Revista VERO | Mar/2015

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garota de aço

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EDITORIAL VERO DIRETOR

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Bom trabalho! HÁ quem diga que o ano só começa depois do Carnaval. Aqui na VERO não é bem assim, mas se o assunto é arregaçar as mangas e começar a trabalhar, podemos dizer que essa primeira edição pós-feriadão está transbordando. Pra começar, nossa capa, Fernanda Keller, é uma mulher de aço. Acorda às 5h da manhã para treinar todos os dias e, aos 51 anos de idade – após ter participado da principal prova de triatlo do mundo, o Iron Man, por 24 vezes –, nem pensa em parar. Mais: ela ainda comanda um instituto social que leva seu nome e tem por objetivo colocar crianças e adolescentes carentes em contato com o esporte. Haja fôlego (confira na página 46A). No mesmo pique esportista, a repórter Camila Ploennes conta, na página 18A,

DESIGN Chico Max (direção), Janaína Diniz (designer) e Eduardo Prieto (assistente de arte)

como a bike revolucionou a história de várias cidades ao redor do mundo – e ainda pode mudar a nossa. Ainda para celebrar o novo ano, o repórter Alexandre Finelli reúne, na página 34A, opiniões de diversos empreendedores de sucesso sobre como fazer esse ano de cenário econômico adverso dar certo nos negócios. No caderno local, o assunto não poderia ser outro: neste mês comemoramos o aniversário de Barueri. Reunimos, então, 66 razões – a mesma idade da cidade – para empreender, trabalhar, investir, viver e acreditar nela. Em tempo: no fechamento desta edição, fomos surpreendidos pela notícia do afastamento do prefeito pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Que isso não tire o brilho do aniversário.

Entenda os 3 cadernos: caderno A : neurônio VERo

Entrevistas exclusivas e matérias relacionadas a temas relevantes como ética, comportamento, empreendedorismo e urbanidades, além de colunistas de peso

CIDADES | ATITUDE COMPORTAMENTO | PERSONA ÉTICA EMPREENDEDORISMO

COLUNISTAS Bob Wollhein, Carlos Julio, Flávio Gikovate, Julio Lamas, Luis Felipe Pondé, Mário Sérgio Cortella e Xico Sá COLABORADORES DE TEXTO Alexandre Finelli, Camila do Bem, Camila Ploennes, Juliana Duarte, Pedro Só e Ronaldo Mendes FOTOGRAFIA Laura Mazzela, Thiago Henrique e Zé Gabriel REVISÃO 3GB Consulting PRODUÇÃO GRÁFICA Daniel Vasques COMERCIAL Fernanda Junqueira, Maria Dulce Toledo (assistente), Marília Genari, Priscila Orenstein (marketing), Pupi Serra e Thiago Soler CAMPANHA ATITUDE ALPHAVILLE Janine Klein e Isabella Magalhães

GRUPO VERO

EDITORA LAGE & IVANESCIUC LAGE & IVANESCIUC COMUNICAÇÃO LAGE & IVANESCIUC SERVIÇOS Alpha Square Mall Av. Sagitário, 138, loja 72, Alphaville, Barueri/SP (11)4195-9666 vero.com.br DIRETOR DE OPERAÇÕES Walter Coscia GERENTE FINANCEIRA ŷ) -­ * -$"0 . b ) - Ŷ1 -*X *(X - DEPARTAMENTO FINANCEIRO Lilian Merçon (assistente financeira) e Weslley Damasceno (auxiliar financeiro) DEPARTAMENTO DE OPERAÇÕES Emanuelle Coelhas (assistente de infraestrutura) CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO Gráfica Log & Print 20 mil exemplares FOTO DA CAPA Stefano Martini

caderno B: local vero

Aqui você poderá ficar por dentro de assuntos que têm impacto direto na região e ver roteiros exclusivos com dicas do que há de melhor na programação do mês

caderno C: promo vero

Um guia de consumo, serviços, saúde e promoções

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46 Em entrevista exclusiva à VERO, triatleta Fernanda Keller revela: “Tento compartilhar o que consegui na minha carreira com as crianças. O Brasil é nossa responsabilidade”

28 Parte do valor das vendas de empresa de headphones é destinada para ajudar quem nunca ouviu nenhum som

Conheça o engenheiro que usou seu ano sabático para ensinar futebol e arrecadar fundos a fim comprar calçados para crianças carentes na Índia

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Experimento social leva jovens blogueiros de moda para conhecer de perto os horrores da exploração do trabalho no Camboja

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12Atitude | 16Novos Talentos | 18A virada das bikes | 26Julio Lamas | 28Empreendedorismo 30 34Perspectivas para 2015 | 38Bob Wollheim | 40Carlos Júlio | 42Comportamento 46Fernanda Keller | 54Gikovate | 56Xico Sá | 58Ética | 62Cortella | 64Pondé | 66Persona

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ATITUDE

#água #sustentabilidade #cidades

EM JUNDIAÍ NÃO FALTA ÁGUA

Município investiu em obras de ampliação da capacidade e cuidados com mananciais Enquanto a maioria dos municípios da Grande São Paulo sofre com a crise hídrica, em Jundiaí, no interior paulista, a pouco mais de 50 km da capital, a situação é completamente diferente. Por lá, sobra água nos reservatórios. Hoje a represa do rio Jundiaí Mirim conta com 8,3 bilhões de litros de água estocada, e a partir da última obra de ampliação, que será concluída em setembro, essa capacidade aumentará em 1 bilhão de litros. E não é só isso: nas décadas de 1970 e 1990, foram realizadas diversas obras para ampliar a capacidade de

armazenamento da cidade. De acordo com Jamil Yatim, presidente do DAE Jundiaí – empresa responsável pelo fornecimento de água tratada, coleta e tratamento de esgoto, além de controle da ocupação do solo e proteção dos mananciais que fornecem água para o município –, para evitar a crise foi preciso estimar o crescimento da população e da indústria, realizar obras de expansão e aprofundamento da represa, cuidar da área de mananciais da represa e, claro, conscientizar a população. Será que dá tempo de seguir a receita?

Represa de Jundiaí: 8,3 bilhões de litros de água em estoque

POR QUE JUNDIAÍ NÃO CORRE RISCO DE RACIONAMENTO DE ÁGUA? Devemos essa situação a um conjunto de fatores realizados ao longo de décadas, pensando no crescimento da população e também na indústria – que precisa de água como matéria-prima. Com as obras de expansão e aprofundamento da represa, conseguimos armazenar o suficiente para ambos. Ao fim das obras deste ano, em setembro, aumentaremos a capacidade de armazenamento em 1 bilhão de litros. QUAIS AS MEDIDAS DE PRESERVAÇÃO PARA A ÁREA DE MANANCIAIS? Temos muito cuidado com a fonte da nossa água – a bacia do rio Jundiaí Mirim. Mapeamos todo o território por onde ele passa e estamos percorrendo as propriedades rurais na região para orientar sobre impermeabilização de solo e também verificar se não há construções prejudiciais à natureza. Nosso objetivo é fazer o replantio da floresta onde for necessário, para preservar o solo e a vegetação ao redor do rio. Essas medidas são pensadas sempre para um benefício futuro. Hoje tenho água porque houve um planejamento. E eu quero que os meus netos e bisnetos também desfrutem desse benefício nos próximos 40 anos. HÁ AÇÕES DE CONSCIENTIZAÇÃO DA POPULAÇÃO? A represa fica no centro de Jundiaí. Construímos o Parque da Cidade nos arredores, para que a população tivesse um contato maior com a natureza e compreendesse a importância de preservar essa área. O parque recebe entre 7 e 10 mil visitantes por semana. E quase não é preciso segurança, pois eles têm muito carinho pelo que fizemos. Se alguma coisa está errada, eles ligam aqui para comunicar – que a água está com uma cor incomum ou que alguém jogou lixo.

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BIBLIOTECA NA PRAIA

Praia é o lugar ideal para relaxar, tomar sol e, claro, colocar a leitura em dia. Pensando nisso, a cidade de Sidney, na Austrália, resolveu acompanhar a tendência mundial de compartilhamento, troca e doações de livros e implantou uma extensa estante de livros – com seis metros de comprimento – na areia da praia de Coogee. É só chegar e escolher seu livro. Tem de tudo um pouco: revistas, títulos infantis e em língua estrangeira. Quem se encantar com a leitura também pode levar pra casa pra terminar de ler – só não vale esquecer de devolver.

FOTOS DIVULGAÇÃO

RAIO X DAS DESPESAS E RECEITAS DAS CIDADES

Desenvolvido pela Fundação Brava em parceria com o Insper, o portal Meu Município traça uma espécie de raio X das receitas e despesas dos municípios brasileiros. De maneira simples e direta, é possível entender as finanças de sua cidade, bem como o nível de investimento e endividamento. O objetivo do portal é facilitar a visualização dos dados disponibilizados pelo governo, aumentando a transparência para o gestor público e para a população. Também é possível comparar os dados com os de outros municípios e mandar sugestões. Conheça: meumunicipio.org.br.

ÔNIBUS COMO PONTO DE WI-FI

Já imaginou se os ônibus que circulam pelas cidades fossem pontos móveis de Wi-Fi? Na cidade do Porto, em Portugal, isso já é uma realidade. A Veniam, empresa que trabalha com redes sem fio em movimento, instalou sua rede Wi-Fi veicular na frota da cidade, conectando mais de 600 veículos e servindo 60 mil usuários únicos mensais – isso porque a tecnologia, chamada de NetRiders, garante acesso a quem está dentro do ônibus e fora – nas ruas e veículos próximos. A grande rede urbana é de alta eficiência, já que, ao passar de um sinal para outro, não há interrupção da conexão.

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PAGUE A CONTA DE LUZ COM LIXO RECICLÁVEL

Desde o ano passado, clientes da AES Eletropaulo, em São Paulo (incluindo Barueri), podem conseguir descontos em suas contas de luz a partir da doação de materiais recicláveis (papel, plástico, vidro e metal). Funciona assim: o cliente vai até um dos pontos de coleta, entrega o material – que é pesado e precificado de acordo com a tabela de mercado – e recebe um comprovante com o valor que será abatido da próxima fatura. Não há limites para o desconto, sendo possível, inclusive, zerar a conta e acumular créditos para o mês seguinte. A novidade é que, a partir de agora, os clientes da Coelce, em todo o estado do Ceará, poderão usufruir do mesmo benefício. Um bom exemplo de como soluções que dão certo podem ser replicadas em todos os cantos do país. Para conferir onde estão os postos de coleta, acesse o site das empresas.

LUGAR DE POLÍTICO É NO ÔNIBUS

Em Londres é assim: ao tomar posse em seus cargos, os políticos (vereadores e prefeito) recebem um valetransporte válido para ônibus, trem e metrô e logo são avisados das regras da casa, a Assembleia de Londres. Eles são proibidos de ter automóveis pagos com dinheiro público. Táxis também não estão liberados. Para serem reembolsados quando optam por esse tipo de serviço, os políticos precisam provar que não tinham outra opção de deslocamento para ir aonde precisavam.

MOBILIDADE DE QUALIDADE EM SP?

Um estudo da consultoria Arthur D. Little revelou que a capital paulista tem mais qualidade em mobilidade urbana do que cidades como Nova York, Roma, Toronto e Sidney. O levantamento comparou a mobilidade de 84 cidades do mundo a partir de critérios como o sistema de compartilhamento de carros e bikes e o tempo de percurso para ir ao trabalho. São Paulo ficou em 34º no ranking, uma posição à frente de Nova York. Os cartões de passagem que permitem a troca entre diferentes meios de transporte, sem custo adicional, são um dos fatores que ajudaram no bom desempenho da cidade. Hong Kong, Estocolmo, Amsterdã, Copenhague e Viena são as cinco primeiras colocadas no ranking.

COPATROCÍNIO

REALIZAÇÃO

Participe! Leia as matérias, cole o adesivo e seja um voluntário nas ações! Informações: atitudealphaville. com.br

Conhece outras iniciativas positivas, na nossa região ou em outras cidades, para deixar a vida das pessoas melhor? Indique para atitude@vero.com.br

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TALENTOS

#ciências #artes #esportes

GERAÇÃO EXEMPLAR

ZÉ GABRIEL

FOTOS DIVULGAÇÃO

Confira as histórias de três jovens brasileiros destaques nas áreas de ciência, artes e esporte

RACIOCÍNIO lógico, concentração, paciência, capacidade de planejamento, autoconfiança, responsabilidade e respeito ao adversário são alguns dos benefícios que o jogo do xadrez oferece. Katherine Lemos Vescovi, de 16 anos, moradora de Alphaville e estudante da Escola Morumbi, conhece essas vantagens desde muito nova. “Com dois anos e meio, aprendi a montar o tabuleiro com a minha mãe, mas comecei a participar de competições com oito”, diz ela. Desde então, Katherine sagrouse campeã diversas vezes. Em 2009 recebeu o título de CM (Candidata a Mestre), quando foi campeã sul-americana. Também recebeu ouro em outras competições importantes, como PanAmericano, Brasileiro, Estadual, ACESC de Xadrez e Jogos Regionais e Abertos – esses dois últimos conquistados ano passado.

COM apenas 12 anos, João Pedro Miranda Caldas, o MiriM – seu nome artístico –, já é um fotógrafo profissional. O baiano começou essa história quando foi morar em Paris com a mãe, em 2013. Sem falar francês e sem muitos amigos, o jeito que ele achou para passar o tempo foi fotografar. “No meu aniversário de 12 anos, ganhei minha própria câmera e passei a fotografar as nossas viagens e nosso dia a dia em Paris. Agora tenho lentes diferentes, conheci fotógrafos importantes e já fui convidado para fotografar um Festival de Jazz”, conta ele. Os trabalhos do garoto estão à venda no site: caaldas.me.

COPATROCÍNIO

COM o objetivo inicial de regar sua própria horta com água sem cloro e flúor, o paulista Raphael Marra, de 15 anos, criou um sistema de tratamento que economiza 80% de água. A ideia é simples: a água usada no banho, na máquina de lavar e na pia passa por um processo de filtração (dentro do aparelho que conta com lã acrílica, lâmpada ultravioleta, filtro de polipropileno e união soldável – um tubo de PVC rígido desenvolvido para condução de água) e, em seguida, limpa e sem resíduos, retorna para a caixa d’água, podendo ser reutilizada. O sistema já foi até implantado em algumas escolas: “Eu não imaginava que meu projeto poderia ser uma solução, mas agora vejo como é viável”, completa Raphael.

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REPORTAGEM

#mobilidade #espaçourbano #veículo

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A virada das bikes Experiências de implantação de ciclovias pelo mundo mostram progressos nas áreas de segurança, mobilidade, economia e qualidade de vida. E não só para ciclistas, mas para todos por

Nova York, outubro de 2013: o motorista de um carro aproveita o sinal vermelho, em um cruzamento qualquer da Times Square, para baixar o vidro e perguntar a um casal, que aguarda na ciclovia ao lado, onde poderia conseguir uma bicicleta do tipo que eles usam. Um dos ciclistas responde: “Esta é uma Citi Bike. Você pode alugar em qualquer estação por aí”. Na ocasião, o sistema de aluguel de bicicletas compartilhadas da cidade tinha apenas cinco meses de idade, mas já era capaz de demonstrar uma relação de empatia entre motoristas e ciclistas. Nem sempre foi assim. Do mesmo modo que, hoje, municípios brasileiros como São Paulo, Barueri e Porto Alegre abrigam debates acalorados sobre a expansão de vias para o trânsito de bicicletas. Cidades onde esse processo está mais adiantado ao redor do mundo também viveram momentos de polarização da opinião pública: de um lado, ativistas e entusiastas da ideia de que as cidades são para as pessoas, e não prioridade dos carros;

Camila Ploennes |

colaborou

Julio Lamas

de outro, moradores, comerciantes e motoristas resistentes às ciclovias, com os argumentos mais diversos. Entre eles, o de que bicicletas atrapalhariam o trânsito de carros e o de que espantariam consumidores dos centros de compras, enfraquecendo a economia. Como se verá aqui, as bicicletas enfrentaram resistência de alguns setores da sociedade até mesmo na capital holandesa, Amsterdã, em que o ciclismo urbano é uma realidade cotidiana mundialmente conhecida há décadas. Mas a motorizada Nova York, onde desde 2007 o departamento de transportes (NYC-DOT, na sigla em inglês) implantou 587 quilômetros de ciclovias – sendo 48 de vias protegidas, separadas da pista de carros por áreas verdes ou mesmo vagas de estacionamento, e os demais de ciclovias pintadas de verde, que ficam ao lado dos carros, e de vias compartilhadas com os automóveis, instaladas nas ruas mais estreitas e que servem de conexões para os outros dois modelos –, é a mais atual

a demonstrar, por estatísticas, que os argumentos contrários às rotas para bikes em espaços urbanos têm caído por terra. BIG APPLE Passados sete anos do começo do ousado plano cicloviário proposto na administração do prefeito Michael Bloomberg em Nova York – que deu início a todo esse processo de implantação de ciclovias –, no segundo semestre de 2014, o NYC-DOT publicou um relatório que aponta os impactos do uso das ciclovias protegidas na mobilidade, segurança e vitalidade econômica locais. Os resultados dão uma ideia de por que 64% dos nova-iorquinos aprovam a ampliação das vias para ciclistas, segundo uma pesquisa de 2013 do jornal New York Times. No que diz respeito à segurança, os acidentes com lesões foram reduzidos em 17%, e o total de atropelamentos de pedestres caiu 22%. Em termos de mobilidade dos carros, assunto que preocupou os motoristas

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“INDIVÍDUOS E NEGÓCIOS QUEREM VIVER E TRABALHAR EM RUAS QUE OFEREÇAM UMA QUALIDADE DE VIDA RICA EM INTERAÇÃO HUMANA ESPONTÂNEA”

SHUTTERSTOCK

PAUL STEELY WHITE, DIRETOR EXECUTIVO DA TRANSPORTATION ALTERNATIVES

Segundo a Times Square Alliance, a valorização dos imóveis na região foi de 1.000% na última década

no início do plano, as velocidades no Distrito Financeiro de Nova York se mantiveram mesmo com a adição das ciclovias. Para se ter uma ideia, na 8th Avenue, os tempos de viagem até melhoraram – em média, 14%. FORÇA PARA A ECONOMIA Quanto à vitalidade econômica, os comerciantes, em geral resistentes às ciclovias, foram surpreendidos pelo crescimento do varejo nas regiões onde as rotas foram instaladas. “Eles afirmam que tirar as vagas de estacionamentos para substituí-las por ciclovias pode matar os negócios. Acontece que isso não é verdade. As pesquisas mostram que em Nova York, por exemplo, áreas que ampliaram sua infraestrutura para bicicletas tiveram aumento de 15%, em média, em seus negócios”, afirma o ciclista, empresário

e pesquisador Gary Fisher, um dos inventores da primeira mountain bike, no final dos anos 1970, que veio a São Paulo em outubro do ano passado para pedalar nas ciclovias inauguradas pelo prefeito Fernando Haddad. Segundo Fisher, a desconfiança por parte dos comerciantes também aconteceu em São Francisco e em Chicago. O projeto de Nova York, liderado pela então secretária de transportes, Janette Sadik-Khan, previa, além da construção de novas ciclovias, conectá-las a todo o sistema viário da cidade. Para isso, foi necessário implantar faixas de ônibus, modificar o formato de ruas, ligar as ciclovias às áreas comerciais e interditar trechos para criar áreas de convivência para ciclistas e pedestres, como as da Times Square. Por lá, de acordo com a organização civil Times Square Alliance, que promove e monitora o

desenvolvimento da região, o volume de pessoas na área comercial durante os finais de semana cresceu quatro vezes, e a valorização dos imóveis do entorno foi de 1.000% na última década. “No passado, os criadores de políticas e planejadores diziam ‘se você construir ruas para pedestres e ciclistas, você vai matar a atividade econômica’. Descobrimos que acontece exatamente o contrário: pedestres, ciclistas e usuários de transporte público consomem e compram mais que motoristas apenas de passagem. Indivíduos e negócios querem viver e trabalhar em ruas que lhes ofereçam uma qualidade de vida rica em interação humana espontânea. Vimos isso acontecer na Times Square e na Broadway e, agora, queremos calçadas mais largas, faixas exclusivas para bicicletas e ações para reduzir a velocidade do tráfego”, explica Paul

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Steely White, diretor executivo da Transportation Alternatives, organização que desde 1973 reivindica uma infraestrutura de locomoção mais segura em Nova York por meio da prioridade ao ciclismo, à caminhada e aos meios coletivos de transporte. BUSCA POR SEGURANÇA Conseguir que o prefeito Bill de Blasio, que assumiu o mandato neste ano, transformasse o plano Vision Zero, que pretende zerar o número de mortes e lesões sérias no trânsito da cidade até 2020, em um programa de governo foi a mais recente conquista da Transportation Alternatives. Essa política, introduzida na Suécia, tem foco na redução do limite de velocidade dos carros como principal modo de evitar acidentes fatais. Os passos do programa nova-iorquino foram baseados no documento "Visão

Zero: como ruas mais seguras em Nova York podem economizar mais de 100 vidas por ano" (em tradução livre), publicado pela organização em 2011. “O departamento de trânsito de Nova York, assim como outros pelos EUA, apenas recentemente passou a utilizar medidas mais inclusivas, que tratam de segurança dos pedestres e ruas mais atrativas para caminhar e andar de bicicleta”, diz White. A preocupação vai ao encontro de uma pesquisa divulgada em outubro pela Governors Highway Safety Association, organização sem fins lucrativos representante de escritórios responsáveis por programas de segurança em vias, que aponta que as mortes de ciclistas nos Estados Unidos aumentaram 16% entre 2010 e 2012, passando de 621 para 722. No estado de Nova York, o aumento foi de 9%, de 36 mortes em 2010 para 45 em 2012. O documento não apresenta dados

por cidade, mas, até novembro, foram registradas 18 mortes de ciclistas na capital do estado. No ano passado, foram 12. Pode servir de alento o fato de nenhuma morte ter acontecido com usuários dos sistemas de compartilhamento de bicicletas presentes em ao menos 36 cidades norte-americanas. Em Nova York, as Citi Bikes, lançadas pela prefeitura em maio de 2013 com patrocínio de US$ 41 milhões do Citibank, devem dobrar em quantidade até 2017. Hoje são 6 mil unidades e mais de 300 estações para aluguel e devolução. Para a Transportation Alternatives, a expansão é produto das demandas da população. PROCESSO DE ACEITAÇÃO Segundo a ex-secretária de transportes Janette Sadik-Khan, foram necessárias, em média, 2.000 audiências públicas

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ARQUIVO PESSOAL

Luud Schimmelpennink, pioneiro da cultura biker em Amsterdã

“FORAM NECESSÁRIAS, EM MÉDIA, 2.000 AUDIÊNCIAS PÚBLICAS A CADA ANO PARA EXPLICAR O PROJETO DAS CICLOVIAS A MORADORES E COMERCIANTES” JANETTE SADIK-KHAN EX-SECRETÁRIA DE TRANSPORTES DE NOVA YORK a cada ano para explicar o projeto das ciclovias a moradores, comerciantes e outros interessados. Ainda assim, de acordo com Jon Orcutt, ex-diretor do NYC-DOT, em 2011 o departamento recebeu alguns processos contra a implantação dos corredores. Quando veio ao Brasil, em novembro, para participar de uma oficina com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo, Orcutt afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que as novas ciclovias só começaram a ser aceitas pelos nova-iorquinos seis anos após o início das instalações – ou seja, em 2013. White, da Transportation Alternatives, complementa: “Nós ainda enfrentamos a resistência de um pequeno grupo de pessoas que acreditam que as ruas deveriam ser domínio exclusivo

de carros e caminhões. Porém, eles representam um segmento da população que está desaparecendo. As estatísticas, no entanto, estão do nosso lado”. INSPIRAÇÃO EUROPEIA Não por acaso, Amsterdã lidera o ranking das 20 melhores cidades do mundo para andar de bicicleta, elaborado pela Copenhagenize, consultoria de planejamento de transporte sobre duas rodas: em 1965, já surgia na capital holandesa o primeiro projeto de sistema para compartilhamento de bikes do mundo, segundo o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), no guia de planejamento de sistemas de bicicletas compartilhadas. Conhecida como “Plano da bicicleta branca”, a proposta do então vereador Luud Schimmelpennink atendia reivindicações de jovens manifestantes autointitulados “Provos”. Diante da estatística de que 74% das vítimas de acidentes de carro eram pedestres, eles exigiam que o governo deixasse à disposição de todos – e de forma gratuita – 22 mil bicicletas, espalhadas por toda a cidade, como alternativa aos veículos motorizados. Em pleno boom da indústria de automóveis, a assembleia municipal recusou o projeto de Schimmelpennink. Já a tentativa dos manifestantes de distribuir bicicletas brancas por Amsterdã por conta própria terminou em choque

com a polícia, que apreendeu 50 bikes. Com cada vez mais carros e cada vez menos espaço nas ruas, as mortes no trânsito na Holanda chegaram a 3.300 em 1971, o que gerou uma série de protestos da população em diversas cidades. Mas as políticas públicas de incentivo às bicicletas começaram apenas em 1973, com a crise do petróleo e o consequente encarecimento do combustível. Entre as medidas, estavam a proibição do uso de carros aos domingos e o fechamento dos centros urbanos para automóveis. Foi assim até que em 1975 as cidades holandesas começaram a implantar o modelo de ciclovia no qual as faixas exclusivas para bikes ficam a meio metro de distância da pista de carros e contam com 3,5 metros de largura. Atualmente, o país tem 30 mil quilômetros de vias para bicicletas. Hoje mais da metade da população da Holanda, que é de 16,5 milhões de pessoas, usa a bicicleta como meio de transporte. Em Amsterdã, 40% dos 500 mil habitantes se locomovem pelos 500 quilômetros de ciclovias da capital, segundo a prefeitura. Os que usam carro são 20%. Com isso, os engarrafamentos nas ciclovias tornaram-se comuns nos horários de pico. Nesse novo cenário, os acidentes, que mataram mais de 400 crianças na Holanda de 1971, diminuíram drasticamente. Em 2010, 14 crianças foram vítimas do trânsito. Se o primeiro projeto de compartilhamento

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NY COM BIKES

Sete anos depois do início do plano que implantou 587 km de ciclovias em Nova York, relatório do NYC-DOT apontou: Acidentes com lesões diminuíram 17% Atropelamento de pedestres caiu 22% Lesões com ocupantes de veículos motorizados diminuíram 25% Total de lesões baixou 20% Velocidade média dos veículos se manteve igual, mesmo com a implantação das ciclovias, na First Avenue; melhorou 14% na 8th Avenue Áreas que ampliaram a infraestrutura para bicicletas aumentaram em 15% seus negócios

de bicicletas não vingou em seu país de origem, inspirou muitos outros nos anos seguintes. Segundo o ITDP, sistemas gratuitos de menor escala foram implantados em cidades do estado de Oregon, como Wisconsin e Portland. Nesta última, aliás, pessoas que andam de bike em áreas comerciais gastam hoje em média 24% a mais por mês do que usuários de carro, de acordo com um estudo de 2012. La Rochelle, na França, e Cambridge, na Inglaterra, também colocaram em prática projetos semelhantes até a década de 1990. Mas em 1991, Copenhague deu um passo à frente, com as bicicletas compartilhadas de segunda geração. Elas eram acorrentadas a equipamentos que funcionavam com o uso de moedas, o que significou alguma redução de roubo e do vandalismo, mas não foi suficiente para responsabilizar quem alugava por possíveis danos. Já o uso de um cartão inteligente para registrar o usuário e garantir pagamento e segurança começou em 1998, no sistema de Rennes, na França. Lyon e Paris adotaram esse tipo de sistema no início dos anos 2000.

Em Copenhague (Dinamarca), metade dos habitantes se locomove pelos 400 km de ciclovias

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AMSTERDÃ LIDERA O RANKING DAS 20 MELHORES CIDADES DO MUNDO PARA ANDAR DE BICICLETA

MENOR CONGESTIONAMENTO A ideia de ressignificar o espaço público, oferecendo condições para as pessoas usufruírem dele sem carro, também foi o mote da transformação de Copenhague, na Dinamarca. A partir da década de 1960, o arquiteto Jan Gehl, que trabalhava na prefeitura da cidade, fechou as ruas para os carros. A despeito das críticas de moradores e comerciantes, implantou o calçadão de pedestres e cada vez mais ciclovias. Em poucos anos, aquela experiência já mostrava que, contrariando o que alguns setores esperavam, o comércio crescia em vez de arrefecer, e a cidade alcançou os menores índices de congestionamento da Europa. Ainda assim, levou duas décadas para que boa parte da população trocasse as quatro rodas por duas, o que acabou acontecendo, mesmo com o clima rigoroso: hoje metade dos habitantes se locomove diariamente pelos 400 quilômetros de ciclovias da cidade – mesma extensão proposta para São Paulo nos próximos dois anos.

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SER URBANO

#cidades #equilíbrio #qualidadedevida

Em busca da cidade perfeita QUANDO compramos uma camisa social nova, três critérios são usados geralmente: caimento no corpo e na cintura, ajuste do colarinho e comprimento das mangas. Mas nada é tão fácil assim. Alguns homens, especialmente os maiorzinhos, vão entender isso. Se uma que você está provando ajusta no corpo e o colarinho está certo, o comprimento das mangas pode não estar ok. Se as mangas e o colarinho estão perfeitos, o caimento é onde provavelmente o problema vai surgir. Parece que, trancado naquele provador, é impossível acertar sem alfaiate. Nunca os três critérios estão certos ao mesmo tempo. Nos centros urbanos, pode ser a mesma coisa. Se a cidade é maravilhosa para trabalhar, pode ser horrível em termos de sustentabilidade. Se é sustentável, pode ser deficiente em ofertas locais de cultura e lazer. Sempre, mas sempre mesmo, há motivos para reclamar em todas as cidades do mundo quando se mora nelas. Encontrar um equilíbrio entre oportunidades de negócios, qualidade de vida e meio ambiente na mesma cidade exige planejamento pensando no futuro e na resiliência. Então qual seria a melhor cidade para se viver com base nesses três critérios e seu equilíbrio? Segundo um estudo da Arcadis, um famoso escritório de design e urbanismo da Holanda, seria Frankfurt, na Alemanha. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão montando um ranking das 50 cidades globais mais equilibradas com base em questões

econômicas (PIB per capita, sensação de desigualdade...), sociais (nível médio de escolarização, saúde, segurança pública...) e ambientais (emissões de GEEs, riscos de desastres naturais...). De fato, Frankfurt lidera na média das três. Seu planejamento de mobilidade é fantástico, tem uma das mais renomadas universidades da Europa e oportunidades não faltam em empresas internacionais. Ela lidera em termos ambientais e econômicos, mas, quando o critério é social, ela cai para nono lugar. A disparidade entre ricos e pobres, na sua maioria imigrantes, é um problema sério. Uma cidade tão boa para viver e ao mesmo tempo pouco receptiva, aponta o estudo. A holandesa Roterdã, que é quinto lugar no geral, domina no social, seguida por Seul e Londres. A busca por bem-estar social está funcionando ali. As que estão no fundo da lista são as usuais, como as asiáticas, e problemáticas, Jacarta e Mumbai. Mas as brasileiras integrantes do ranking surpreendem! Curiosamente, não estão nem entre as primeiras nem entre as últimas. São Paulo está em 31º lugar na média geral, e Rio de Janeiro, no 40º, acompanhado por outras intermediárias, caso de Cidade do México, Dubai e Buenos Aires. No ambiental, elas “arrasam”. São Paulo chega à posição 16, e o Rio, à 17. O planejamento urbano cada vez menos carro-dependente, programas de mitigação de emissões e reciclagem estão funcionando. Pelo menos aos olhos do mundo. O problema, na verdade, reside

no econômico e social, sendo um consequência do outro. A qualidade dos serviços públicos de segurança, saúde e educação é desafiante. São Paulo cai logo para o 39º lugar com base nesses quesitos, e os cariocas, para o 46º (perigando rebaixamento), mantendo-os quando se trata de oportunidades financeiras e homogeneidade entre as faixas de renda. Menos educação, menos trabalhadores qualificados. Menos inovação, salários menores. E acontece o que sempre aconteceu, sem surpresa. Não damos oportunidades para a real ascensão social, apesar das políticas abrangentes das últimas duas décadas. Mas isso de forma alguma diminui o que conquistamos na sustentabilidade. As cidades estão ficando com o ar mais limpo, as pessoas estão saindo dos carros e ocupando os centros a pé, de bicicleta ou de transporte público. O cenário é otimista. Estamos no caminho para cidades concretamente (mais) maravilhosas. Agora, só falta buscar as pessoas. Quer comentar esta coluna? neuronio@vero.com.br

JULIO LAMAS é colaborador do National Geographic Brasil e do portal Planeta Sustentável

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EMPREENDEDORISMO

#startups #negócios #inovação

DE ONDE SURGIU A IDEIA DE INICIAR UM PROJETO PARA RESTAURAR A AUDIÇÃO DAS PESSOAS? Eu assisti a um vídeo de uma mulher da minha idade que estava ouvindo música pela primeira vez. Eu não consegui imaginar como isso era possível, já que a minha vida inteira sempre girou em torno de música. Eu já pensava em abrir uma empresa, estava de olho no universo corporativo, e decidi que a minha empresa iria proporcionar música para todas as pessoas, sem restrições. Então, Joe e eu abrimos a LSTN e usamos os fones de ouvido para dar início a essa missão de empreender e ajudar.

O SOM DO CORAÇÃO

Empresa une venda de produtos de qualidade com projeto social para recuperar audição de adultos e crianças

A americana Bridget Hilton descobriu que era possível empreender e ajudar o próximo ao mesmo tempo. Movida pelo seu espírito empreendedor, ela criou a empresa LSTN, que fabrica e vende headphones de madeira – bonitos e de alta qualidade, “não algo da moda, com vida curta”, diz. Junto com a empresa, nasceu também o projeto social que a acompanha: o Giving Back Amplified, que significa “devolver, de forma amplificada”. Funciona assim: parte do valor da venda dos fones é revertida para a produção de aparelhos auditivos. Com apoio da Fundação Starkey Hearing, em dois anos de projeto, 20 mil pessoas em 15 cidades de países como Estados Unidos, Peru, Sri Lanka, China, Uganda e Quênia já voltaram a ouvir. Entre os que receberam ajuda estão adultos e crianças que já nasceram com problemas auditivos e também pessoas que adquiriram ao longo da vida, como soldados da guerra civil. Além da consciência, os lucros da empresa também vão muito bem. Confira:

A LSTN É UMA EMPRESA COM PROJETO SOCIAL OU UM PROJETO SOCIAL LUCRATIVO? Nós não queremos que as pessoas comprem nossos produtos por piedade. Eles se destacam no mercado porque são de qualidade. O cunho social é apenas um bônus para quem os compra. Nós escolhemos a madeira como material principal, não só porque os fones parecem realmente originais, diferentes dos que estão à venda por aí, mas porque eles são bonitos e têm esse porte de peça clássica, como uma Les Paul ou Stratocaster. Queremos que nosso produto seja uma referência em beleza e qualidade, e não algo da moda, com vida curta. QUAL O PRÓXIMO PASSO DA LSTN? Estamos planejando e criando novos produtos que serão lançados no próximo semestre de 2015. Vamos aumentar o portfólio da LSTN e, por consequência, ajudar mais pessoas.

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ESCANEIE A DESPENSA App promete não deixar escapar nada na hora das compras

UNIVERSITÁRIOS QUEREM EMPREENDER, MAS SONHAM PEQUENO

Uma pesquisa feita com mais de 5.000 universitários brasileiros revelou que 58% deles pensam em empreender no futuro, mas apenas 11% esperam que suas empresas tenham mais de 25 funcionários cinco anos após a abertura. Mesmo entre outros 11% dos pesquisados, que já são empreendedores, o sonho de ter um negócio que cresça rápido também está longe de ser unanimidade: apenas 17,4% esperam alcançar esse resultado. O estudo, conduzido pela Endeavor e pelo Sebrae, também apontou que a maioria dos alunos pesquisados não se prepara para empreender. Apenas 14,1% dos pesquisados indicam que gastam tempo aprendendo a iniciar um novo negócio. Entre os alunos que apontam baixa dedicação para empreender, apenas 20% se sentem muito confiantes para abrir um negócio. Entre os que dizem se dedicar, esse número dobra: cerca de 40% se sentem muito confiantes.

Quem nunca chegou em casa e percebeu que esqueceu de comprar algum item da lista do supermercado? O aplicativo hiku (que vem acompanhado de um miniscanner) foi criado para acabar com esse problema. Ele escaneia os códigos de barras dos alimentos e produtos que o usuário tem em sua despensa e cria uma lista “padrão”. O usuário também pode acrescentar e retirar produtos por meio de comandos de voz. A lista fica salva no smartphone ou tablet e pode ser compartilhada com outros membros da família. Sempre que alguém alterar o rol, ela é atualizada para os demais usuários. Em breve, o app também deve permitir compras online diretamente de um dispositivo móvel. Por enquanto, ele está disponível apenas nos Estados Unidos e custa US$ 79.

VIDRO SOLAR

Já imaginou se, em vez de instalar gigantescos painéis solares sobre o teto da sua casa, você pudesse simplesmente ter, em todas as janelas, vidros que captam a energia do sol? Essa é a proposta do experimento criado pela startup Oxford Photovoltaics – incubada pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Transparente e colorido, o vidro pode revestir a fachada de um edifício todo, e assim, autossustentá-lo. A boa notícia é que o custo desse vidro também é bem mais acessível que o dos painéis solares tradicionais.

STARTUP ENSINA CRIANÇAS A PROGRAMAR

Dois ex-funcionários do Google se uniram para criar uma startup que pretende ensinar crianças a programar. Scott Lininger e Aidan Chopra defendem que saber programar é coisa não apenas de programador, mas de todos que querem ser criativos. “Não ensinamos nossos filhos a ler e escrever para que sejam escritores. Ensinamos essas habilidades para que possam ser felizes e bem-sucedidos no caminho que escolherem”, diz Lininger. A fórmula da Bitsbox é simples: enviam para a casa dos assinantes uma série de comandos, escritos e ilustrados em cartões e revistas, para que as crianças possam criar aplicativos. Para começar, a empresa pediu ajuda num site de financiamento coletivo, o Kickstarter – levantaram US$ 253 mil, quando o objetivo inicial era US$ 45 mil.

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PAPA APOIA A CRIAÇÃO DE STARTUP NO VATICANO PAPEL FEITO DE ERVAS PARA PROTEGER OS ALIMENTOS

Esqueça os potinhos ou aquele plástico comum para guardar alimento na geladeira. Um novo produto promete deixar a comida longe do crescimento de fungos e bactérias por um tempo quatro vezes maior que o normal. A americana Kavita Shukla, de 29 anos, é a responsável por isso. Graças a sua avó, que lhe servia um chá feito de uma mistura de diversas ervas, com a função de evitar os fungos e bactérias, ela enxergou um bom negócio nisso. Junto com seu amigo e sócio Swaroop Samant, criou o FreshPaper, um papel biodegradável e 100% orgânico, feito com algumas daquelas ervas, ideal para proteger os alimentos. Eles conseguiram patentear o produto e agora vendem para redes de supermercados pelo mundo.

Será que a Igreja Católica está seguindo mesmo o caminho da modernização? Ao que tudo indica, pelo menos do empreendedorismo o papado já está mais próximo. Recentemente, o papa Francisco confirmou seu apoio ao lançamento de uma startup no Vaticano. Com o nome de Scholas Labs, a plataforma foi criada para receber projetos inovadores que usam a tecnologia para melhorar a qualidade da educação no mundo. Sem fins lucrativos, a organização receberá projetos que serão avaliados por uma equipe de especialistas. Os selecionados receberão incentivos como investimento, rede de contatos e ferramentas que ajudem o projeto a se tornar realidade. Empresas como Google, Microsoft e IBM apoiam a iniciativa.

SEBRAE ENSINA EMPREENDEDORISMO A ADOLESCENTES

A fim de despertar nos adolescentes a busca por inserção no mercado de trabalho por meio da criação de seu próprio negócio e disseminar a cultura empreendedora, o Sebrae mantém o programa Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP). Ele capacita professores do ensino fundamental para que repassem conceitos de empreendedorismo aos alunos. O programa é desenvolvido em 11 estados brasileiros e já beneficiou mais de 30 mil jovens.

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PERFIL EMPREENDEDOR

#arquitetura #pets #coaching

BUSINESS WOMEN

Mulheres empreendedoras da região revelam que é possível transformar paixão em negócio. Confira! AS IRMÃS Carol e Fernanda Lovisaro cresceram em Alphaville. Na adolescência, se aventuraram em São Paulo, mas durou pouco. De volta ao local que escolheram para construir suas famílias, elas trouxeram também o escritório de arquitetura que tocam juntas, o Lovisaro Arquitetura e Design. Tudo começou quando a designer industrial Carol, que sempre teve perfil empreendedor, largou a multinacional em que trabalhava para abrir seu próprio escritório, aos 23 anos. Dois anos depois, a arquiteta Fernanda, que atuava no ramo de shoppings, decidiu aliar seus conhecimentos arquitetônicos ao estúdio. Hoje elas são responsáveis por projetos de interiores de shoppings – como Eldorado e Iguatemi –, restaurantes – como Baccio di Late e Brera –, lojas, academias, hotéis e casas, muitas casas, no Brasil e fora. “Os lugares mais exóticos em que já projetamos foram Catar e Doha. Nossos clientes são fiéis e nos levam com eles para onde vão!”, conta Fernanda. Também se arriscam em móveis próprios: “Em quase todos os nossos projetos, existem desenhos de mobiliário assinados por nós”. Para o futuro, Carol determina: “Nosso desejo não é ser uma empresa, em que outras pessoas fazem o que nós amamos fazer. Queremos falar diretamente com nossos clientes e criar projetos”.

QUANDO deixou a carreira de publicidade para se arriscar nesse mercado, Anna Gabriela Botelho era a única da região. Ela abriu a primeira pet shop móvel de Alphaville: o Unique Mobile Pet Beauty. Funciona assim: com uma van adaptada, ela leva banho e tosa até a porta da casa de seus clientes. “Os bichinhos se sentem mais seguros e confortáveis”, conta. Anna já pensou em colocar mais vans na rua. Mas o carinho com que cuida pessoalmente do negócio não a deixa: “Trato todos como se fossem meus”, conta.

TERAPEUTA e especialista em coaching, Alda Marmo sempre conviveu com jovens – tem dois filhos, um de 14 e outro de 16 anos. Por isso, passou a olhar para esse público com mais atenção. Um dia chamou os amigos dos filhos – no sofá de casa mesmo – e começou a abordar com eles temas do dia a dia pouco apresentados na escola, como empreendedorismo, sexo e finanças. Tudo a fim de prepará-los melhor para o futuro. Deu tão certo que virou um programa: o Coaching 4 Teens, que engloba atividades de autoconhecimento, avaliações comportamentais e estudos do meio. Agora ela está expandindo o projeto para adolescentes carentes e em situação de risco.

CONHEÇA MAIS SOBRE OS PROJETOS: lovisaro arquitetura e design: lovisaro.com.br unique mobile pet: uniquedog.com.br coaching 4 teens: aldamarmo.com.br/coaching-4-teens

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EMPREENDEDORISMO

#confiança #otimismo #vencerdesafios

Crise? Só se vier cheia

de oportunidades Com um cenário econômico incerto, 2015 vem se mostrando um ano de desafios. Mas os empreendedores de plantão não pretendem baixar a cabeça. Pelo contrário. Eles acreditam que com criatividade, inovação e muito trabalho vão extrair as melhores oportunidades dessa marola por

Alexandre Finelli

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O ECONOMISTA Samy Dana resume bem a opinião da grande maioria de seus colegas de profissão: 2015 será um ano difícil para a economia brasileira. Munido de dados e relatórios fornecidos pelo Banco Central, o professor da Fundação Getulio Vargas aposta em um crescimento inferior a 1% neste ano. Se por um lado esse cenário desestimula o surgimento de novos negócios, há quem deve se esforçar para tirar proveito da situação. “O ambiente instável leva o empreendedor a repensar seu modelo de negócio e reinventar-se, o que pode ser positivo para ele”, admite Dana. Segundo Marcos Hashimoto, professor de Empreendedorismo do Insper, o pequeno empresário não deve se abater. Em sua opinião, o fluxo de negócios inicial é muito pequeno para ser atingido por pressões econômicas. “O empreendedor de verdade olha o possível recesso como uma grande chance. A economia é um mix de variáveis, e, se ele estiver com seu radar de oportunidades bem apurado, pode se dar muito bem.”

CONTRA A CRISE, CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO Para alguns economistas renomados, tanto criatividade quanto inovação assumem papéis fundamentais nesses tempos difíceis. Ainda no final do século XIX, o economista austríaco Joseph Shumpeter afirmara que inovação é o motor do desenvolvimento econômico. Para ele, tanto os empreendedores que desenvolvem soluções alternativas para problemas reais quanto os que copiam e replicam inovações são essenciais para que os consumidores possam dar continuidade à espiral do crescimento econômico. “A criatividade move, instiga, traz à tona aquela coisa do novo. Não que você precise recriar a roda, mas pode transformá-la de acordo com seus anseios, do jeito e da forma que deseja”, aponta Irlam Martins, CEO do portal Lote Urbano. Ele completa: “Ousadia, criatividade e inovação o levam a explorar mundos diferentes daqueles que você está acostumado a vivenciar, pelo simples fato de que você precisa buscar algo novo para a sobrevivência do negócio. E isso é ótimo em todos os aspectos!”.

“O AMBIENTE INSTÁVEL LEVA O EMPREENDEDOR A REPENSAR SEU MODELO DE NEGÓCIO E SE REINVENTAR” (SAMY DANA, ECONOMISTA) Membro do conselho da Hotelli Corporate S.A., plataforma de viagens corporativas focada em redução de custos, Dario Souza concorda: “Este é o papel do empreendedor: reconhecer um gargalo, criar empatia com seu público e oferecer de maneira ágil e barata um produto alternativo ou um conceito completamente novo”, diz. Mais adiante, já no final do século XX, Rolf Faste, professor da Universidade de Stanford, popularizou o conceito de design thinking, uma forma de solucionar problemas de maneira criativa. O termo foi transformado em metodologia por David Kelley, fundador da agência de publicidade IDEO, ao observar que, utilizando métodos e processos dos designers, era possível buscar diversas perspectivas para a solução de problemas,

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priorizando soluções inovadoras. “Se estamos falando de problemas complexos e reais, que precisam ser resolvidos em cenários econômicos instáveis e com poucos recursos, o ideal é que seja feito da forma mais eficaz possível. Sendo assim, a criatividade, a meu ver, é a chave para aumentar as chances de sucesso de uma empresa em tempos difíceis”, afirma Elisa Pereira, fundadora da In-Pulsa, espaço de fomento à inovação e empreendedorismo juvenil no interior paulista. Para Lucas Couto, fundador e CEO da It’s Digital, é nos momentos de crise que se separam as empresas normais das excepcionais. “É na dificuldade que se testa a capacidade de uma organização de se reinventar e buscar novas formas de se manter viva e em crescimento”, diz. E completa: “A criatividade entra também para que o empreendedor possa olhar para si mesmo e sua empresa e encontrar formas de se reinventar. Às vezes, trata-se não apenas de buscar novas respostas, mas também de encontrar novas perguntas”. Porém, é impossível falar de inovação e criatividade sem mencionar mais duas características peculiares que são, praticamente, inerentes ao perfil empreendedor: a personalidade e a ousadia. Sem elas, dificilmente há espaço para mudança. “É a personalidade que diferencia os empreendedores das pessoas comuns. Eles têm tanta autoconfiança que veem sucesso onde muitos veem fracasso”, explica Hashimoto. “Combinando visão com capacidade de execução criativa, ousadia e coragem de ser diferente num momento em que a maioria vê problemas, vejo uma matemática que só tende a gerar resultados

positivos”, lembra Elisa. Há ainda, claro, quem acredite que todas essas premissas são verdadeiras, mas o esforço é fundamental: “Cabe a nós assumir nosso papel, dobrar as mangas e focar em produtividade. O país já passou por situações e planos econômicos que foram muito mais complicados em relação a qualquer cenário que venha a surgir”, relata Paulo Bittar, diretor geral da RD2Buzz, uma consultoria de inovação e tecnologia. Gabriela Salomão, da Gigamobb, que faz aplicativos para smartphones, tablets e outros devices mobile, também acredita que força de vontade é essencial: “As pessoas precisam buscar informação, ter proatividade. Isso independe do cenário econômico. Quando queremos, buscamos o desenvolvimento que desejamos. Basta acreditar, correr atrás, trabalhar bastante e ter metas claras para atingir o crescimento que deseja”, diz. E por falar em cenário econômico, o CGO da aceleradora Techrok Ventures, Franco Lazzuri, acredita que ele é apenas um percalço comum na caminhada dos empreendedores: “A oportunidade está na resiliência de uma startup em driblar cenários econômicos para oferecer algo novo ao mercado”, garante. SINAL VERDE! Se você ainda não se convenceu de que 2015, ao contrário do que apontam algumas projeções, pode ser um ano muito positivo para quem quer empreender, é bom se atentar a esses novos indicadores. Após o anúncio da nova equipe econômica – formada por Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini (Bancos Central) –, algumas publicações renomadas elogiaram o novo time da presidente reeleita Dilma Rousseff. É o caso da The Economist, a mesma revista que sugeriu a demissão de Guido Mantega em 2012.

“INVESTIDORES SÃO CAUTELOSOS POR NATUREZA, E NÃO ACREDITO QUE ESSA PRECAUÇÃO IRÁ SER MAIOR OU MENOR EM FUNÇÃO DOS POSSÍVEIS RISCOS DA ECONOMIA” (CARLOS MIRANDA, INVESTIDOR) Outra movimentação política que vem ganhando força no Senado e é uma boa notícia para o empreendedor brasileiro é o Projeto de Lei 54/2014. Ele garante ao investidor dedução de até 20% no Imposto de Renda e teve parecer favorável pelo relator da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT), devendo seguir adiante na sua tramitação. Já para quem deseja atuar no setor tecnológico, segmento que cresce anualmente, é bom ficar de olho nos resultados da Campus Party. A cada ano é elaborada uma série de atividades, como palestras, discussões e workshops, voltadas para a garotada que quer se lançar no mercado. Neste ano, o evento aconteceu em fevereiro, na capital paulista, e contou com o Startups 360, um programa de auxílio a desenvolvedores que contou com a participação de 200 startups. Ou seja, tudo leva a crer que, se houver um período de recessão, os empreendedores irão encarar apenas como mais um obstáculo entre tantos outros que enfrentam para chegar aonde querem. Afinal de contas, essa é a característica de uma geração em que empreender é algo muito maior que a busca pelo sucesso financeiro; é, sim, um estilo de vida!

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QUE TAL EMPREENDER TAMBÉM? Preparamos um guia com dicas para empreender, captar recursos e atrair investidores. Confira:

COMO ATRAIR UM INVESTIDOR CINCO FORMAS DE por Carlos Miranda CAPTAÇÃO DE RECURSOS Elabore um plano de negócio PARA EMPREENDER:

consistente e factível Preocupe-se muito com a equipe de execução: investidores sabem que startups dependem muito mais de quem irá executar do que da ideia em si Procure investimento como forma de remuneração não para o empreendedor, mas para o crescimento do negócio Esteja atento a potenciais parcerias estratégicas ou associações Circule pelo mercado a fim de fortalecer sua rede de contatos

“É NOS MOMENTOS DE CRISE QUE SE SEPARAM AS EMPRESAS NORMAIS DAS EXCEPCIONAIS”

Capital próprio: a maneira mais comum, mas requer disciplina, já que provavelmente abrirá mão de algumas coisas para investir na própria empresa Investidores-anjo: geralmente são empreendedores bem-sucedidos que, em troca de dinheiro, orientação e networking, se tornam sócios da startup Venture capital: são empresas que investem em startups que já testaram seus produtos e serviços e têm um grande potencial para crescimento. Recebem grandes quantias em dinheiro em troca de participação societária Crowdfunding: site no qual pessoas inscrevem seus projetos e contam com a colaboração financeira voluntária de terceiros até atingir o valor necessário para tirar a ideia do papel Competições: diversas competições de planos de negócios acontecem ao longo do ano, nas quais os vencedores ganham dinheiro e monitoria de profissionais experientes

CINCO DICAS PARA EMPREENDER EM CENÁRIOS INSTÁVEIS

por Marcos Hashimoto Esteja atento às oportunidades que o mar revolto levanta, e são muitas Acredite sempre. A autoconfiança é o motor e a energia da perseverança e determinação Cerque-se de pessoas boas. Alguém dificilmente sai da crise se não tiver uma equipe bem preparada Seja "cego e surdo" para o que as pessoas dizem nessas horas. Ache um espaço para atuar no sentido contrário à corrente Se no final der errado, tudo bem, pelo menos você tentou. Precisamos aprender a encarar os fracassos como aprendizado

(LUCAS COUTO, EMPREENDEDOR)

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PENSAMENTO EMPREENDEDOR

#tempo #improbabilidades #sucesso

O sucesso rápido acontece em dez anos JÁ OUVI a frase acima de várias pessoas, de forma que não sei quem seria o autor original. Meus parabéns pela frase! Se você souber de quem é, conte-nos, que daremos o crédito, com o maior prazer. A realidade é que a frase traduz algo muito verdadeiro no universo do empreendedorismo. Quando lemos a biografia de uma empresa de sucesso, é normal que o tempo pareça ter passado muito mais rápido do que passa pra nós quando estamos com problemas, e que as dificuldades enfrentadas soem muito menores do que parecem ser as nossas no momento presente, não é? Li outro dia um dos fundadores da Natura dizer que há 30, 40 anos a Natura era uma empresa totalmente improvável de dar certo. Me identifiquei no ato com o que ele dizia, pois sei o que isso significa – quantas vezes você já não pensou isso da sua própria empresa? –, mas assim mesmo, vendo a Natura que conhecemos hoje, todo aquele sucesso que eles têm mundo afora, com capital aberto na Bolsa, etc., etc., fica bem difícil sentir o que o Luiz Seabra sentiu

na época em que ele achava a Natura “improvável”, não fica? Quando estamos ali na luta maluca diária de empreender, há vários momentos em que pensamos que nossa empresa não vai vingar, que não vai crescer, que não vai acontecer. Mas é difícil demais pensar que um dia o fundador da Natura viveu esse mesmo tipo de emoção, de dúvida, de incerteza, não é? Fica quase impossível tirar a Natura que conhecemos da nossa cabeça e pensar como poderia ter sido a vida da empresa antes de “acontecer” e virar "a" Natura. O fato é que uma Natura, um Google, uma Microsoft, uma Totvs, uma Gerdau, enfim, a maior parte das empresas que conhecemos hoje como símbolos de sucesso nasceu um dia pequena e “improvável”, e o sucesso rápido que elas tiveram levou fácil dez anos, quando não muito mais tempo. Se você se pegar desanimado com a sua empresa, pense nisso.

Quer comentar esta coluna? neuronio@vero.com.br

BOB WOLLHEIM é fundador do youPIX e do Startupi, autor de Empreender não é Brincadeira e venture corp da Endeavor

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SUCESSO

#pensamentos #mente #vivência

Como pensar depois do Carnaval? QUARTA-FEIRA de Cinzas: fim definitivo das férias brasileiras e muita gente se enreda no arrependimento e na ansiedade. Dominam a mente as recriminações típicas: “Já passou o Carnaval e ainda não fiz aquele canal no dente canino, não reformei a lavanderia e não concluí aquele plano para modernizar a logística da empresa”. Depois surgem as inquietações relativas ao futuro: “Preciso me apressar, analisar todos aqueles orçamentos, contratar um novo gerente de marketing, voltar para a academia, terminar a dissertação de mestrado, visitar o Tio João; mas como fazer tudo isso em tão pouco tempo?”. Não faz muito tempo, os psicólogos Matthew Killingsworth e Daniel Gilbert, da Harvard University, publicaram um estudo que trata do assunto. Quando acordadas, as pessoas passam em média 46,9% do tempo pensando em coisas sem relação com aquilo que estão fazendo. Quase sempre, essas divagações as fazem menos felizes. É assim que a análise dos tais orçamentos é prejudicada pela antecipação mental dos possíveis sofrimentos na cadeira do dentista. É assim que muitos momentos do reencontro com o querido Tio João são desperdiçados com retalhos

de pensamentos relativos à dissertação de mestrado. Andy Puddicombe, ex-monge budista conhecido por seus artigos nos jornais The Huffington Post e The Guardian e cofundador do centro Headspace (www.headspace.com), afirma que a infelicidade e o insucesso estão fortemente associados à incapacidade mental de se viver o momento presente. Segundo ele, as pessoas que aprendem a controlar seus pensamentos se tornam mais produtivas, criativas, gentis e atenciosas. Puddicombe lembra que a mente inquieta pode tornar aflitivas questões banais e irrelevantes. “Não podemos mudar todas as coisinhas que nos acontecem, mas podemos mudar o modo com as vivenciamos”, avalia. Portanto, agora que se foi o Carnaval, a primeira tarefa da gestão é limpar e organizar a casa da ideias. É lá que tudo começa. Quer uma dica? Em primeiro lugar, avalie o que já foi feito. Em segundo, planeje suas ações futuras. Depois disso, porém, foque na realização de cada tarefa, mesmo que sejam muitas durante o dia de trabalho. Esteja consciente do que faz, no aqui e no agora. Ok, há pessoas que aparentemente

conseguem fazer mil coisas ao mesmo tempo. Mas será que fazem mesmo tudo com zelo e capricho? Será que estão felizes e saudáveis ao fim do expediente? O mundo atual efetivamente nos exige uma postura multitarefa, com visão de 360 graus e polivalente. Mas podemos dividir o tempo para atividades no modo monotarefa, como sugere o conceituado designer Paolo Cardini, um dos teóricos do foco laboral, autor de projetos como a capa de “downgrade” dos smartphones à essência de suas funções (http://www. paolocardini.com/MONOtask-projectTEDGlobal). Quer fazer acontecer? Faça o que dita o pensamento, mas pense no que está fazendo. Afinal, a teoria, na prática, funciona! Quer comentar esta coluna? neuronio@vero.com.br

CARLOS JÚLIO é consultor, palestrante, escritor e pesquisador no campo da administração de negócios

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RADAR

#infância #sexualidade #redessociais

POR UMA INFÂNCIA MAIS REALISTA

Pra mudar a visão das crianças sobre o padrão de beleza ideal, australiana retira maquiagem e costura roupas para bonecas Magérrimas, supermaquiadas, com roupas sexy e sapatos de salto alto. Assim é a maioria das bonecas do tipo “Barbie” vendidas nas lojas de brinquedos para crianças. Contra essa sexualização indevida, a artista plástica Sonia Singh criou um projeto inusitado: o Tree Change Dolls. Basicamente, ela remove a maquiagem das bonecas que compra em lojas de segunda mão, pinta novas feições e costura roupas “mais naturais” para elas. Quando criança, Sonia e suas irmãs já brincavam dessa forma. A ideia inicial era passar o hobby para sua filha. No entanto, desde que postou a primeira transformação na internet, a demanda cresceu consideravelmente. Confira!

Antes

Depois

QUAL É A SUA OPINIÃO SOBRE COMO A BELEZA É IMPOSTA, DESDE A INFÂNCIA? Meu projeto tem levantado muitas questões como o feminismo, gênero de brinquedos infantis e como a beleza é retratada logo cedo. Eu acredito que é importante que elas tenham acesso a diversos tipos de beleza, mas também percebam as diferenças e a beleza de serem elas mesmas. Eu amo as minhas bonecas e pinto todas à mão, para que sejam únicas. Quando transformo uma boneca, tento valorizar a beleza simples, para que as pessoas apreciem o natural. COMO ESSA ATIVIDADE INFLUENCIA O SEU DIA A DIA? O que eu sinto é que as bonecas ganham vida a partir do momento em que eu pinto seus olhos. Tenho a sensação de que elas estão nascendo de novo. Eu me dedico e aprecio o tempo de criação de cada uma delas. Limpo, corto o cabelo, faço novos sapatos e pinto os rostos. Minha mãe me ajuda, costurando e tricotando as roupas. Eu adorava brincar assim quando criança e fico feliz ao ver minha filha de 2 anos brincando também. QUAIS OS PRÓXIMOS PASSOS DO PROJETO? É tudo novo pra mim. Quando comecei a postar fotos das bonecas, em janeiro, era apenas um hobby. Mas as imagens rodaram o mundo, e as pessoas se interessaram por elas. Já vendi duas bonecas e doei 20% do valor para a IWDA, uma agência que auxilia mulheres financiando programas de desenvolvimento. Colocarei as outras bonecas à venda no Etsy (e-commerce especializado na venda de produtos artesanais) e estou planejando alguns vídeos para mostrar como faço as restaurações, além de algumas oficinas locais. Também pretendo publicar um livro com as fotos das minhas bonecas, para inspirar as pessoas a fazer esse tipo de coisa e refletir sobre brinquedos usados e a importância de doá-los.

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MATURIDADE SEXUAL

Um estudo da Universidade de Manchester revelou que mais da metade dos homens entre 70 e 80 anos e quase um terço das mulheres da mesma idade têm vida sexual ativa – ou seja, fazem sexo pelo menos duas vezes por mês. De acordo com os autores, a pesquisa é importante porque os idosos são frequentemente subestimados em análises de comportamento sexual. Os problemas mais frequentes relatados por eles foram falta de desejo (32%) e dificuldades de atingir o orgasmo (27%) nas mulheres. O estudo também indicou que o afeto diminui com o passar dos anos: apenas 31% dos homens e 20% das mulheres afirmaram dar beijos e carinhos frequentes.

FACEBOOK VIRA PROVA EM DIVÓRCIO

REDE SOCIAL PRA TODOS OS GOSTOS

Você já deve ter se deparado – mais de uma vez – com um desses sites de relacionamento que têm o propósito de unir casais. Com a internet, esse serviço tem se proliferado, e mais, se segmentado, a cada dia. O Deficientesim (deficientesim.com.br), por exemplo, como o próprio nome diz, tem o objetivo de unir pessoas com algum tipo de deficiência. Porém, os criadores fazem questão de ressaltar que ele é aberto a todas as pessoas, independentemente de deficiência ou opção sexual. Já o Divino Amor (divinoamor.com.br) é voltado para evangélicos. No Gluten Free Singles (glutenfreesingles), quem deixou de comer alimentos com glúten, seja por conta da intolerância, seja por se tratar de uma opção mais saudável, pode encontrar o parceiro ideal. Mais divertido, o Bristlr (app.bristlr.com) é pra quem está em busca de um moço barbado para chamar de seu. Há ainda opções para pais solteiros com filhos, amantes de viagens, de pets, gordinhos, ruivos, paranormais, góticos, veganos, coroas, entre outros.

Uma pesquisa das agências de advocacia da Inglaterra concluiu que o Facebook vem sendo usado como fonte de provas e evidências em mais de 30% dos processos de divórcio por lá. Pior: na maior parte das vezes em que os dados online vêm à tona, é para desmentir as histórias contadas nos julgamentos e mostrar a verdadeira forma como as pessoas levam a vida. De acordo com o levantamento, provas de infidelidade e novas relações são facilmente descobertas na rede social de Mark Zuckerberg. O Facebook também é forte evidência de vida financeira e gastos, já que análises de postagens de carros, jantares, compras, férias e festas podem denunciar como a conta bancária de alguém realmente está – isso pode facilitar, por exemplo, na hora de fixar valores de pensões e divisão de bens. O melhor, então, é segurar os dedinhos, pois tudo o que você postar poderá ser usado contra você.

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UM MÊS NO CAMBOJA

Um experimento social produzido pelo Aftenposten, o maior jornal da Noruega, levou três jovens blogueiros de moda para conhecer de perto os horrores da exploração do trabalho no Camboja. Anniken Jørgensen, Frida Ottesen e Ludvig Hambro visitaram a casa de uma operária, Sokty – um cubículo em Phnom Penh –, e constataram que a propriedade inteira é do tamanho do banheiro deles. Em visita a uma loja, descobriram que o valor do aluguel de Sokty é o mesmo de uma blusa simples: 35 dólares – o que equivale a mais do que toda a renda do mês da operária. Com salário de 3 dólares ao dia, Stoky compra roupas apenas duas vezes ao ano, e o valor total não pode ultrapassar 4 dólares. Os jovens também encararam o trabalho pesado na fábrica: “Em algumas horas, pensei que ia partir ao meio. É muito quente, e as tarefas são muito cansativas. A pressão é muito grande. Assim que termina uma peça de roupa, você começa a costurar outra, sem descanso”, contou Jørgensen. A experiência foi gravada e exibida em forma de reality show online: o SweatShop – Deadly Fashion.

O QUE O GOOGLE DIZ SOBRE SEXO

O colunista do New York Times Seth Stephens-Davidowitz usou o Google Trends – ferramenta que permite visualizar o que as pessoas mais procuram na internet – para descobrir o que anda sendo pesquisado sobre sexo. Segundo ele, dos cinco termos mais pesquisados em relação ao matrimônio, três são sobre a ausência de sexo. O mais procurado é “casamento sem sexo”, com 21 mil buscas por mês. Pesquisas que começam com “meu marido” ou “minha esposa” também revelam a ausência de sexo. Em ambos os casos, o complemento mais buscado é “não transa comigo”. Separando as pesquisas entre homens e mulheres, nota-se a preocupação deles com o tamanho do dito-cujo. Dos dez termos mais buscados com as palavras “meu pênis”, nove estão relacionadas ao tamanho.

TRABALHO EM EXCESSO AUMENTA ALCOOLISMO

Pessoas que trabalham mais de 48 horas semanais estão mais propensas ao vício em álcool, revelou uma pesquisa do Instituto de Saúde Ocupacional de Helsinki, na Finlândia, publicada pelo British Medical Journal. A razão é simples: as bebidas alcoólicas podem ajudar a aliviar momentaneamente o estresse, a depressão e os problemas de sono, característicos da atividade intensa. Essa pesquisa foi a primeira revisão sistemática de diversos estudos sobre a relação entre trabalho e alcoolismo. Foram analisadas mais de 300 mil pessoas de 14 países. O resultado é o mesmo para homens e mulheres, independentemente dos grupos de idade, status socioeconômico ou lugar de origem: as longas jornadas aumentam os riscos do alcoolismo em 11%.

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CAPA

#esportes #sociedade #conquistas

“ Todo atleta brasileiro campeão é um herói” Aos 51 anos, Fernanda Keller venceu cinco vezes o Iron Man Brasil e tem o recorde de pódios da versão internacional do campeonato. Nessa entrevista exclusiva à VERO, ela fala sobre suas conquistas, dá opinião sobre temas polêmicos, como o doping e a Olimpíada no Brasil, e relata o trabalho social que faz para motivar crianças a fazer atividade física e cuidar da saúde. Confira! Pedro Só retrato Stefano Martini por

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“Ah, onde vai passar a peça?”, perguntavam. "Não, não é teatro, é triatlo. Eu nado, pedalo e corro", corrigia a garota de Niterói. Quando começou a jornada como atleta, aos 18 anos, Fernanda Keller tinha que dar esse tipo de explicação. A modalidade que escolhera era algo novo (o triatlo moderno surgiu na Califórnia, nos anos 70) e pouquíssimo conhecido no Brasil. "As pessoas achavam uma loucura", conta a atleta, que tinha feito dança (balé e jazz), mas até o fim da adolescência nunca havia se dedicado seriamente ao esporte. Pouco depois de entrar na UFRJ para estudar Educação Física é que conheceu o triatlo e abraçou a vocação, sendo feliz cobaia de um dos maiores especialistas em fisiologia do país, Paulo Figueiredo. “Eram treinos muito pesados, e ele me dizia: ‘Fernanda, não tem muita menina no mundo que aguente isso’. O Paulo foi fundamental ao colocar na minha cabeça: ‘Você é uma das melhores atletas do mundo, acredita nisso’.” Hoje, aos 51 anos, a bela morena niteroiense é reconhecida como “legend” no Havaí, onde foi homenageada em janeiro, após completar pela 24ª vez os 180 km de ciclismo, 3,8 de natação e 42 de corrida do Iron Man, a principal competição do gênero. “Teve uma época da minha vida, com 30 anos, em que eu não quis fazer aniversário. Depois amei fazer 40. Cinquenta eu achei, assim, assustador, mas não paro pra pensar”, diz Fernanda, em paz com suas escolhas e casada há 15 anos – “mais uns cinco de treino” – com o produtor de vídeo Sergio Mello. A mocinha de 54 quilos e 1,67 metro que desembarcou sozinha no Havaí em 1987, sem treinador nem apoio, tinha medo de não completar o percurso. Bobagem. Dois anos, depois, voltou, já para chegar em quarto lugar. "Pessoas sonham em ficar uma vez na vida entre os dez mais. Eu fiquei seis vezes entre as três mais rápidas do mundo; 14 vezes entre as 10. Hoje fecho os olhos e vejo que é um livro muito bacana que eu consegui escrever. Não escrevi ainda (risos). Mas pretendo!" A rotina árdua que chega a envolver até oito horas de treinamentos diários, começando antes das 5h da manhã, na Barra da Tijuca, onde mora, ela não considera sacrifício. “A única privação que tive foi ficar longe da minha família, dos meus pais, marido, irmão...”, diz a “mãe” da cadela maltês Noa. Lesões? Nesse tempo todo, apenas uma contratura na panturrilha. Nada nas articulações – nem mesmo um pé torcido ao usar salto alto –, nenhum osso quebrado ou fissurado. Se existe Iron Woman no Brasil, é ela. “É claro que eu me cuido. Mas deve ser o DNA. Porque realmente não é muito saudável esse treinamento para o Iron Man. Vinte e três anos seguidos, o pau quebrando o tempo todo, você tem que ter um parafuso a menos”, ri Fernanda. VOCÊ COMPLETOU EM JANEIRO SUA 24ª PROVA DE IRON MAN, NO HAVAÍ. PRETENDE CONTINUAR COMPETINDO ATÉ QUANDO? SISTER MADONNA BUDER, A FREIRA QUE DISPUTOU A PROVA ATÉ O ANO PASSADO, COM 84 ANOS, É UMA INSPIRAÇÃO? Tem atletas que são atletas por um período da vida e tal, pensando só na performance. Eu sou atleta de alma, eu gosto de ser atleta, é meu estilo de vida, é o que eu mais gosto de fazer. Então, eu não estou atleta, eu sou atleta. E a

competição é um desafio pessoal, com você mesmo. Apesar de haver primeiro, segundo e terceiro lugar, a minha motivação maior sempre foi o desafio do próprio evento, de fazer o meu melhor. Isso transcende qualquer tempo, a idade, vai até onde você quiser e puder... Como a Sister Madonna, uma grande inspiração pra mim. Eu espero estar nesse desafio até o fim da vida, se o cara lá de cima me abençoar, que vá até o fim da vida. E que, depois de morrer, se for para algum lugar, que lá eu também possa correr (sorriso).

COMO É PARA VOCÊ DIMINUIR A COBRANÇA, ASSIM COMO O RITMO? A cobrança é idêntica, porque você é um competidor. Em termos de performance, claro, existe o ápice do atleta, que foi quando fiquei entre os seis maiores do mundo. O importante é ter consciência de que isso é um período na vida do atleta. Graças a Deus eu ganhei muitos títulos, coisas que jamais sonharia conquistar. Venci o Iron Man Brasil por cinco vezes, ganhei várias provas internacionais, fui campeã sul-americana... E tenho recorde mundial de pódios no Havaí, no Iron Man, que é o sonho de todo triatleta. É uma prova que consagra. Neste ano recebi homenagem lá como "the legend", lenda do esporte (risos), dinossauro, assim... Hoje tenho 51 anos, continuo entre os melhores do mundo, mas tenho consciência de que não estou mais brigando lá em cima. Não tenho que provar mais nada, mas quero me manter ativa, na minha excelência. QUAIS FORAM OS PRIMEIROS ESPORTES QUE VOCÊ PRATICOU? Eu comecei mesmo com o triatlo. Antes fazia esporte no colégio, como qualquer criança. Sempre fui muito ativa, tive a sorte de ser de uma geração que podia brincar na rua, em Boa Viagem (bairro classe média alta de Niterói), não tinha essa violência de hoje. Era um esquema meio turminha da Mônica, meio Snoopy e Charlie Brown: aquela criançada na rua fazendo jogos, brincando de pique, polícia e ladrão, correndo direto... NESSAS 24 VEZES NO HAVAÍ, QUAIS FORAM AS PARTICIPAÇÕES MAIS EMOCIONANTES? Todos os anos em que meu pai, minha mãe, meu marido e meu irmão estiveram lá foram especiais. No momento em que comecei a poder levar a família, ficou muito melhor. Mais emoção, estar ali

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Fernanda em provas de triatlo do Iron Man: 180 km de ciclismo, 3,8 de natação e 42 de corrida. Conhecida como “legend” no Havaí, ela foi homenageada em janeiro, após completar a prova pela 24ª vez

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DÓI TUDO, PORQUE VOCÊ LEVA SEU CORPO AO LIMITE. VOCÊ LUTA CONTRA TUDO. O CORPO ESTÁ DIZENDO SEMPRE: ‘PARA, QUE ESTÁ DESCONFORTÁVEL’

junto, vibrar, ver teu pai e tua mãe, o marido, megaorgulhosos. Meu pai faleceu em 2008. Foi a maior tristeza e perda da minha vida. Naquele ano, fiz a prova mais emocionante da minha carreira, mas não foi no Havaí. Em março ele caiu doente, em abril foi pro CTI, e a prova era em maio. Foi duríssimo conciliar treinos com isso tudo, eu achei que não fosse dar. Mas minha mãe falou pra eu continuar, disse que ele ficaria muito chateado se eu desistisse por causa daquela situação. Então eu treinava e ia visitar meu pai, direto. Viajei para Florianópolis e ganhei o Iron Man Brasil – fui a pessoa mais velha até hoje a ganhar um Iron Man, com 44 anos. E pude voltar e falar pra ele que era em homenagem a ele. Já estava mantido por aparelhos, mas saiu assim uma lágrima dos olhos, a gente se emocionou pra caramba. E logo na sequência, em julho, ele morreu. Meu pai era muito torcedor. Se eu acordava às cinco, ele acordava às 4h40 e fazia um suco. E eu: "Pai, não precisa! Vai dormir", mas ele sempre fazia. E em todas as provas que assistia, ficava um pouco antes da chegada e dava aquele hang five, batia a mão na minha. QUAL FOI A PIOR SITUAÇÃO POR QUE PASSOU EM UM IRON MAN? Nunca tive lesão. Perrengue é o que todo mundo passa ali, né? Um vento contra que dobra a bicicleta inteira... Mas aí é difícil pra todo mundo. Nunca passei por nada dramático, e a organização está sempre ali do lado.

COMO EVOLUIU A PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA AO LONGO DESSES ANOS? O Iron Man já é uma meditação, você trabalha horas e horas no seu limite. E aí aprende sozinho. A coragem vem da sua alma, da sua vontade, e isso não se treina. O atleta já nasce com essa determinação. Até porque a gente gosta disso, as pessoas normais acham insuportável. Isso vem da alma da pessoa. Pra mim, não é sacrifício, nunca é. Porque eu gosto! Às vezes alguém fala: “Coitada, ela treina oito horas por dia”. Eu digo: “Graças a Deus!” (risos). A DOR É INEVITÁVEL EM PROVAS COMO ESSAS. ONDE DÓI MAIS PARA VOCÊ? A dor é uma companhia: quem aguenta mais rende mais. Cara, dói tudo, porque você leva seu corpo ao limite. Você luta contra tudo. O corpo está dizendo sempre: “Para, que tá desconfortável”. É desconfortabilíssimo correr competindo. Porque se alguém aumenta o ritmo, você aumenta também, para acompanhar. E aí ferrou. Ganha quem aguentar mais. MESMO SENDO ATLETA, VOCÊ CONVIVE COM COBRANÇA PELA IMAGEM, PARA ESTAR BONITA, SER VAIDOSA... O RÓTULO DE MUSA INCOMODA OU JÁ INCOMODOU? Eu me sinto confortável. Faz bem pro ego, não serei hipócrita de dizer que não ligo. Ter boa aparência e se cuidar é saudável, só não pode ser a prioridade na sua vida. Há um sentido maior espiritual, sempre. E a vaidade é a nossa maior fraqueza como seres humanos. A gente precisa saber lidar com isso, é importante ter consciência de onde você está, na vida e na carreira, saber bem quantos anos você tem... VOCÊ SE CONSIDERA FEMINISTA? Sou contra radicalismos e tive o privilégio de não precisar ser feminista. É muito fácil sentar agora e falar isso. Porque a Maria Lenk, a Aída dos Santos, a Maria Esther Bueno, todas essas grandes atletas abriram o caminho para mim. A minha forma de contestar foi me posicionando. Sempre com firmeza, sem perder jamais a feminilidade. Hoje existe uma confusão entre lutar pelos direitos da mulher e querer ser um homem. Eu não quero ser homem, eu quero ser mulher. As

mulheres merecem ter os mesmos direitos, mas do jeito feminino, porque somos diferentes. Acho, por exemplo, que a competição entre mulheres é mais saudável. A mulher compete tentando ser melhor, o homem quer destruir o outro, atacar. Tem essa coisa de guerra. Acho que as mulheres podem fazer um mundo melhor, têm uma coisa mais afetuosa, que é do feminino. COMO É A SUA DIETA? TEM ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL? Vira e mexe eu vou a nutricionistas e testo os conselhos, mas tento usar a consulta só como orientação. Não gosto muito daquelas coisas tipo receita, “uma colherzinha disso a tal hora”. Não tomo refrigerante, fritura nem pensar. Carne vermelha eu parei de comer com 16 anos. Mas como doce, sem exagero. Compro uns quatro brigadeirinhos da Fabiana D'Angelo – que agora está famosa, tem quiosque no Fashion Mall, em São Conrado – e faço a minha cabeça (risos). O PESO JÁ FOI OBSESSÃO PARA VOCÊ? Nunca. Sempre pesei entre 54 e 55 quilos. Agora faço trabalho de coaching de triatlo e corrida para meninas que são atrizes, modelos. Muitas têm a preocupação de o esporte não transformar o corpo. Eu, se fosse para ganhar um triatlo, a última coisa em que eu iria pensar seria nisso. Quando comecei, minha mãe falava: “Nossa, você vai nadar tudo isso, vai ficar com os ombros largos”. Eu disse “não quero nem saber”, era o que menos importava. Pra mim, o corpo legal é o corpo que me permite nadar, correr e pedalar bem rápido. E pegar umas ondinhas. O SURFE É A SUA NOVA PAIXÃO ESPORTIVA? Eu sempre peguei onda depois que acabava o Iron Man. Sempre fui a Waikiki, onde até cachorro fica em pé em cima da prancha. Foi lá que eu comecei. Em Itacoatiara, que considero a minha praia, em Niterói, onde cresci, o mar é muito forte. Mas agora estou entrando de sócia no Macumba Surf Clube [na praia da Macumba, próximo da Barra], tenho aulas. O coach cai na água comigo, dá dicas. As ondas gigantes do Havaí deixo para a Maya [Gabeira], que é minha amiga e de quem eu sou fã. Eu só quero brincar.

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Instituto Fernanda Keller atende hoje 200 crianças. "Tento compartilhar o que consegui na minha carreira, motivar crianças a fazer atividade física e cuidar da saúde", diz

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O BRASIL É NOSSA RESPONSABILIDADE. NINGUÉM ACHA QUE É CULPADO DE NADA. MAS ESTÁ NA HORA DE TOMAR AS RÉDEAS, CHAMAR PRA GENTE O COMPROMISSO, NÃO DEIXAR QUE DESTRUAM NOSSO PAÍS

O QUE ACHA DOS CASOS DE DOPING QUE MANCHARAM CARREIRAS E O MEIO ESPORTIVO, COMO O DE LANCE ARMSTRONG E, RECENTEMENTE, ANDERSON SILVA? É muito triste, e a gente nunca sabe direito o que está por trás das coisas. Existe a pressão sobre o atleta. No caso do Lance, claro, era algo premeditado, calculado, uma máfia esportiva mesmo. EXISTE CULTURA DO DOPING EM ALGUMAS MODALIDADES? Existe hipocrisia. Porque tem performances que são inatingíveis. De cara você já sabe que não se poderia chegar àquele ponto naturalmente. Todos vendo que aquele atleta está fazendo algo errado, mas ninguém chega para ele e fala. É como se o meio compactuasse com aquilo. Enquanto ele está conseguindo aqueles recordes, todo mundo acha a pessoa linda. Aí quando estoura o negócio, ninguém quer saber, o cara fica sozinho. Quem fica mal é ele. Só ele. VOCÊ JÁ TESTEMUNHOU CASOS ASSIM? Eu nunca vi nada. Meu esporte é individual, treino com amigos, nunca convivi com time, equipe. É muito solitário. Eu acho que se um dia alguém ganhou de mim dopado, esse título

vai acabar vindo pra mim. Isso fica insustentável. É muito pesado. Nem que seja no travesseiro ou diante do espelho, a pessoa sabe que aquele título não é dela. Os meus, eu tenho certeza de que são meus. Ralei pra caramba, sabe? O doping é como roubar, sonegar. É como trabalhar na Petrobras e receber comissões ilegais. É uma coisa idiota justificar dizendo que os outros fazem e que as coisas já eram assim. Você joga papel no chão porque todos jogam? O atleta não pode ser uma mula, tem que ter consciência própria. A EXPOSIÇÃO AO SOL É INEVITÁVEL NO SEU TREINAMENTO. DEPOIS DE MAIS DE TRÊS DÉCADAS NESSA ROTINA, COMO VOCÊ SE CUIDA? Passo filtro solar, vou ao dermatologista – os produtos evoluíram muito. Mas nunca tive essa coisa de “não pode pegar sol no rosto”, não tenho essa opção. Meu trabalho é como o de pescador. O QUE MUDOU NA PREPARAÇÃO DE UM TRIATLETA EM COMPARAÇÃO COM O SEU COMEÇO? Antigamente, tinha que levar bananadas pra prova. Hoje existe gel com carboidrato, repositor energético pra se recuperar entre um treino e outro... Nas vestimentas, é absurdo o que melhorou. Você tem camisas com filtro solar, anatômicas de tal forma que você veste e parece que está pelada, são como segunda pele mesmo. Tem tênis pra todo tipo de pisada, sem costura que corte o pé... E os monitores cardíacos, os computadores dando teu ritmo, todas as informações. De bicicleta, nem se fala! Elas pesam seis quilos e são todas aerodinâmicas. Quando comecei pesavam 15, até 18 quilos! COMO VOCÊ VÊ A PREPARAÇÃO PARA OS JOGOS OLÍMPICOS QUE ACONTECEM NO ANO QUE VEM NA SUA CIDADE? Eu fico com uma pena do que se perdeu já, do que está perdido. Eventos, jogos preparatórios, tudo isso já era para ter acontecido. Nossos atletas não vão se valer da vantagem de já terem treinado nos ambientes de competição, simplesmente porque eles não estão prontos. Os nossos atletas não estão sendo preparados há oito anos. Estão recebendo um apoio de última hora, um apoio oportunista. Não existe trabalho de base.

Por que há dez anos, antes do Pan [realizado em 2007], não pensaram e construíram as coisas de modo definitivo ou ao menos mais perto das necessidades olímpicas? Já tinha havido candidatura olímpica da cidade. As chances já eram enormes na época. Teríamos estrutura e seria muito mais fácil desenvolver jovens para representar melhor o país. Eu costumo dizer que todo atleta brasileiro campeão é um herói. Você já leu o livro do Gustavo Kuerten (Guga – Um Brasileiro)? A luta da mãe e do pai para botar aquele garoto pra jogar é incrível. Quem ajudou ele foi a família! Quantos Gugas e Cielos se perdem por aí? Nas comunidades, quantos Joaquim Cruz perdemos porque não existe um trabalho mais bem estruturado, mais bem assistido? O QUE VOCÊ CONSEGUE FAZER NESSE SENTIDO COM O INSTITUTO FERNANDA KELLER, QUE MANTÉM EM NITERÓI? Tenho esse projeto social na minha cidade há 17 anos. Hoje vejo crianças que começaram comigo aos 7 anos e estão formadas em Educação Física, pela parceria que temos com a universidade Estácio de Sá. Temos um trabalho com a Nestlé voltado para nutrição e saúde, envolvendo médicos da UFF, combatendo a obesidade infantil. O foco é no esporte, sempre. Já cheguei a ter 500 crianças. Mas há dois anos, vi que minha estrutura estava grande demais e que havia dificuldades para manter o trabalho como ele deve ser feito. Agora estamos atendendo 200, mas da maneira adequada. É o que está sendo possível, depois de passar o chapéu entre empresas – coisa que eu mesma faço, porque tem que ser feito. A gente vive num país de descaso: é conveniente que as pessoas não estudem, não pensem, não saibam das coisas. Eu tento compartilhar o pouco que consegui na minha carreira, motivar crianças a fazer atividade física e cuidar da saúde. E também a desenvolver a disciplina que o esporte dá ao jovem e que depois serve pra tudo que se faça na vida. O mundo é responsabilidade de todos. O Brasil é nossa responsabilidade. E essa merda que está hoje é porque ninguém acha que é culpado de nada. Mas está na hora de tomar as rédeas, chamar pra gente o compromisso, não deixar que destruam nosso país.

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DIVÃ

#previsões #avanços #comportamento

Algumas previsões para 2030! FAZER previsões é sempre difícil e perigoso; isso porque avanços tecnológicos inesperados podem alterar nosso habitat, e nós, seres interativos, teremos que nos adaptar a isso. Porém, minha impressão é a de que os maiores avanços qualitativos foram feitos ao longo dos últimos 25 anos; de lá para cá, temos visto aprimoramentos, facilitação do uso da internet em celulares e talvez ainda vejamos alguns outros. A grande “revolução” tecnológica foi a chegada da telefonia móvel e da internet, enquanto a grande revolução no plano humano foi a descoberta das pílulas anticoncepcionais de uso e controle feminino, assim como a enorme ascensão delas no mundo do trabalho. Quais as consequências imediatas dos avanços? Uma enorme melhora na qualidade de vida das pessoas sozinhas, propiciada pela facilidade de entretenimento individual e enormes avanços nos equipamentos elétricos de uso doméstico. Assim, o individualismo – o gosto das pessoas por viver segundo seus próprios valores sem disposição para grandes concessões – não poderia deixar de ter crescido. Não acho interessante pensarmos nesse avanço de modo negativo, pois corresponde a um passo adiante na direção de as pessoas conseguirem se perceber como adultos independentes. O crescimento do individualismo e o fim dos preconceitos sociais quanto ao estilo de vida das pessoas solteiras ou divorciadas têm feito aumentar o número daqueles que preferem essa condição. Os imóveis de dimensões menores são os mais construídos e vendidos em cidades grandes como São Paulo. O entretenimento doméstico e a possibilidade de comunicação fácil pela via virtual só têm crescido, incluindo-se aqui a busca para parcerias eróticas ou sentimentais. Aqueles

que não gostam de boemia, não bebem e não são notívagos preferem tentar encontrar amigos e futuros amores pela internet. O caminho é legítimo, permite que se conheçam as pessoas antes “de dentro para fora”, ao contrário do que acontece no mundo real. Uma das características do mundo que está nascendo é, a meu ver, que deixaremos de considerar como relevantes as diferenças entre o real e o virtual, sendo que este último caminho só tende a crescer, até mesmo porque a locomoção em grandes centros só tem se tornado mais difícil. A tendência será na direção da vida solitária? Não é a minha impressão, a não ser como uma fase na vida das pessoas. Agora, como a qualidade da vida de solteiro só tem melhorado, os maus casamentos tenderão a desaparecer. A “nota de corte” será aquela que usufruem as pessoas descomprometidas. Em outras palavras, as relações amorosas de boa qualidade, aquelas que respeitam a individualidade das pessoas e que se baseiam em afinidades de caráter, interesses, gostos e projetos de vida, serão as que terão condições de oferecer uma qualidade de vida superior à dos solteiros. Elas, e só elas, sobreviverão. Elas correspondem ao novo tipo de elo romântico do século XXI, em muitos aspectos similar aos de amizade, e que tenho chamado de +amor. Outra característica que tenderá a crescer daqui para a frente tem a ver com o aumento do tempo livre das pessoas. O trabalho será cada vez mais escasso, e a única saída será a diminuição do número de horas dos trabalhadores – assim como o aumento da idade de aposentadoria, já que a vida média só tem crescido. O tempo livre dos casais também tem aumentado, já que eles têm tido cada vez menos filhos (média de 1,8 por mulher em

nosso país, e 1,3 na Alemanha). O tempo livre pode ser uma dádiva para aqueles que souberem aproveitá-lo bem em atividades lúdicas ligadas a práticas esportivas, culturais, convívio com amigos e cultivo de hobbies de todo tipo. O perigo, para os que não se acautelarem, será uma crescente tendência para o uso de drogas, lícitas ou ilícitas, capazes de atenuar o tédio dos desocupados. Um aspecto que tem chamado pouco a atenção dos observadores, mas que eu considero extremamente relevante, será a tendência à diminuição da importância que as pessoas atribuirão ao aspecto erótico e às suas práticas sexuais. O interesse dos jovens pelo assunto, de acordo com minhas observações, só tem diminuído. Fala-se pouco do tema, e a impressão que eu tenho é que a relevância que o sexo teve para as gerações passadas tem a ver mesmo é com o fato de o tema ter sido cercado de tabus, proibições e limitações de todo tipo. Num contexto de fartura, parece que o interesse imediatamente diminui! Se for fato que o sexo venha a perder importância, é provável que o consumo de roupas e outros adornos direta ou indiretamente relacionados com o erótico também venha a diminuir; e se isso se confirmar, estaremos diante de uma nova fase da vida social. Quer comentar esta coluna? neuronio@vero.com.br

FLÁVIO GIKOVATE é psicoterapeuta, autor de mais de 30 livros e âncora do programa No Divã do Gikovate, na rádio CBN

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MODOS DE MACHO

#feira #mulheres #beleza

Um feirante na vida de uma mulher NADA melhor que uma mulher que acabou de chegar da feira. Sacola na mão, fome de viver, sorriso de princesa. Os vendedores de frutas, peixes e verduras são mestres na arte de reconhecer talentos e animar as moças com os seus adjetivos. Adjetivos às pencas, elogios às dúzias, mimos, dizeres, samba exaltação, graças. Meia hora de uma mulher na feira vale mais do que um mês de análise, do que a onda de orientalismos tantos do mercado, do que yoga, do que o mestre japonês das agulhas, do que uma banheira de sais, do que um dia na Oscar Freire... Nem mesmo quando as mulheres estão acompanhadas, os feirantes dão sossego. Esperam você, jovem mancebo, se distanciar um pouco, dois, três passos, e tome gracejos e flertes à baciada. “Olha a manga, gostosa!”, bradam, administrando com malícia a vírgula e o duplo sentido na ponta da língua. “Ovo e uva boa!”, arriscam para as elegantes damas de preto. “Essa é modelo!”, capricham para as gazelas saltitantes. “Gisele!” “Se eu fosse um peixe, eu seria

um namorado!” É a boa guerra dos mascates. Eles vão no ponto, exatos como neurocirurgiões do desejo. Sabem de longe, por exemplo, quando uma mulher tem alguma encrenca com a idade. Em um segundo, sapecam um tratamento carinhoso: “Pra mulher nova, bonita e carinhosa, eu não vendo... eu me dou todinho!”. E mais: “Só vendo pra menores de 18 acompanhada pelos pais”. Em dias de chuva, mandam ver de acordo com o meteorologista: “Essa é enxuta até debaixo d'água”, alardeiam. Um bom feirante reduz até os efeitos de uma TPM, de uma dívida nunca paga, de uma culpa que corrói o juízo, de um regime ainda sem resultados – elas ainda não sabem que uma polegada a mais, uma a menos, pouco importa para quem tem gosto, de fato, por mulher. Nada como incentivar o caminho da feira mais próxima da sua casa para as mulheres. No Ceasa, então, os adjetivos saem a grosso e a varejo, na bacia ou nos caixotes. Os feirantes não mentem jamais. Eles sabem, mais do que ninguém, que

em toda mulher, seja quem for, existe um traço ou um aspecto de beleza. Afinal de contas, mulher é metonímia, parte pelo todo, você passa a apreciála por uma boca, um pé, uma orelha, uma mão, uma omoplata, um belo ilíaco ressaltado, uma saboneteira, uma marca sulcada de vacina, um corte no joelhinho esquerdo, uma cicatriz de artes de infância, uma bela bunda faceira, uma falsa magra, um umbiguinho do mundo, aquele tom cinza dos cotovelos da espera... Na passarela dos feirantes, a insegurança feminina, mesmo naqueles dias em que o cabelo acorda brigando com as leis do cosmo, dissolve-se em segundos, num suspiro, na velocidade de um pastel, na ligeireza de um caldo-de-cana. Quer comentar esta coluna? neuronio@vero.com.br

XICO SÁ é escritor e jornalista. Autor de Big Jato (editora Cia. das Letras), entre outros livros

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#ética #mundomelhor #ongs

FOTOS DIVULGAÇÃO

REFLEXÃO

SAPATOS PARA TODOS

Engenheiro usa ano sabático para ensinar futebol e arrecadar fundos a fim de comprar calçados para crianças carentes na Índia Quem nunca planejou fazer uma boa ação mas acabou desistindo por conta dos empecilhos? Essa poderia ser a história do engenheiro Marcel Tavelini. Mas não é. Durante um ano sabático, ele embarcou para a Índia, onde já planejava fazer algum trabalho voluntário. Foi convidado a ensinar garotos carentes a jogar futebol. Mas notou que as crianças nem sequer tinham calçados. Junto com a amiga Emília Galiano – que também trabalhava como voluntária no país –, decidiram colocar a cara na internet e pedir fundos para comprar sapatos para a molecada. Ao fim da campanha, que durou apenas três semanas, o dinheiro arrecadado foi suficiente para adquirir não apenas os tênis, mas também centenas de equipamentos esportivos. Confira! COMO SURGIU O PROJETO? Resolvi fazer um ano sabático. Tinha ideia de fazer algum trabalho voluntário em algum país pobre da África ou Ásia, mas sem muitas expectativas. Consegui ser voluntário em um banco de microcrédito na Índia. Um dia, um cara me disse: “Você é brasileiro? Não quer ensinar as crianças daqui a jogar futebol?”. Topei na hora e, no dia seguinte, já estava em um campo de futebol (ou quase isso) com 185 crianças ao meu redor. Ao trabalhar com elas, me comovi e resolvi fazer algo mais para ajudá-las. Pensei em algo que

não fosse tão efêmero e resolvi criar um projeto para comprar tênis para todo mundo – muitos não tinham o que colocar no pé. Outra voluntária do banco, uma italiana chamada Emília, topou me ajudar, e criamos o Be in Their Shoes. COMO FOI A PARTIR DAÍ? Eu já tinha um blog da minha viagem sabática, no qual contava minhas aventuras. Entendi que, se chamasse todos os meus amigos, conseguiria juntar dinheiro para comprar todos os tênis. A conta era uns US$ 30 para cada

tênis, quase 200 crianças, igual a US$ 6 mil. Criamos um blog (beintheirshoespt.blogspot.com.br) e um mecanismo de doação com pagamento via cartão de crédito. Para estimular a doação, criei alguns desafios engraçados. Por exemplo, se chegássemos aos US$ 4.500, dançaria vestido como nos filmes de Bollywood. Fui postando os vídeos desses desafios à medida que atingíamos as marcas, e isso fez sucesso na internet. Arrecadamos US$ 5.035, mas negociamos com grandes lojas e, no fim, conseguimos valores muito mais baixos do que esperávamos. Comprei, além dos tênis, centenas de equipamentos e artigos esportivos. A repercussão do projeto foi tanta que emissoras de TV vieram me entrevistar, além do ministro chefe do Estado de Maharashtra, que veio para a entrega dos tênis. Foi a melhor experiência da minha vida. QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS PASSOS? Queremos dar continuidade ao projeto. Venho pensando em como fazer isso aqui no Brasil. GOSTOU DA INICIATIVA? Para ajudar ou saber mais, escreva para tavelini+bits@gmail.com

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APP CONVERTE PEDALADAS EM DINHEIRO E DOA PRA ONGS Pedalar, correr ou caminhar por aí é algo que você faz em benefício da sua própria saúde e bem-estar, certo? Pois, a partir de agora, você também pode ajudar alguém. É que o aplicativo Charity Miles, gratuito para Apple e Android, tem um GPS que monitora as pedaladas e as converte em dinheiro para instituições de caridade. A cada milha percorrida de bike, você acumula 10 centavos de dólar. Se o trajeto for percorrido com os pés – seja na caminhada, seja na corrida –, o valor acumulado aumenta: 25 centavos de dólar por milha. Depois é só escolher a ONG para a qual você quer que a grana vá. É só baixar e sair correndo!

RANKING DOS POLÍTICOS

Só na véspera das eleições é que procuramos conhecer um pouco mais sobre os políticos que estão concorrendo. O resultado é sempre o mesmo: não dá tempo de pesquisar tudo, e alguém sempre vai ficar na dúvida se não deixou escapar alguma coisa. Para acabar com isso, o portal Ranking Políticos criou, como o próprio nome diz, um ranking online, que soma pontos dos políticos de acordo com suas decisões públicas. Por exemplo: faltou a uma sessão? Perde pontos! Abriu mão de alguns “privilégios”? Ganha pontos. Tem processos judiciais em aberto? Também perde pontos. O resultado, segundo o próprio portal, é um ranking, se não dos melhores, dos menos piores políticos – ou dos que mais respeitam seus compromissos. Ficou curioso? Acesse: políticos.org.br.

ÔNIBUS LEVA PESSOAS PARA VOLUNTARIADO SURPRESA

Criada nos EUA, uma iniciativa inovadora promete dar às pessoas uma boa chance de fazer o bem: o voluntariado surpresa. Funciona assim: você embarca num ônibus, o Do Good Bus, e só descobre no destino que tipo de ação vai fazer. Pode ser contar histórias pra crianças carentes, ajudar a montar uma horta numa escola pública, acompanhar idosos, etc. É o fim da desculpa daqueles que dizem que adorariam fazer trabalho voluntário, mas não sabem aonde ir. As viagens de ônibus acontecem periodicamente, em diferentes cidades dos EUA, e o voluntariado oferecido aos passageiros sempre tem relação com o município onde estão.

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UM TRICÔ PARA OS PINGUINS RESGATADOS

Esta história é duplamente feliz. Desde o ano passado, a Penguim Foundation resgata pinguins vítimas de derramamentos de óleo na Austrália e reabilita-os antes de devolver à natureza. A reabilitação inclui, entre outras coisas, agasalhar os pequenos bichinhos com roupas de lã, que podem ser doadas pela população em geral. De acordo com a ONG, por meio de método de reabilitação que utiliza casacos de lã, 96% dos pinguins resgatados conseguem retornar à vida selvagem. A segunda boa notícia vem a seguir: um dos mais fiéis ajudantes da campanha é um velhinho de 109 anos. Alfred Date sabe tricotar há décadas e foi incentivado a ajudar pelas enfermeiras da casa de repouso em que vive. Desde então, tricotar miniagasalhos para pinguins virou seu hobby preferido!

QUE TAL EMPRESTAR SUA VISÃO A UM CEGO?

Essa é a proposta do aplicativo Be My Eyes (seja meus olhos, em inglês). Ele reúne voluntários e cegos em todo o mundo. Quando o cego estiver na rua e precisar de olhos emprestados para realizar atividades cotidianas, como checar a validade de um alimento no supermercado ou até ter uma ideia melhor de como é o local em que está, ele faz uma videochamada (a partir de um smartphone com internet, claro). O pedido de auxílio é enviado à rede de voluntários, e assim que algum deles aceitar a chamada, a conexão é estabelecida. O usuário do aplicativo posiciona o celular próximo aos olhos, e o sistema vai transmitir as imagens. O passo seguinte é simples: o voluntário descreve o que vê na tela. Cada vez que um voluntário ajuda alguém, soma pontos num ranking. Gratuito e disponível para iPhone, mas com versão para Android em desenvolvimento, o app já conta com mais de 8.000 voluntários e 5.000 cegos cadastrados.

Em parceria com o Templo Zulai de Cotia, o Rotary Clube de Santana de Parnaíba lançou, no início do ano letivo de 2015, o projeto Meditação nas Escolas, que consiste em ensinar técnicas de meditação a professores da rede pública para que eles possam, todos os dias, antes do início das atividades escolares, praticar um pouco com os alunos. A escola municipal Ulysses da Silveira Magalhães, conhecida por problemas de disciplina dos estudantes, foi a escolhida para iniciar o projeto-piloto. Os educadores da rede de ensino foram treinados pela mestra Miao You, do Templo Zulai. De acordo com ela, isso garante o melhor aproveitamento escolar e, ainda, melhora o relacionamento dos alunos com os professores e entre eles mesmos. O projeto já vinha sendo testado na rede privada de ensino. Por exemplo, na Escola Castanheiras, desde novembro de 2014, a prática de meditação vem sendo usada para reduzir o estresse e aumentar o foco de atenção dos alunos do ensino médio antes do vestibular. A ideia, agora, é expandir o projeto nas duas redes: pública e privada.

ILUSTRAÇÃO/FOTO SHUTTERSTOCK

MEDITAÇÃO NAS ESCOLAS

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PENSE BEM

#humanidade #estranheza #sociedade

Nada do que é humano me é estranho? CERTA VEZ Laura, filha de Karl Marx, submeteu o grande pensador alemão a uma brincadeira divertida: responder a uma daquelas entrevistas-relâmpago (tornadas moda nas revistas e jornais do século seguinte ao deles), que, a pretexto de desnudar a intimidade de uma personalidade ou ídolo, perguntam qual a cor favorita, prato favorito, herói favorito, etc. Depois de responder que a cor é a vermelha, o prato é o peixe e o herói é Spartacus, aparece entre os quesitos (registrados em um bem preservado manuscrito em idioma inglês) aquele que indaga pela máxima favorita, e Marx não titubeia: Nihil humani a me alienum puto (Nada do que é humano me é estranho), querendo afirmar sua convicção na ideia de fraternidade e humanidade coletiva. Essa resposta oferecida pelo generoso filósofo expressa, com propriedade, os ideais aos quais se dedicou sinceramente por toda uma turbulenta existência. No entanto, nos nossos tempos egonarcísicos, estamos perdendo as perspectivas de construção de uma convivência humana irmanada; cada vez mais ganham destaque outros ditados como “cada um por si e Deus por todos” ou “cada macaco no seu galho”, ou ainda “quem pariu Mateus que o embale”. É interessante observar que a máxima por Marx admirada tem como fonte original a peça “O atormentador de si mesmo”, obra de Terêncio, comediógrafo latino do século II a.C., na qual se relata a história, ocorrida

em Atenas, sobre um vizinho abelhudo que se intromete na vida dos outros sem perceber que coisas piores estão acontecendo dentro da própria casa dele. Como justificativa para os contínuos e inoportunos palpites que dava, esse vizinho fala: “Homo sum: humani nil a me alienum puto”, isto é, sou homem e nada do que toca o homem julgo que me seja alheio. O sentido da frase, nessa comédia, é totalmente diverso e muito menos honroso que aquele propugnado por Marx, mas, infelizmente, muito mais próximo de nós, nos tempos atuais. A intenção marxiana é ressaltar o dever de compreender a noção de humanidade como a prática de uma espécie de “um por todos, todos por um”. Já na acepção original e, agora, contemporânea, é a defesa do direito à futrica, à fofoca e ao voyeurismo desenfreado que assola um certo tipo de mídia, altamente rentável, especializada na exposição impressa ou televisiva, do espetáculo proporcionado pelas delícias vividas pelos apaniguados e supostamente protegidos pelo destino e o inferno cotidiano dos fatalmente miseráveis e desgraçados. Nada do que é humano nos é estranho? Nem sempre, dado que, inclusive, até a maioria dos odores humanos naturais nos desagrada. Não nos incomodamos por acariciar o dorso suado de um cavalo ou caminhar em meio aos cheiros que exalam de uma estrebaria ou curral (alguns proclamam

apreciar esses aromas); porém, a fragrância do suor humano incomoda, assim como muitos consideram insuportável os fluidos emanados de um banheiro (limpar banheiro é sinônimo de castigo!). Somos capazes de, ao caminhar pelas ruas, desviar sem problema de fezes caninas ou felinas; contudo, encontrar fezes humanas é motivo de asco, repugnância ou distanciamento, tal como quando nos deparamos com mendigos, doentes crônicos, menores abandonados, etc. É por isso que, para não poucos, o sonho de paz e vida feliz é poder retirarse para uma ilha paradisíaca, distante de tudo e afastada do maior número possível de humanos e humanas, isto é, isolar-se: ilha, condomínio fechado, alto da montanha, praia privativa, local inacessível; no máximo, horrorizar-se ou alegrar-se virtualmente com o o que acontece com a humanidade, mas sem chegar muito perto. Talvez, parodiando Nietzsche, seja preciso lamentar que, por enquanto, tudo isso seja humano, demasiado humano... * Filósofo e escritor. Este é um trecho do livro Não Nascemos Prontos! (Provocações Filosóficas), publicado pela editora Vozes. Quer comentar esta coluna? neuronio@vero.com.br

MARIO SERGIO CORTELLA é filósofo, professor, palestrante e escritor. Também é colunista da rádio CBN

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CONTRA UM MUNDO MELHOR

#filosofia #filhos #expectativas

A tese de Brás Cubas CONVERSAVA, recentemente, com minha gerente no banco. Mulher jovem, bonita, recém-casada, inteligente e muito eficiente no que faz. Só tenho a agradecer a ela. Entre uma coisa e outra que falávamos, sobre grana, é claro, perguntei a ela quando ia ter filhos. Momento tenso. A conversa virou papo sério. Segundo ela, seu marido está louco pra ser pai, mas ela tem dúvidas. Óbvio que podemos tratar suas dúvidas como coisa banal, típica de um mundo contemporâneo que pouco a pouco se afoga nas banalidades e novidades da Apple e genéricos. Mas para qualquer pessoa que admira a filosofia como forma de viver, sabe que a boa filosofia se faz assim, num banco, numa maternidade, num cemitério. Na universidade, a filosofia está cada vez mais cadavérica. Sei que normalmente se associam filhos a alegria e amor. Mas nem sempre é ou foi assim. Por exemplo, mesmo em sociedades organizadas como a Roma antiga, pai era um produto de luxo, e a maioria dos homens nem estava aí para as consequências das mulheres que “conhecia”, no sentido bíblico. Mesmo as mulheres, muitas delas, pouco davam importância para as dezenas de crianças que paria, em meio à luta pela vida. Não dava pra prestar atenção em todas... Em situações nas quais um homem e uma mulher se encontravam e viviam juntos, com filhos, o cuidado era maior, mas os filhos eram parte da “riqueza” da família, fosse na lida com o que chamamos hoje coisas de cozinha, fosse na lida com a agricultura ou caça. Muito diferente de hoje, em que os filhos são objeto de enorme expectativa de futuro e de investimento (quanto melhor o pai e a mãe, mais inútil deve ser o filho para a sobrevivência da família). Quando muito, tem-se dois, e ambos são depositários

de gigantesca ansiedade dos pais. Claro que isso tudo com carrinhos de bebê de Miami e iPads aos dois anos de idade. Mas quais eram os argumentos dela contra ter filhos? Eram muito parecidos com os de Brás Cubas, personagem de Machado de Assis. Ao final do romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o personagem morto, filosofando a partir do túmulo (condição privilegiada, uma vez que não há mais o que temer), tendo por testemunhas os vermes, diz que pelo menos não teve filhos e, por isso, não passou adiante a herança da miséria humana. Que miséria seria essa? Primeiro, o mundo enquanto tal: corrupto, injusto, incontrolável. A própria natureza (objeto de um capítulo inteiro do romance de Machado de Assis) não merece confiança: mata seus filhos, os tortura com dores e doenças, os condena aos vermes. Por fim, a condição do mundo atual: cada vez mais violência, insegurança, custos altíssimos, vínculos efêmeros, enfim, não parece um lugar muito confiável, apesar de todos os iPhones. A verdade é que as estatísticas de demografia da fertilidade das mulheres com carreira profissional caem a cada ano nos países ocidentais. Quanto mais papéis sociais as mulheres têm, menos filhos querem ter. Filhos são caros, e o retorno em afeto nem sempre está à altura das expectativas contemporâneas. Pesquisa insistem em dizer (eu não acredito plenamente nesses resultados) que casais sem filhos têm mais tempo livre para se dedicar à relação, e, por isso, dizem ser mais “felizes”. As incertezas do mundo contemporâneo geram dúvidas nas mulheres que pensam suas vidas como possibilidades de realização profissional. É claro que uma

gravidez em meio à savana africana na Pré-História, com todos os riscos que isso implicava, era sempre uma variável de risco. Além das mortes pelo parto, o número de crianças que não sobreviviam era enorme. Hoje em dia, uma gravidez pode diminuir as possibilidades profissionais de uma mulher. Os filhos sobrevivem melhor, mas custam caro, logo, a opção pela diminuição do número de filhos parece ser o mais seguro. Até o papa Francisco condena ter filhos como coelhos. O pessimismo puro e simples não é a única razão para reduzir o número de filhos. Uma simples opção por ter uma carreira profissional mais bemsucedida, e mais sexo sem filhos, podem ser razões suficientes para diminuir a incidência de gravidez. Apesar do número alto da população mundial, esse número (cerca de 7 bilhões) se concentra entre populações em que as mulheres têm menos opções de vida. O resultado é que esse número alto não significa necessariamente qualidade de vida. De qualquer forma, quando é dada opção às mulheres, elas diminuem drasticamente o número de filhos, inclusive por razões estéticas e de usufruto do corpo. Resta saber se isso não seria uma forma chique de pessimismo. Quer comentar esta coluna? neuronio@vero.com.br

LUIZ FELIPE PONDÉ é filósofo e autor de vários livros, entre eles, A Filosofia da Adúltera, Ensaios Selvagens (Ed. LeYa)

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PERSONA VERO

#exemplo #liçãodevida #inspiração

HERMANN SCHAAL por

Gabriela Ribeiro

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Zé Gabriel

HOMENAGEM DA VERO AOS PERSONAGENS INSPIRADORES DO BAIRRO Não se deixe enganar pelo nome que parece alemão. Hermann Schaal, de 80 anos, nasceu na Suíça e veio para o Brasil com um ano de idade. Apesar de sua terra natal ser considerada neutra, nessa época começavam a eclodir por lá sinais negativos da guerra que iria devastar o continente nos anos seguintes. É claro que ele não tem lembranças do momento histórico. Mas um dos maiores lemas de sua vida poderia vir desses tempos: “Temos dias melhores e outros piores, em que surgem problemas de saúde, na família ou financeiros, e devemos procurar sempre o lado bom”, aconselha. Preocupado em ser uma pessoa melhor, mesmo aposentado, Hermann realiza diversas atividades: é tesoureiro do Rotary Club de Santana de Parnaíba Centro Histórico, síndico do condomínio e ainda faz algumas perícias técnicas na área de mecânica e eletricidade, sua especialidade. “Na minha idade, é comum as pessoas olharem para meu passado, mas prefiro olhar pra frente e usar as experiências para os próximos passos. Procuro todos os dias saber como posso melhorar, em vez de ficar reclamando e achando que está tudo errado.”

Morador de Alphaville há 26, Hermann é casado há 53 anos, tem três filhos e quatro netos – suas paixões. “Uma é médica e a outra está se formando. Os outros dois ainda são moleques, 10 e 2 anos (risos). Eles sempre estão aqui ou eu vou à casa deles” diz, orgulhoso.

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DIVULGAÇÃO

• NOTÍCIAS REGIONAIS, ROTEIROS E ENTRETENIMENTO •

ENTREVISTA

Bradesco revela detalhes de megaempreendimento e passarela pág. 2B

ROTEIRO

Passeios para aproveitar em um dia inteiro pág. 6B

BARUERI 66+

Reunimos razões para investir, empreender, curtir e acreditar na cidade que faz aniversário neste mês pág. 14B

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entrevista

Bradesco

BRADESCO ENTREGA PREDIO E PASSARELA Grupo bancário apresenta projeto de contrapartida pela construção de um megaempreendimento na região do 18 do Forte, em Alphaville por Gabriela Ribeiro e Thais Sant’Ana, com colaboração de Ronaldo Mendes foto Zé Gabriel

ESTÁ previsto para setembro de 2015 o início das operações no novo prédio do Bradesco Seguros em Alphaville, cuja construção está sendo finalizada. Localizado na avenida Andrômeda, no 18 do Forte Empresarial, ele terá 18 andares e seis subsolos, com cerca de mil vagas de estacionamento, distribuídos em 65 mil m2, e vai abrigar uma área de serviços, com consultórios e restaurantes, além de duas agências do banco, uma loja de serviços para segurados e um café 24 horas. O conselheiro de administração José Alcides Munhoz; o vice-presidente do Grupo Bradesco e presidente do Bradesco Seguros, Marco Antonio Rossi; e a diretora da BSP Empreendimentos Imobiliários, a empresa de negócios imobiliários do grupo Bradesco Seguros, Thais Polegato Castelan, concederam uma entrevista exclusiva à VERO para

apresentar a contrapartida do projeto: uma passarela de estrutura metálica para pedestres, prevista para ser entregue também em setembro. O que é a contrapartida que o Bradesco está entregando? ROSSI: A primeira contrapartida para a cidade é que estamos centralizando todas as operações da Bradesco Seguros, que é a maior seguradora do Brasil, em Alphaville. Antes tínhamos uma operação fragmentada: uma parte na Cidade de Deus, outra na Paulista e outra no Ipiranga – e uma pequena em Alphaville. Todas essas operações passam, agora, a operar em Alphaville, com exceção das que ficam no Rio de Janeiro. E o bairro ganha muito com isso. Vamos fazer também a passarela que faz a ligação do prédio com o outro lado da rua – na Andrômeda –, onde já existe o Centro de Tecnologia do Bradesco. THAIS: É natural também

Thais Polegato, José Alcides Munhoz e Marco Antonio Rossi: prédio e passarela vão gerar oportunidades e acessibilidade

que, com uma empresa desse tamanho – 2.800 funcionários –, haja geração de oportunidades. Com a centralização de todas as operações, vai haver também transferência de mão de obra que já está alocada em outros locais... Mesmo assim vai haver geração de trabalho local? ROSSI: Desde o momento em que decidimos ir para Alphaville, já começamos a contratar pessoas da região. Toda contratação vinha com

preferência por pessoas que já estivessem lá. Mais contratações vão acabar acontecendo, daqui para a frente, naturalmente. Têm uma previsão de quantas pessoas no prédio são colaboradores da região? ROSSI: Acho que hoje devem ser uns 30%, mas com o tempo isso vai mudar. Se considerarmos Osasco como região, esse porcentual sobe significativamente, deve ser mais de 50%.

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Isso vai atrair bastante gente para a região, e vocês estão entregando justamente uma passarela de pedestres como contrapartida. Acham que isso pode estimular as pessoas da região a andar mais pelo bairro? THAIS: A principal função da passarela é essa. É estimular que as pessoas andem a pé na região. Inclusive as pessoas que moram ali nos residenciais mais próximos. MUNHOZ: Acho que ali, na pequena região, sim. Desde que não dependa só de nós, mas que tenha uma infraestrutura da prefeitura, para que as pessoas possam se deslocar a pé. Mas grande parte da população do bairro se locomove de carro. Estão prevendo isso? ROSSI: Sim, no edifício são 18 andares, com seis subsolos para garagem e mil vagas para trabalhadores e visitantes. Além disso, temos, do outro lado da rua, nosso Centro de Tecnologia, que tem mais espaço para estacionamento. E como fica a questão do trânsito? ROSSI: Nós estamos preocupados com o bem-estar dos colaboradores, além do trânsito na cidade, por isso, também teremos uma rede de fretados para locomoção das pessoas, a fim de reduzir o fluxo de carros. Outro ponto que estamos trabalhando é ter horários fracionados para entrada e saída dos funcionários. MUNHOZ: E também, no horário de pico, em qualquer lugar do Brasil tem trânsito. Mas vamos procurar eliminar um pouco disso com os horários fracionados. E nosso prédio tem uma vantagem muito grande: você não precisa passar pelo centro de Alphaville, você vai pela Via Parque... tanto para entrar como para sair.

Voltando um pouco à passarela: quantas pessoas vão se beneficiar dela? ROSSI: É difícil falar. Mas só do Bradesco serão cerca de 6.000 pessoas. Três mil que já trabalham hoje no Centro de Tecnologia, mais 2.800 que estamos movendo para o novo prédio. Fora os moradores e transeuntes da região... Então, ela não será exclusiva para os funcionários? ROSSI: Não. Será aberta a toda a população. A questão da sustentabilidade foi levada em conta na hora de elaborar o projeto? THAIS: Sim, com certeza. O prédio é a última geração de sustentabilidade possível. A gente tem também a maior certificação existente, que é Gold. Para se ter uma ideia, a média de consumo do prédio será de 15% a menos que o normal. Tudo foi pensado para aproveitar a iluminação natural, evitar o aquecimento desnecessário, entre outras coisas. Também temos toda a infraestrutura de bicicletário, vestiário, tudo o que é necessário em um prédio sustentável. E ainda tem o reúso da água.

E em relação à segurança... temos a impressão de que a calçada vai ser muito estreita. THAIS: Está tudo dentro do padrão de segurança. Também vamos ter um guard-rail na calçada para direcionar o fluxo de pedestres para a passarela, para que não haja ninguém cruzando a pé. Mas o recuo é um recuo padrão, é até um pouco maior... Essa impressão é causada pelo tapume. Quando estiver aberto, vai dar pra perceber melhor. Quando foi iniciada a obra? Qual a previsão de entrega? ROSSI: Começou no início de 2012. A previsão de nos mudarmos para lá é antes de a primavera chegar, no início de setembro. A obra deve estar pronta no fim de maio, começo de junho. A passarela, em agosto. Mas mudança não é fácil... Como estão sendo os turnos de trabalho dessa obra? Tivemos reclamações de barulho fora do horário permitido... ROSSI: Nós estamos com um grande número de funcionários trabalhando no local, proporcional ao tamanho do prédio. Não recebemos nenhuma reclamação. Mas o ritmo é intenso, e também, quanto mais

rápido terminar, maior o ganho para a região. Acho que um ponto crítico que nós superamos muito bem foi a questão de concretagem. Fizemos uma operação de guerra para não atrapalhar o trânsito. E o nível de concretagem era muito grande, você não imagina o tamanho do buraco... O nível de ruído para a população foi mínimo. Têm uma estimativa de quanta economia para a cidade a mudança do Bradesco Seguros vai gerar? ROSSI: Em termos de estatísticas, não temos. Acho que o dado maior é: somos a maior seguradora da América Latina. Arrecadamos mais de R$ 56 bilhões por ano. A previsão deste ano é faturar mais de R$ 60 bilhões. É uma empresa que atua praticamente em todas as áreas de seguro, enfim, acho que é difícil ter uma empresa maior do que a nossa. Talvez, seja a maior empresa de Alphaville... MUNHOZ: Entre as prestadoras de serviço talvez seja a maior empregadora do município... Talvez nem as fábricas tenham tantos empregados. Imagina que esse pessoal almoça lá, consome lá... isso vai gerar muita renda.

PERSPECTIVA DO PRÉDIO

O PROJETO ºDe estrutura metálica, a

passarela vai ter 24 m de extensão por 2,5 m de largura, além de dois elevadores acessíveis ºO novo prédio terá 18 andares, seis subsolos e mil vagas de estacionamento ºO prédio vai abrigar, de um lado, todas as operacões da seguradora, uma agência de varejo e outra do segmento prime e um BAC (Bradesco Auto Center) - loja para atendimento dos segurados; e do outro lado, cinco restaurantes, um café, uma academia, lojas de conveniência, como lavanderia, cabelereiro e consertos, além de 18 consultórios.

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coquetel

novidades da região

POR DENTRO DO ORGÂNICO

Quem nunca esteve no OrgâniCo Working, espaço de trabalho compartilhado no Alpha Square Mall, agora, pode conhecê-lo de sua própria casa. É que o local conta com o sistema Business View, que permite que você faça um passeio virtual por fotos em 360o – a mesma tecnologia do Street View – apenas acessando o site do espaço. Se você gostou da ideia, no dia 19 de março, às 20h, acontece uma palestra gratuita com Kênia Hernandes, que trabalha com o sistema desde 2012. Mais informações na página 98.

FOTOS DIVULGAÇÃO/SHUTTERSTOCK

ALPHA SQUARE MALL – AV. SAGITÁRIO, 138 – 1OO ANDAR – LOJA 72 ALPHAVILLE CONDE II – (11) 2424-1010 – ORGANICOWORKING.COM.BR

ORIENTE-SE

Para facilitar a vida de quem circula pelo Centro Comercial Alphaville, a empresa lançou um aplicativo pelo qual é possível acessar o mapa do local, ver os estabelecimentos por ordem alfabética ou por segmento, checar a agenda de eventos e muito mais. O app pode ser utilizado em tablets e smartphones com os sistemas Android e iOS. CENTRO COMERCIAL ALPHAVILLE (11) 4196-6560 CENTROCOMERCIAL.COM.BR

CUIDADOS COM OS PETS

A DrogaVET, farmácia de manipulação veterinária, acaba de abrir sua primeira unidade em Alphaville. Entre os produtos oferecidos estão biscoitos medicamentosos, emulsões, pastas orais e xaropes, em sabores como picanha, peixe e bacon. Além da loja fixa, é possível realizar os pedidos por e-mail (alphaville@drogavet.com) ou pelo aplicativo da empresa, disponível na App Store e Google Play. CALÇ. ARCTURO, 12 – CENTRO DE APOIO II (11) 4152-4559 – DROGAVET.COM

PRIMEIRO ALPHA DECOR NO IGUATEMI

A primeira edição da mostra de decoração Alpha Decor acontece de 19 de março a 6 de abril no Iguatemi Alphaville. A exposição contará com nove propostas criativas, realizadas por arquitetos e designers de interiores, como Breno Santiago e Maria Glória Battista, nos mais variados ambientes. IGUATEMI ALPHAVILLE (11) 2078-8000 IGUATEMIALPHAVILLE.COM.BR

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FALANDO DE NEGÓCIOS

O escritor, consultor financeiro e professor Gustavo Cerbasi vai estar no Auditório Alphaville, do Centro Comercial, para realizar a palestra “Escolhas Inteligentes para sua Vida e seus Negócios”. O evento acontece no dia 26 de março, às 19h. Ganha o ingresso quem levar até o dia 25, no local do evento, um ovo de Páscoa de 100 g a 200 g (industrializado). Os ovos arrecadados serão doados para as entidades “Tenda de Cristo” e “Lar Amor ao próximo”, de Carapicuíba. CALÇ. FLOR DE LÓTUS, 78 CENTRO COMERCIAL ALPHAVILLE (11) 4196-6560 CENTROCOMERCIAL.COM.BR

MENU COMPLETO, A PREÇO FIXO, NO IGUATEMI

SHOW DE BLUES

Para os admiradores da boa gastronomia, uma boa notícia: até 22 de março, restaurantes do Iguatemi Alphaville oferecem menu completo, com entrada, prato principal e sobremesa, por R$ 59, no período do jantar. As casas participantes são Almanara, Galeto’s, General Prime Burguer, Nagarê, Pirajá, Pobre Juan e Ráscal.

O pub The Black Horse recebe, nos dias 27 e 28 de março, o bluseiro Breezy Rodio – reconhecido nas casas de show de Chicago. Serão dois pocket shows, um em cada dia, e depois ele segue sua turnê pelo Brasil e Argentina. Os ingressos são limitados e custam R$ 50 por pessoa (com direito a uma Heineken).

IGUATEMI ALPHAVILLE – (11) 2078-8000 IGUATEMIALPHAVILLE.COM.BR

GLADSTONE CAMPOS/REALPHOTOS

AV. COPACABANA, 148 – 18 DO FORTE EMPRESARIAL ALPHAVILLE (11) 4208-5038 THEBLACKHORSE.COM.BR

30 ANOS DE PIZZA

Em comemoração ao seu aniversário de três décadas, a Soggiorno reformulou o cardápio e lançou mais sete pizzas de sabores diferentes. Algumas das novas delícias são a Pescara, com cream cheese, salmão defumado, alho-poró e molho tarê, e a Spettacolare, que vem com cream cheese, calabresa artesanal pré-assada, lascas de pimentão colorido, alho picado e salpicada com manjericão. AV. VÊNUS, 92 – CENTRO DE APOIO II – ALPHAVILLE – (11) 4153-6453 CALÇ. FLOR DE LÓTUS, 55 – CENTRO COMERCIAL ALPHAVILLE – (11) 4195-3140

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THIAGO LEITE/SHUTTERSTOCK

R TEIRO

Jacyara Azevedo, jornalista, foi editora da VERO e dos roteiros da Veja Comer & Beber. Moradora de Alphaville desde 1982, ela divide aqui os endereços mais bacanas na região e em São Paulo.

PASSEIOS DE UM DIA

Com opções culturais variadas, Avenida Paulista vale ser conferida do Paraíso à Consolação

Pra curtir um dia inteiro

Para aproveitar o fim do verão, reunimos passeios na capital e no interior que ocupam da manhã até a noite. Confira!

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ATÉ 50 KM DAQUI AVENIDA PAULISTA

Esqueça o terno e a gravata costumeiros neste cartãopostal de São Paulo. Dá para passar o dia desvendando os 2,8 km de extensão da avenida. De uma ponta à outra, há cinemas como o Reserva Cultural (nº 900), que tem uma ótima boulangerie; o Masp (nº 1.578), um dos museus mais importantes do país, com um acervo que inclui obras de Van Gogh, Goya e Anita Malfatti; além de centros culturais repletos de programação, a exemplo do Itaú Cultural (nº 149) e da Casas das Rosas (nº 37), dedicada à literatura – um dos poucos casarões sobreviventes na via, datado de 1935, que pertenceu à família Ramos de Azevedo. Os passeios a pé são os mais indicados para percorrer tudo. Quando cansar, faça uma pausa na sombra de uma árvore do Parque Trianon (altura do nº 1.700) ou no ar condicionado da irresistível loja da Fnac (nº 901).

AQUÁRIO DE SÃO PAULO + PARQUE DA INDEPENDÊNCIA

Em tempos de falta d’água, pode ser um alívio encontrar 2 milhões de litros acumulados em mais de 30 tanques com cerca de 300 espécies de peixes. O maior deles serve de morada para habitantes como um tubarão Mangona, que tem 3 metros de comprimento. Outro gigante morador está no setor dos mamíferos: um peixe-boi da Amazônia, que pesa 450 kg. O passeio

no aquário rende quase o dia todo, mas, saindo de lá, ainda no bairro do Ipiranga, dá para estender até os magníficos jardins do Museu do Ipiranga. Conhecido como Parque da Independência, o local continua aberto ao público, apesar das obrasde restauração do museu – ainda sem previsão de reabertura. No mesmo endereço encontra-se a Casa do Grito, retratada na tela “Independência ou Morte” encomendada por Pedro II ao artista Pedro Américo. Uma

CAMINHO DO SOL DE BIKE

Se ainda não teve tempo ou disposição para encarar o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, eis uma alternativa mais modesta. Este trajeto de 240 km, com ponto de partida em Santana de Parnaíba, pode ser feito a pé, de bicicleta ou a cavalo – de bike o percurso total pode durar quatro dias, mas é possível fazer um trecho em apenas um dia. Você escolhe a data de partida e se quer pedalar até Pirapora (14 km o trajeto de ida), Cabreúva (36 km o trajeto de ida) ou o Armazém

R. Huet Bacelar, 407, Ipiranga, São Paulo, 22735500. 9h/18h. R$ 45 (R$ 35, crianças entre 3 e 12 anos). aquariodesaopaulo.com. br Parque daIndependência, s/nº, Ipiranga, São Paulo, 2273-4390. 5h/21h. Grátis. Mais informações: mp.usp.br e museudacidade.sp.gov.br/ casadogrito

FLICKR/KARLOS LEONARDO/CC

Av. Paulista, s/nº, São Paulo. Mais informações: reservacultural.com.br, masp. art.br, novo.itaucultural.org.br, casadasrosas.org.br e fnac.com.br

curiosidade: a construção de pau a pique data de meados do século XIX e, na verdade, não fez parte do cenário da proclamação da independência.

do Limoeiro, na divisa com Itú (63 km até lá). O passeio segue por estradas asfaltadas, de terra e trilhas entre canaviais. Em um dia, uma boa pedida é sair às 7h do Centro Histórico, pedalar até Pirapora e subir o Morro do Cruzeiro, para uma visão da cidade, depois, seguir pela estrada de Cabreúva até a praça matriz da cidade – nela há uma padaria muito gostosa para um merecido

lanchinho. Se encarar mais 27 km, na fronteira com Itú fica o Armazém do Limoeiro, conhecido pelo sanduíche de mortadela e pelas apresentações musicais de cururu aos domingos. Antes da aventura, é preciso assistir a uma palestra de orientação e pagar uma taxa de inscrição, que inclui passaporte, guia impresso e descontos em pousadas.

caminhodosol.org

CIDADE UNIVERSITÁRIA

Confira a previsão do tempo. Em um dia ensolarado, o ponto de partida pode ser o mais óbvio: uma caminhada, corrida ou pedalada pelas principais avenidas da Universidade de São Paulo. Aos sábados o movimento é maior, em especial na Professor Lineu Prestes e na Professor Mello Moraes – esta última margeia a afamada Raia Olímpica de Remo da USP, onde você 2015 | MARÇO | LOCAL VERO | 7B

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roteiro

passeios de um dia

pode procurar por um dos clubes associados e agendar uma remada. Um piquenique em um dos gramados do campus vai bem para coroar a sessão esportiva. Entre as diversas atrações culturais disponíveis, vale conhecer a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. O espaço, aberto até às 13h do sábado, abriga mais de 50 mil títulos garimpados ao longo da vida do empresário, que formou, até sua morte, em 2010, aos 95 anos, a mais importante biblioteca particular do país.

EMBU DAS ARTES

um lanchinho (Rua Nossa Senhora do Rosário, nº 64).

Incorporado oficialmente a partir de 2011, o sobrenome tem razão de ser. Artesãos locais se reúnem desde 1969 no largo da igreja para vender seus trabalhos. Sempre aos finais de semana, a feirinha ocupa praticamente todas as ruelas do Centro Histórico. São cerca de 800 expositores vendendo itens a perder de vista (plantas secas, velas, bijuterias, antiguidades...). Ali também estão lojas de decoração de encher os

Basta folhear revistas especializadas para encontrar um dos endereços queridinhos de arquitetos e designers de interiores. Desde 1982 a

olhos. Na Anos Dourados, os móveis coloniais são a especialidade (Largo 21 de abril, nº 73). Como sugere o nome, a Tenda dos Tapetes tem produtos importados, além dos feitos de tear e sisal (Rua Nossa Senhora do Rosário, nº 25). Quando bater a fome, o Empório São Pedro tem cardápio franco-italiano (Viela das Lavadeiras, casas 28 e 75). Mistura de loja de móveis e café, o Florbela é o endereço mais charmoso para

feirinha, sempre aos domingos, arma suas barracas com um pouco de tudo. São móveis de época, livros, discos, joias, relógios e óculos de sol vintage, além de um espaço para brechós. Para o almoço, a região abriga o tradicional restaurante Gigetto e a cantina Capuano, a mais antiga em funcionamento da cidade, inaugurada em 1907. Nas imediações também ficam muitos teatros, como o Sérgio Cardoso e o Oficina.

Rod. Régis Bittencourt, km 279 e 282. Mais informações: embudasartes. tur.br, anosdourados.com.br, loja.tendadostapetes.com.br, emporiosaopedro.com.br e florbelamoveis.com.br

FEIRA DO BIXIGA

Av. Prof. Almeida Prado, 1280, Butantã, São Paulo, 3091-4600/4607. Mais informações: usp.br, raiaolimpicaderemo.com. br/raia-olimpica-da-usp, brasiliana.usp.br

DAY SPA HILTON SÃO PAULO MORUMBI

Bloqueie a agenda por um dia para sentir a cidade do ponto de vista de um turista (e, de quebra, fazer um agradinho em causa própria). Um dos poucos a não atrelar o serviço de day use à hospedagem em um quarto, o hotel Hilton permite o uso do 28º andar a visitantes. Não é pouco. Com vista de tirar o fôlego para a Ponte Estaiada, a piscina climatizada pode ser utilizada durante todo o período – de segunda a sexta, das 6h às 22h (R$ 105), e aos sábados, domingos e feriados, entre 9h e 19h (R$ 85). O cliente ainda usufrui das instalações da sauna seca, hidromassagem e academia. Além dos aparelhos de musculação, durante a semana dá para frequentar as aulas disponíveis na grade. Toalha e armário estão inclusos no pacote. Não é preciso agendar, basta se apresentar na recepção.

Av. das Nações Unidas, 12.901, Brooklin, São Paulo, 2845-0000. 6h/22h (sáb. e dom., 9h/19h). hiltonmorumbi.com.br/ entretenimento

Tem também a quadra da escola de samba Vai-Vai, com ensaios abertos ao público nas semanas que antecedem o desfile.

Praç. Dom Orione, s/nº, Bela Vista, São Paulo. Dom., 8h/18h. Mais informações: 3256-9804 (Gigetto), cantinacapuano.com. br, teatrosergiocardoso.org.br, teatroficina.com.br e vaivai.com.br

FUNDAÇÃO EMA KLABIN

Passando de carro pela Avenida Europa, olhos desatentos talvez não percebam a surpreendente construção da década de 1950. Encomendada especialmente para abrigar as obras da colecionadora, mecenas e empresária Ema Gordon Klabin, a casa-museu de 900 m² possui acervo com mais de 1.500 obras, entre pinturas do russo Marc Chagall, mobiliário e peças decorativas. Visitas monitoradas (agende com antecedência) dão a chance de percorrer o espaço, além do jardim assinado pelo paisagista Burle Marx. A fundação mantenedora também promove uma lista de atividades culturais e educativas, entre elas, apresentações musicais, cursos e oficinas. Atravesse a avenida e almoce no envidraçado Chez Mis, com vista para o bonito jardim nos fundos do Museu da Imagem e do Som – que voltou a fazer parte do circuito dos paulistanos com a megaexposição “Castelo Rá-Tim-Bum, A Exposição”, encerrada em janeiro. Termine o passeio caminhando pelas luxuosas vitrines de carros da Lamborghini, Jaguar, Maserati, Aston Martin, entre outras.

R. Portugal, 43, Jardim Europa, São Paulo, 3062-5245. emaklabin.org.br Mais informações: chezmis.com.br e mis-sp.org.br

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KINKAKU-JI

Destino certo para fugir do roteiro mais óbvio, a apenas 37,2 km de Alphaville dá para conhecer uma réplica do icônico Templo do Pavilhão Dourado construído em Kyoto, no Japão. Como a original, a edificação está instalada sobre um lago repleto de carpas coloridas. Aberta para visitação, costuma realizar rituais ecumênicos, como batizados, casamentos e até cerimônias fúnebres pós-cremação – assim como acontece em muitos templos japoneses. O passeio inclui uma boa caminhada por bem cuidados (e íngremes) jardins ornamentais, beber água limpíssima de uma nascente, playground para crianças e quiosques com mesas de alvenaria. Embora não tenha lanchonetes, fica a dica para levar um lanchinho. Também abriga um templo budista, o Enko-ji, onde é possível meditar sob a orientação de um monge.

DIVULGAÇÃO

R. Camarão, 220, Chácara das Palmeiras, Itapecerica da Serra (acesso pela Rod. Régis Bittencourt, Km 285),

4666-4895. 9h/17h (fecha seg. e ter.). R$ 5. kinkakuji.com.br

MOCOTÓ

Ao pé da letra, este não seria exatamente um programa de um dia. Mas pode virar, sem muito esforço. Comandado pelo premiado chef Rodrigo Oliveira, o restaurante fica na Zona Norte de São Paulo. Nos fins de semana, a espera leva cerca de uma hora e meia. Nada que não valha a pena diante dos pratos típicos da culinária do sertão nordestino, caso do torresmo de pele fininha e crocante (R$ 5,90 a unidade) e do baião-de-dois, feijão com arroz incrementado com queijo-de-coalho, linguiça, bacon e carne-seca (R$ 18,90 a porção pequena). Para a sobremesa, o cremoso sorvete de rapadura recebe melado de cana e pedaços do doce (R$ 12,90). Se a fartura do endereço fundado em 1973 pelo pernambucano José Oliveira de Almeida, pai de Rodrigo, não bastar como argumento, colado nele fica o Esquina Mocotó (nº 1.104). Inaugurada em 2013,

na nova casa preparam-se invenções mais autorais – sem abandonar as raízes do agreste. Em qualquer um dos endereços, depois de degustar o manjar dos deuses, certamente você vai querer fazer uma sesta no restante da tarde.

Av. Nossa Senhora do Loreto, 1.100, Vila Medeiros, São Paulo, 2951-3056. 12h/23h (sáb., a partir das 11h30; dom. e feriados só almoço 11h30/17h; fecha seg.). mocoto.com.br e esquinamocoto.com.br

MOSTEIRO DE SÃO BENTO + PÁTIO DO COLÉGIO

Você não precisa ser religioso para conhecer dois marcos da capital paulista. Escolha um domingo e comece assistindo à missa das 10h no Mosteiro de São Bento, a única na semana embalada tanto pelo coral de canto gregoriano quanto pelo som do impressionante órgão de 7.000 tubos da basílica. Se puder, vá especificamente no último domingo do mês, quando o monastério que hospedou o papa Bento XVI

DE 50 KM A 100 KM HOTEL FASANO FAZENDA BOA VISTA

Para quem procura uma experiência impecável não muito longe de casa, este endereço da centenária grife ítalo-paulistana está erguido dentro de um condomínio ultrassofisticado no km 102,5 da Castelo. Há, ao menos, três maneiras para conhecêlo: você pode se hospedar por um dia, durante a semana (a partir das sextas, só são vendidos pacotes para duas diárias), fazer uma refeição nos restaurantes com cardápio dos superchefs Salvatore Loi e Laurent Suaudeau ou contratar,

em 2007 abre as portas de seu refeitório para um disputado brunch a partir do meio dia – oportunidade rara de espiar parte das dependências do complexo de 20 mil m². São os próprios monges quem preparam sofisticadas iguarias seculares. A refeição tem de ser reservada com antecedência. Os pães, os bolos e os doces também são vendidos no balcãozinho da padaria. Aproveite que já está no Centro e estique até o Pátio do Colégio, onde o povoado de São Paulo de Piratininga foi fundado, em 1554. Além da igrejinha, ele abriga o Museu Padre Anchieta – que tem uma maquete da cidade do século XVI –, uma parede de taipa de pilão original de 1585, uma cripta subterrânea de 1757 e um charmoso café.

Largo de São Bento, s/nº, Centro, São Paulo, 3328-8799. 6h/18h (qui., 6h/8h e 14h/18h; sáb. e dom., 6h/12h e 16h/18h). Ingressos para o brunch: 2440-7837. mosteiro.org.br. Praça Pátio do Colégio, 2, Centro, São Paulo, 3105-6899. 9h/16h30 (fecha seg.). pateodocollegio.com.br

de segunda a sexta, um dos serviços de Day Spa. Assinado pelo renomado arquiteto brasileiro Isay Weinfeld, o hotel tem 39 quartos (de 60 m² a 180 m²), todos com vista panorâmica para o vale. São mais de cem alqueires de mata nativa, 15 lagos, bosques, jardins e alamedas com árvores de mais de 50 anos, além de campos de golfe, polo, equitação, quadras de tênis, de futebol e poliesportivas, kids club e fazendinha. Rod. Presidente Castello Branco, km 102,5 (sentido São Paulo), Porto Feliz, (15) 3261-9900. fasano.com.br

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roteiro

passeios de um dia

JUQUITIBA

Tenha no carro roupa e calçado extras. A principal atividade é o rafting nas corredeiras do Rio Juquiá. Leva cerca de duas horas e meia para descer os 5 km do rio a bordo de um bote, com direito a corredeiras e algumas quedas – sim, você vai ficar encharcado. A aventura costuma ser realizada nas manhãs de sábado, domingo e feriados – mas com um grupo mínimo de cinco pessoas dá para agendar durante a semana (e até de noite!). Uma das referências em esportes de aventura no estado, a cidade oferece ainda tirolesa, arvorismo e caminhadas pelas trilhas do Parque Estadual da Serra do Mar. Há pacotes especiais que incluem todas elas ao longo de um dia.

Estação Alto da Serra, ponto de chegada dos visitantes, erguido em 1898. Crianças vão gostar da Maria Fumaça, que percorre cerca de 1,5 km. Em estilo vitoriano, o Museu Castelo fica no alto de uma colina. Cercado pela Mata Atlântica, o destino também oferece um roteiro para trilhas. O embarque de volta ao século XXI é às 16h30. Estação da Luz, Praç. da Luz, s/nº, Bom Retiro, São Paulo. cptm.sp.gov.br/ Expresso-turistico/parana

Nem tente imaginar: são aproximadamente seis minutos no ar, e, nos primeiros 50 segundos, a queda é totalmente livre, podendo atingir 200 km/h – tudo devidamente registrado, caso contrate o serviço extra. Várias empresas instaladas no próprio Centro Nacional organizam aulas e saltos. Também há passeios de balão. Duas das escolas mais conhecidas: Escola Brasileira de Paraquedismo e

Rod. Régis Bittencourt, km 326. juquitiba-sp.com

PARANAPIACABA

Como o protagonista do filme Meia-noite em Paris, você vai se sentir viajando no tempo. O passeio, aos domingos, começa pontualmente às 8h30, na Estação da Luz. Sim, a ideia é ir de trem até a vila de alma inglesa (na composição de dois carros de aço puxados por uma locomotiva a diesel, a atmosfera lembra os anos 1950). O trajeto de 48 km no chamado Expresso Turístico dura uma hora e meia, cortando a região do AB em direção à Serra do Mar. Parte do distrito de Santo André, muito da pequena cidade remete à Inglaterra de antigamente. Fundada para abrigar os funcionários da São Paulo Railway – companhia inglesa que construiu a primeira ferrovia paulista –, ainda exibe construções de arquitetura típica, que abrigam lojas, museus e poucos restaurantes. Entre os destaques, o relógio da

170 km. O Balneário Municipal tem origem no século XIX, quando tropeiros em busca de ouro na região notavam que, ao se banharem nas águas das fontes minerais, seus ferimentos e o de seus cavalos melhoravam. A Praça Adhemar de Barros concentra jardins projetados por Burle Marx, pedalinhos no lago e pontos de partida para o trenzinho, as charretes e o passeio de jipe batizado Circuito das Montanhas, com as melhores paisagens dos arredores da cidadezinha (incluindo o Morro do Pelado, a 1.400 m de altitude). Na Estrada Morro Pelado, fica o Ponto de Cavalos, que organiza passeios curtos ou com horas de duração. Se bater a preguiça de voltar no mesmo dia, a maioria dos hotéis oferece estrutura de lazer robusta e sistema de pensão completa. A cidade integra o Circuito das Malhas e tem lojinhas interessantes no Centro.

Rod. Engenheiro Constâncio Cintra (SP360), também conhecida como Rodovia das Águas. aguasdelindoia.com.br

FÁBRICA DE CHOCOLATES NESTLÉ

SALTO DE PARAQUEDAS EM BOITUVA

Daquelas experiências que só se sabe fazendo, este é o endereço para quem quer ver o mundo de outro ângulo. A cidade tem o único aeroporto do Brasil dedicado exclusivamente à prática do esporte, o Centro Nacional de Paraquedismo. Iniciantes saltam presos a um instrutor (o chamado salto duplo), de uma altura de 4.000 metros.

Queda Livre.

Rod. Presidente Castello Branco, km 116 (trevo Boituva-Iperó). Mais informações: boituva.sp.gov.br, ebparaquedismo.com.br e quedalivreparaquedismo.com.br

ACIMA DE 100 KM ÁGUAS DE LINDOIA

Com alguma disposição, encare a estrada rumo à estância hidromineral – são cerca de

Seu filho não precisa encontrar um bilhete dourado escondido em uma barra de chocolate para visitar uma fábrica de verdade – se ainda não assistiu ao remake de A Fantástica Fábrica de Chocolates, do diretor Tim Burton, chegou a hora. Localizada em Caçapava, no interior de São Paulo, a Nestlé abre os portões de sua linha de montagem nas manhãs de sábado. Durante cerca de uma hora e meia, grupos de até dez pessoas fazem o Tour Nestlé Chocolover, um percurso de 11 etapas ao longo de 1,2 km. Desde a floresta cacaueira, passando pela preparação da mistura, moldagem e recheio, tudo é ambientado

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roteiro

passeios de um dia

com painéis interativos, sonorização e exibição de filmes com a história dos principais produtos da marca, caso do Alpino e Suflair. O programa termina dentro de uma loja que tem todos os chocolates da empresa. Ali os visitantes podem, por exemplo, selecionar os bombons que querem colocar na Caixa de Especialidades. Em tempo: o passeio deve ser agendado pelo site da empresa, que aceita crianças a partir dos 6 anos. Não há transporte até a fábrica.

Barros, km 141 (sentido Mogi-Mirim). Mais informações: portaldeholambra.com.br, theosturismo.com.br e zoet-en-zout.com.br

SANTOS

Nem só do clima retrô vive a maior cidade do litoral paulista. Com ótimas atrações, bares e restaurantes, fica a pouco mais de 100 km daqui e vale a viagem. Comece com uma caminhada pelo imponente jardim que

o estádio popularmente conhecido por Vila Belmiro tem visitas monitoradas nos dias em que não há jogo. A molecada adora o passeio de 40 minutos no bondinho funicular pela região do Centro Histórico. Saltando, o suntuoso edifício do Museu do Café tem uma premiada cafeteria. O programa pode incluir o bairro do Gonzaga, que concentra na Avenida Ana Costa boas compras na cidade. Antes de subir a

Av. Henry Nestlé, 1.800, Caçapava (acesso pela Rod. Carvalho Pinto, km 111), 0800 770-2411 e 2145-0845. Sáb., 8h/11h. R$ 10,00 por pessoa (somente em dinheiro). nestle.com.br/site/anestle/ visita-fabrica.aspx

HOLAMBRA

O sotaque estrangeiro ainda habita as ruas do município da década de 1950. A influência holandesa escapa na arquitetura e nos restaurantes e docerias. As casinhas coloridas são um encanto à parte. Logo na entrada, no Portal Turístico, retire o folder Roteiro Gastronômico com sugestões de estabelecimentos entre restaurantes, choperias, cafés e confeitarias. Campeã na produção de flores, a cidade tem floriculturas e propriedades abertas para visitação o ano todo – o mais fácil é contratar uma agência de turismo para um tour. Não deixe de fazer uma caminhada ao redor do lago Vitória Régia, no centrinho. Encerre a tarde na Zoet en Zout, também conhecida como Confeitaria do Lago, cujas vitrines exibem deliciosas receitas típicas, a exemplo da bolacha crocante com especiarias na massa. Rod. Governador Doutor Adhemar Pereira de

margeia boa parte dos 7 km de praia. Outra opção, a extensa ciclovia também acompanha os belos canteiros, que exibem cerca de 90 espécies de plantas. Dá para alugar a bike nas estações do sistema Bike Santos. Para fãs do futebol, o Museu Pelé abriu as portas às vésperas da Copa do Mundo de 2014 e, como sugere, percorre a trajetória do ídolo. Palco de clássicos do Santos Futebol Clube,

serra, não deixe de ver o pôr do sol no Deck do Pescador (Av. Bartolomeu de Gusmão, em frente ao nº 192), construção de 70 metros de comprimento que avança 35 metros sobre o mar.

Rod. Anchieta, s/nº. Mais informações: turismosantos.com.br, vivasantos.com.br, mobilicidade.com.br/ bikesantos, museupele.org.br e santosfc.com.br/vila-belmiro

SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO

Um casarão cercado de montanhas, um riacho de águas limpas e transparentes onde nadam peixinhos... Na zona rural de Monteiro Lobato, a cerca de 150 km daqui, a criançada conhece o lugar que inspirou o escritor a criar suas fantásticas histórias – ele viveu na propriedade entre 1911 e 1917. Em um dos 19 cômodos da casa (que tem cinco metros de pé-direito), fica a antiga biblioteca onde o autor guardava seus livros. A cachoeira onde Narizinho casa-se com um príncipe também está na fazenda. Hoje abriga um quintal com galinha, garnisé, pato, ganso, marreco e outros animais, lago para pesca, campo de futebol, piscina natural, atelier e uma pequena loja de doces e biscoitos artesanais e orgânicos. Aos finais de semana e feriados, pode-se passar o dia no sítio. A visita inclui almoço com sobremesa e refresco (R$ 40, adulto; R$ 25, crianças de 8 a 12 anos; R$ 10, entre 4 e 7 anos).

Estr. Municipal Monteiro Lobato, 8.000, Monteiro Lobato, (12) 99733-8999 e (12) 99711-3748. 9h/17h. overdadeirositiodopica pau.com.br

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Barueri 66+

aniversário da cidade

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RAZÕES PARA... CURTIR, EMPREENDER, INVESTIR E VIVER EM

BARUERI À parte o cenário político, motivos não faltam para acreditar na cidade que completa 66 anos neste mês

FOTOS DIVULGAÇÃO

por Gabriela Ribeiro

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CICLOFAIXA AOS DOMINGOS

Com mais de três quilômetros de extensão, abrangendo a Via Parque e a Av. Doutor Dib Sauaia Neto, na pista que margeia o Rio Tietê, a ciclofaixa de Alphaville é a melhor opção para os ciclistas de fim de semana. Atualmente, ela funciona todos os domingos, das 7h às 13h.

7 ALDEIA DA SERRA

Assim como Alphaville, o bairro de Aldeia da Serra foi idealizado pelo engenheiro Yojiro Takaoka, nos anos 80. A diferença é que o conceito aqui é de não ter indústrias – apenas residências e algum comércio local. Talvez seja por conta disso que o bairro conseguiu preservar as características de interior, como os lagos, os passarinhos, além do clima serrano – este último se deve aos mil metros de altitude.

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ROTAS PARA BIKE

A cidade vai implantar, a partir deste ano, 56,5 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, interligando os bairros ao Centro. O projeto também sugere a distribuição de bicicletários e garagens, estações de locação e estações de reparo.

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CORRIDAS TRADICIONAIS

Duas provas de corrida acontecem na cidade todos os anos e reúnem milhares de inscritos, inclusive de fora do país. O São Silveira é realizado em dezembro, tem um percurso de 8km – a última contou com 1.500 atletas. Já a Corrida 15K é em comemoração ao aniversário da cidade – expectativa é receber 3.500 pessoas.

11 CIDADE DE NEGÓCIOS

Um grande e diferenciado complexo de uso misto está em fase de construção – mais precisamente na saída do km 30 da Castello Branco. O empreendimento vai contar com 250 mil m2, distribuídos entre nove torres de escritórios, hotel, centro de convenção, shopping center e helicentro. A Cidade de Negócios Allta, do Grupo Servape, ainda vai contar com uma grande parcela de mata nativa preservada e o selo Green Building de sustentabilidade. O projeto é de longo prazo. A conclusão final deve demorar cerca de dez anos. A boa notícia é que a primeira fase da obra – o helicentro – será inaugurada no dia 9 de abril.

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ALPHAVILLE

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Uma verdadeira “cidade” planejada, com avenidas e ruas largas e muitos jardins, calçadas para pedestres e boa infraestrutura. Assim nasceu Alphaville, em 1973, projetada pelos engenheiros Renato de Albuquerque e Yojiro Takaoka. O bairro transformou Barueri, que até então era uma cidade-dormitório, em um dos municípios mais dinâmicos do Brasil, além de uma potência econômica. E é até hoje. O bairro continua sendo sinônimo de qualidade de vida!

GINÁSIO POLIESPORTIVO JOSÉ CORREA

Um dos maiores e mais modernos complexos esportivo de toda a região está aqui. Situado na zona central da cidade, tem capacidade para 5.000 pessoas e estacionamento para 480 veículos.

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LOGO ALI

Barueri está a 26,5 quilômetros do Marco Zero de São Paulo – cerca de 20 minutinhos!

13 ARENA BARUERI

Com capacidade para 32 mil pessoas, o estádio é um dos maiores orgulhos da cidade. Localizado no Jardim Belval, sediou, por várias vezes, partidas de grandes clubes da capital, como Corinthians, São Paulo e Palmeiras.

14 EVENTOS

ESPORTIVOS

Com uma estrutura esportiva como essa, não é de se surpreender que Barueri já tenha sido palco de campeonatos nacionais e internacionais, como UFC, Mundial de Vôlei de Praia, a competição de basquete NBA3X e o Mundial de Rugby Sevens, todos em 2014.

15 GRÊMIO RECREATIVO

Esporte por aqui é coisa séria, mesmo. Com objetivo de formar atletas desde pequenininhos, o grêmio tem 12 mil crianças nas escolinhas de esportes, em 17 modalidades. A estrutura é grande: 8 praças esportivas, 13 ginásios poliesportivos, 32 quadras, 4 canchas de bocha e 9 pista de skate.

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CAPITAL DO SKATE

A grande quantidade de bows e ralfs da região, inclusive, já rendeu o título de capital do skate à cidade. Além de atender os praticantes das diversas modalidades do esporte, essas pistas também atraíram grandes competições para cá, como o Jump Ramp e o Vans Waffle Cup. 2015 | MARÇO | LOCAL VERO | 17B

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28 EXPO CIDADES MELHORES

Barueri é participante assídua do evento, lançado em 2013, que acontece anualmente e está totalmente alinhado com as novas necessidades de ocupação e vida nos centros urbanos. O intuito é repensar os recursos e o desenvolvimento planejado.

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FAZENDA MILITAR

Com 8 km2 e muita área verde, a fazenda abriga unidades do Exército brasileiro como o Arsenal de Guerra, o Grupo Bandeirante, o 22º Depósito de Suprimentos e o 22º Batalhão Logístico Leve, e ainda as vilas residenciais. A visitação só é permitida ao Grupo Bandeirantes – onde fica o museu que conta um pouco da história.

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CAPELA DE NOSSA SENHORA DA ESCADA

COMANDANTE MULHER

Reza a lenda que a primeira missa da igrejinha construída em 1960 por jesuítas, na Aldeia de Barueri, foi realizada por José Anchieta. Mas o tesouro está dentro: uma imagem barroca de Nossa Senhora da Escada, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. É permitida visitação monitorada.

ESTAÇÕES DA CPTM

Barueri conta com quatro estações de trem na linha 8 da CPTM. São elas Antônio João, Barueri (Centro), Jardim Belval e Jardim Silveira. É possível fazer integração entre os ônibus municipais de Barueri e o trem – isso garante ao usuário um desconto tarifário de 24,2%.

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CIDADE DOS LIVROS

DIA DA LEITURA

Em 2012, Barueri foi considerada a cidade com maior número de bibliotecas per capita do Brasil, segundo a Fundação Getulio Vargas. O município conta com 11 bibliotecas municipais e mais de 200 mil livros. Os espaços têm programações especiais, como a Hora do Conto, os saraus de leitura, encontros com autores, exposições e muito mais. A programação fica disponível no site da prefeitura – por lá você também consegue fazer a busca de um livro e visualizar o mapa de localização das bibliotecas.

Pela primeira vez na história da região, uma mulher, a Coronel Claudia Virgilia, comanda o 20º Batalhão da Polícia Militar – que fica em Barueri e também é responsável pela segurança de Santana de Parnaíba, Itapevi, Jandira e Pirapora de Bom Jesus.

Com o objetivo de transformar Barueri em uma cidade da leitura, o município todo terá uma missão em comum no dia 9 de abril: ler. Fábricas, escolas, comércios, unidades do Exército e das polícias vão parar de 10 a 20 minutos para ler um conto, um poema, um texto... o que quiserem!

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2014

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86,32%

DIREITOS IGUAIS

Aqui, quase 90% da frota de ônibus municipal é acessível, com elevador para cadeirantes. E esse índice não para de crescer: em 2011, a porcentagem era de 60%. Em São Paulo, que tem hoje apenas 59% dos ônibus acessíveis, esse indicador quase não mudou – em 2011, era de 50%.

2012/2013

79,74% BARUERI

2011

64,53% SÃO PAULO

2014

59,20%

2011

50,20%

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CIDADE SOLIDÁRIA

Depois de Osasco, que tem 1.161, Barueri é a cidade que tem mais ONGs na região – com 538 instituições. Levando em conta o número de habitantes da cidade, Barueri sai na frente: tem um estabelecimento para cada 482 pessoas. Osasco tem um para cada 597 pessoas.

FUNDO SOCIAL DE SOLIDARIEDADE

Uma das principais iniciativas sociais da cidade é o Fundo Social de Solidariedade de Barueri, que foi criado em 1987. O objetivo é mobilizar e organizar a comunidade para atender as necessidades e problemas locais. Atualmente conta com nove programas diferentes.

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INCLUSÃO SOCIAL

Com o projeto “Praias acessíveis”, pessoas que sofrem de alguma deficiência podem viver a experiência – que, para muitos, parecia impossível – de ter contato com o mar, no litoral paulista. O projeto, desenvolvido pela Secretaria dos Direitos das Pessoas com Deficiência de Barueri, dá o suporte técnico e recursos de tecnologia assistida, com as cadeiras flutuantes.

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KARTÓDROMO

Com uma área de 43 mil m2, o Kartódromo Aldeia da Serra tem infraestrutura profissional para campeonatos de kart, eventos corporativos, festas, test-drives de veículos, curso de direção defensiva e até mesmo shows. São 63 boxes, 20 oficinas especializadas em chassis e motores, cronometragem computadorizada e arquibancada para 600 pessoas.

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MUSEUS

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TEATRO MUNICIPAL

Paulo Autran, Gloria Menezes, Cláudio Cavalcanti, Antonio Petrin e Denise Stocklos são alguns dos atores consagrados que já pisaram no Teatro Municipal de Barueri. Também já se apresentaram orquestras e companhias como o Cisne Negro e Jazz Sinfônica.

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Ir ao teatro, a uma apresentação de dança, à biblioteca e até mesmo ao cinema conta pontos por aqui. Bem Legal é o nome do Cartão de Fidelidade Cultura da cidade. O morador pode trocar os pontos acumulados nos eventos por um cupom e concorrer a brindes. O objetivo é desenvolver a cultura.

FESTIVAIS DE GASTRONOMIA

Barueri conta com dois grandes eventos gastronômicos: o Festival Gourmet, que traz ao Iguatemi Alphaville, duas vezes ao ano, opções exclusivas da culinária nacional e internacional, com preços entre R$ 6 e R$ 26; e o Festival Gastronômico de Barueri, que parece com o Restaurant Week: restaurantes oferecem menu completo por preços entre R$ 39 e R$ 54.

O evento, que já se tornou tradição na região, reúne grandes nomes da música brasileira – como Lenine em 2013 –, apresentações artísticas, barraquinhas de doces, salgados, exposição de arte e artigos de presente. Neste ano, o evento está previsto para acontecer em outubro.

Inaugurada em 2014, a Sala Barueri é o primeiro cinema público do estado de São Paulo. As sessões acontecem sempre aos domingos no Centro de Eventos da cidade. A programação – divulgada semanalmente no site da prefeitura – prioriza o cinema nacional. São 497 lugares.

CARTÃO DE FIDELIDADE

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44 FESTIVAL DE ALDEIA DA SERRA

SALA DE CINEMA

Tombado e sediado num antigo casarão do Jardim Belval, o Museu Municipal expõe um carro – no qual se acredita que vieram alguns imigrantes – e uma réplica de uma oca xavante. Já o Museu da Bíblia abriga um acervo com 3.000 títulos, com Bíblias e textos em 200 idiomas. Estão lá a primeira Bíblia em língua portuguesa, de 1819, e o menor livro do mundo.

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FEIRA NOTURNA

Às terças-feiras, o Centro da cidade transforma-se em uma feira noturna. Além do comércio tradicional de frutas, verduras e peixes, há alimentos orgânicos e até roupas. Destaque para a praça de alimentação, com iguarias das culinárias alemã, italiana, japonesa e portuguesa.

FEIRAS DE ARTESANATO

Aos sábados, das 9h às 18h, no estacionamento do Boulevard Central, acontece a Feirart de Barueri, com 80 barracas de produtos em madeira, patchwork e reciclados. Na Praça Oiapoque, rola a Feira de Arte, Decoração e Artesanato de Alphaville, nas últimas quintas, sextas e sábados do mês.

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POTÊNCIA ECONÔMICA

Barueri é a 17ª cidade mais rica do Brasil e a 7ª do estado de São Paulo – ficando atrás apenas da capital, de Guarulhos, Campinas, Osasco, Santos e São Bernardo do Campo. O município tem Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 33.075.587 – já o valor per capita é de R$ 134.644,08.

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SAÚDE FUNCIONAL

Em 2013 foi inaugurada em Barueri a primeira unidade do Centro de Saúde Funcional do Brasil. Lá são realizados atendimentos em fisioterapia neurológica adulta e pediátrica, acupuntura, terapia ocupacional, fonoaudiologia e fisiatria. O

PLANO DIRETOR

Ainda em 2014, Barueri deve contar com um novo Plano Diretor – que é, basicamente, o documento que rege todo o planejamento urbano de uma cidade, com regras de zoneamento, ocupação de solo, entre outros. A novidade é que a nova versão promete contar com a participação popular. Comunidade, imprensa, empresários e estudantes devem ser ouvidos. O plano de Barueri não tem mudanças há dez anos.

Centro fica em Bethaville, na avenida Trindade.

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MERCADO IMOBILIÁRIO

Quem compra um imóvel em Barueri, principalmente residencial, faz um bom negócio. Em média, entre 2012 e 2014, a região valorizou-se 64,8%. Em Alphaville, por exemplo, em junho de 2012, o valor do metro quadrado era de R$ 3.950; já em junho de 2014, custava R$ 6.510.

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MENOR MORTALIDADE INFANTIL

Segundo a Fundação Seade, com base no ano de 2013, Barueri alcançou o menor índice de mortalidade infantil da região e também da história da cidade. São 7,4 óbitos para mil nascidos vivos – na capital, por exemplo, o número sobe para 11.

CORPORATIVO

O setor corporativo do mercado imobiliário também é promissor. Enquanto em todo o país o preço dos imóveis vem sentindo uma desaceleração, aqui as perspectivas são de crescimento. Mais: Alphaville tem à disposição empreendimentos de alta qualidade, mais eficientes e a preços muito mais atraentes.

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PARQUE DA MATURIDADE

O maior centro de convivência para idosos da América Latina, instalado em um terreno de 58.924,72 m², com 7.881,65 m² de área construída, está em Barueri. Lá são oferecidas dezenas de atividades esportivas, sociais e culturais, além de programas de saúde.

PARQUE ECOLÓGICO DO TIETÊ

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SECRETARIA DA MULHER

Barueri é uma das poucas cidades do estado a ter uma secretaria voltada exclusivamente à mulher. Em uma área de 6.000 m2, mantém o Espaço Mulher Ruth Cardoso, onde estão instaladas piscina, quadra, academia, Delegacia da Mulher e, ainda, um espaço de estética e beleza, sala de dança e biblioteca – todos os serviços prestados por lá são gratuitos.

Barueri passou a administrar o parque em agosto do ano passado. Desde então o foco é a despoluição da lagoa, por meio da fiscalização do lançamento irregular de esgoto. O local tem 1 milhão de m² e vários equipamentos de lazer. Na Área do Russo, um espaço em recuperação ambiental com entrada restrita às visitas monitoradas, é possível fazer trilhas para conhecer os lagos remanescentes da retificação do rio Tietê, além de espécies de árvores e animais silvestres.

57 QUERIDINHA DOS ESTRANGEIROS

Barueri é a 18a cidade mais procurada pelos estrangeiros no Brasil, ficando à frente de Tibau do Sul, no Rio Grande do Norte, e João Pessoa, na Paraíba. A informação foi divulgada pelo site de buscas e reservas Hoteis.com no fim de janeiro deste ano, com base em 2014. O município foi uma das novidades no ranking, já que não ficou entre as 20 em 2013.

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PROGRAMA CIDADE SUSTENTÁVEL

VIVEIRO MUNICIPAL

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A iniciativa está sendo realizada em diversas cidades do país – Barueri é a única da região a participar – para promover o desenvolvimento sustentável em todos os níveis: social, econômico, cultural e ambiental.

Com três estufas – que juntas somam uma área de 525 m2 –, o Viveiro tem uma capacidade produtiva de 35 mil mudas ao ano, que são utilizadas para plantio e doação. Para observar as etapas de produção das mudas, é necessário agendar a visita.

61 PROTEÇÃO AOS ANIMAIS

É a única cidade da região com um Centro de Triagem de Animais Silvestres, o Cetas Barueri. A instituição atende animais silvestres doentes ou vítimas de maus-tratos e do comércio ilegal. Após a reabilitação, eles são devolvidos ao seu habitat natural, em diversas regiões do Brasil. Recentemente, jabutis e aves nativas da Bahia foram encaminhados ao estado.

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PROGRAMA DE COLETA SELETIVA

Hoje 100% das ruas de Barueri têm coleta seletiva – segundo a prefeitura. A Cooperyara, cooperativa que faz a triagem e venda do material reciclável, foi formada em 2002 pelos catadores que atuavam no antigo lixão, que hoje é o Aterro Municipal encerrado. A Cooperyara processa cerca de 300 toneladas de material reciclável por mês.

HOSPITAL VETERINÁRIO MUNICIPAL

Até 2016 Barueri deve abrigar o primeiro Hospital Veterinário Municipal da região. A instituição será construída em Bethaville, após a FATEC, próximo ao centro da cidade, em uma área de 1.379 m². O hospital vai contar com consultórios, sala de vacina, laboratório e fisioterapia, além de realizar pequenas cirurgias e raios X. 26B | LOCAL VERO | MARÇO | 2015

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Barueri

UM SHOPPING PRA CADA UM

O morador de Barueri pode passear nos shoppings locais com mais espaço e tranquilidade do que os habitantes de São Paulo. Aqui, para cada pessoa, há 0,55 m2 de área de shopping, enquanto em São Paulo, há 0,16 m2. Para fazer o cálculo, foram levados em conta os principais empreendimentos comerciais da região: Iguatemi Alphaville, Shopping Tamboré, Parque Shopping Barueri, AlphaShopping, Shopping Flamingo e Alpha Square Mall.

São Paulo 64 SUPERMERCADOS

Quando o assunto é abastecer a casa, os moradores e visitantes de Barueri têm muitas opções de onde fazer as compras. As principais redes de supermercados estão instaladas na cidade: Pão de Açúcar, Carrefour, Walmart, Sonda, St. Marche, Sam’s Club e Giga Atacado são alguns dos principais.

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66 TURISMO

Pode acreditar, Barueri também é uma cidade turística. A prefeitura disponibiliza ônibus para grupos com pelo menos 15 pessoas para a visitação de alguns pontos da cidade. São sete roteiros turísticos: Histórico, Cultural, Institucional, Parques e Monumentos, Esportivo, de Skate e de Leitura. Para o passeio, é necessário agendamento prévio na Secretaria de Cultura e Turismo.

SORVETE FUJITA

Se há uma delícia que representa bem Barueri é o picolé de coco branco da sorveteria Massari Fujita – que fica no Centro, em frente ao Boulevard. Muito tradicional, o estabelecimento tem 57 anos – quase a mesma idade da cidade. O segredo do sucesso, de acordo com os donos, é que os sorvetes são feitos na hora com fruta fresquinha. De lá saem, em média, 2.000 sorvetes por final de semana, que é quando o movimento é maior.

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gente

eventos da região

FOTOS THIAGO HENRIQUE

Cliques do mês

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Coquetel de reinauguração do Fran's Café, em Alphaville 1. Felipe Rodrigues e Erika Akasaka 2. Henrique Ribeiro 3. Georges Markakis e Edson Akasaka Cerimônia de Posse da Diretoria Executiva do ATC, em Alphaville 4. Ricardo e Adriana Rezende 5. Teddy Lorentziadis e Marcos Chiaparini

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LAURA MAZZELA

LAURA MAZZELA

Embrase Golf Tour 2015, no São Fernando Golf Club, em Cotia 6. Wagner Martins 7. Giovane Gávio 8. Mark Myers

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orgânico

agenda

PALESTRAS NO ORGÂNICO

Confira as informações sobre cada um dos eventos deste mês, inscreva-se e participe!

Doutor em redes sociais e e-commerce, mestre em semiótica para internet, consultor de startups e professor da pós-graduação da ESPM, Alexandre Marquesi ministra duas palestras sobre o planejamento de empresas nos meios digitais: Como fazer sua empresa digital ser um sucesso

10/03, às 20h – R$ 50

Como fazer seu site estar na primeira página do Google

26/03, às 20h – R$ 50

MARÇO

AS QUATRO DISCIPLINAS DO ENCANTAMENTO

No dia 18 de março, o administrador de empresas com especialização em marketing Cido Rodrigues ministra uma palestra direcionada aos empreendedores do setor de varejo e serviços. O objetivo é mostrar formas de encantar os clientes nesse nicho de mercado e apresentar a Escola de Atendimento, recém-chegada a Alphaville. 18/03, às 20h – Gratuita

AS INSCRIÇÕES PARA TODOS OS EVENTOS PODEM SER FEITAS PELO SITE CINESE.ME/CANAL/ORGANICO

DESMISTIFICANDO O TANTRA

O Tantra vai muito além do sexo, como é muitas vezes interpretado. A fim de desmistificar essa prática, no dia 12 de março, o instrutor de Tantra reconhecido internacionalmente Ronald Fuchs apresenta a técnica. Ronald formou-se na Source School of Tantra, no Havaí, e tem 33 anos de experiência dirigindo cursos e seminários no mundo inteiro. 12/03, às 20h – R$ 50

BUSINESS VIEW - GOOGLE

A Business Photo – agência credenciada para fazer fotos e publicar tour virtual nas ferramentas Google – apresenta um novo serviço: um passeio virtual com fotos 360º, com a mesma tecnologia do Street View, que mostra estabelecimentos comerciais por dentro. A palestra será apresentada por Kênia Hernandes, que começou a trabalhar com foto 360º no Brasil em 2012. 19/03, às 20h – Gratuita

FILHOS: COMO EDUCÁ-LOS NOS DIAS DE HOJE? A psicóloga e consultora educacional Rosely Sayão apresenta a primeira de quatro palestras sobre educação infantil. Temas como drogas, liberdade e limites, a nova estrutura familiar e valores e mídia serão abordados durante os encontros. Colunista da Folha de S.Paulo e da Band News FM, Rosely tem mais de 30 anos de experiência. 16/03, às 20h – R$ 160

DUBAI: UM SONHO AO ALCANCE DE TODOS

O objetivo é apresentar Dubai e um cruzeiro pelos Emirados Árabes e Omã. A palestra de Evandro Ruiz Segato, no dia 24 de março, vai abordar os benefícios de viajar para esse destino – o que inclui as belezas naturais e culturais e os costumes da região, além de mostrar que Dubai não é um destino caro e está ao alcance de todos. 24/03, às 20h – Gratuita

ORGÂNICO CREATIVE WORKING

DRESS CODE: TÉCNICAS PARA ALAVANCAR A IMAGEM NO TRABALHO

Formada em negócios da moda pela Anhembi Morumbi e pós-graduada em gestão de moda pela Faap, Gabriela Rovetto aponta nesta palestra, no dia 17 de março, a importância do dress code na construção da imagem pessoal para profissionais. O business casual será o foco da palestra. 17/03, às 20h – Gratuita

FORMANDO LEITORES DENTRO DA ESCOLA E DE CASA

O escritor Ilan Brenman apresenta formas de despertar o desejo por livros nas crianças e adolescentes. Mestre e doutor pela Faculdade de Educação da USP, bacharel em psicologia pela PUC, Ilan publicou mais de 60 livros e circula pelo Brasil há quase 20 anos ministrando palestras e cursos e prestando consultorias. 28/03, às 11h30 – R$ 160

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NEGÓCIOS DIGITAIS

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OS MELHORES SERVIÇOS, COMPRAS E PROMOÇÕES DA REGIÃO

ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Segmento Pág. Educação 11 Gastronomia 11 Saúde e Bem-estar 7, 14, 15 Serviços 6, 10, 11, 12, 13, 15

Seleção de itens de escritório pra começar o ano de verdade Pág. 2C Pra aliviar a TPM: produtos essenciais para as mulheres

SHUTTERSTOCK

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Promoções, liquidações e oportunidades Pág. 11C

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GUARDADINHO Com estampa de peixe multicolorido, o portacartões Busy é uma graça (R$ 55) Pylones – (11) 3459-9797 pylones.com.br

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PORTÁTIL Rotulador eletrônico azul PT-80 da Brother (R$ 115,90). Facilita a identificação de produtos e arquivos em geral Kalunga (11) 3346-9966 kalunga.com.br

DIFERENTE Da marca espanhola Balvi, a lixeira plástica Cold Drinks, de 10,5 litros (R$ 129,90), deixa o espaço mais charmoso Loop Day – (11) 3079-2055 loopday.com.br

CONFORTÁVEL Com estrutura em nylon e tela, a poltrona giratória tem sistema relax com travamento (R$ 1.450) Artville – Av. Anápolis, 454 - Bethaville (11) 4163-7000 – artville.com.br

SEM BORRAR Borracha laranja em formato de coruja (R$ 12) Pylones (11) 3459-9797 pylones.com.br

UMA GRAÇA Porta guarda-chuva em formato de cabine telefônica (R$ 75,90). Além de prático, decora o ambiente Casa Geek (11) 4063-7714 casageek.com.br

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Não dá pra mudar do dia pra noite. Mas com pequenas iniciativas, podemos construir um caminho diferente vem aí atitude alphaville 2015

Com diversão e conteúdo, nosso objetivo é deixar a região cada vez melhor para viver Informações sobre patrocínio e voluntariado: atitudealphaville.com.br atitude@vero.com.br (11) 4195 9666

COPATROCÍNIO

REALIZAÇÃO

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DESCONTOS

Todo mês, a VERO apresenta as melhores promoções de Alphaville e região. Aproveite! E se tiver uma dica para esta seção, mande para a gente. ANNA PEGOVA Até o dia 31 de março, cinco programas Detox da Anna Pegova estão com desconto especial - quatro deles são faciais e um corporal. Além de promover a desintoxicação, os tratamentos fazem a nutrição, evitando o envelhecimento celular. annapegova.com.br

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DESCONTOS

BIG X PICANHA A rede de grelhados e sanduíches está com a campanha Batalha de Gigantes em todas as lojas do país. Até o mês de abril, de segunda a quinta, os clientes podem escolher entre um prato ou sanduíche do dia pelo preço promocional de R$ 9,90 - o preço pode variar para R$ 13,90 em lojas de rua. bigxpicanha.com.br

Certas coisas são muito importantes... Alarmes Monitoramento 24 horas Circuíto fechado de TV

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BRAZILIAN ESPRESSO CAFÉS ESPECIAIS A casa está com novidades. Além dos cafés em grãos, moídos e em sachês, agora oferece em cápsulas, que são compatíveis com máquinas Nespresso. Na primeira compra, ao levar quatro caixas de cápsulas, a quinta é gratuita. O pedido pode ser feito pelo site ou no telefone (11) 3865-8664. brazilianespresso. com.br

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DESCONTOS

FANTASIA Nas compras acima de R$ 100 em produtos da marca, o cliente ganha um ingresso para seu acompanhante na compra de um ingresso inteiro para assistir ao filme TinkerBell e o Monstro da Terra do Nunca. A promoção é uma parceria da rede Fantasia, que comercializa produtos Disney e Marvel no Brasil, com os cinemas do Brasil. franquiafantasia. com.br

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DESCONTOS

LIVRARIA DA VILA E HERANÇA CULTURAL As duas lojas fecharam uma parceria: os clientes que fizerem compras acima de R$ 2.000 na loja Herança Cultural, especializada em clássicos e originais do design, ganham um livro e um voucher de 15% de desconto para ser usado na Livraria da Vila da Rua Fradique. A ação vale até o dia 31 de dezembro de 2015. herancacultural. com/livrariadavila. com.br MCDONALD'S Os apaixonados pelas batatinhas mais famosas do mundo poderão turbinar o seu pedido. Na compra de uma McOferta Grande, por mais R$ 1, será possível transformar as fritas médias em grandes. A promoção é por tempo limitado e vai até o dia 27 de abril.

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COLUNA DOS

DESCONTOS

mcdonalds.com.br PASSARELA.COM A promoção LiquidaTudo oferece produtos femininos, masculinos, infantis e de esportes com até 70% de desconto. Entre as marcas, estão nomes como Vizzano, Nike, Adidas e, ainda, marcas exclusivas da Passarela, como Brenda Lee, Lara, Metropolitan, Patrizia, Larinha. Além disso, a loja dá 5% de desconto para os outros produtos no site que não estão no LiquidaTudo. A promoção vai até março. passarela.com

Tem uma promoção para indicar? Envie sua sugestão para reportagem@ vero.com.br

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escolha do leitor Moradora de Alphaville há 18 anos, a atriz Dayana, de 27, é apaixonada por artes. Arrisca-se nos tecidos aéreos desde 2012 e tem um blog (Diário de Unhas) em que ensina a "decorar as unhas". "Fico satisfeita por ajudar na autoestima feminina", diz.

Xô, TPM!

PAULO BARBUTO

QUE MULHER NUNCA SOFREU DE TPM? A PEDIDO DA VERO, A LEITORA DAYANA CARVALHO REUNIU ALGUMAS DICAS DE OURO PARA CONTORNAR ESSES DIAS COM BOM HUMOR, DISPOSIÇÃO E AUTOESTIMA LÁ EM CIMA – EM TODOS OS SENTIDOS

NO AR Aula de tecido aéreo do Galpão do Circo (a partir de R$ 250) "Minha dica é praticar atividade física. Faço tecido aéreo, uma atividade circense. É lúdico, divertido e trabalha o corpo. É o que mais me ajuda com a TPM"

NO SOFÁ Pipoca de chocolate da Chocolat du Jour (R$ 99,50) "Às vezes, quero ficar quietinha no meu canto, assistindo a um filme ou uma série que não me faça chorar, claro! Pra acompanhar, nada melhor que pipoca e chocolate. Que tal os dois juntos?" chocolatdujour.com.br

galpaodocirco.com.br

RELAX Chá de camomila, mel e baunilha da Twinings (R$ 24,90) "Um cházinho para relaxar é perfeito" lojasensis.com.br

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FOTOS DIVULGAÇÃO

DAY SPA Manteiga corporal (R$ 55,90) e luva esfoliante (R$ 12) da Body Store "Uma coisa que me acalma é fazer um spa caseiro, com hidratação, esfoliação e massagem nos pés"

SABOR DO ORIENTE Menu executivo do Nasai – almoço (R$ 55) "Quando a vontade é mandar ver em comidas gostosas, escolho um japa, que adoro!

bodystore.com.br

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*Preços consultados em fevereiro de 2015.

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PARABÉNS, BARUERI

Ao completar 66 anos de Barueri, esta é a nossa homenagem às pessoas que, assim como nós, trabalham por um lugar melhor para viver. Parabéns, temos muito orgulho de participar desta história.

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