Revista valeparaibano - Agosto 2010

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Domingo 1 Agosto de 2010

DIVERSÃO Fabiano Lüdke Chedid, 38 anos, brinca com as filhas Bianca, 10 anos, e Sofia, 5 anos, na sala do apartamento da família, em São José

forma, quis compensar isso com ela”, justifica. Dedicação Com exceção de penteados, a única coisa que não consegue fazer, A.S.M. faz tudo que uma mãe faria, com o mesmo carinho e a mesma dedicação. Prepara o café da manhã da filha, leva ela para a escola, vai buscá-la, ajuda na lição de casa, faz o jantar. “Aqui não entra refrigerante. É tudo light. À noite comemos pizza de pão integral ou tomamos uma sopa”. Tem empregada, mas ela só cuida da casa, da roupa e do almoço. “Da minha filha cuido eu”, sentencia o pai coruja, admitindo exercer um controle bastante rígido sobre a televisão e a internet. “Junia é muito esperta, alegre, meiga, amorosa”, derrete-se, todo apaixonado. “O desempenho escolar dela é muito bom, não caiu nem quando a mãe morreu. Mas ela é acompanhada por um psicólogo até hoje. Os primeiros meses após a morte de Iara foram difíceis, mas hoje

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”Não acho essa rotina pesada. Tivemos que nos adaptar à separação, que foi amigável, sem conflito. Foi o melhor para todos” De Fabiano Lüdke Chedid, 38 anos, que fica com as filhas a cada 5 dias

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ela não tem problema em falar da mãe.” Aos 25 anos, Carlos Eduardo Campos Cortês é pai de dois filhos: Gabriel, 3 anos, e Mariana, um ano e meio. O mineiro de Itajubá veio para São José em julho de 2007 quando a mulher, Cecília, conseguiu um emprego na cidade. Obteve um estágio e ingressou na Univap (Universidade do Vale do Paraíba) para estudar engenharia à noite. Contudo, teve que largar provisoriamente o estágio para se dedicar exclusivamente aos estudos. Ao mesmo tempo, passou a cuidar sozinho da casa e dos filhos, enquanto a mulher trabalhava. “O mais chato era lavar, pendurar e passar roupa, e trocar fralda. Às vezes me irritava porque precisava enviar currículos e estudar no computador e não dava tempo. Mas aproveitei o momento para curtir meus filhos, passar mais tempo com eles. Foi muito tranquilo. Encarei essa fase com naturalidade. Era a governanta, a babá, o administrador da casa. Era o meu trabalho”, define. Carlos pode não gostar de lavar roupa, mas na hora do entretenimento ele é craque. “Brincava muito com os dois no parquinho. Enquanto Gabriel ficava no velotrol, ensinava Mariana a andar. Hoje, brinco mais com Gabriel. Brincamos de luta, com os carrinhos dele. A Mariana fica mais com a mãe”, conta o jovem pai, que também manda bem na cozinha. “Faço hot-dog, carne moída com batata”. Cada pai tem sua história e existem milhares delas semelhantes em São José, no Brasil e no mundo, mas todas têm um denominador comum: o amor. A visão do pai provedor e da mãe dona-de-casa já mostrou seus limites e está cada vez menos adaptada à sociedade atual. Da mesma forma que as mulheres provaram que têm a mesma capacidade de trabalhar que os homens, os pais vêm mostrando que podem cuidar dos filhos com a mesma dedicação que as mães. “Pais e mães têm visões diferentes. Enquanto a mãe é mais conduzida pela emoção, o pai tem um lado mais prático, mais objetivo. Por isso, a participação de ambos na educação é enriquecedora para a criança”, explica Célia Terlizzi, para quem “a presença do pai é tão importante quanto a da mãe”. “Um pai presente faz muita diferença na constituição da criança”, concorda a psicóloga Letícia de Oliveira, citando um dado interessante publicado recentemente pelo instituto Harris: segundo o centro de pesquisas norteamericano, 70% dos pais abdicariam de um salário maior para poder passar mais tempo com os filhos. Na Alemanha, já existe até licença paternidade. Um exemplo a seguir? •

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