Revista Memória e Linguagens Culturais - Ano 1 - Nº 2

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Pesquisa, como tudo começou? Por Mª Regina D’Ambrosi da S. Uster

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ntão... O que são orgâni- algumas feiras ecológicas de produtos cos? Era final de tarde de orgânicos. A partir disso, nossa expecmais uma aula de mestrado, tativa era de visitar uma dessas feiras e

da disciplina de Seminário Itinerários encontrar respostas para todas as nosCulturais, quando nosso professor sas indagações. Dr. Lucas Graeff nos trouxe um grande desafio. Lançou-nos uma atividade de pesquisa para ser desenvolvida em grupo e que, como produto final, deveria informar as pessoas sobre o tema “orgânicos” e servir de guia de como encontrá-los em Porto Alegre.

Após tentativas desastrosas como a da colega Maristela (que em um sábado, muniu-se de todo um arsenal de equipamentos de som e imagem e partiu para uma dessas feiras, mas somente depois de ter fotografado e entrevistado algumas pessoas descobriu que

Nós, alunos, nos olhamos uns para os estava na feira errada1), finalmente outros. Com uma cara de espanto ques- encontramos a Feira dos Agricultores tionamo-nos: Produtos orgânicos? O Ecologistas - FAE, também conhecida que seria? Alguém aqui conhece? Con- como “Feira da Redenção”. some? É o mesmo que produto vegetariano? Muitos questionamentos e nada de concreto tínhamos naquele dia. Apenas ideias pré-concebidas. Partiu-se, então, para a prática. Fomos pesquisar in loco. Descobriu-se, com a ajuda da internet, que em Porto Alegre existem

Essa feira acontece todos os sábados pela manhã e está localizada no canteiro central da Av. José Bonifácio, junto produtos, e conhecer grande variedade ao Parque Farroupilha em Porto Alegre. e a entrevistar alguns expositores, enFundada em 1989, foi à primeira feira tendemos que produtos orgânicos são ecológica do Brasil Pós Revolução Ver- aqueles de origem animal ou vegetal obde e serviu de modelo para outras feiras tidos através de um sistema orgânico de gaúchas. Nela, os produtos orgânicos produção “sem agrotóxicos”. A partir são vendidos diretamente do produtor disso, nosso trabalho de pesquisa iniciou tendo como objetivo principal oferecer para o consumidor. a você, leitor, além de informações soAo visitarmos a feira, pudemos cons- bre o tema “orgânicos”, um roteiro de tatar a grande preocupação que todos restaurantes que oferecem alimentação

os expositores têm com a qualidade orgânica em Porto Alegre. O convite é: dos produtos e do atendimento. Per- entre nessa onda conosco! cebeu-se que lá circulam, além de clientes fieis, pessoas que compartilham o mesmo ideal na busca da melhoria da qualidade de vida. Circulando entre as bancas pudemos experimentar diversos

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Entre nessa onda Por Katherine Maria Minela

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ciência da nutrição está inserida direta e profundamente nas questões de sustentabilidade mundial. A construção do conhecimento que relaciona os alimentos, com a forma como são produzidos, e seus efeitos na vida dos seres humanos e no planeta são de fundamental importância. Existe atualmente uma “onda” de consumo de alimentos sem resíduos de agrotóxicos. Contudo, o que a grande maioria das pessoas não percebe é que existem implicações muito mais profundas que apenas um alimento não ter recebido um determinado agrotóxico. Quando os alimentos são produzidos em sistemas de cultivo limpo (ex.: sistema orgânico), eles contribuem diretamente para a melhoria de vários serviços sociais. Para além de ausência de agrotóxicos, existem outros benefícios importantíssimos à sociedade. A produção em sistema de cultivo orgânico pode contribuir para a manutenção e preservação da biodiversidade vegetal (agrobiodiversidade). A agrobiodiversidade está intimamente ligada com a garantia da segurança alimentar de populações em áreas rurais e urbanas em todo o planeta. Além disso, a diversidade agrícola pode fornecer uma ampla variedade de macronutrientes, micronutrientes e compostos bioativos. A perda da biodiversidade (ou a redução de determinadas característica genética) pode determinar o desaparecimento de algumas plantas com grande potencial nutricional e medicina.

Francisco Stefani Amaro - Professor Curso de Nutrição/Unilasalle - Nutricionista/ Unisinos - Mestre em Fitotecnia/Faculdade de Agronomia/UFRGS - Doutorando em Fitotecnia/Faculdade de Agronomia/UFRGS.

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Os sistemas orgânicos de produção e a legislação Por Maristela Bleggi Tomasini

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istemas orgânicos de produção ani- modificados, o uso racional dos recursos A limpeza dos locais só pode ser efetivamal e vegetal são regulamentados naturais, o incremento da biodiversidade da mediante o emprego de determinados pela legislação. Isso significa que um e a regeneração das áreas degradadas. Do produtos, sempre biodegradáveis. Da

produto, para que seja considerado orgâni- ponto de vista econômico, os sistemas or- mesma forma, a prevenção e tratamenco e como tal fazer jus a certificação, deve gânicos devem buscar melhorias genéticas, to de enfermidades sofre restrições, bem ser produzido segundo regras recente- a manutenção das variedades, sejam elas como o tipo de alimentação destinada aos mente editadas pelo Ministério da Agricul- locais, tradicionais ou crioulas, que se en- animais. Por exemplo, para tratamento tura: a Instrução Normativa n° 46 de 6 de contrem sob ameaça de erosão genética, de doenças, são priorizados preparados outubro de 2011. promovendo a sanidade das espécies ani- homeopáticos ou fitoterápicos; a alimenQuando se pensa em produtos orgânicos, o que nos ocorre é alguma coisa produzida sem o uso de agrotóxicos, que tanta polêmica geram pelos efeitos maléficos que sabidamente podem causar. Entretanto, fertilizantes podem ser usados na produção orgânica, desde que se insiram na categoria de agentes biológicos ou sejam produto de um sistema de compostagem. A conformidade orgânica deve ser avaliada a cada etapa da produção, cujos sistemas devem buscar sempre preservação ambiental, atenuação de seus efeitos sobre os ecossistemas, sejam eles naturais ou

mais e vegetais e valorizando aspectos cul- tação dos animais é natural, com uso de turais, especialmente no que concerne à melado, farinha de algas - para redução do regionalização dos produtos. Do ponto de teor de iodo - pós e extratos de plantas. vista social, são valorizadas as relações de trabalho, sempre com vistas à melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, com sua capacitação continuada dos agentes envolvidos em cada etapa da produção. Há exigência de registro de todos os procedimentos inerentes às etapas de produção, que devem permanecer disponíveis por no mínimo cinco anos. Além disso, deve existir um plano de manejo que contemple o histórico de utilização da área. A manutenção da biodiversidade, os resíduos e a conservação do solo e da água.

Enfim, não é simples produzir dentro do sistema, e os produtos, sejam eles de ori-

De fato, não é fácil cumprir com todas gem animal ou vegetal, obtidos a partir de as exigências impostas pela legislação, tal prática possuem um diferencial que os observando ainda uma série de proibi- torna, ao menos em tese, senão mais sauções e restrições, como por exemplo o dáveis, por certo menos nocivos à saúde. A uso praticamente exclusivo de sementes certificação depende dessa conformidade, e também oriundas de sistemas orgânicos, quem se propõe a alcançá-la deve cumprir a proibição de utilização de organismos rigorosas exigências. Ao menos é isso que geneticamente modificados, de agrotóxi- o consumidor, certamente, espera quando cos sintéticos. O manejo das pragas, nos confia que o produto que adquire, pagando sistemas orgânicos, é bastante complexo. inclusive mais por ele, seja, de fato, orgânico.

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Nossa Receita Por Luciano Lunkes

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s grandes chefes do planeta estão cada vez mais engajados no movimento gastronômico chamado from-farm-to-table (direto da horta para a mesa). A escolha desses gourmets em servir seus assinados pratos com base na utilização de matÊria-prima orgânica (um dos fundamentos do movimento) estaria

ancorada em dois parâmetros sĂłlidos e irrefutĂĄveis: os quesitos sabor e saĂşde. Essa recente tomada de consciĂŞncia se desdobra, entĂŁo, em uma nova abordagem quanto Ă escolha dos “ingredientes-primosâ€?: sĂŁo privilegiados produtos oriundos de uma prĂĄtica de produção mais sustentĂĄvel e livre de interferĂŞncias “artificiaisâ€?, tais como aditivos quĂ­micos e manipulaçþes genĂŠticas, entre outros mecanismos notoriamente nefastos. A utilização de alimentos orgânicos nas prĂĄticas culinĂĄrias resulta, geralmente, em pratos memorĂĄveis, por mais simples que sejam os seus preparos. Consumi-los, alĂŠm de proporcionar um grande prazer degustativo, auxilia o comensal a estabelecer uma relação mais harmoniosa com as estaçþes do ano, com o seu meio ambiente, com o seu mĂŠdico e com a comunidade vizinha que os produz. Cozinheiros vegetarianos, adeptos dos orgânicos e os chamados “foodiesâ€? (glutĂľes fissurados por comida boa), estĂŁo sempre Ă procura de novas idĂŠias e receitas para os seus preparos. Uma de suas fontes inspiradoras advĂŠm das cozinhas asiĂĄticas, onde a arte de cozinhar os vegetais tem sido masterizada por milĂŞnios. A receita ao lado propĂľe, entĂŁo, reforçar o arsenal de guloseimas saborosas e saudĂĄveis. Tenham um Ăłtimo apetite e uma excelente saĂşde!

Sopa de missĂ´, moranga, couve e cogumelo ostra Para 4 pessoas

Ingredientes:

t DPMIFS EF DIĂˆ SBTB EF BĂŽĂžDBS NBTDBWP PV B HPTUP t DPMIFS EF DIĂˆ SBTB EF WJOBHSF EF BSSP[ t .FUBEF EF VNB NPSBOHB PV BCĂ˜CPra (900g), com a casca e as sementes t GPMIBT EF DPVWF NBOUFJHB DPSUBEBT FN GBUJBT CFN mOBT t EFOUFT HSBOEFT EF BMIP EFTDBTDB- t H EF DPHVNFMPT PTUSB SBTHBEPT FN QFEBĂŽPT dos e cortados em lâminas finas t ÂťMFP EF TPKB Modo de preparo: t ÂŤHVB t DPMIFSFT EF TPQB EF NJTTĂš QBTUB 1. Coloque a moranga, com a parte central cortada voltada para baixo, em uma forma untada. Leve ao forno Ă temperatura de 180Âş por uns 45 minutos ou atĂŠ o momento de feijĂŁo fermentado) em que estiver macia ao ser perfutada com um palito. Retire do forno e deixe esfriar. t DPMIFS EF TPQB EF NPMIP EF TPKB t DPMIFSFT EF TPQB EF NPMIP EF QFJ- MĂŠtodo mais rĂĄpido: leve a moranga com as semente e a casca ao micro-ondas xe tailandĂŞs (encontrado em lojas de ajustado Ă potĂŞncia mĂĄxima e cozinhe-a por 15 minutos. produtos asiĂĄticos) 2. Quando fria, remova as sementes e descarte. Retire a polpa da moranga e descarte a casca. 3. Em uma panela com um pouco de Ăłleo e o alho, ligue o fogo e frite o alho atĂŠ ficar cheiroso, mas ainda sem cor. Acrescente a ĂĄgua, o missĂ´, os molhos de soja e de peixe. Adicione o vinagre, o açúcar, a couve e os cogumelos. Deixe cozinhar por mais dois minutos. Desligue e sirva.

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Orgânicos:

10 motivos para consumí-los

Por Zenilde Sganzerla e Katherine Minella

1 - Evita problemas de saúde causados pela ingestão de substâncias químicas tóxicas. Pesquisas e estudos tem demonstrado que os agrotóxicos são prejudiciais ao nosso organismo. Os resíduos que permanecem nos alimentos podem provocar reações alérgicas respiratórias, distúrbios hormonais, problemas neurológicos e até câncer.

2 - Alimentos orgânicos são mais nutritivos. Solos ricos e balanceados com adubos naturais produzem alimentos com maior valor nutritivo.

3 - Alimentos orgânicos são mais saborosos. Sabor e aroma são mais intensos - em sua produção, não há agrotóxicos ou produtos químicos que possam alterá-los.

4 - Protege futuras gerações de contaminação química. A intensa utilização de produtos químicos na produção de alimentos afeta o ar, o solo, a água, os animais e as pessoas. A agricultura orgânica exclui o uso de fertilizantes, agrotóxicos ou qualquer produto químico, tendo também como finalidade a preservação dos recursos naturais.

5 - Evita a erosão do solo. Através das técnicas orgânicas (tais como rotação de culturas, plantio consorciado, compostagem, etc.), o solo se mantém fértil e permanece produtivo ano após ano.

6 - Protege a qualidade da água. Os agrotóxicos utilizados nas plantações atravessam o solo, alcançam os lençóis d’água e poluem rios e lagos.

7 - Restaura a biodiversidade, protegendo a vida animal e vegetal. A agricultura orgânica respeita o equilíbrio da natureza, criando ecossistemas saudáveis. A vida silvestre, parte essencial do estabelecimento agrícola, é preservada e áreas naturais são conservadas

8 - Ajuda pequenos agricultores. Em sua maioria, a produção orgânica provém de pequenos núcleos familiares, que tem na terra a sua única forma de sustento. Mantendo o solo fértil por muitos anos, o cultivo orgânico prende o homem à terra e revitaliza as comunidades rurais.

9 - Economiza energia. O cultivo orgânico dispensa os agrotóxicos e adubos químicos, utilizando intensamente a cobertura morta, a incorporação de matéria orgânica ao solo e o trato manual dos canteiros. Ao contrário, na agricultura convencional utiliza-se petróleo como insumo de agrotóxicos e fertilizantes e como combustível na mecanização intensiva.

10 - O produto orgânico é certificado. A qualidade do produto orgânico é assegurada por um Selo de Certificação. Este Selo é fornecido pelas associações de agricultura orgânica ou por órgãos certificadores independentes, que verificam e fiscalizam a produção de alimentos orgânicos desde a sua produção até a comercialização. O Selo de Certificação é a garantia do consumidor de estar adquirindo produtos mais saudáveis e isentos de qualquer resíduo tóxico. No Brasil existem 45 produtores com o selo orgânico fornecido pelo IBD Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento. Disponível em:

www.revistahoteis.com.br | www.dopeaopote.com.br

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ONDE ENCONTRAR ORGĂ‚NICOS EM PORTO ALEGRE? Por AntĂ´nio Carlos Vieira

Confira! Siga nosso mapa, prove e comprove receitas e sabores especiais.

1 - Espaço Gourmet: 3VB 4FOBEPS EJ 1SJNJP #FDL ] 2 - Vivri Cozinha Orgânica: Av. Anita Garibaldi, MPKB ] 3

- Restaurante Prato Verde: Rua Santa Terezinha, 42 ] 4 - Restaurante JacarandĂĄ: Rua

4BOUB 5FSFTJOIB TPCSF MPKB ] 5

- Restaurante e Pizzaria Govinda: Av. JosĂŠ BonifĂĄcio, 605 ]

6 - Restaurante Alecrim: "W /JMP 1FĂŽBOIB ] 7 - Temakeria Japesca: .FSDBEP 1ĂžCMJDP .VOJDJQBM ] 8 - Ponto Onze Restaurante e Eventos: QSĂ?EJP EB 16$34 ] 9 - Restaurante Flor de Maçã: prĂŠdio EB 16$34 UĂ?SSFP ] 10

- Restaurante Nova Vida: 3VB %FNĂ?USJP 3JCFJSP $FOUSP )JTUĂ˜SJDP ]

11 - Restaurante Pueblo: "WFOJEB *KVĂ“ 1FUSĂ˜QPMJT ] 12 - Restaurante Machry: Rua Dr. Armando BarCFEP ] 13

- Restaurante Todo SaĂşde: 3VB )JMĂˆSJP 3JCFJSP ]14 - Restaurante Salada e Cia.:

3VB $PSPOFM 'SFEFSJDP -JODL ] 15

- Bar Ocidente: Av. Osvaldo Aranha, 960, 1Âş andar ]

16 - Zhong Guo Wei: Rua Ramiro Barcelos, 2099

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DEPOIMENTO DOS REDATORES “Eu não imaginava que, em Porto Alegre, existia uma feira de produtos orgânicos com tanta variedade e confiabilidade. Depois de conhecer a Feira da Redenção, passei também a consumir os produtos e a frequentá-la todos os sábados.” Regina D’Ammbrosi Uster - Graduada em Administração de Empresas, Pós-graduada em Marketing e mestranda em Memória Social e Bens Culturais.

“De inicio, demorei a compreender como seria o processo de construção do Itinerário Cultural, mas após nos reunirmos no grupo de trabalho e discutirmos sobre as nossas impressões sobre o assunto, tudo ficou mais claro, e, aos poucos fomos delineando os nossos passos, dando forma e conteúdo para o “boneco” de nossa revista. O produto deste esforço coletivo, construído a partir da coletânea de variadas linhas de pensamento, compensou toda nossa dedicação. Acredito que o resultado foi extremamente positivo.” José Rogério Vidal - Graduado em Educação Física, Especialização em Ciências do Movimento Humano e em Educação Psicomotora, Mestrando em Memória Social e Bens Culturais.

“Ofertas de produtos orgânicos com qualidde, diferenciados, saudáveis e com preços acessíveis. Originários de diversos municípios da região, em sua maioria trabalhando de forma cooperativa, me proporcionaram surpresas e felicidade tornando-me um consumidor. Entrei nesta onda!” Adroaldo Strack - Graduado em Administração de Empresas, Pós-graduado em Estratégia Empresarial e mestrando em Memória Social e Bens Culturais.

“Sempre fui um apaixonado pela feira de orgânicos do Brique da Redenção. Depois desse trabalho, passei a admirar mais ainda o trabalho de seus protagonistas.” Luciano Lunkes - Bacharel em Regência Coral, Pós-Graduado em Regência Coral, Graduado em Gastronomia Francesa e mestrando em Memória Social e Bens Culturais.

“Para minha grata surpresa, o dito ‘orgânico’ se revelou um manancial muito rico, principalmente no contato com as pessoas envolvidas com esse universo, traduzido em uma nova opção de vida, tanto do público consumidor consciente de uma nova proposta de saúde pessoal como na saúde do planeta.” Telmo Silva Telles Filho - Graduado em Administração de Empresas, Pós Graduado em Gestão pela Qualidade e mestrando em Memória Social e Bens Culturais

“Fiquei impressionada com a cadeia de produtos orgânicos em Porto Alegre e principalmente com a convicção, estilo de vida dos adeptos e também com a cientificidade do assunto.” Katherine Maria Minela - Graduada em Psicologia, Pós-graduada em RH e Psicologia da Comunicação e mestranda em Memória Social e Bens Culturais.

“O consumo de alimentos orgânicos é altamente saudável para evitar vários tipos de doenças. Esse é um incentivo que deveríamos fazer em todas as escolas. Pois para que essa cultura se difunda, é necessário educação alimentar desde a infância.” Zenilde Sganzerla - Graduada em Pedagogia e Teologia Pastoral, Especialização em Psicologia Escolar Administração Escolar e Supervisão Escolar e Mestranda em: Bens Culturais e Memória Social

“Ao visitar a Feira dos Orgânicos, tive a sensação de estar no mundo medieval. Bancas rústicas, produtos sendo expostos de forma simples, onde, estética não é a mais importante. A centralidade da feira está nos produtos orgânicos, pois, o feirante é conhecedor da mercadoria que comercializa e defensor de uma melhor qualidade de vida. Ao finalizar o trabalho, fiquei com um sentimento de estar revelando para a sociedade um fragmento da cidade que estava escondida nos escombros do cotidiano.” Antônio Carlos Vieira - Graduado em História, Pós-Graduado em História do Brasil Contemporâneo e Mestrando em Memória Social e Bens Culturais

“O que pude constatar foi praticamente um movimento em prol da saúde, de uma vida menos artificial, voltada à natureza.” Maristela Bleggi Tomasini - Graduada em Direito, Especialização em direito civil e mestranda em Memória Social e Bens Culturais.

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uando em passado não muito distante foi promovido o desmonte da malha ferroviária paulista, a supressão de todos os trens de passageiros que serviam de ligação entre as principais cidades do interior e do litoral, a erradicação completa de ramais, e até mesmo a desativação de tre-

chos de linhas de trens metropolitanos, o SINFER - Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana - idealizou, patrocinou e colocou em curso a Campanha O Brasil TREM Jeito. Apesar dos inúmeros esforços, não obteve resultados e, no Estado de São Paulo, a ferrovia ficou reduzida ao que é hoje. As mesmas mãos que arrancaram os trilhos criaram mais estradas de rodagem e, nas cidades, alargaram ruas e avenidas, edificaram túneis e viadutos, com a finalidade de consolidar a mobilidade de pessoas e o transporte de nossas riquezas pela rodagem dos pneus. O preço dessa decisão é hoje pago por todos nós, na forma do mais completo caos no trânsito urbano, na elevação dos níveis de poluição do ar, na deterioração da qualidade de vida, no elevado índice de violência motorizada e nos insolúveis gargalos em avenidas e estradas denominados congestionamentos. A Campanha São Paulo TREM Jeito é uma reedição da Campanha O Brasil TREM Jeito - com redução territorial da abrangência do título - na esperança de que campanhas similares nasçam em outros estados da federação. A Campanha visa, inicialmente, trazer a questão do transporte de pessoas sobre trilhos para a atenção e debate dos usuários de transportes públicos, assim como de usuários de meios individuais de transportes, na certeza de ser a melhor solução para os problemas de trânsito e de poluição das grandes cidades. É, nesse sentido, uma campanha informativa, pois idealizada em torno de informações sobre os modos de transporte de pessoas sobre trilhos - trem, metrô, aeromóvel, vlt e monotrilho - uma vez que as pessoas, de modo geral, desconhecem ou não pensam e sentem esses modos como solução para seus problemas de trânsito e de transporte. A campanha tem por finalidade promover um resultado social, isto é, exercer influência para que os recursos destinados ao trânsito e ao transporte sejam alocados em transporte de pessoas sobre trilhos, estancando e revertendo a tendência rodoviarista de governos (ruas, avenidas, pontes, túneis, viadutos, estacionamentos, etc.), muitas vezes também eles vítimas do próprio desconhecimento de outras opções.

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EDITORIAL

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com enorme prazer e orgulho que trazemos mais um número da Revista Itinerários Culturais: criação e gestão de percursos no Cone Sul. Trata-se de uma importante publicação de divulgação técnico-científica do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais do Centro Universitário La Salle, na qual são oferecidas reflexões aprofundadas e acessíveis, bem como atividades lúdicas e informações culturais a respeito de itinerários e roteiros culturais do Brasil e da América Latina. No presente número, nossos alunos brindam a todos com um trabalho a respeito dos chamados “orgânicos”. Como indicam os próprios autores, trata-se de alimentos de origem animal ou vegetal produzidos ou cultivados em um sistema que rejeita o uso de agrotóxicos. Mais que isso: os “orgânicos” se apresentam como um núcleo de produtos em torno do qual se organizam verdadeiros estilos de vida. De concepções de saúde e bem-estar baseadas na alimentação “saudável”, passando pela rejeição de uma vida “artificial” e chegando a movimentos como o from-farm-to-table, as práticas gastronômicas e dietéticas que os autores encontram nos arredores da Feira de Agricultores Ecologistas orientam e são orientadas por escolhas e reflexões pautadas em valores de pureza e retorno às raízes, ao “natural”. Ora, é justamente por se tratar de um estilo de vida e de uma prática gastronômica que foi possível organizar uma Rota Orgânica na capital gaúcha. Nesse itinerário, o leitor poderá descobrirá algumas das particularidades da Feira, dicas sobre os orgânicos e restaurantes onde é possível cultivar uma vida verde. Boa leitura!

Prof. Lucas Graeff e Prof . Cleusa Maria Gomes Graebin a

Patrocinadores

Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais MestradoProfissional Seminário Itinerários Culturais: criação e gestão de percursos no Cone Sul

Expediente Coordenação-Geral Profª Drª Cleusa Maria Gomes Graebin Profª Dr. Lucas Graeff Editor Prof. Dr. Lucas Graeff Redatores Adroaldo Strack Antônio Carlos Vieira Katherine Maria Minela Luciano Lunkes Maristela Bleggi Tomasini Mª Regina D’Ambrosi da S. Uster José Rogério Vidal Telmo Silva Teles Filho Zenilde Sganzerla Revisão Irmã Zenilde Diagramação Tiago Kras Fotos Maristela Bleggi Tomasini Publicidade Campanha São Paulo TREM Jeito


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