Trabalho Médico Nº 11 - Maio/2012

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Médico gourmet

Tem comida de dar água na boca até em hospital Yenhoon

Claudia Silveira oi uma conversa rápida, mas que me deixou com água na boca, admito. Confesso até que tive vontade de dar uma passadinha em um certo hospital de Rio Bonito, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, para experimentar um dos pratos que são servidos aos pacientes de lá – até os elaborados com restrições, como sem gordura ou sal –, tamanha foi a impressão positiva que tive ao conversar com o cirurgião geral Anselmo Ximenes. Ele é graduado em gastronomia pela Universidade Estácio de Sá e pós-graduando no Instituto La Salle, “com a intenção de cursar gastronomia hospitalar”, como afirma. Gastronomia e medicina são “artes” que caminham juntas há tempos. Não é de hoje que alimentação e saúde são relacionadas em publicações de estudiosos do gênero. Graças a essa integração cada vez maior, o conceito de comida de hospital” vem adquirindo nova forma e sabor. A expressão deixa, paulatinamente, de estar associada à imagem negativa da área hospitalar. “A gastronomia hospitalar, com a harmonização de pratos, deixando-os bonitos, melhora o astral do paciente, e não tem muito custo”, ensina. “É preciso ter amor para fazer as coisas e isso, aos olhos do paciente que está com dor, faz com que se sintam mais valorizados”. Anselmo Ximenes garante que as refeições no Hospital Regional Darcy Vargas, onde ele trabalha, são bem saborosas. “Comida para paci-

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Comida para paciente não precisa ser sem gosto. O médico recomenda, por exemplo, trocar gorduras por ervas aromáticas

ente não precisa ser sem gosto. Você pode trocar gorduras, por exemplo, por ervas aromáticas. Assim, o paciente esquece o sabor da gordura e percebe outros aromas”, ensina. Com a visão de paciente como cliente e talento, não deu outra: Anselmo Ximenes virou dono de restaurante e já prepara a abertura de uma nova casa, mais ampla, também em Rio Bonito, apesar da dura rotina imposta pela medicina, que o faz chegar ao hospital às 5 da manhã para se preparar para cirurgias ou exames de endoscopia. O interesse pela culinária vem da juventude, do prazer em ver a mãe e a avó elaborando pratos para as refei-

ções familiares, como me contou. “Eu achava interessante, porém muito difícil, colocar os ingredientes sobre a mesa e depois transformar aquilo tudo em um alimento para ser servido. Essa dificuldade me despertou para a culinária quando ainda era rapaz. Na época, já cursava medicina. Quando resolvi estudar gastronomia, conversei a respeito com minha mulher e filhos, e todos me deram apoio. Fiquei com pena quando a faculdade terminou”, garante. Os colegas aprovam, tanto que coube ao nosso médico gourmet a tarefa de organizar a ceia em pleno plantão do Natal passado. Para quem mal sabe fritar um ovo como eu, é mesmo de causar inveja! Trabalho Médico – 35


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