Versus Magazine #14 Junho/Julho 2011

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Da morte à redenção Com uma carreira de mais de vinte anos, vários álbuns editados e algumas dores pelo caminho, Primordial apresenta em 2011 uma nova carga de adrenalina que revela que a inspiração não lhes traz descanso. Porque a qualidade é uma das melhores facetas deste agrupamento, aqui ficam as respostas intuitivas e filosóficas de Alan “Nemtheanga” Averil. Saudações. Primeiro que tudo gostaria de congratular os Primordial por um álbum soberbo. Sendo fã desde os anos 90, fazme bem saber que ainda são uma banda muito motivada, capaz de criar canções tão fervorosas. No entanto, houve um período em que não se sentiram assim… Quão difícil foi de ultrapassar os problemas que a fama traz e o delírio momentâneo de ver a banda quase a fenecer após tantos anos a trabalharem juntos como uma tribo de irmãos de sangue? A morte nunca é uma experiência bonita quando a fé abala… Alan: Parece simples mas a vida é a vida. Acontece, temos baixos e altos. Alguns de nós aguentam melhor com o facto de estarem numa banda do que outros. Há sempre tentações, algumas vezes é como viver numa realidade alternativa e perdermo-nos pode ser fácil. Tivemos alguns momentos sombrios e não penso que a escuridão irá desaparecer para sempre mas talvez precisemos disso por vezes de modo a ganharmos algum discernimento e perspectiva. Sendo designados por várias pessoas como uma banda Pagan/ Folk, são, no entanto, mais invulgares do que muitos por aí afora, estes tendo sido enquadrados naquela tela pagã (de alguma forma influenciada pelo power-metal) muito mais tarde após vocês aparecerem. Como essa designação é uma extensa definição de muitas bandas, o que é que Primordial considera ser e representar embora exista clara inspiração nas raízes folclóricas irlandesas? Para ser honesto, tal é apenas jornalismo preguiçoso. As pessoas fazem pressupostos baseados no que ouvem dizer. É óbvio que temos algumas referências aqui e ali, em alguns dos álbuns mais antigos, ao “paganismo” ou a um ponto de vista pagão ou a elementos de folclore em duas canções, que eu uso

como metáforas para a vida moderna mas nada mais. Temos algumas influências da música tradicional irlandesa mas Primordial não é uma banda folk ou pagan metal. É sobre o aqui e o agora, usamos a história verídica de modo a vir com pontos de referência modernos. Não há fantasia ou escapismo. Claro que temos fãs dentro dessa cena e temos este sentimento Pagão que é importante mas existe muito de cinzento nas tonalidades de preto e branco. Sentem-se um pouco postos de parte, em relação ao aspecto promocional, pelas editoras que assinaram ou pela imprensa Metal já que, quase duas décadas após aparecerem na cena, tiveram uma melhor oportunidade, através da Metal Blade, para serem conhecidos como uma das melhores bandas de Metal actuais? Afinal de contas, vocês nunca mudaram o vosso som ou tiveram menos qualidade, apenas melhoraram-na, pena que teve de ser uma certa moda que os fizeram ser mais conhecidos… Possivelmente. Sempre pensei que merecíamos mais do que o que recebemos, mas o que vai, volta e talvez fosse melhor termos “crescido” devagar do que sermos um sucesso instantâneo como alguns dos nossos pares. Não é apenas a cena pagan metal que nos segue mas também os fãs do metal mais mediático. É melhor não viver com remorsos e olhar sempre em frente. A escrita para um novo álbum é sempre stressante embora seja uma grande força motivadora para uma banda. Ouvindo «Redemption…», parece que, embora seja chamado do álbum da “morte”, ainda existem os gritos de revolta que inflamam o espírito. Será que Primordial considera-o a sua própria redenção por deixarem os erros comuns de ser-se humano perturbar a banda? Será que, como letrista, consideras este álbum o teu


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