Urovirt JULHO/AGOSTO de 2014

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caso clínico ADRENALECTOMIA ESQUERDA PARA CARCINOMA DE ADRENAL Wilmar Azal Neto, Fernandes Denardi Disciplina de Urologia, UNICAMP HISTÓRIA CLÍNICA Paciente do sexo feminino, 44 anos, encaminhada com diagnóstico de lesão em adrenal esquerda demonstrada em tomografia computadorizada de abdome. Avaliada na endocrinologia com quadro de hirsutismo, dismenorréia e rubor facial acentuado.

Comorbidades: Hipertensão arterial sistêmica. Antecedentes: Pancreatite aguda em 2006, com evolução para pseudocisto pancreático sintomático, submetida a pancreatectomia corpo caudal e esplenectomia em 2007. Exame Físico Bom estado geral, fascies ruborizada, obesa. Hirsutismo. Abdome globoso, pilificação densa, incisão subcostal estendida a esquerda, sem tumor palpável.

EXAMES: 1) Creatinina = 1,0 mg/dl (VR<1,2 mg/dl). Cortisol basal: 31 mg/dl (VR: 3-18 mg/dl). 2) Tomografia computadorizada de abdome total (Figura 1)


Figura 1: Tomografia computadorizada de abdome. Setas apontando para os seguintes achados:


a. Corte axial: fase sem contraste, seta mostrando grande lesão em adrenal esquerda b. Corte axial: fase arterial, seta mostrando a captação de contraste na lesão descrita c. Corte coronal: seta mostrando lesão em adrenal esquerda, rechaçando rim inferiormente d. Corte sagital: seta mostrando grande lesão em adrenal esquerda e. Corte axial: seta mostrando trombo iniciado em veia adrenal esquerda , extendendo-se para veia renal esquerda, insinuando-se em veia cava f. Corte coronal: seta mostrando trombo insinuando-se em veia cava

HIPÓTESE DIAGNÓSTICA: Síndrome de Cushing secundária a carcinoma de adrenal esquerda.

CONDUTA: Adrenalectomia esquerda, com retirada do trombo da veia renal esquerda e veia cava; sem clampeamento do pedículo renal e com preservação de rim esquerdo.


a. Seta mostrando trombo dentro da veia renal esquerda b. Seta mostrando saída do trombo, após venotomia renal esquerda c. Setas mostrando sutura da veia renal esquerda com manutenção da boa perfusão renal esquerda d. Foto da peça: tumor em adrenal esquerda, e seta mostrando trombo venoso retirado


ANATOMO PATOLÓGICO: Carcinoma da cortical da adrenal

SEGMENTO: Paciente evoluiu bem, com regressão dos sinais e sintomas. Em seguimento com a Urologia e a Endocrinologia. Tomografia computadorizada de abdome total (Figura 2), realizada 3 meses após a cirurgia.

Figura 2: Tomografia computadorizada de abdome. Setas apontando para os seguintes achados: a. Corte axial: seta mostrando ausência de adrenal esquerda, sem sinais de recidiva b. Corte axial: seta mostrando pequena área de isquemia focal em rim esquerdo; ausência de adrenal esquerda


COMENTÁRIO - Andre Moraes Oncologista do Centro de Oncologia de Campinas

O carcinoma cortical suprarrenal é raro, de comportamento agressivo e de apresentação metastática ao diagnóstico em até 50% dos casos(1). Fatores clínicos que se associam a um pior prognóstico incluem a idade, o estadiamento mais avançado e a secreção aumentada de cortisol (2). Na presente discussão, a história, o exame físico e a avaliação metabólica comprovando a síndrome de Cushing, com hipertensão e hirsutismo, apontam fortemente para o diagnóstico. Em casos de diferenciação clínica diagnóstica mais difícil, uma punção dirigida se justificaria frente à irressecabilidade, desde que se possa afastar o feocromocitoma, pois esta intervenção poderia desencadear a descarga de catecolaminas e provocar condição de risco clínico considerável. Cerca de 70 a 85% dos pacientes submetidos à ressecção completa evoluem com recidiva local ou metástases, com sobrevida em 5 anos de 16 a 35% e em menos de 1 ano de sobrevida mediana esperada para aqueles com ressecção incompleta (3). Diante de tal risco de recidiva e baixa sobrevivência o uso de drogas para tratamento sistêmico é requerido. As toxicidades agudas do DDT (4,4'-(2,2,2-tricloroetano-1,1diil)bis(clorobenzeno)), um potente pesticida, já em desuso, com a constatação de necrose adrenocortical aguda observada nos indivíduos intoxicados com a droga, levaram ao desenvolvimento da molécula do MITOTANO, op'DDD (1,1,Dicloro-2-p-clorofenil-2-o-clorofeniletano), que inicialmente foi aplicada aos pacientes com doença avançada ou irressecável, alcançando benefício clínico variável entre 20 e 50% dos pacientes, com redução dos sintomas e aumento do intervalo livre de progressão, em uso isolado ou em combinações (4,5,6). Dentre algumas combinações de drogas na doença avançada, a combinação de Mitotano com o regime EDP (etoposídeo, doxorrubicina e cisplatina), em publicação mais recente (7), favorece sua indicação com aumento do intervalo livre de progressão observado no grupo que recebeu esta combinação. Outro desenvolvimento recente foi a constatação da superexpressão de IGF-2 (Insulin Growth Factor 2) interferindo na estimulação da via IGF-1R/mTOR, presente nestes tumores. O tratamento experimental com o cixutumumabe, um novo anticorpo monoclonal direcionado contra o IGF-1R, em combinação com tensirolimo, demonstrou taxas altas de estabilização de doença, da ordem de 42%, em resultados preliminares(8).

Quando a ressecção completa é possível, como neste caso em questão, e na presença de fatores de prognóstico reservado como doença volumosa e extensa,


idade precoce, hipersecreção de cortisol(2), o uso de mitotano na adjuvância deve ser indicado. Um estudo multicêntrico retrospectivo, o uso de mitotano adjuvante em doses baixas (2 a 3 g/dia) por 3 a 162 meses, comparado com dois controles históricos, resultou em aumento significativo na sobrevida livre de doença e boa tolerância(9). Este estudo, apesar de retrospectivo e dos resultados de outros estudos serem controversos, é um estudo de grande importância, com dados de alta qualidade, tanto para o seguimento como a análise estatística. A utilização do Mitotano na clinica deve ser monitorada, com a reposição adequada de cortisol e o acompanhamento da função tireoideana que pode ser afetada pela droga. A introdução deve ser escalonada, buscando atingir a dose alvo terapêutica e alcançar a tolerância. Não há dados sobre o tempo a ser utilizada nesta situação. Portanto deve ser uma terapia aplicada com a cautela necessária ao benefício clínico.

Referências:

1. Nader N. Hanna, MD, and Daniel E. Kenady, MD. Curr Opin Oncol 12:49, 2000 2. Gwenaelle Abiven, Joel Coste, Lionel Groussin, Philippe Anract et col. J Clin Endocrinol Metab 91:2650, 2006 3. Irina Veytsman, Lynnette Nieman and Tito Fojo. J Clin Oncol 27:4619, 2009 4. Jame Abraham M.D.,Susan Bakke R.N.,Ann Rutt R.N.,Beverly Meadows R.N. Cancer 94:2333, 2002 5. Alfredo Berruti M.D., Massimo Terzolo M.D., Anna Pia M.D., Alberto Angeli Ph.D. and Luigi Dogliotti Ph.D. Cancer 83:2194, 1998 6. Alfredo Berruti, Massimo Terzolo, Paola Sperone, Anna Pia, Silvia Della Casa, et col. Endocr Relat Cancer 12:657, 2005 7. Martin Fassnacht, M.D., Massimo Terzolo, M.D., Bruno Allolio, M.D.,Eric Baudin, M.D.et col. N Engl J Med 366:2189, 2012 8. A Naing, P LoRusso, S Fu, D Hong, H X Chen, L A Doyle, A T Phan, M A Habra and R Kurzrock. Br J Cancer 108:826, 2013 9. Massimo Terzolo, M.D., Alberto Angeli, M.D., Martin Fassnacht, M.D., Fulvia Daffara, M.D.et col. N Engl J Med 356:2372, 2007


COMENTÁRIO - Heraldo Mendes Garmes Disciplina de Endocrinologia, FCM - UNICAMP

Este caso demonstra a importância da avaliação diagnóstica precoce em pacientes que iniciam o quadro de hirsutismo e irregularidade menstrual durante a vida reprodutiva. O diagnóstico de carcinoma de adrenal dificilmente é estabelecido no atendimento primário destes pacientes, pois, trata-se de doença rara, com incidência anual de 0,5 a 2 casos por milhão e quadro clínico que flutua entre os sintomas de síndrome de Cushing, hiperandrogenismo e hipertensão arterial. Conforme protocolo proposto pela rede européia de estudos em tumores de adrenal, a avaliação precoce da produção excessiva de cortisol, andrógenos e mineralocorticóides, além da dosagem de metanefrinas para descartar feocromocitomas, é essencial para o diagnóstico, tanto na suspeita clínica, como no achado incidental de tumor na adrenal em exame de imagem (1,2). Após o diagnóstico, o paciente deve realizar o seguimento num centro especializado multidisciplinar para tratamento cirúrgico correto, estadiamento do tumor e acompanhamento conforme os protocolos atuais (3,4).

Referências: 1- Allolio B, Fassnacht M. Clinical review: Adrenocortical carcinoma: clinical update. J Clin Endocrinol Metab. 2006 Jun;91(6):2027-37 2- Libè R, Fratticci A, Bertherat J. Adrenocortical cancer: pathophysiology and clinical management. Endocr Relat Cancer. 2007 Mar;14(1):13-28 3- Fassnacht M1, Kroiss M, Allolio B. Update in adrenocortical carcinoma. J Clin Endocrinol Metab. 2013 Dec;98(12):4551-64. 4-Terzolo M, Daffara F, Ardito A, Zaggia B, Basile V, Ferrari L, Berruti A. Management of adrenal cancer: a 2013 update. J Endocrinol Invest. 2014 Mar; 37(3): 207-17.



aprendendo por imagem ALTERNATIVA OU TRATAMENTO CIRÚRGICO DA OBSTRUÇÃO BENIGNA DA PRÓSTATA: PLASMAVAPORIZAÇÃO DA PRÓSTATA Juliano Moro, Daniel Moser da Silva, Carlos D’Ancona Disciplina de Urologia, UNICAMP

HISTÓRIA CLÍNICA Identificação: U.R.M, 73 anos, masculino QD: Jato fraco há 3 anos. HMA: Refere LUTS (Lower Urinary Tract Synthoms) há 3 anos. Refere predominância de jato fraco, esforço para iniciar micção e noctúria (5 vezes/noite). Calculado IPSS (International Prostatic Synthoms Score) com resultado de 28. Apresenta piora progressiva ao longo de 3 anos. Nega outras queixas. Antecedentes Pessoais: Hipertensão arterial controlada com uso de medicamento (captopril). Nega outras comorbidades e antecedentes cirúrgicos.

EXAMES Bom estado geral, corado, hidratado, eupneico. Abdome flácido e indolor. Toque retal: próstata com massa estimada de 40g, fibroelástica e sem nódulos.

AVALIAÇÃO INICIAL PSA total: 0,6ng/mL Cr: 1,1mg/dL Urina I: normal. Urinocultura: negativa


ULTRASSONOGRAMA DO APARELHO URINÁRIO: (FIGURA 1) Rins: - Sem alterações Bexiga: - Paredes sem lesões. Pequeno resíduo pós miccional. Próstata: - Volume estimado: 40cc.

FIGURA 1: ULTRASSONOGRAMA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR. SETA VERMELHA DEMARCAM A PRÓSTATA. Iniciado terapia com doxazosina 4mg/dia. Apresentou melhora discreta dos sintomas após 3 meses de uso. IPSS = 20. QV (Qualidade de Vida) = 3 Retornou após 6 meses referindo piora dos sintomas, apesar do uso contínuo de doxazosina. IPSS = 30. QV = 5.


SOLICITADO AVALIAÇÃO URODINÂMICA: (FIGURA 2)

RESUMO DO EXAME Cistometria: Sensibilidade e complacência normais. Capacidade cistométrica máxima (CCM) = 400mL Ausência de contrações do detrusor na fase de enchimento. Fluxo/Pressão: Qmax = 3mL/s PdetQmax = 89 cmH2O Volume urinado = 290mL Resíduo pós miccional = 110mL Número de Abrams Griffiths = 83

Conclusão: Obstrução infra vesical


CONDUTA - Indicado vaparização da próstata com plasma. (vídeo)

Realizado cirurgia sem intercorrências. Recebeu alta da sala de recuperação anestésica com irrigação vesical clara. Retirado cateter vesical no PO1. Não houve obstrução por coágulos no período de permanência do cateter. Retorno no PO7:  

Conta disúria moderada. Refere melhora nas queixas de jato fraco e noctúria.


COMENTÁRIO - Daniel Moser, MD, MSc Disciplina de Urologia, UNICAMP A ressecção transuretral (RTU) monopolar da próstata ainda continua sendo o ”padrão ouro” para tratamento do aumento do volume prostático? Para muitos sim. Entretanto, alguns aspectos relacionados à técnica ainda são motivos de questionamento por parte dos defensores das novas tecnologias. O sangramento intra e pós-operatório e a absorção intravascular de fluidos durante a irrigação são os pontos mais questionados do tradicional e consagrado método. A vaporização bipolar com plasma é mais uma alternativa para os defensores da idéia que melhorias na tecnologia utilizada na RTU devem ser incorporados no armamentrio urológico. Por permitir tanto a vaporização quanto ressecção com alça bipolar e utilizar solução fisiológica, muitos trabalhos nos deixam com a sensação que o método pode atingir (ou pode já ter atingido, para muitos), o posto de “padrão ouro” da RTU convencional. Quando os dois métodos são confrontados, inúmeros estudos endereçados a este tópico mostram vantagens, bastante persuasivas, em favor da vaporização prostática bipolar com plasma. Em um deles, Geavelet e colaboradores, em estudo prospectivo e randomizado, com seguimento de 18meses, compararam os dois métodos.1 As taxas de perfuração e sangramento intra-operatório, bem como a queda nas taxas de hemoglogina são significativamente menores na vaporização com plasma. Outros parâmetros como hematuria no pós-operatório, transfusão sangüínea e retenção de coágulos também são significativamente melhores na vaparização com plasma. O tempo cirúrgico é maior na vaporização, especialmente nos casos em que a ressecção com alça bipolar não é utilizada concomitantemente. As taxas de sintomas irritativos e estenose uretral foram semelhantes. Utilizamos a técnica em uma série de pacientes em nosso serviço, na Unicamp. A vaporização nos deixa completamente seguros quanto ao sangramento. A curva de aprendizado para nossos médicos residentes foi pequena e a tranquilidade em orientar iniciantes na técnica foi grande (especialmente devido ao quase inexistente sangramento intra-operatório e baixo risco de absorção da solução salina, permitindo maiores tempos cirúrgicos). No início as cirurgias são mais demoradas, mas logo após dois ou três casos nos sentimos à vontade e passamos a realizar com mais rapidez. Não há limites de volume prostático para ressecção. Próstatas volumosas (superiores a 100g) podem perfeitamente ser vaporizadas, se necessário utilizando-se dois tempos cirúrgicos. Se a preocupação for material para exame histológico, a alça bipolar pode ser intercalada fornecendo espécime para avaliação. O método já está disponível desde 2008 no mercado norteamericano e há cerca de cinco anos no Brasil. Não há dúvidas que veio para ficar e ser mais um, no competitivo mercado dos tratamentos endoscópicos para o aumento do volume prostático, a desafiar o lugar de “padrão ouro” da RTU monopolar.


Referências:

1. Geavlete B., Georgescu D., Multescu R., Stanescu F., Jecu M., Geavlete P. Bipolar Plasma Vaporization vs Monopolar and Bipolar TURP–A Prospective, Randomized, Long-term Comparison. Urology 78: 930–936, 2011.



novas tecnologias RANDOMIZED CONTROLLED TRIAL COMPARING RETROPERITONEAL LAPAROSCOPIC PYELOLITHOTOMY VERSUS PERCUTANEOUS NEPHROLITHOTOMY FOR THE TREATMENT OF LARGE RENAL PELVIC CALCULI: A PILOT STUDY Li Sheng, Liu Tong-Zu, Wang Xing-Huan, Zeng Xian-Tao, Zeng Guang, Yang Zhong-Hua, Weng Hong, Meng Zhe, and Huang Jing-Yu. Journal of Endourology. August 2014, 28(8): 946-950. doi:10.1089/end.2014.0064 Journal of Endourology RESUMO Estudo com objetivo de avaliar eficácia e segurança da pielolitotomia retroperitoneal laparoscópica (PRL) versus nefrolitotomia percutânea (NLP) no tratamento de calculo piélico grande. Segundo guideline europeu de 2013, a NLP é o tratamento recomendado como primeira escolha para cálculos renais acima de 2 cm. No entanto, este procedimento pode não ser a melhor alternativa considerando complexidade do Desenho: trabalho prospectivo randomizado executado em uma única instituição contando com 178 pacientes divididos em 2 grupos de 89 integrantes submetidos a uma das 2 opções de cirúrgicas (1:1). Tamanho médio dos cálculos: 2,9 + 1,0 vs. 3.0 + 0,9 cm nos grupos PRL e NLP, respectivamente. O seguimento foi 3 meses. Não foi identificado diferença no tempo de internação, taxa de transfusão sanguínea, conversão de acesso e complicações pós operatórias como sangramento ou fístula urinária. Diferenças estatísticas entre a PRL e a NLP foram encontradas na taxa livre de cálculos - stone free (98% vs. 90%, p = 0,03), tempo cirúrgico (90,87 + 33,4 vs. 116,8 + 44,4 minutos, p < 0,001), queda do nível de hemoglobina (0,9 + 0,5 vs. 1,7 + 1,3 g/dL, p < 0,001) e febre pós operatória (3,4% vs. 13,5%, p = 0,02), respectivamente.



Dia 29 de agosto Dr. Danilo Souza Lima da Costa Cruz apresentou Dissertação de Mestrado com o seguinte estudo: PARÂMETROS DA ULTRASSONOGRAFIA PERINEAL BIDIMENSIONAL PARA AVALIAÇÃO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA PÓS PROSTATECTOMIA RADICAL Orientador: Prof. Carlos D’Ancona

Membros da Banca: Da esquerda para direita: Professores Fabricio Carrerette, Carlos D’Ancona (Orientador), Danilo Souza da Costa Cruz, Neson Caserta e José Tadeu Tamanini.


Resumo: Objetivos: Comparar padrões ultrassonográficos através de ultrassonografia perineal em homens sem cirurgia prostática, com homens no pós-operatório de prostatectomia radical, continentes e incontinentes.

Métodos: Trata-se de um estudo transversal, multicêntrico (2 centros), envolvendo 92 colaboradores, dos quais 70% foram submetidos à prostatectomia radical retropúbica há mais de um ano. Estes pacientes foram provenientes do ambulatório do Serviço de Urologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto e do ambulatório do Serviço de Urologia do Hospital de Clínicas UNICAMP, com indicação adequada para o exame. Estes pacientes foram escolhidos aleatoriamente, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, e foram divididos em três diferentes grupos: 27 pacientes sem cirurgia prostática, 34 pacientes em pós-operatório de prostatectomia radical continentes e 31 pacientes em pós-operatório de prostatectomia radical incontinentes. Todos apresentaram urocultura negativa. O grupo incontinente realizou, ainda, pad test de 24h e avaliação urodinâmica. O exame foi realizado com o paciente em posição supina, com as pernas levemente abduzidas, semelhante à litotomia. O transdutor foi posicionado na região perineal (entre o escroto e o ânus), em orientação sagital, para obter imagens da sínfise púbica, bexiga, colo vesical e uretra. No exame foram avaliadas a hipermobilidade da uretra proximal, ângulo uretral, funelização do colo vesical e contração voluntária do assoalho pélvico, sendo estes avaliados durante manobra de Valsalva, contração perineal e repouso. Após coleta de dados, foram comparados padrões ultrassonográficos em homens sem cirurgia prostática e em homens no pós-operatório de prostatectomia radical, continentes e incontinentes.

Resultados: Neste trabalho, observamos que o grupo continente apresentou o ângulo uretral em repouso significativamente menor que o grupo sem cirurgia (p = 0,0002). Observamos ainda que o grupo incontinente apresentou deslocamento anterior do colo vesical durante a contração significativamente menor que o grupo continente. (p = 0,008) Esta condição foi mais evidente quando comparamos o grupo com incontinência grave ao grupo continente.(p = 0,022).


Dia 5 de Agosto Dr. Ricardo Miyaoka defendeu tese de Doutorado com o seguinte trabalho: EFEITO RELAXANTE DO ESTIMULADOR DA GUANILATO CICLASE SOLÚVEL BAY 412272 EM SEGMENTOS isolados DE URETER HUMANO em modelo padronizado IN VITRO Orientador: Prof. Carlos D’Ancona

Membros da Banca: Da esquerda para direita : Professores Gabriel Forato Anhê, Carlos D"Ancona (Orientador), Ricardo Miyaoka (Doutorando), Cassio Riccetto, Eduardo Mazzuchi e Fabio Vicentini.


Resumo: Introdução: A terapia medicamentosa expulsiva no tratamento da calculose ureteral visa abreviar o tempo para eliminação espontânea do cálculo e evitar a necessidade de uma intervenção cirúrgica. As terapêuticas atuais baseiam-se essencialmente em bloqueadores de canais de cálcio e bloqueadores alfa-adrenérgicos, mas têm eficácia questionável, conforme demonstram estudos clínicos mais recentes e com alto nível de evidência. Assim, faz-se necessária a investigação persistente de novos agentes para este fim. Objetivos: Descrever modelo padronizado de contratilidade ureteral in vitro com segmentos isolados de ureter humano a fim de avaliar o relaxamento provocado pelo estimulador da guanilato ciclase solúvel BAY 41-2272; avaliar o envolvimento da via do NO-GMPc-PDE5 e dos canais de potássio e urotélio neste processo; avaliar a expressão das enzimas guanilato ciclase solúvel (GCs), óxido nítrico sintase (NOS) e fosfodiesterase tipo 5 (PDE5) no ureter por meio de imunohistoquímica.Materiais e Métodos: Segmentos de ureter distal de 17 doadores falecidos de múltiplos órgãos de ambos sexos (24 – 65 anos de idade, média 40 ± 3.2 anos; homens 2:1 mulheres) foram utilizados. A contratilidade ureteral foi avaliada em banho de solução de Krebs e o tecido pré-contraído com KCl 80nM . Os valores de potência foram determinados como o log negativo da concentração molar para induzir 50% do relaxamento máximo nos espécimes pré-contraídos com KCl. O teste não-pareado T de Student foi usado para as comparações. Resultados: O BAY 41-2272 produziu relaxamento em ureter isolado em tecidos pré-contraídos com KCl (80 mM) com valores de potência (pEC50) e relaxamento máximo (Emax) de 5,82 ± 0,12 (n=8) e 84 ± 5%, respectivamente. A adição do inibidor da sintase de óxido nítrico (L-NAME, 100 μM, n=6) ou da guanilato ciclase solúvel (ODQ, 10 μM, n=6) reduziu em, 21 e 44% (P<0,05) a Emax, respectivamente, sem alteração dos valores de pEC50. A pré-incubação do inibidor da PDE5, sildenafil (100 nM) potencializou (pEC50: 6,39 ± 0,10, n=8, P<0,05) o relaxamento induzido pelo BAY 41-2272 em comparação à curva controle. A adição dos bloqueadores inespecíficos de canais de potássio (glibenclamida) ou ATPdependentes (tetraetilamônio – TEA) e a ausência de urotélio não interferiram nos parâmetro farmacológicos do BAY 41-2272. A imunorreatividade mostrou a presença da NOSe no endotélio de estruturas vasculares do ureter e NOSn no urotélio, estruturas nervosas e, fracamente, na musculatura lisa. A GCs é expressa tanto no urotélio como na musculatura lisa. A PDE5 é expressa, exclusivamente, na musculatura lisa. Conclusão: O BAY 41-2272 provoca relaxamento em segmentos ureterais humanos pré-contraídos com KCl em modelo in vitro de forma concentração-dependente, essencialmente pela ativação da guanilato ciclase presente no músculo liso, e não no urotélio, apesar de um mecanismo GMPc-independente poder estar envolvido. Esta nova classe farmacológica pode ter papel no tratamento clínico de cálculos ureterais obstrutivos.


Dia 15 de julho a Sra. Marcy Lancia Pereira defendeu Tese de Doutorado na Disciplina de Urologia da Unicamp com o seguinte estudo: EFEITOS VESICAIS DA INIBIÇÃO CRÔNICA DA PRODUÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO EM CAMUNDONGOS COM OBSTRUÇÃO PARCIAL URETRAL.

Orientador: Prof. Carlos D’Ancona e Coorientador: Prof. Edson Antunes

Membros da Banca: Professores Cassio Riccetto, Rogerio Simonetti, Marcy Lancia Pereira (Orinetada) Carlos D’Ancona (Orientador), Julio Alejandro Rojas Moscoso e Fernanda Bruschi Marinho Priviero


Resumo: A hiperplasia prostática benigna (HPB) ou aumento benigno da próstata (ABP) leva a disfunção do trato urinário, que pode ser mimetizada outras espécies animais, como roedores, por meio de obstrução parcial da uretra (OPU). O óxido nítrico (NO), sintetizado a partir da L-arginina por meio de três isoenzimas (iNOS, eNOS e nNOS) vem sendo estudado por ser apontado como responsável por alterações morfológicas e funcionais decorrentes do processo obstrutivo uretral. Este trabalho tem como objetivo caracterizar as alterações vesicais crônicas em camundongos com OPU e tratados cronicamente com L-NAME (inibidor competitivo não seletivo da NOS) e aminoguanidina (inibidor competitivo seletivo para iNOS).

Os animais foram divididos em 6 grupos experimentais: Sham, Sham + L-NAME, Sham + aminoguanidina, OPU, OPU + L-NAME e OPU + aminoguanidina. A realização da OPU foi feita por meio de laparotomia e ligadura parcial ao nível do colo vesical utilizando-se cateter como guia externo. Após 5 semanas do procedimento cirúrgico, os animais foram avaliados quanto a cistometria, estudos farmacológicos em banho para órgão isolado e peso vesical. Os animais OPU apresentaram disfunção vesical observada por meio de aumento de contrações não miccionais (CNM) e da capacidade vesical, além de menor resposta contrátil muscarínica e elétrica. A inibição das três isoformas de NOS levou a diminuição da capacidade vesical em animais OPU.

O tratamento com L-NAME levou a aumento de CNM, prevenção ao ganho de peso vesical e aumento das respostas contráteis a estimulação muscarínica e elétrica em animais OPU. A aminoguanidina diminuiu as CNM, mas não evitou o aumento do peso da bexiga em animais OPU e não aumentou as respostas contráteis vesicais. Tais achados sugerem que as NOS constitutivas (eNOS e nNOS) parecem ter papel mais relevante na fisiopatologia da OPU crônica do que a iNOS.


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