Versus Magazine #13 Abril/Maio 2011

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que Deicide já demonstrou… apenas parecendo que a dissonância instrumental e a insanidade vocal estão ainda mais apuradas. A produção é tão refinada que este álbum se torna facilmente audível, podendo levar alguns a dizer que a banda procura ser mais vendável, mas que não é necessariamente mau se tivermos em conta os músicos em questão. Se alguns fanáticos dizem que alguns elementos abusadores podem retirar alguma da intensidade de trabalhos anteriores, não se pode dizer que demonstram uma composição algo desgastada, havendo talvez maior ênfase em outro patamar. Se tinham saudades de temas com ritmos acutilantes, vocais permissivos à podridão e solos extasiantes, oiçam este álbum. Aos mais jovens, que ainda não se aperceberam que esta banda de mais de vinte anos faz parte do leque de pioneiros do movimento mais abrasivo do género, esta poderá ser uma descoberta extremamente interessante. [9/10] Jorge Ribeiro de Castro

EASTERN FRONT «Blood on Snow» (2010 / Candlelight Records) São da Inglaterra, formaram-se em 2006 e praticam Black Metal, ou melhor – War Torn Black Metal. Isto porque o quinteto com o nome Eastern Front explora nas suas músicas temas referentes à

história da II Grande Guerra Mundial (os mais atentos poderiam suspeitar desse contexto apenas pelo sentido do nome da banda), mas de um ponto de vista muito pessoal. Apesar da banda contextualizar a sua música na II Guerra Mundial, não esperem encontrar semelhanças com os Hail of Bullets, nem esperem encontrar uma sonoridade tão rápida quanto a desta banda, nem blastbeats desumanos. Em «Blood On Snow» (produzido por Anders Backelin) podem encontrar, surpreendentemente, um Black Metal muito interessante, bem trabalhado e com detalhes que fazem este álbum desmarcar-se dos demais do género que por vezes não trazem nada de significativo ao género. O álbum abre com sons de guerra e um blastbeat de arrasar. A voz de Nagant parece ser expelida de uma caverna fria, mas por vezes o gutural assombra a sonoridade, e noutras o Doom transparece. As guitarras estão no ponto, e por vezes conseguem arrepiar com solos simples mas com feeling, ou com passagens ambientais chamando a atenção ao post. Mas também há espaço para alguns momentos acústicos – e é nesta variedade que «Blood On Snow» ganha pontos (até parece que estamos a ouvir um álbum de Black Metal dos anos 90). Por último destaco a música “Dvenadtzat Kilometrov Ot Moskvy”, que foi composta por Les Smith (Anathema) e Brian Moss (DFA) e que exala uma aura cinematográfica e dramática. [8.5/10] Victor Hugo

FALKENBACH «Tiurida» (2011 / Napalm Records) Com uma carreira de mais de duas décadas, o multi-instrumentista Vratyas Vakyas (também mentor da editora Skaldic Art) dá-nos a conhecer o seu quinto álbum, cujo título se traduz por “glória”. Uma vez mais, quatro músicos de sessão (Hagalaz - guitarra, Tyrann – gritos, Boltthorn – bateria e Albion - baixo) ajudaram-no a dar forma à sua inspiração. Talvez haja quem lamente ter esperado seis anos para um novo lançamento, desejando ouvir algo que transcendesse os álbuns anteriores, sobejamente reconhecidos pela qualidade e ambiências altivas. Isso, especialmente após o último álbum, «Heralding – The Fireblade», que contém algumas músicas que iriam ser editadas no que devia ser o primeiro do projecto, «The Fireblade», mas que não chegou a sair. No entanto, ao ouvir «Tiurida» descobre-se que este não peca por qualquer fraqueza pois as melodias são verdadeiras riquezas emocionais que nos elevam o espírito, as líricas sendo também uma continuação do conceito omnipresente em todos os lançamentos anteriores ou seja, sobre as culturas, tradições e cenários próprios da mitologia europeia. Assim, com esta edição Falkenbach delimita um glorioso lugar num estilo que pode ser designado por muitos como Folk/Black/Viking-Metal mas


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