

Cenário de oportunidades O Brasil vem se tornando a grande potência do século XXI, não só por manter a estabilidade econô148

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mica, assim como por deter o maior volume de óleo descoberto nos últimos tempos e com perspectiva de acrescentar nova produção nos próximos anos, como também por oferecer um cenário de democracia com baixo risco geopolítico. O país tem hoje uma relação reserva/produção de petróleo de cerca de 20 anos, crescendo a uma taxa média de 0,6% ao ano. Com investimentos estimados da Petrobras em US$ 224 bilhões e adicionais US$ 36 bilhões de operadoras privadas, fica claro que o setor de energia tem um forte papel a desempenhar no futuro do Brasil. Ao perceber que o desenvolvimento das reservas de petróleo pode ser um passo determinante para o desenvolvimento do país, o Governo decidiu mobilizar esforços para acelerar o desenvolvimento econômico através da criação e fortalecimento de uma cadeia de suprimentos de bens e serviços, com alto potencial de geração de renda e empregos. Os desafios citados neste artigo relativos ao conteúdo local, mão de obra e competitividade precisam ser aprofundados de forma criteriosa para aumentar as chances de sucesso das empresas interessadas. O contato com operadores, epecistas e entidades relevantes permitirá uma compreensão mais realista e prática do ambiente de negócios, necessários à elaboração da estratégia de novos entrantes. A introdução do Conteúdo Local pode ainda gerar discussão quanto à motivação de empresas para o mercado brasileiro. Se, por um lado, serve de incentivo para a internacionalização, por outro, muitos questionam a capacidade de alcançar competitividade na indústria local. A busca exacerbada por altos índices de Conteúdo Local podem vir a contrariar as teorias do Paradigma Eclético e de Uppsala. Por isso é necessário entender a motivação inicial de internacionalização para então definir a melhor estratégia para cada empresa em seu subsetor. Ao se analisar a Teoria da Escola de Uppsala (Johanson & Vahlne, 1977), entende-se que é possível medir o potencial de internacionalização de uma empresa por sua capacidade de construir relacionamentos técnicos, assim como administrativos, legais e sociais com outras organizações estrangeiras. Então, uma firma internacionalizada estará bem posicionada em uma rede estrangeira, desfrutando de laços com muitos parceiros internacionais. A Teoria se baseia na abordagem comportamental e considera a internacionalização um processo, incentivando o aprendizado constante. Em sua essência, a teoria de Uppsala afirma que a partir do momento que a empresa se internacionaliza, ela detém o conhecimento do processo e assim investe recursos gradualmente. O estudo defende a visão da matriz sobre as operações estrangeiras. Aos poucos, a matriz passa a reduzir suas incertezas sobre as operações estrangeiras e


começa a aumentar seus investimentos (financeiros e estratégicos). Ao examinar o Paradigma Eclético (Dunning, 1988) é possível entender que a escolha pela fixação de fábricas no país agrega vantagem de ownership contra os concorrentes que também exportam. Segundo o autor, sempre em algum lugar haverá uma vantagem específica. As vantagens de ownership estão ligadas ao conhecimento eficiente de técnicas de produção. Ou seja, para Dunning (1988) a dialética dos IEDs nos dias atuais está diretamente ligada à busca por eficiência de fatores avançados e pelo fato de a tecnologia satisfazer mercados emergentes. Uma empresa ao se internacionalizar, teria como estratégia: buscar eficiência em fatores avançados de produção, além de estabelecer plataformas globais de desenvolvimento de produtos. Com isso, seria possível contornar barreiras tarifárias, aproveitando incentivos governamentais ou até mesmo comprando um cliente falido. É imprescindível entender que

as estratégias devem ser adaptadas ao mercado local. Muitas empresas não consideram tais fatores e acabam por produzir modelos que divergem da cultura, ambiente e parâmetros brasileiros. Com as informações explanadas neste artigo sobre o setor de óleo e gás no Brasil, é possível identificar oportunidades para toda a cadeia. Este cenário orquestra um momento ideal e único para novos entrantes, em especial empresas estrangeiras com foco em tecnologia, que decidam internacionalizar para o Brasil. No entanto, antes de uma empresa tentar se estabelecer no mercado deve agregar o maior conhecimento possível para que não sofra com as barreiras de entrada. Para isso, a busca por informações se faz inevitável. O preparo se inicia com relatórios setoriais, contato com câmaras, associações de comércio, além de agências governamentais e a rede de fornecedores. A tomada de decisão pelo processo de internacionalizar deve ser tratada como uma inovação.

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@tnpetroleo TN Petróleo 86

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plataforma continental

Royalties internacionais do petróleo

Segundo noticiado no Valor de 26 de setembro de 2011, o Brasil pediu à Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU (CLPC), em 2004, a extensão de seus direitos econômicos sobre a sua plataforma continental. Tal solicitação se baseia em uma permissão contida no artigo 76 da Convenção de Montego Bay para que, atendidos determinados requisitos, os estados possam ampliar sua plataforma continental de 200 para até 350 milhas.

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Andressa Guimarães Torquato é advogada na área de Energia, Petróleo e Gás do escritório Silveira, Athias, Soriano de Mello, Guimarães, Pinheiro & Scaff – Advogados. Doutoranda em Direito Financeiro pela USP, é pesquisadora visitante no Center for Energy, Petroleum and Mineral Law and Policy da University of Dundee (Escócia).

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esmo a CLPC tendo entendido que 19% da área pleiteada não era devida, o governo brasileiro decidiu ampliar o seu território marítimo unilateralmente em 100% da área reivindicada, isto é, em 960 mil km², o que é válido para o Direito Internacional, tendo em vista que cabe à Comissão apenas fazer recomendações sobre os pedidos apresentados. Contudo, uma vez embasada por uma recomendação da CLPC, tal decisão, além de válida perante a comunidade internacional, não poderia ser objeto de questionamentos posteriores de outros estados. De todo modo, o curioso é que, até o momento, nada se falou sobre o pagamento dos “royalties internacionais” para a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, conforme determina o artigo 82 da referida Convenção, os quais são devidos sempre que um país costeiro venha a aproveitar economicamente os recursos não vivos existentes na sua “plataforma continental estendida”, ou seja, na região que se encontra entre 200 e 350 milhas náuticas distantes da costa. Este é o caso do Brasil, pois, segundo publicado pela Petrobras, a camada pré-sal se localiza a uma distância de 340 km da costa, com espessura de 200 km. Com isso, tem-se que o final desta área se encontra a uma distância de 540 km, ou, 291,57 milhas marítimas, de modo que 91,57 milhas da área do pré-sal se encontram na plataforma continental estendida, e, portanto, o petróleo daí extraído estará sujeito ao pagamento de royalties internacionais, conforme determina o artigo 82 da Convenção de Montego Bay. Tal fato ensejará um dever para o Estado brasileiro de pagar royalties anuais a partir do quinto ano de produção do campo, com uma alíquota inicial de 1% incidente sobre o total da produção do campo no ano, a qual aumentará 1 ponto percentual em cada ano seguinte, até o décimo segundo ano, quando a alíquota deverá ser mantida em 7%. Embora a Convenção esteja em vigor desde 1994, o artigo 82 ainda não foi implementado na prática, pois, até o momento, não houve extração de recursos naturais na plataforma estendida dos estados


Ilustração: Divulgação

costeiros que ensejasse a cobrança dos royalties internacionais, podendo a exploração do pré-sal ser um caso pioneiro nesse sentido. Talvez por isso, existam tantas dúvidas sobre o tema. Michael W. Lodge, ao tratar de uma possível extração de petróleo na plataforma estendida do Canadá, apontou que, uma das questões mais difíceis está em saber: quem irá arcar com o pagamento de tais royalties? Governo central, companhias petrolíferas, ou os entes subnacionais (no caso do Brasil, estados e municípios)? Além desta, há também controvérsias sobre qual seria a base de cálculo desses royalties. O valor total da produção? Caberia a dedução de algum valor? Outro ponto interessante está no parágrafo 3º do artigo 82, que prevê uma hipótese de isenção desses valores, aplicável somente aos “estados em desenvolvimento que sejam importadores substanciais do recurso mineral extraído da sua plataforma continental” (somente com relação a esse recurso mineral). A dúvida que surge desta regra está em saber o que quer dizer um importador substancial? Qual a quantidade importada que possibilitaria que um país em desenvolvimento gozasse desse benefício?

Por fim, o parágrafo 4o dispõe sobre quem serão os beneficiários dos royalties. Determina-se que esta entidade distribuirá os recursos arrecadados aos estados-partes na Convenção na base de critérios de repartição equitativa, tendo em conta os interesses e necessidades dos estados em desenvolvimento, particularmente entre eles, os menos desenvolvidos e os sem litoral. Como se percebe, o texto possui uma série de expressões demasiadamente amplas, que deixam dúvidas quanto ao seu conteúdo. “Repartição equitativa”, por exemplo, quando desacompanhada dos critérios que informarão o seu conteúdo, é expressão que carece de aplicação prática, necessitando de outra norma que lhe preencha o sentido, assim como a determinação de que se deverá levar em conta “os interesses e necessidades dos estados em desenvolvimento” Resta, pois, a retomada das discussões no âmbito da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, com a participação dos estados-partes no Tratado, para que se chegue a uma decisão consensual sobre os questionamentos aqui levantados, entre outros que certamente surgirão com a imposição da regra contida no artigo 82 da Convenção. TN Petróleo 86

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conteúdo local

A evolução do

conteúdo local

A expressão ‘conteúdo local’, termo da moda nos dias de hoje, existe com diferentes motivações desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Num primeiro momento, o objetivo de sua prática foi o de ‘industrializar’ a economia do país, até então baseada na agricultura. Ocorreu em fases distintas: até 1964 a ênfase era no desenvolvimento de alguns itens da indústria de base e de bens de consumo durável. A partir de 1965, começou a haver a preocupação com o desenvolvimento da indústria de bens de capital.

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Alberto Machado Neto é diretor executivo de Petróleo, Gás, Bioenergia e Petroquímica da Abimaq.

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esse aspecto, a Petrobras, motivada pela necessidade de obter sobressalentes para suas operações sem depender de importações, sempre buscou apoio nas indústrias existentes no país. Já em 1957, estabeleceu importante diretriz para o desenvolvimento da fabricação local, iniciando diálogo com seus potenciais fornecedores para a troca de informações e colaboração na absorção de novas tecnologias. O principal objetivo era acelerar a substituição das importações de sobressalentes para as refinarias, maximizando as compras locais, pois a compra no exterior representava um processo complexo e demorado. Já nos anos 1970, com a ocorrência dos dois choques do petróleo e o consequente aumento das despesas com importação de petróleo e derivados para abastecimento do mercado interno, o governo estabeleceu controles mais rígidos na balança de pagamentos, na busca de promover exportações e restringir importações através do aumento de controles e da implantação de um amplo programa de substituição de importações. Vigia, então, a Lei de Similaridade, que estabelecia que a comparação com os preços no exterior incluía um percentual de proteção ao fornecimento nacional. A motivação era economizar divisas. Assim, era admissível praticar um preço inicial mais elevado para o produto nacionalizado, desde que proporcionasse uma redução no dispêndio de divisas e permitisse assegurar a continuidade do suprimento a partir do mercado interno. Era uma aplicação do que hoje se define como “curva de aprendizado”. Em vários casos foi adotada a prática de vincular a compra do projeto no exterior à transferência de tecnologia, como foi o das plantas de amônia/ureia e da unidade de pirólise de eteno do Copesul. Como subproduto, tal prática permitiu que a indústria crescesse e atingisse a maturidade, sendo, no entanto, “protegida” da competição internacional. No início dos anos 1980, com as restrições ao crédito, o aumento da dívida externa brasileira e a ameaça de moratória, a compra de bens e serviços no mercado doméstico passou a ser a única forma de sobrevivência e crescimento do setor de petróleo no Brasil. A principal meta do Governo Figueiredo foi atingir a produção de 500 mil bpd em 1985,


resultado alcançado graças à atuação conjunta da Petrobras e da indústria nacional. Não se tratava de protecionismo, como muitos hoje se referem ao fato para desqualificar a atual exigência de conteúdo local, mas, sim, do único modo de executar projetos tão necessários para diminuir nossa dependência do petróleo importado, o qual havia chegado a US$ 40/barril, valor que representaria hoje mais de US$ 100/barril, se descontada a inflação norte-americana. Não é possível imaginar qual seria a situação do Brasil se ainda tivesse que desembolsar mais de US$ 150 milhões por dia para suprir o mercado local. À época, as motivações para o conteúdo local eram a sobrevivência e a redução das importações de petróleo através da viabilização do aumento da produção nacional. Com a descoberta de campos gigantes, em águas cada vez mais profundas, surgiu a demanda por novas tecnologias, inexistentes no mundo. Era a Petrobras buscando garantir o seu poder de decisão quanto ao atendimento de suas necessidades futuras. A motivação era a garantia de suprimento de itens medulares, fundamentais ao aumento da produção nacional de petróleo e gás. A década de 1990 foi marcada pela redução significativa nos investimentos e pela abertura brusca da economia do país. Tal fato forçou a inserção das empresas brasileiras no mercado internacional, passando a expô-las a uma concorrência para a qual não estavam devidamente preparadas. Esse fato demandou uma completa mudança de postura e, em muitos casos, ocasionou associações e aquisições por parte de empresas estrangeiras. Muitas fábricas fecharam suas portas. Muitos profissionais altamente especializados ficaram sem emprego. O período foi marcado por um forte direcionamento do suprimento para o mercado externo. Só para exemplificar, das 13 plataformas de produção então adquiridas, dez foram construídas no exterior. Nesse enfoque, cabe ressaltar que a construção naval, que chegou a ser a segunda em termos mundiais no final da década de 1970, ficou praticamente inoperante na década de 90. Dos mais de 40 mil empregados na época de pico, restaram menos de dois mil, atuando principalmente em reparos e na manutenção dos ativos dos estaleiros. É evidente que tal cenário causava múltiplos prejuízos para o país, pois, além de gastar divisas importando equipamentos de alto valor, deixava de ampliar a geração local de valor, empregos, renda e arrecadação tributária. No final da década de 1990, a abertura do mercado de petróleo no Brasil demandou ajustes na política de compras da Petrobras. Seus dirigentes passaram a entender que, atuando em um regime competitivo, teria a companhia dificuldades em

continuar contribuindo para o desenvolvimento da indústria nacional, como vinha fazendo até então. Por outro lado, a abertura trazia o risco de que os novos entrantes trouxessem do exterior seus tradicionais fornecedores, impossibilitando a participação de fornecedores locais nas novas oportunidades. Diante desse cenário, surgiram movimentos de mobilização, como o “Compete Brasil” e a criação da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip). A motivação de então era dar visibilidade à capacitação nacional. A partir da criação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o novo milênio começou com a forte consciência da importância do incentivo ao fortalecimento do setor industrial como fator fundamental ao crescimento do país. Assim, a motivação passou a ser utilizar o petróleo como uma das principais alavancas para o desenvolvimento, haja vista a utilização pela ANP do percentual de conteúdo local como um dos fatores de avaliação dos lances para aquisição de blocos exploratórios. Hoje, ainda existem muitos óbices para o aproveitamento das demandas do setor de petróleo e gás para o desenvolvimento do Brasil. A participação do setor de máquinas e equipamentos, um dos segmentos envolvidos, ainda está muito aquém do potencial nacional. Os planos de investimento e operações das empresas de petróleo poderiam ser mais bem aproveitados para estimular a industrialização. Entretanto, a indústria local acaba não alcançando as encomendas porque, por motivos alheios à sua capacidade de decisão, não consegue ser competitiva internacionalmente. A experiência tem demonstrado que os fornecedores nacionais nunca tiveram problemas com o atendimento às exigências técnicas do setor de petróleo e gás e o maior entrave atual é decorrente de fatores como câmbio, juros, tributos, infraestrutura, legislação trabalhista, entre outros, os quais estão fora de seu poder de decisão. A iniciativa de exigência de conteúdo local mínimo é um primeiro passo para o desenvolvimento da indústria nacional, pois só é possível administrar o que se consegue medir. Apesar de ainda requerer aperfeiçoamentos, a iniciativa não deve ser descartada com base em experiências anteriores ditas malsucedidas, apenas aparentemente semelhantes. A indústria brasileira está vivendo momentos de oportunidades e de crise. É essencial que as empresas de petróleo sejam lucrativas. É indispensável que a indústria fornecedora local de bens e serviços seja competitiva, mas, sobretudo, é fundamental que os interesses nacionais sejam preservados e se consiga aproveitar todos os benefícios que o setor de petróleo e gás pode trazer para o país. O Conteúdo Local é um caminho. TN Petróleo 86

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fino gosto

Filet de cherne grelhado a mediterrâneo, servido com batatinhas rústicas e aspargos regados com azeite de ervas e alcaparras. Fotos: TN Petróleo

Linguado assado ao brie e espinafre servido com purê de batata cremoso.

por Orlando Santos

Cais do Oriente: uma década, um novo desafio

CAIS DO ORIENTE Rua Visconde de Itaboraí, 8 - Centro Rio de Janeiro - RJ Tel.: (021) 2203-0178 www.caisdooriente.com.br

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Pouco mais de uma década depois de ter se instalado num casarão de dois séculos (inteiramente degradado) em pleno Centro do Rio, e de passar por uma reforma que durou exatos três anos, o Cais do Oriente tornou-se referência de uma gastronomia que alternava as cozinhas mediterrâneas, marroquina e oriental, de larga aceitação pelos executivos da área. por Orlando Santos


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Agora, um novo desafio surge diante dos sócios Luciano Pires e Marcos Resende: dar continuidade ao empreendimento, após a saída do chef Neném, que esteve à frente da cozinha durante todo este tempo e retornou à sua cidade natal. Quem vai tocar o barco é um jovem chef, que já esteve no Cais do Oriente durante dois anos, dividindo com Neném as tarefas da cozinha: o gaúcho Eduardo Castro. Além de comandar as panelas, ele será também o responsável por outras tarefas ligadas ao restaurante... melhor dizendo: será o que se convencionou chamar de chef executivo. O chef gaúcho não tem dúvidas de que se trata do maior desafio de sua vida profissional, depois de ter assessorado restaurantes em várias partes do país, além de uma temporada na Europa por ter ganhado um concurso de gastronomia em Florianópolis. E mesmo tendo uma bagagem de mais de dez anos de profissão, o que, segundo os entendidos, é o tempo ideal para a formação de alguém nesse metiê. Por isso, Eduardo não vacilou: pegou a mulher Juliana, as filhas Carolina e Manuela, respectivamente de 4 e 9 anos, largou Nova Hamburgo, e se mandou de mala e cuia para o Rio, e para aquela que ele considera a sua casa, o Cais do Oriente. Mãos à obra e o chef Eduardo já começou a planificar seu trabalho, voltado para o atendimento de uma clientela exigente, fiel, e que ele espera encantar ainda mais com sua comida prazerosa e personalizada. Como novidade, o cardápio na primeira página vai trazer as sugestões do chef, até então escondidas. E nessas sugestões, o cliente vai se orientar pelas informações contidas na elaboração dos pratos e os ingredientes usados, em especial os ligados à sazonalidade. No momento, dois pratos têm sido os mais solicitados pelos clientes: o Filet ao Malbec, servido sobre legumes e macarrão Tagliatelli, com batata gratin e molho de vinho tinto, e o Steak de Atum, com cogumelos, pupunha, brócolis no vapor e molho ao funghi. Além desses dois, outras opções aparecem no cardápio, que será amplamente melhorado a partir das mudanças do chef. O desafio está apenas começando, e Eduardo, com serenidade, está tocando o barco com uma equipe já conhecida e o apoio e a confiabilidade dos donos da casa. Melhor para todo mundo.

O pioneirismo do Cais – Luciano Pires e Marcos Resende transformaram uma histórica construção abandonada, em um espaço múltiplo, com um charmoso restaurante, um pátio interno, coberto com mesinhas e um mezanino com música ao vivo. A casa oferece, ainda, espaço para a realização de grandes eventos sociais da cidade, festas de empresas, além de servir para a locação de novelas e cenário para fotos de modelos nacionais e internacionais. A decoração, com toques orientais, reúne peças compradas ao redor do mundo e em algumas partes do Brasil. Na reforma do prédio, a fachada foi renovada, mas as paredes com as pedras aparentes e o pé-direito alto foram mantidas. Turistas brasileiros e do exterior costumam visitar o local atraídos por sua beleza. Localizado na rua Visconde de Itaboraí, 8, atrás dos Correios (da Primeiro de Março), bem próximo aos centros culturais do Banco do Brasil, Casa França Brasil e Correios, e não muito distante do Paço Imperial. Ao reinaugurar o Cais do Oriente, em 2011, Luciano Pires não vacilou em afirmar que no Centro está o futuro das cidades. E, pelo visto, a julgar pelos novos empreendimentos que ali surgiram logo após a abertura do Cais, ele parece estar cheio de razão.

Eduardo Castro 34 anos, gaúcho de Novo Hamburgo, é amigo e discípulo de grandes chefes, como Alex Atala e Claude Troisgros, entre outros. Apaixonado pelo Rio e pelo bairro de Santa Teresa, onde mora com a família, tem como hobby ler e pesquisar a literatura sobre gastronomia. No Sul, torce pelo Internacional, e aqui no Rio, pelo Fluminense – time da esposa. Com a família, nas poucas horas de folga, gosta de frequentar as praias de Ipanema, Prainha e Macumba. Ainda não teve tempo de ir ao cinema para ver o filme em que outro grande chef, seu amigo, o francês Frederic Monnier, dono da Brasserie Rosário, atua, o Por que você partiu?, no qual se narra a história dos franceses que saíram da França em direção ao Rio. TN Petróleo 86

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coffee break

O homem que conseguiu promover na cidade diversos eventos de grande importância cultural reaparece – depois de deixar o cargo de adido cultural da França – como dono do mais instigante e curioso espaço no Centro do Rio, mais precisamente na rua do Rosário, 38. por Orlando Santos

Foto: TN Petróleo

a escada mágica

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E

Estamos falando de Romaric Büel, francês de nascimento e brasileiro por opção, que abriu as portas de uma espaço de arte e decoração, batizado apropriadamente de L’Escalier. Os 24 degraus que separam o térreo do primeiro andar, onde está efetivamente a galeria, levam o visitante a uma mistura eclética de móveis e objetos... há até cadeiras, aparadores e esculturas pregadas nas paredes... O L’Escalier apresenta trabalhos de várias partes do país, recolhidos pelo próprio Romaric ou assessores. Do Instituto da Amazônia, duas preciosidades: pequenos quadros, que da elaboração até a montagem, incluindo a moldura, foram feitos por índios. As esculturas, e até a arara que enfeita a varanda, são do artista popular Maritônio Portella. O local tem 120 m² de área montada pelo cenógrafo Gerardo Vilaseca. Antes de galgar os degraus que inspiram o nome do estabelecimento e levam ao topo do novo espaço de arte e decoração, o visitante já é surpreendido: logo na porta do casarão antigo há pinturas de Tony Minister que reproduzem Debret, dando pistas sobre a identidade do seu proprietário e curador Büel, quase um “carioca”, há mais de 20 anos na cidade. Obras de arte se misturam a pinturas, simulando telas, feitas diretamente na parede da escadaria. Uma vez no segundo piso, sob a luz natural de uma claraboia que dá ainda mais destaque a um trompe l’oeil de grandes proporções, ocorre uma verdadeira alquimia – pendurados nas paredes e espalhados pelo chão, móveis azuis, vermelhos, amarelos, verdes, em madeira natural, com estofados de estampas inusitadas, todos desenhados e fabricados por L’Escalier. No mesmo espaço estão ainda azulejos da arquiteta Laura Taves, do ateliê Azulejaria; móveis de design dos criadores franceses, Daniel B. e Bertrand L.; objetos e obras de arte oriundos da China, Oriente Médio, África, França e diversas regiões do Brasil; tapeçaria... enfim, tudo se mistura... e combina! Paixão pela arte e pelo Brasil – A paixão de Romaric pela arte popular brasileira, influência da “grande Janete Costa”, como o próprio gosta de frisar, está refletida nas esculturas de madeira maciça do artista Maritônio Portella, que consegue reunir suas origens nordestinas ao seu domínio sobre a arte erudita. Para qualquer lado que se olhe, surge uma associação de estilos, épocas e materiais, eclética, mas também harmoniosa. “O Brasil pode ostentar a combinação de todas essas origens, fazendo quase um cruzamento entre elas”, explica Büel, com seu sotaque inconfundível, feliz da vida com este novo desafio em sua trajetória de vida. “Selecionei peças de países e continentes que têm uma relação forte com essa história.” O francês chegou em 1993 ao Brasil, onde consolidou uma trajetória de sucesso no mundo das artes e da cultura. Durante os cinco anos em que ocupou o cargo de adido cultural foi responsável pela vinda ao país de prestigiadas

Impressionistas no CCBB

exposições, como Esculturas Monumentais, realizada na Praça Paris; Rodin, Picasso, Monet, Renoir, O Pintor da Vida, Camille Claudel, Pelé, O Surrealismo e Paris 1900, além do mais recente sucesso Paixões Privadas, que mostrou a arte europeia nas coleções particulares do Rio de Janeiro. Todas as mostras foram sucesso de público e geraram longas filas até o último dia de apresentação – ao todo, reuniram cerca de 12 milhões de pessoas! Cada vez mais envolvido com a Cidade Maravilhosa, Romaric recusou propostas para ocupar importantes cargos diplomáticos no exterior, preferindo estabelecer moradia definitiva por aqui, mais precisamente no Morro da Viúva. Hoje exibe com orgulho sua dupla cidadania, pois foi feito Cidadão de Honra da Cidade e do Estado do Rio de Janeiro.

L’ESCALIER Rua do Rosário, 38 / sobrado – Centro Rio de Janeiro - RJ De segunda a sexta, das 10h às 19h ; sábado, das 11h às 16h • Tel: 2518-4123

O Centro Cultural Banco do Brasil-RJ já abriu as suas portas para a

belíssima exposição que traz pela primeira vez ao Brasil 85 obras-primas do Museu D’Orsay de Paris, um dos mais visitados museus do mundo, dedicado à arte do século XIX e, sobretudo, ao Impressionismo, movimento ligado ao início da Arte Moderna. Os visitantes podem admirar obras de Monet, Van Gogh, Renoir, e tantos outros. A TN Petróleo, em sua edição anterior, trouxe ampla reportagem sobre o assunto. O CCBB-RJ fica na rua Primeiro de Março, 66, Centro. A exposição vai até 13 de janeiro, de terça a domingo. TN Petróleo 86

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indicadores tn feiras e congressos

Novembro

06 a 08 - EUA Deepwater Operations Local: Galveston, TX Tel.: +1 713 963 6256 sneighbors@pennwell.com www.pennwell.com

07 a 09 - México NGV Global 2012 Local: Cidade do México Tel.: +39 335 1893249 info@ngv2012mexico.com www.ngv2012.com

14 a 16 - China CIPTC 2012 Local: Pequim allen.wang@bmc-china.cn www.ciotc-top.com

28 a 30 - Argentina World Shale Series - Latin America Summit Local: Buenos Aires Tel.: +44 20 79780752 mrambridge@thecwcgroup.com www.latam.world-shale.com

27 a 29 - Austrália Deep Offshore Technology Local: Perth Tel.: +1 918 832 9347 annicolef@pennwell.com

Dezembro

4 a 5 - Emirados Árabes Unidos Critical Issues Middle East Local: Dubai Tel.: +971 4 457 5801 www.iadc.org

Janeiro 2013

15 a 17 - Emirados Árabes Unidos World Future Energy Summit Local: Abu Dhabi Tel.: +971 2 491 76 15 www.worldfutureenergysummit.com

19 a 21 - África Offshore West Asia Local: Gana Tel.: +1 713 963 6283 www.pennwell.com

20 a 22 - Colômbia 3rd Colombia Oil & Gas Summit and Exhibition Local: Cartagena Tel.: + 44 20 7978 0081 garanda@thecwcgroup.com

Abril

21 a 23 - Qatar Offshore Middle East Local: Doha, Qatar Tel.: 1-918-831-9160 www.offshoremiddleeast.com

23 a 26 - Brasil Santos Offshore 2013 Local: Santos, SP Tel.: +55 11 3060-5000 fernanda.sanz@reedalcantara.com.br www.santosoffshore.com.br

Março

Maio

19 a 20 - Holanda MCE Deepwater Development Local: Holanda Tel.: +1 (832) 242-7048 judy.parsons@questoffshore.com www.mcedd.com

3 a 6 - EUA OTC 2013 Local: Houston, TX Tel.: +1.972.952.9494 www.otcnet.org

19 a 21 - China CIPPE 2013 Local: Pequim Tel.: 0086-10-58236560 norlarong@hotmail.com www.cippe.com.cn

Junho

3 a 6 - Malásia Offshore Asia 2013 Local: Kuala Lumpur Tel.: +1-918-835-3161 www.offshoreasiaevent.com

Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 3221-7500 ou webmaster-tn@tnpetroleo.com.br

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de Julio Regoto, da Tauil & Chequer Advogados Associado a Mayer Brown LLP

opinião

Inovação

e propriedade intelectual Nunca no Brasil se falou tanto em inovação quanto nos últimos tempos. Desde o advento da Lei de Inovação (n. 10.973, de 2/12/2004) a atenção em torno do tema vem crescendo e, recentemente, tornou-se o centro das atenções em rodas que outrora desconheciam seu significado e valor.

G

rande parte desse interesse se deve ao plano Brasil Maior 2011/2014, que tem como slogan “Inovar para competir. Competir para crescer”. O audacioso objetivo do plano é promover a inovação e o desenvolvimento tecnológico como forma de alavancar o Brasil no cenário internacional. Com o domínio de tecnologias de ponta e maior valor agregado ao produto nacional, passaríamos de meros exportadores de commodities a fornecedores de produtos de alto valor agregado com superior rentabilidade. No âmbito do petróleo e gás, a instituição da “Cláusula do 1%” pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), serviu para acelerar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento com foco na inovação. A referida cláusula, incluída nos contratos de concessão para exploração e produção de petróleo e gás natural, determina que os concessionários invistam em pesquisa e desenvolvimento o equivalente a 1% da receita bruta gerada por campos de grande rentabilidade, nos quais a Participação Especial (PE) seja devida. Tal exigência resultou na instalação de importantes centros de pesquisa e desenvolvimento no Brasil, por companhias internacionais, tais como General Eletric, BG Group, Baker Hughes, Halliburton, FMC Technologies, Schlumberger, e outras. Na outra ponta, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anun-

ciaram um programa conjunto no valor de R$ 3 bilhões, o Inovapetro. Voltado para o desenvolvimento e qualificação de fornecedores nacionais para a cadeia produtiva da indústria de petróleo e gás natural, o programa possui apoio técnico da Petrobras e busca fomentar projetos de pesquisa, desenvolvimento, engenharia, absorção tecnológica, produção e comercialização de produtos, processos e/ou serviços inovadores ligados à indústria do petróleo e gás. Não obstante, apesar das iniciativas governamentais, no ranking “The Global Competitiveness Report 2012-2013” elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa apenas a 34ª posição – dentre 144 países – no quesito ‘capacidade de inovação’ através da realização de pesquisa e desenvolvimento que resultem em seus próprios produtos e processos inovadores. Em outro estudo, “The Global Innovation Index 2012”, divulgado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual, a situação é ainda mais crítica e o Brasil localiza-se na 58ª colocação – num total de 141 nações. Uma das razões que pode explicar o fraco posicionamento do Brasil nos rankings internacionais é a falta de conhecimento, por parte das empresas, sobre o efetivo valor e aproveitamento da inovação gerada. É necessário verificar se os instrumentos disponibilizados para a proteção dos resultados obtidos são adequados para que os investimentos TN Petróleo 86

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feiras opinião e congressos realizados não se tornem apenas custos. Por óbvio, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento não visam à evolução tecnológica por si só, mas também a possibilidade de retorno financeiro, através da exploração dos resultados obtidos. Parte significativa dos investimentos em inovação realizados por uma empresa tornar-se-ão ativos intangíveis e, portanto, a proteção adequada é questão de ordem para garantir que sua exploração futura – direta ou indireta – seja lucrativa. Na realidade, algumas decisões deverão ser tomadas antes mesmo do início das atividades de pesquisa e desenvolvimento, a fim de evitar conflitos com titulares de direitos que possam ser violados durante o processo de desenvolvimento de um produto ou processo inovador. A capacidade de acompanhar de perto sua pesquisa e desenvolvimento, e determinar qual o tipo de proteção melhor se adequada ao resultado, é essencial para que uma empresa possa aproveitar os investimentos realizados. O depósito de uma patente ou a decisão pela proteção com base no segredo industrial poderá resultar na exclusividade temporária ou indefinida de determinado resultado. Em alguns casos, manter a propriedade intelectual como um segredo é o

mais apropriado e, nestes casos, a empresa deve tomar diversas precauções para não os revelar para terceiros. O acompanhamento próximo também pode auxiliar na escolha do regime tributário mais adequado, dependendo do tipo de resultado obtido e a maneira como se dará sua exploração. Caso no futuro a empresa decida licenciar ou de qualquer outra maneira alienar seus resultados para um terceiro, somente será capaz de valorar com precisão tais resultados se tiver acompanhado sua evolução de maneira eficiente. No caso das empresas do setor de petróleo e gás, a preocupação constante com o acompanhamento e a proteção da inovação pode representar resultados de grande monta, tendo em vista os altos valores envolvidos nas operações de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil e no mundo. Contudo, as preocupações aqui expressas não devem se limitar a apenas um campo tecnológico, valendo para todas as áreas. É necessário adotar uma nova atitude e entender que estamos diante da sociedade do conhecimento e, cada vez mais, a competição será baseada na inovação.

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