Versus Magazine #14 Junho/Julho 2011

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ções gravadas entre 1971 e 1978. Nos lisboetas Albatroz Rui “Pipas” Silva grava o único single do projecto, estilisticamente próximo de Jimmi Hendrix, Iron Butterfly e Cream. A formação incluiu ainda os irmãos fundadores Jean Sarbib (guitarra, exQuinteto Académico) e André Sarbib (teclados, ex-Grupo 5), além de Pedro Taveira (bateria, ex-Pentágono). A par dos Beatnicks, os Xarhanga, de Júlio Pereira (ex-The Playboys, ex-Petrus Castros) e Carlos Cavalheiro (um dos mais impressionantes vocalistas da música pesada nacional) revelaram-se a mais fina flor do incipiente Heavy Rock português. Formados em 1972, lançaram os singles Acid Nightmare / Wish Me Luck e Great Goat / Smashing Life (In a City). Antes de encerrarem funções ainda veriam Zé da Cadela (ex-Kama-Sutra, exObjectivo) ocupar o lugar de baterista. Em 1975 Carlos Cavalheiro gravou em nome próprio o single A Boca do Lobo, cujo tema-título interpretou no Festival RTP da Canção nesse ano. O lado B do vinil incluía o tema Hard Rock «Liberdade Económica». Cavalheiro e Pereira ainda lançariam, em parceria, o LP Roda Bota Fora, de cariz interventivo, que na recente reedição em CD exibe na capa o nome Xarhanga. Em 2007 a Portuguese Progressive Pearls reeditou o álbum em vinil, reunindo como faixas-extra os temas disponíveis nos singles. Ao contrário dos Xarhanga, os Kama-sutra, também formados em 1972, não deixaram registos discográficos, apesar de incluírem na formação nomes sonantes como Rui “Pipas” Silva (guitarra, ex-Beatniks, ex-Albatroz, desaparecido a 30 de Novembro de 1972), Gino Guerreiro (baixo) ou Zé da cadela (ex-Objectivo). Ao invés, apostaram numa intensa carreira ao vivo, finda no término dessa década. O próprio José Cid, famoso pelo seu percurso no Rock Progressivo e especialmente na Música Ligeira contribuiu nos anos 70, de forma pontual mas relevante, para o desenvolvimento do “Rock da pesada” luso. Os temas «No tempo em que o Toninho Lanchava c’os Amigos na “Pastelaria S. Bento» (com a participação do guitarrista Mike Sergeant, dos Objectivo), «Doce e Fácil Reino do Blá, Blá, Blá», «Rock Rural» e «Deus Criou o Rock», apesar de injustamente remetidos para os lados B dos respectivos singles, colocavam José Cid na vanguarda da música pesada nacional. Ousadas e explícitas na crítica ao regime autoritário, «No tempo em que o Toninho Lanchava c’os Amigos na “Pastelaria S. Bento”» e «Doce e Fácil Reino do Blá, Blá, Blá» revelavam uma coragem rara para um artista da época. As influências Hard Rock dos Hosanna, fundados em 1973, assemelhavam-se às dos seus pares. O grupo interpretava maioritariamente canções dos Black Sabbath, Ken Hensley, Deep Purple, Uriah Heep e Grand Funk Railroad nos bailes e festas populares, embora mais tarde compusesse repertório próprio, tendo em «Se eu Fosse Deus ou Rei» o seu maior êxito. Pelas várias formações da banda passaram intérpretes como Luís Miguéns (ex-Complexo, guitarra), João Carlos (ex-Renovação, voz), Agnelo Monteiro (teclados, ex-Free) ou Mário Ceia (bateria, ex-Beatnicks). Com intenso percurso ao vivo durante toda a carreira, a banda encerrou funções em 1980. Sucedâneos do grupo de baile Melodia Quatro, os Hobnob de Luís Miguéns (ex-Complexo, ex-Hosanna) adoptaram o Hard Rock para se expressarem musicalmente, recuperando o repertório de covers dos Hosanna mas também compondo originais. Estávamos em 1974 e os espectáculos sucediam-se. A banda ter-se-á mantido junta até há poucos anos, eventualmente praticando outro género musical. A par dos Beatnicks, Xarhanga ou José Cid, igualmente marcantes na génese da música pesada nacional foram os Arte & Ofício, reconhecidos pela qualidade técnica e originalidade das suas composições. Formados no Porto em 1976 pelos ex-Psico e ex-Pentágono António Garcez (voz) e Sérgio Castro (baixo), fundiam Hard Rock com Jazz Rock, Prog e Funk, numa sonoridade inovadora. Os espectáculos, intensos, arrojados e profissionais, com recurso a sistemas de amplificação e luzes sofisticadísimos, raros em Portugal, granjearam fama ao grupo, a que pertenceram ainda figuras como Fernando Nascimento (guitarra, ex-Pentágono, ex-Psico, ex-Grupo 5), André Sarbib (teclados, ex-grupo 5, ex-Albatroz), António Pinho Vargas (teclista/pianista que nos anos 80 ganhou fama enquanto músico de Jazz e compositor clássico) ou Álvaro Azevedo (bateria, ex-Pop Five Music Incorporated). Apesar de ter encerrado funções em 1982 o grupo reuniu-se a 13 de Novembro de 2010 para uma actuação em Lisboa, estando a Movieplay a preparar o lançamento da sua discografia em CD. Até lá, resta-nos apreciá-la em vinil sob a forma dos singles Festival / Let Yourself Be, Little Story of The Little Jimmy / Quibble e Marijuana, do máxi-single Come Hear the Band (o primeiro da Música Portuguesa) e dos álbuns Faces e Danza. A gravação de um novo álbum, assim como a realização de uma tournée, poderá ocorrer. Por outro lado, Os Plutónicos/A Ferro e Fogo, mais tarde conhecidos simplesmente como Ferro & Fogo, formaram-se em 1977 a partir do grupo de baile os Plutónicos. Praticantes de covers, desde a sua génese que interpretam êxitos Hard ’n’ Heavy nos espectáculos. A partir do final dessa década passaram a gravitar em torno do frontman João Carlos (ex-Renovação, ex-Hosanna). Apesar das numerosas alterações de line-up veri-


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