Meio Ambiente e Sustentabilidade

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sua própria natureza. Desenvolve as potencialidades nela adorme-

meio ambiente e sustentabilidade

1971, p. 202).

cidas e submete ao seu domínio o jogo das forças naturais (MARX,

Para continuar, devemos lembrar que, além de estabelecer relações com a natureza enquanto trabalha, o homem estabelece ainda relações com os seus semelhantes, ou seja, com outros homens, ou congêneres - seres da mesma espécie (FOLADORI, 2002). Esse conjunto de relações forma o que podemos chamar de relações técnicas de um lado e, de outro, de relações sociais de produção. As relações técnicas correspondem àquelas que ocorrem através da transformação dos recursos naturais, mediados pelo uso de instrumentos e com vistas à satisfação de necessidades. As relações sociais correspondem àquelas que dizem respeito às relações entre os homens no interior do processo produtivo, assim como à distribuição das riquezas geradas pela produção. Tanto as relações técnicas como as relações sociais mantêm, permanentemente, conexões entre si, influenciando-se reciprocamente. Se foi o trabalho que deu origem às sociedades humanas, também ele permitiu, à medida mesma de sua evolução, a passagem das sociedades primitivas às sociedades agrícolas e destas às industriais. Assim, influenciando-se reciprocamente, relações técnicas e relações sociais possibilitaram a superação do nomadismo e a fixação do homem à terra pelo surgimento da agricultura, garantindo a geração de um excedente alimentar. Novas formas de relação entre o homem e a natureza resultaram em uma

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nova sociedade. Vejamos agora como isto aconteceu concretamente em algumas épocas históricas.

Nas sociedades pré-históricas, digamos assim, ou seja, aquelas que se formaram a partir do período neolítico, conforme já mencionamos, supõe-se que não fazia muito sentido para os homens daquela época a separação entre sociedade e natureza. A forma de organização social era bastante simples, a divisão do trabalho baseava-se em critérios como a idade e o sexo dos membros da sociedade; a revolução agrícola apenas se iniciava; os grupos sociais eram menores e mais homogêneos; o conhecimento tradicional tinha um papel predominante na sociedade e, por tudo isso, a relação que estamos discutindo era também bastante diferente do que é hoje. Temor, admiração e interação talvez sejam palavras que mais traduzam aquela relação. Entende-se por divisão social do trabalho a organização da sociedade em diferentes funções, exercidas pelos indivíduos ou grupos de indivíduos ao longo da vida. Nas sociedades primitivas essa divisão era simples. Homens, mulheres, jovens e idosos desenvolviam atividades compatíveis com suas características de sexo, idade e hierarquia social que era simples. Na Idade Média um artesão fazia um trabalho do começo ao fim. Na modernidade essa divisão ficou mais complexa e o trabalho em série segmentou as atividades da produção em muitas pequenas partes (COSTA, 1997).

A Revolução Agrícola provocou mudanças substanciais nesta relação, pois com a produção de excedentes alimentares foi possível o sedentarismo, passando-se de uma sociedade nômade, organizada a partir do extrativismo vegetal e animal, para uma sociedade fixada em um dado território cujo substrato, a terra, passa a ser objeto


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