Jornal UFG Nº67

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Jornal

UFG

Foto: Renner Mariano

PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – ANO IX – Nº 67 – SETEMBRO DE 2014

Respeito ao nascimento Atualmente no Brasil, quase a totalidade dos nascimentos ocorrem por meio de cesarianas e não de forma natural. Se somos preparados biologicamente para o nascimento, esse fato serve de alerta para nos perguntarmos: agimos realmente da melhor forma possível para receber nossas crianças nesse mundo? Que implicações o exagero desses procedimentos podem trazer para a saúde e qualidade de vida das mulheres e dos bebês? Confira nas páginas 4, 6 e 7 desdobramentos desses e de outros questionamentos que nos ajudarão a conhecer melhor a nossa sociedade e entender o movimento de humanização do parto, que vem ganhando força no país.

Plantas medicinais do Cerrado são experimentadas na produção animal pág. 8 e 9 Cultura do lixo e falta de políticas públicas são entraves à lei dos resíduos sólidos pág. 14


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DESTAQUE

Jornal UFG

EDITORIAL

Parto humanizado

N

esta edição do Jornal UFG, proporcionamos a discussão de um tema ainda pouco conhecido: o parto humanizado. O nascimento há muito deixou de ser um processo fisiológico, inerente à vida reprodutiva humana, para se tornar um processo cada vez mais sistematizado e mercadológico. Nesse processo de sistematização, foi reduzido o número de partos naturais e normais ou, quando realizados, ocorrem com diversas intervenções que, em excesso e, às vezes, sem o consentimento da gestante, caracterizam o que hoje chamamos de violência obstétrica. Diante desse processo que vem tirando da mulher sua autonomia e competência para um parto natural, surge um movimento de valorização do parto humanizado que visa dar novamente à mulher o protagonismo desse ato. O parto humanizado é aquele em que as decisões da mãe são respeitadas e o acompanhamento do nascimento, com o mínimo de intervenções, seja de uma forma que garanta o bem-estar da mãe e do bebê. Contudo, apesar de um movimento crescente, ele ainda é incipiente. Em Goiânia, poucos médicos adotam essa vertente e os enfermeiros obstetras, que podem atuar nesse tipo de parto, são poucos. As maternidades públicas começam, por meio de políticas públicas, a adotar o modelo, mas ainda há muito a ser feito para garantir o atendimento humanizado às gestantes recebidas nessas instituições. Mas o que fica claro é que há pouco interesse de todo um sistema em mudar essa realidade. Para esclarecer o assunto, o Jornal UFG traz uma mesa-redonda, realizada em parceria com a TV UFG, em que profissionais da área de saúde discutem os caminhos para essa mudança; e, em uma entrevista com uma mãe que, após uma cesárea indesejada, encontrou no trabalho de doula (profissional que dá apoio à mãe no momento do parto) uma nova vocação e, por último, uma reportagem que apresenta o trabalho do Hospital e Maternidade Dona Iris, em Goiânia, referência em parto humanizado na cidade, no qual a UFG participa da administração por meio da Fundação Hospital das Clínicas (Fundahc). Outras problemáticas enfrentadas por nossa sociedade também pautam esta edição. Como a entrevista com a professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Luma Nogueira de Andrade, travesti que superou preconceitos e a inadequação do sistema educacional brasileiro e foi a primeira a conquistar o título de doutora, e a reportagem sobre a forma como a UFG tem lidado com a falta de interesse dos jovens pelos cursos de licenciatura. Com essas e outras matérias, esperamos levar informações a todos para que juntos, possamos refletir sobre os percalços que o País precisa superar.

*Coordenadora de Imprensa da Ascom

Jornal

UFG

Publicação da Assessoria de Comunicação Universidade Federal de Goiás ANO IX – Nº 67 – SETEMBRO DE 2014 www.jornalufgonline.ufg.br ASCOM – Reitoria da UFG – Câmpus Samambaia C.P.: 131 – CEP 74001-970 – Goiânia – GO Tel.: (62) 3521-1310 /3521-1311 www.ufg.br – jornalismo.ascom@ufg.br – www.ascom.ufg.br

CÂMPUS EM FOCO

Curso de Medicina da Regional Jataí tem início

Carlos Siqueira

Kharen Stecca

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Goiânia, setembro de 2014

No dia 11 de agosto, foi realizada a solenidade de abertura do curso de Medicina da Regional Jataí. Esse é o primeiro curso público de Medicina do interior do Estado. O curso funcionará em seus primeiros anos no Câmpus Riachuelo até que as instalações no Câmpus Cidade Universitária sejam construídas. Estudantes e professores do curso acompanharam no Auditório Maior, do Câmpus Cidade Universitária, a aula inaugural com a presença do ministro da Saúde, Ademar Arthur Chioro dos Reis, do

Reitor da UFG, Orlando Amaral, do prefeito de Jataí, Humberto Machado da coordenadora de Projetos Especiais da UFG, Sandramara Matias Chaves, da diretora da Faculdade de Medicina (FM) da Regional Goiânia, Fátima Maria Lindoso, do diretor da Regional Jataí, Wagner Gouvêa dos Santos, do vice-diretor da Regional Jataí, Alessandro Martins, do coordenador do curso de Medicina da Regional Jataí, Hélio Ranes Filho, da assessora de Graduação da Regional Jataí, Eliana Melo Machado Moraes, além de membros da sociedade, que prestigiaram o evento.

Programação do Processo de Avaliação de Desempenho é divulgada O Departamento de Desenvolvimento de Recursos Humanos da UFG (DDRH) inicia o processo de Avaliação de Desempenho dos Servidores Técnico-administrativos da universidade. A ação, referente a 2013, tem o objetivo de, por meio da avaliação de desempenho dos servidores e dos docentes em funções administrativas, contribuir com a gestão da UFG. Os dados da avaliação também são utilizados pelos servidores para as seguintes finalidades: obtenção da progressão por mérito profissional, concessão de licenças e afastamentos e solicitação de remoção e redistribuição. A novidade no processo desse ano é que todas unidades e órgãos deverão designar servidores para a ação de capacitação certificada “Avaliação de Desempenho e Sistema de Avaliação de Desempenho (SAD)”, com carga horária de oito horas. Nessa ação, eles serão capacitados para atuar como multiplicadores, convocando reuniões para discutir a avaliação de desempenho em suas unidades e órgãos. Para compor as subcomissões de avaliação de desempenho e realizá-la em seus locais de trabalho, os membros designados deverão concluir a capacitação. Os servidores da Regional Goiás deverão realizar a capacitação em algum dos câmpus da Regional Goiânia. Tais mudanças pretendem aprimorar o processo como ferramenta de gestão na UFG. Confira as principais etapas do cronograma da Avaliação de Desempenho: Período de inscrição na capacitação: 19/08 a 19/09 no Sistema SAD do DDRH Datas das capacitações: - Câmpus Colemar Natal e Silva: 22/09/2014 - Câmpus Samambaia: 23/09/2014. - Regional Catalão: 24/09/2014. - Regional Jataí: 26/09/2014. Período de cadastro das equipes (membros e gestores em cada unidade/órgão): 22 de setembro a 10 de outubro de 2014 Período de execução da avaliação de desempenho: 14 de outubro a 14 de novembro de 2014 Resultados: 19 de novembro de 2014

Universidade – Reitor: Orlando Afonso Valle do Amaral; Vice-reitor: Manuel Rodrigues Chaves; Próreitor de Graduação: Luiz Mello de Almeida Neto; Pró-reitor de Pós-Graduação: José Alexandre Felizola Diniz Filho; Pró-reitora de Pesquisa e Inovação: Maria Clorinda Soares Fiarovanti; Pró-reitora de Extensão e Cultura: Giselle Ferreira Ottoni Cândido; Pró-reitor de Administração e Finanças: Carlito Lariucci; Pró-reitor de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos: Geci José Pereira da Silva; Pró-reitor de Assuntos da Comunidade Universitária: Elson Ferreira de Morais. Jornal UFG – Coordenadora de Imprensa e editora-geral: Kharen Stecca; Editora: Michele Martins; Conselho editorial: Cleomar Rocha, Luís Maurício Bini, Pablo Fabião Lisboa, Reinaldo Gonçalves Nogueira e Silvana Coleta Santos Pereira; Suplente: Mariana Pires de Campos Telles; Projeto gráfico e editoração eletrônica: Reuben Lago; Fotografia: Carlos Siqueira; Reportagem: Camila Godoy, Serena Veloso e Silvânia de Cássia Lima; Colaboração: Renan Vinicius Aranha; Revisão: Letícia Braz; Estagiários: Dúnia Esper, Thaíssa Veiga e Warlos Morais; Bolsistas: Águita Araújo e Letícia Antoniosi; Impressão: Centro Editorial e Gráfico (Cegraf) da UFG; Tiragem: 10.000 exemplares


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ENTREVISTA

Goiânia, setembro de 2014

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Luma Nogueira de Andrade

É preciso problematizar questões de gênero nas escolas O acesso à educação de pessoas pertencentes à comunidade Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT) ainda é muito difícil no Brasil. O que favoreceu a sua trajetória até se tornar a primeira travesti docente doutora de uma universidade federal?

Michele Martins

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professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Luma Nogueira de Andrade, buscou na educação e no engajamento social formas de superar as dificuldades sociais, principalmente, o preconceito por ser homossexual. Em 2012, ela se tornou a primeira travesti no Brasil com título de doutora, concedido pela Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), ao produzir uma tese inspirada nas experiências que viveu ao longo dos anos no ambiente escolar. Luma Nogueira, em visita à UFG para participar de uma banca de dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos, aceitou conversar com o Jornal UFG e nos contou sobre sua trajetória de vida e o reconhecimento que tem recebido. Confira!

Temos de considerar o contexto histórico. Muitos homossexuais não tinham oportunidade de ir à escola, principalmente na década de 1980, quando surgiu o surto da Aids e havia a ideia de que a homossexualidade era contagiosa. Foram criados decretos que impediam a presença de homossexuais nas escolas, ou seja, havia um preconceito institucionalizado. Consequentemente, as vítimas de preconceito não tinham acesso ao trabalho, eram totalmente excluídas. Então, elas iam para as ruas e utilizavam o recurso que lhes restava: a comercialização do corpo para sobreviver e existia demanda de muitos homens que as procuravam.

Como você conseguiu superar todos os preconceitos e hoje ter o reconhecimento pelo seu trabalho acadêmico?

Adriana Cristina

Hoje estou nessa posição porque existiram pessoas que, apesar da negação institucionalizada, iniciaram uma luta de resistência. Portanto, não importa o espaço que ocupemos hoje, todos nós temos uma dívida com nossos antecessores. Se hoje temos uma pequena abertura no campo da diversidade sexual, é porque existiram pessoas guerreiras que nos abriram essas portas. Elas problematizaram a questão de gênero e fizeram a sociedade refletir sobre essas diferenças segregadas. Não foi fácil e, apesar dessa abertura, ainda é muito difícil, pois, em muitos momentos, não pude me expressar conforme minha escolha de ser do gênero feminino.

As conquistas dos grupos discriminados ainda estão no início?

“Na verdade, o que queremos não é igualdade, e sim equidade, na medida da diferença de cada um.”

Teve um começo que foi mais doloroso, mas sempre viveremos em um contexto de lutas, porque quem cria as leis é uma camada da sociedade que tende a atender aos seus interesses. Assim, questões de diferença deixam de ser abordadas. A nossa preocupação deve ser a de conquistar espaços. Para um travesti, gay ou lésbica, um obeso, uma mulher, um negro é importante ocupar espaços determinantes para as mudanças na sociedade para, assim, lançarem olhares diferenciados e não o olhar da sociedade ocidental hegemônica. Dessa forma, conseguimos aberturas para mudar o que já está preparado. Achamos que a criação de leis garante a paz e que elas devem ser cumpridas, mas não podemos esquecer que as leis são construções que dizem quem é humano e quem não é humano, pois quem tem direitos é cidadão e quem não tem direito não é. Portanto, os direitos humanos conquistados pelos movimentos sociais são a única forma de quebrar muitas injustiças. Temos de problematizar isso, pois a existência da lei não é garantia de paz, por ser criada a partir de interesses. Na verdade, o que queremos não é igualdade, e sim equidade, na medida da diferença de cada um.

No desenvolvimento da sua tese, você questiona como o estudante travesti se move dentro da ordem normativa da escola. Quais conclusões você chegou?

A partir da minha geração, encontramos travestis que têm acesso às escolas, mas não podem expressar toda sua singularidade, ou melhor, a feminilidade não é reconhecida pelos espaços que legitimam a sexualidade. Eu, por exemplo, não tinha o direito de ir ao banheiro como outros colegas tinham. Por conta dessa singularidade, eu não era aceita no banheiro feminino e nem no masculino. Com a minha pesquisa comprovei que existiam homossexuais nas escolas mas eles não eram aceitos em suas diferenças. Mesmo assim vamos resistindo. Atualmente existem mecanismos legais que garantem a abertura para o reconhecimento dessa diferença. Fruto de lutas anteriores. No Ceará, por exemplo, o Conselho Estadual de Educação decretou que todas as instituições de ensino do Estado têm de aderir ao uso do nome social e tratar essas pessoas como elas gostam de ser tratadas, em documentos e nas relações sociais. Hoje, existem muitos dispositivos legais importantes, mas não quer dizer que resolvam a questão. Às vezes, a lei existe, mas há pessoas que preferem escondê-la para que os travestis não possam reivindicar seus direitos. Ainda há muito a ser feito e existem muitos dispositivos legais para que nossa cidadania seja garantida.

E quanto ao ambiente universitário?

Não é muito diferente. Os mesmos processos de enfrentamentos e de conquista que passei no ensino básico, passei também no ensino superior, principalmente, com professores que eu pensei que seriam mais compreensivos. Porém, temos de entender também que isso não é só culpa de quem expressa preconceitos. As pessoas são vítimas de processos hegemônicos e conservadores, porque são levadas a pensar de acordo com um modelo pré-existente. Quando não há espaço para produzir uma reflexão, ela só será feita por aqueles que possuem sensibilidade e são solidários com essas questões. As pessoas tendem a reproduzir a educação recebida pela família. Mas é preciso deixar de lado a forma conservadora de pensar. Onde trabalho vejo comentários do tipo: “Olha, agora temos uma professora que é travesti.” “Disseram que um travesti não tem capacidade, que nada!”. O impacto com uma professora travesti é muito grande, porque os alunos chegam carregados de estereótipos. Acredito que a minha presença junto a eles passa a desconstruir esses estereótipos. Por isso a sociedade conservadora tenta fechar as portas para as pessoas com diferenças, porque quando elas entram, elas desconstroem tudo o que foi feito de forma preconceituosa.

Você acredita que o ambiente escolar é o mais apropriado para trabalhar essas questões?

Sim. Porque é esse o lugar institucionalizado para a formação de crianças e jovens para a vida em sociedade, então o ambiente escolar é o local primordial onde devem ser tratadas essas questões.


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SOCIEDADE

Goiânia, setembro de 2014

Hospital e Maternidade Dona Íris amplia campo prático para alunos da área de saúde Estudantes de graduação, pós-graduação e residentes vivenciam a rotina de atendimento de um hospital e são incentivados a desenvolver pesquisas Serena Veloso

Humanização no atendimento às gestantes

Carlos Siqueira

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estudante Jyun Hishino cursa o sexto ano do curso de Medicina da UFG. Para alunos como ele, que estão prestes a ingressar na carreira profissional, a prática é essencial para o desenvolvimento das habilidades e competências aprendidas ao longo dos anos na academia. Foi no Hospital e Maternidade Dona Íris (HMDI) que o estudante teve a oportunidade de atuar dentro de um hospital frente a frente com os mais diferentes casos de pacientes na área de Ginecologia e Obstetrícia. Essa possibilidade foi alcançada em virtude do convênio firmado em 2012 entre UFG, Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) e Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (FUNDAHC) para a gestão compartilhada do HMDI. O objetivo do convênio é promover uma gestão diferenciada, a partir do modelo tripartite. Segundo a enfermeira da maternidade, Maria Auxiliadora Gomes de Mello Brito, diferentemente dos contratos estabelecidos com as Organizações Sociais (OS), esse tipo de gestão prioriza a construção coletiva das políticas internas, por meio de um plano de trabalho, além das ações de intervenção do hospital. O modelo de gestão foi inspirado no do Hospital Risoleta Tolentino Neves, em Belo Horizonte/MG, onde foi firmado um convênio entre a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a prefeitura da cidade. Já o modelo assistencial de atendimento foi orientado pelo trabalho do Hospital Sofia Feldman, também da capital mineira, referência nacional na assistência ao parto humanizado. No caso goiano, cada uma das partes tem responsabilidades definidas no convênio. A Secretaria de Saúde é encarregada de fazer o repasse de recursos financeiros que são geridos pela FUNDAHC. Tal verba é destinada à contratação de pessoal, à compra de insumos, equipamentos e medicamentos, ao pagamento de serviços contratados e a outras despesas para manutenção da maternidade, estimadas em um plano anual de trabalho. “A Secretaria determina a política de atendimento. Também estabelecemos as metas de atendimento e há uma negociação periódica com a SMS para ver se essas metas estão dentro do esperado”, explicou o diretor-executivo da FUNDAHC, José Antônio de Morais. Segundo ele, a previsão de gastos até maio de 2015 é de cerca de R$ 56 milhões. Por sua vez, a UFG é responsável pelas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Sob orientação de professores e profissionais, alunos da área de saúde da universidade podem vivenciar a rotina médica no atendimento ambulatorial, de urgência e emergência.

Todas as instalações, equipe profissional e práticas médicas do Hospital e Maternidade Dona Íris, levam em consideração as decisões da mãe e a fisiologia do processo do parto, evidenciando e valorizando a humanização do parto, com foco na redução da mortalidade materna e infantil. As principais ações promovidas são:

Sob a orientação do professor Waldemar Naves (à direita), estudantes da área de saúde assistem a aulas teóricas, podendo colocar o conhecimento em prática com atividades na maternidade

Novo campo para pesquisa e prática Todo mês, a maternidade recebe cerca de 60 estagiários dos cursos de Medicina, Enfermagem, Biomedicina, Nutrição e Farmácia, além de estudantes dos cursos de residência em UTI Neonatal e em Ginecologia e Obstetrícia, que realizam atividades no Centro de Estudos, Ensino e Pesquisa do HMDI. De acordo com Maria Auxiliadora Gomes, estudantes de outros cursos relacionados à área de saúde também podem solicitar a realização de estágio na maternidade, que recebe exclusivamente estudantes da UFG, como foi estabelecido no convênio de gestão. Esse número deve ser ampliado com a criação de duas novas residências: uma em Mastologia e a outra Multiprofissional. Também está em planejamento, junto à Faculdade de Enfermagem (FEN), a criação do curso de especialização de Enfermagem em Obstetrícia. O Centro de Estudos, Ensino e Pesquisa é subordinado à Diretoria

Em dois anos de gestão compartilhada, a unidade de saúde realizou cinco mil partos, mais de 63 mil atendimentos ambulatoriais e cerca de oito mil internações

Acadêmica do hospital, dirigida pelo professor da Faculdade de Medicina (FM), Waldemar Naves do Amaral. A unidade é responsável por coordenar as atividades acadêmicas e científicas, oferecendo aos alunos o acompanhamento de professores e profissionais. Para Waldemar Naves, “o Centro de Estudos traz aquilo que é sonho de todo indivíduo que trabalha com saúde, que é realizar o atendimento à população, sem deixar de fazer ciência”. Segundo o professor, alunos de pós-graduação já têm desenvolvido pesquisas nas áreas de Odontologia e Neonatologia, além de monografias da graduação. Para regulamentar as pesquisas do hospital, está em fase de criação o Comitê de Ética em Pesquisa.

Assistência ao parto humanizado Referência na assistência ao parto humanizado e na atenção humanizada em Ginecologia, Obstetrícia e Neonatologia, a maternidade teve a experiência dos trabalhos desenvolvidos por médicos da área relatada no livro Assistência ao parto humanizado. A publicação foi lançada ano passado pelo professor Waldemar Naves, junto ao também professor da FM e diretor-geral da maternidade, Maurício Guilherme de Campos Viggiano, e ao diretor da Maternidade Nascer Cidadão, Sebastião Fernandes Moreira. “A humanização é a alma dessa maternidade. O livro norteia esse caminhar da parte técnica e da humanização do atendimento de saúde”, relatou Waldemar Naves. O livro ganhará uma segunda edição, com o título Assistência ao parto humanizado e neonatal, e aprofundará nos diversos campos de atendimento da maternidade.

- Orientação das doulas, pessoas que dão suporte físico e emocional à gestante antes, durante e após o parto; - Incentivo ao parto normal; - Estimulação de exercícios e massagens para alongar o períneo (músculo que contribui para a passagem do bebê durante o parto) e aliviar as dores da paciente; - Realização do parto na água; - Evitar o uso do fórceps, instrumento para retirada do bebê no parto normal; - Somente em casos com extrema necessidade, realização da episiotomia (corte do períneo para a passagem do bebê); - Utilização do colírio de nitrato de prata nos olhos do bebê apenas nos partos vaginais, como prevenção à oftalmia gonocócica; - Sala de parto com redução de barulho e da quantidade de luz do ambiente; - Corte do cordão umbilical apenas após parar de pulsar; - Não realização da manobra de kristeller, técnica que pressiona a parte superior da barriga da mulher para forçar a saída do bebê; - Incentivo ao aleitamento materno na sala de parto; - Incentivo ao contato pele a pele da mãe com o bebê nos primeiros momentos de vida e banho apenas após seis horas depois do nascimento; - Estímulo à presença do acompanhante, escolhido pela própria parturiente, durante todo o procedimento do parto, ação garantida pela Lei 11.108, de 2005.


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GESTÃO

Universidade moderniza sistemas de informação

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Goiânia, setembro de 2014

Passo a passo para marcação das férias Confira os procedimentos para programar as férias no SIGRH: Por meio do Portal UFG (canto superior direito) acessar o Portal UFGNet;

Nos próximos quatro anos, a UFG estará em fase de implantação dos Sistemas Integrados de Gestão Universitária, que irão melhorar o gerenciamento de informações na instituição Serena Veloso

C

om o objetivo de integrar os sistemas informacionais da universidade e trazer maior facilidade no acesso e na administração de funções das diversas áreas da instituição, em 2013, a UFG iniciou a implantação do software Sistemas Integrados de Gestão (SIG). Organizado em módulos, o SIG permite atualização ágil e manipulação dos dados com maior eficiência. Durante esse processo, que durará em torno de quatro anos, serão priorizados os módulos que possuam sistemas correspondentes na UFG. Os sistemas com tecnologia defasada serão substituídos, como é o caso do Gestão Acadêmica, que terá seus dados migrados para o Sistema Integrado de Gestão das Atividades Acadêmicas (SIGAA). O primeiro módulo, implantado em junho de 2013, foi o de marcação de férias, do Sistema de Gestão Integrado em Recursos Humanos (SIGRH). A informatização do agendamento de férias possibilita que os próprios servidores realizem a operação e que a chefia de cada setor homologue via sistema. “Para a área de RH foi uma grande novidade, porque o controle das férias era estritamente manual. Antes, todas as unidades mandavam uma lista no papel com o nome da pessoa e os dados das férias. Essa lista era digitada por servidores do Departamento do Pessoal (DP) e transferida para o Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape) do governo federal”, explicou a diretora do DP da UFG, Maruska Vaz Sansaloni.

A gestora do SIGRH, Wilma Maria Gonçalves dos Santos, acredita que outro benefício foi o de modificar a cultura da universidade na marcação de férias, deixando a responsabilidade ao próprio servidor e ao diretor de sua unidade sobre a melhor data e possíveis alterações. Para consolidar a implantação do módulo, era necessário que os servidores estivessem cadastrados no sistema. Por isso, foi implantado o módulo Cadastro. De acordo com o coordenadorgeral do SIG na UFG, Dannyel Cardoso da Fonseca, o sistema funciona de forma complementar, sendo que as informações de um módulo, muitas vezes, são dependentes de dados inseridos em outros. “Essa dependência é o que diferencia muito o SIG dos outros sistemas da universidade, porque esses não são tão acoplados em nível de informação”, disse. Dannyel Cardoso ressalta ainda outras vantagens do sistema: o funcionamento integral via web e a uniformidade do visual e do uso dos sistemas. Parceria tecnológica – A UFG adquiriu o software de um projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O suporte à implantação é feito por empresa que surgiu de uma incubadora da UFRN, que disponibiliza toda a tecnologia e atua na migração dos dados e customização dos módulos, segundo as especificidades da instituição, com o acompanhamento de uma equipe local da área de Tecnologia da Informação. Atualmente, 36 instituições federais utilizam o software, incluindo, entre elas, órgãos como a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência.

Autenticar usuário, inserindo Login Único e Senha; Clicar no menu Administrativo, no link Recursos Humanos - SIGRH;

Na página inicial do sistema, no canto direito superior, clicar no link Entrar no sistema Selecionar a opção SIGRH (Recursos Humanos) e depois entrar no sistema com o mesmo Usuário e Senha do Portal UFGNet

Ao entrar no sistema, o usuário deve clicar no menu Férias e escolher a opção Inclusão de Férias.

Os manuais com todas as informações sobre o acesso e a utilização dos recursos dos módulos em atividade, além da descrição detalhada dos módulos e sistemas SIG, estão disponíveis na página: www.portalsig.ufg.br

Para conferir os dados das férias já marcadas, acesse o menu Férias, clicando no submenu Consulta/ Alteração/Exclusão de Férias, onde estarão disponíveis a indicação se foram ou não homologadas. Obs.: para alterar a data, é necessário fazê-la com um prazo máximo de 30 dias, antes do início das férias já registrada, e dentro do período de homologação.

No tópico Dados das Férias, informar os dados do parcelamento das férias, ou seja, o número de parcelas em que as férias serão divididas.

Selecionada a quantidade de parcelas, preencher para cada período a quantidade de dias e a data de início das férias. Obs.: a programação das férias deve ser feita com o prazo máximo de 60 dias antes da data pretendida.

Para receber o adiantamento das férias (restituído ao governo no segundo mês após o recebimento das férias) e a gratificação natalina (disponível apenas quando o primeiro período de férias é marcado para o primeiro semestre), basta marcar as caixas de seleção.

Os chefes de cada unidade deverão acessar o menu Chefia de Unidade e o submenu Homologar Férias para autorizar a solicitação de férias de cada servidor. Selecionando um deles, ao canto direito da tela, estarão disponíveis três ícones, um deles verde, que sinaliza a opção de homologar as férias. Basta clicar nele e a operação estará concluída.


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MESA-REDONDA

Jornal UFG

Goiânia, setembro de 2014

Parto humanizado retoma protagonismo da mulher O Brasil é recordista mundial em partos por cesarianas. No País, 52% das mulheres são submetidas a esse tipo de procedimento. Quando consideramos os números da rede privada, os índices chegam até a 90% em algumas maternidades. O índice indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 15% de cesarianas. Por causa desses números alarmantes, o Jornal UFG em parceria com o programa Conexões da TV UFG convidou dois profissionais para discutir as diferentes formas de parto e como torná-lo mais humanizado, a enfermeira obstetra Cristiane Vieira e o ginecologista obstetra Luiz Carlos Pinheiro. Também conversamos com uma doula, Aline Willik, que viveu a experiência de uma cesárea e um parto em casa.

Por que o Brasil é recordista mundial em parto por cesariana? Luiz Carlos Pinheiro – Creio que esse recorde é devido a dois fatores: o tipo de formação do médico e a desinformação da gestante. Nós, médicos, somos treinados a tratar emergências e não a promoção da saúde. A tendência é ver o parto como uma doença, um problema. Outro fator é o próprio sistema brasileiro, em que a mulher é ligada a um médico, diferente de outros países, em que é ligada a uma equipe de saúde ou instituição. Para se desvencilhar em ficar 24 horas disponíveis, os médicos criaram mecanismos para induzir a cesariana, uma vez que esse tipo de parto pode ser agendado e é mais rápido. O médico também se sente mais seguro, devido ao seu tipo de formação. Além disso, há a cultura do medo, como o medo da circular de cordão umbilical, e os discursos que diminuem a mulher como “você não dá conta, você é fraca”, sendo que o parto é um evento natural. Cristiane Vieira – Acredito que a medicalização e a hospitalização são fatores que contribuem para esse panorama. Antes o parto era feito em casa, com poucos recursos. Isso aumentou a mortalidade materna e neonatal. Com o surgimento das tecnologias, principalmente o da anestesia, foi sendo facilitada a hospitalização. Apareceram meios julgados mais seguros para o parto, em instituição hospitalar. Contudo, isso trouxe também condutas intervencionistas e o uso exagerado de medicamentos. A mulher pensa que ir ao hospital ter um parto cesariano, com anestesia em que ela não sentirá dor, é mais seguro. Existe muito medo da dor. A mulher é levada a pensar que o parto é doloroso e que está colocando o bebê em risco, porque

o risco de placenta prévia, romper o útero, dor pélvica crônica, situações que as mães não se lembram ou não são alertadas ao marcar uma cesariana.

existe um falso discurso que o parto pode passar da hora e o bebê ter problemas. Esses também são fatores que induzem a mulher a decidir pela cesariana. Quais as vantagens do parto normal? Quando uma cesárea é realmente indicada? Luiz Carlos Pinheiro – A mulher nasce preparada para o parto normal ou natural. Entretanto, a cesariana não foi criada porque alguém queria marcar uma cesárea, mas devido a complicações de alguns partos em que mulheres morriam em trabalho de parto e crianças também. Existem casos em que não fazer uma cesariana é desumanizar o parto. As vantagens do parto normal são que ele é mais fisiológico, o bebê nasce sem influência de medicamentos, na maioria das vezes, e na hora certa. Um dos grandes problemas das cesarianas é que as crianças nascem antes da hora e precisam ser conduzidas para a UTI ao nascer. O parto cesariano, no entanto, é necessário em alguns casos, como exemplo, os de placenta prévia, gêmeos em que o primeiro não está cefálico (de cabeça para baixo), sofrimento fetal agudo e mecônio (primeiras fezes do bebê) espesso em começo de trabalho de parto. Nesses casos, não é tão seguro nascer de parto normal. No Brasil, o alto índice de cesarianas também ocorre pelo fato das mulheres desconhecerem os riscos em longo prazo da cesariana e pensarem só no parto sem dor e rápido. Para a criança, os riscos de uma cesariana marcada podem ser: ir para a UTI por dificuldade respiratória, problemas psicológicos no futuro por não ter completado o desenvolvimento e riscos de diabetes na infância. Para a mãe, risco oito a nove vezes maior de infecção e risco de reinternação, devido à dor. Para a próxima gravidez, ainda há

Fotos: Júlia Mariano

TV UFG e Ascom

Cristiane Vieira Cristiane Vieira – O parto cesariano tem seus benefícios e é uma necessidade em alguns casos. O parto humanizado não tem nada a ver com o fato de ser normal ou cesárea. A cesariana também pode ser humanizada. Com certeza terão mulheres que vão precisar da cesariana, nem por isso elas serão menos mães. Porém, o parto normal sendo possível traz benefícios para a recuperação da mulher e do bebê. Desencadeado naturalmente e acompanhado com o mínimo de intervenções possíveis, ele traz mais segurança para a mãe e o bebê, pois a recuperação da mulher é muito mais rápida, o bebê respira melhor e tem menos necessidade de usar medicamentos que podem atrapalhar a amamentação. Qual o conceito de parto humanizado? Qual a diferença dele para o parto tradicional? Cristiane Vieira – Parto humanizado é o parto feito com

respeito às decisões da mãe, de como ela escolheu ter o seu filho, mas de forma esclarecida sobre os benefícios de cada parto. Um parto respeitoso evita condutas que tragam sofrimento para o bebê ou para a mãe e respeita o tempo dos dois. Se o profissional tem segurança de que a criança está bem, o bebê pode demorar um pouco mais a nascer e sem necessidade de intervenções, como empurrar a barriga da paciente (kristeller), usar medicamentos como a ocitocina, que provoca muitas dores e acelera o trabalho de parto, ou usar técnicas de instrumentos para tirar o bebê, que podem ser necessários, mas não é regra para toda mulher, que são o vácuo extrator e o fórceps. O parto respeitoso é aquele que procura trazer para o momento do nascimento condições de conforto, de alívio da dor, pois não há como dizer que não há dor na contração, apesar de ter pacientes que dizem não sentir. O parto humanizado é aquele que respeita a mulher e o bebê, independente de ser normal ou cesárea. O parto humanizado começa então com o pré-natal, com as informações sobre o parto? Luiz Carlos Pinheiro – A humanização começa na préconcepção, na orientação da mulher, no respeito ao prénatal. A humanização do parto devolve o protagonismo da mulher no parto. Quando os partos passaram a ser realizados nos hospitais, a mulher passou a ser colocada deitada, a usar um tecido para separála do médico e a ser depilada, além de ser submetida a lavagem intestinal. O bebê nascia e era observado, aspirado, ficava até oito horas longe da mãe. Percebeu-se, porém, que isso trazia mais malefícios do que benefícios. Em 1963, o francês Frederick Leboyer lançou um livro que horrorizou a classe médica, porque ele insinuou que o bebê tinha

direitos sendo desrespeitados na sala de parto. Ao nascer, o bebê precisa apenas do contato com a mãe. No início do ano, houve um caso no Rio Grande do Sul em que uma mulher foi obrigada a fazer um parto cesariano por ordem judicial. Até que ponto a mulher tem autonomia para decidir sobre seu parto e até que ponto o médico pode intervir? Luiz Carlos Pinheiro – Esse caso foi polêmico e não tenho uma opinião formada sobre ele. Atualmente, no Brasil, há duas correntes perigosas: a do médico que acha que todo parto tem de ser cesárea ou um parto normal com muitas intervenções e uma linha muito radical que acha que qualquer intervenção é desnecessária. Não pode haver radicalismos. Já acompanhei partos domiciliares, mas fico preocupado quando eles são feitos fora dos níveis de segurança, como os estabelecidos na Europa. Lá, as mulheres só têm parto domiciliar quando são gestantes de baixo risco. Mas, atualmente, há quem acompanhe parto pélvico em casa, com gestante que já fez duas cesarianas anteriores. Na maioria das vezes dá certo, mas o bebê estará submetido a um risco maior. Parece-me que esse foi o caso dessa mulher. Acredito que houve falha na comunicação. Quando a pessoa é bem tratada e quando o médico explica sobre os riscos, ela entende. O problema da saúde é que, quando procuramos os serviços, até a voz de quem trata é autoritária, de quem sabe mais, e isso tinha de acabar. Cristiane Vieira – Para o parto acontecer de acordo com a escolha da mulher, temos que avaliá-la também. Nesse caso, a paciente apresentava critérios que traziam riscos para a vida dela. Alguns deles tiram a possibilidade do parto normal. Os extremismos não devem existir. Há a linha completamente extremista, que acha que nenhuma intervenção deve ser feita, mas não é toda mulher que terá um parto normal sem a mínima intervenção. Outro tema bastante debatido é a violência obstétrica, como o uso de procedimentos não acordados, a exemplo da episiotomia (corte da vagina). Como a senhora percebe essa relação conflituosa que envolve, às vezes, até ofensa moral? Cristiane Vieira – A violência aumentou pela necessidade de abreviar o parto. É a falsa impressão de que se nascer rápido, será mais seguro. O uso de oci-


MESA-REDONDA

tócitos, a episiotomia, empurrar a barriga para forçar que o bebê desça de forma mais rápida são condutas intervencionistas que causam trauma e sofrimento para a mulher. Temos de respeitar o tempo de desencadeamento do parto. Quando há muitas interferências, nós, médicos e enfermeiros, causamos sofrimento para a mãe e para o bebê. Uma assistência aparentemente segura para a mulher pode trazer trauma para ela. Muitas mulheres optam por não ter mais filhos ou não ter um parto normal, devido ao sofrimento que o parto anterior lhe causou. Quais tipos de parto a gestante pode optar? Quais são mais indicados? Como avaliar onde a mulher deve ter o bebê? Luiz Carlos Pinheiro – O conceito de humanização de parto tenta dar à mulher e ao bebê condições mais se-

Luiz Carlos Pinheiro guras para o parto. O parto humanizado não é apenas o parto de cócoras, mas esse é o mais fisiológico. Pode-se ter também o parto sentado em uma banqueta de parto. Se a paciente quiser ter o parto deitada, que fique deitada. A cesárea quando necessária e não é feita também desumaniza. O parto cesariano pode ser feito de forma menos traumática, dando o bebê à mãe ao nascer, para a amamentação na sala de parto. Agora o parto doméstico já é controverso. Na Europa, é estimulado, mas na América do Norte há pesquisas que mostram índice de mortalidade 10,5% maior em partos domiciliares. Cada mulher deve pesar os riscos e benefícios de um parto domiciliar e estar o mais próximo possível de socorro. Só mulheres com gestações consideradas de baixo risco podem tentar o parto domiciliar. Cristiane Vieira – Independente de ser cesárea ou parto normal, ele deve ser humanizado. O Ministério da

Saúde tem investido em condutas para que isso aconteça. A humanização não depende só da posição do parto. O local precisa permitir que a mulher ande durante o trabalho de parto, que ela tome banho e que tenha controle de luz. As instituições não estão preparadas para isso. Hoje não há esse espaço, nós, médicos e enfermeiros, improvisamos. O parto humanizado dá liberdade para a mulher em vários aspectos. Ela deve ser respeitada quando diz que não quer episiotomia ou que não quer ficar sem comer durante o trabalho de parto. A rede pública oferece uma estrutura básica para o parto humanizado? Cristiane Vieira – Essa estrutura hoje é mais ampliada no SUS do que na rede privada. Existe o projeto Rede Cegonha que prioriza várias questões sobre gestação e parto. Algumas leis já foram criadas para que isso funcione, como a Lei do Acompanhante. A Rede Cegonha propõe a construção de centros de parto normal, ambientes preparados, em que a mulher pode andar, o acompanhante pode estar presente, além de ela ter um espaço individualizado e não de enfermaria, equipado com banheiras para parto na água, banquetas e cavalinhos para fazer exercício. Tudo para acelerar o processo de trabalho de parto, aliviando a dor sem medicamentos e intervenções. Muitas pessoas não conhecem o trabalho da doula. Como ela é treinada e como ela atua? Luiz Carlos Pinheiro – Doula é a pessoa que ajuda a mulher no parto. O trabalho da doula começa no pré-natal. Ela fica próxima à mulher para fazer massagens, levála ao chuveiro, auxiliá-la na respiração. Quando a mulher tem a doula no pré-natal, percebo que o parto é mais fácil. Quando a mulher consente o parto, relaxa e deixa acontecer, ele é prazeroso. Se ela está com medo e trava, cada contração é traumática. Cristiane Vieira – A doula recebe um curso e é preparada para cuidar da gestante. É importante que a doula estabeleça vínculo com a mulher durante toda a gestação, para orientá-la. Falo muito para amigas que engravidam: não busquem experiências ruins, busquem alternativas para estarem preparadas para o parto. É muito diferente quando o médico ou o enfermeiro recebe uma paciente que foi bem preparada para o parto, daquela que não teve preparo.

Goiânia, setembro de 2014

Sílvia Helena Ferreira

Jornal UFG

O caminho entre uma cesárea, um parto em casa e o trabalho de doula Kharen Stecca

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xiste uma cultura no Brasil de que o parto é sinônimo de dor e deve ser rápido. No entanto, para algumas mulheres, que conseguem informações e apoio, parto não precisa ser sinônimo de problema, mas um rito de passagem, uma experiência sublime que muda completamente sua visão de mundo. Aline Willik, jornalista, é uma dessas mães que por meio do parto se transformou. Antes de engravidar de sua primeira filha, hoje com sete anos, a jornalista já tinha certeza que queria ter seus filhos por parto na água: “Li um livro sobre o parto na água e a ideia de meu filho não sofrer, não chorar no parto passou a ser prioridade para mim”. Porém, suas expectativas não se concretizaram no primeiro parto. Com 40 semanas, após um exame que avalia a vitalidade do bebê, Aline Willik foi levada a uma cesárea que, após muitos anos, entendeu não ter sido necessária, mas conveniente ao sistema. “Confiei na médica. Em geral, todos confiamos tanto nos médicos, que duvidar parece estranho”, relatou. Cinco anos depois, na gestação do segundo filho, ao se consultar com a mesma obstetra, percebeu que poderia ser levada novamente a uma cesárea. Então, ela começou a buscar por um parto natural: “Queria uma médica, que atendesse por plano de saúde e fizesse parto humanizado e na água. Quando disse isso na internet, as pessoas riram. Porque isso não existe”. Quando conheceu um médico indicado nos grupos das redes sociais, Aline Willik fez uma sabatina e percebeu que havia encontrado um aliado. Descobriu também que o parto na água em Goiânia é clandestino. “As maternidades de Goiânia não têm local próprio para isso e, formalmente, também não é possível ter um bebê fora do centro cirúrgico. O parto na água acontece na surdina nas maternidades”, explicou. O medo de que essa clandestinidade não permitisse que tivesse o parto na água fez com que ela decidisse ter seu parto em casa. Com a ajuda de uma enfermeira obstetriz e uma doula voluntária, que só conheceu no trabalho de parto, Aline Willik teve seu segundo filho em casa, na água, com marido e filha presentes. Foi a partir dessa experiência e também da relação estabelecida com a doula que a atendeu voluntariamente, que ela decidiu ajudar mulheres a terem seu parto humanizado. “É um trabalho de formiguinha. Cada mulher que se empodera e tem o seu parto

respeitado é uma vitória para o movimento do parto humanizado. Foi pela vontade de ajudar mais mulheres a ter essa experiência que decidi ser doula”, relatou a jornalista, mãe e, atualmente, doula. Para se capacitar, Aline Willik fez um curso em uma empresa de Brasília ligada à Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento (Rehuna). Ela conta que em Goiânia existem apenas os cursos das maternidades e que as doulas são formadas para atender dentro delas. No entanto, Aline Willik, que conhece diversas doulas que trabalham em maternidades, explica que elas acabam vendo determinadas condutas que caracterizam violência obstétrica e por isso, optou pelo curso fora das maternidades.

Momentos marcantes como doula Para Aline Willik, um dos primeiros partos na água, acompanhado por ela, foi a experiência que mais lhe marcou: “Encontrei a Natália no Facebook, querendo um médico humanizado pelo Ipasgo. Expliquei a ela que não existia esse médico e como ela poderia fazer para ter um parto humanizado. Ela trocou de médico com 38 semanas de gestação, pagou o parto particular com dificuldades e eu fui sua doula voluntariamente. Como não tive tempo de trabalhar alguns conceitos com ela durante a gestação, o que chamamos de empoderamento, a Natália me chamou muito cedo. Estava com a bolsa rompida, o que faz com que as contrações sejam mais fortes. Ela começou a sentir contrações a uma hora da manhã, chamou-me às oito da manhã e eu fiquei com ela até seu bebê nascer. A bebê só encaixou no final, depois da dilatação total. A cada contração ela vocalizava e não gritava. A bebê dela, como o meu, não chorou ao nascer. Ver a emoção dela ao ver que a bebê não havia chorado me marcou”. Aline Willik, como jornalista, protagonizou uma série sobre o parto humanizado na TV Brasil Central. “Para a série, acompanhei um parto normal e uma cesárea. Na cesárea, a mãe não vê o que acontece com o bebê depois que ele nasce. A equipe coloca uma cânula no bebê, a criança, que está sem ar, é chacoalhada, sacudida. A mãe só vê o bebê quando ele chora e não todo esse procedimento. Porém, não há interesse em desmistificar isso. O parto cesariano é interessante para o sistema – médico, plano de saúde, hospital – só não é interessante para a mãe e o bebê,” disse.

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Jornal UFG

PESQUISA

Goiânia, setembro de 2014

Plantas medicinais do Cerrado são experimentadas na produção animal Especialistas integrantes da rede de pesquisa Pró-Centro-Oeste analisam os efeitos antimicrobianos da sucupira, da copaíba, do barbatimão e do pacari em ruminantes e monogástricos. O objetivo é contribuir para a diminuição do uso de antibióticos em animais de produção. Carlos Siqueira

Carlos Siqueira

Equipamento inédito do Lamupas, o “laboratório do trato gástrico”, visa simular o movimento digestivo de ruminantes

Estrutura laboratorial Professor Victor Couto mostra o extrato de barbatimão inserido na ração dos bovinos

Silvânia Lima

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e devem ser concluídas em 2015. Os recursos aprovados para todos os projetos somam mais de R$ 3,2 milhões e são oriundos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), pela Rede PróCentro-Oeste. Além de financiar diretamente os projetos, os recursos contribuem para ampliar e melhorar a estrutura de pesquisa da UFG e das demais Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) do Centro-Oeste. Os projetos congregam 42 pesquisadores, docentes e estudantes de graduação e pós-graduação, e já geraram muitos trabalhos acadêmicos, como artigos, dissertações e teses. Estão envolvidos 17 pós-graduandos e mais de 20 bolsistas da graduação. Diversas oportunidades de parceria surgiram, com a realização desses experimentos, entre diferentes unidades e institutos da UFG, e também com outras instituições.

cesso de patente. Além desses equipamentos o Lamupas possui estrutura para análises de minerais, aminoácidos, ácidos graxos e outros. O conjunto de equipamentos de ponta permite análises por meio de absorção atômica, de cromatografia gasosa e de cromatografia líquida. Também foi possível a instalação de uma câmara fria, importante na manutenção de reagentes e amostras experimentais. Outros laboratórios da UFG também são utilizados, como os de Histologia e Patologia Animal, da EVZ, de Parasitologia e de Produtos Naturais, da FF, e outros do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP). Leticia Antoniosi

efeito antimicrobiano de muitas plantas do Cerrado, já conhecidas como terapêuticas, pode ser utilizado na nutrição de animais ruminantes. Algumas dessas plantas estão sendo estudadas por pesquisadores da área de Produção Animal das cinco universidades federais da região Centro-Oeste, sob coordenação da Universidade Federal de Goiás (UFG). Com o apoio da Faculdade de Farmácia (FF), responsável pela extração e identificação das espécies e dos seus princípios ativos, bioprodutos da sucupira (Pterodon emarginatus Vogel), da copaíba (Copaifera langsdorffii Desf), do barbatimão (Stryphnodendron adstringens (martius) Coville) e do pacari ( Lafoensia pacari A. St.-Hill) estão sendo testados na alimentação de bovinos, frangos, ovinos e suínos, na Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ). Trata-se de uma importante ação de valori-

zação da flora do Cerrado com o seu potencial fitoterápico. Também participam dos estudos pesquisadores das Universidades Federais de Mato Grosso (UFMT), de Mato Grosso do Sul (UFMS), da Grande Dourados (UFGD) e da Universidade de Brasília (UnB). As pesquisas, algumas já concluídas e outras em fase de experimentação de campo, devem contribuir com alternativas ao uso de medicamentos sintéticos na produção animal. O conjunto de 12 projetos constitui a rede Produção Animal Sustentável financiada pela Rede Centro-Oeste de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação (Rede Pró-Centro-Oeste). A coordenação da rede Produção Animal Sustentável é da UFG, sob responsabilidade do professor Juliano José de Resende Fernandes, da EVZ, tendo como subcoordenador o professor Gumercindo Loriano Franco, da UFMS. As pesquisas da rede Produção Animal Sustentável tiveram início em 2011

Os recursos da Rede possibilitaram a criação de importantes laboratórios na EVZ. O Laboratório Multiusuário da Rede de Produção Animal Sustentável (Lamupas) envolveu a construção de 10 fermentadores de fluxo contínuo que simulam o trato gástrico de animais ruminantes, o que possibilita minimizar o número de experimentos com a utilização de animais canulados. O conjunto de fermentadores permite a simulação das condições ambientais do rúmen com controle computadorizado da movimentação, da acidez (pH) e da temperatura. O equipamento, desenvolvido pela equipe do professor Juliano Fernandes, é único no Brasil e encontra-se em pro-

A participação da Faculdade de Farmácia foi fundamental para a identificação das espécies e obtenção dos bioprodutos utilizados nas pesquisas.


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Propriedades terapêuticas e bioprodutos há os taninos, as saponinas e os beta-carofilenos. A escolha dessas espécies se deu também pela alta atividade biológica, ou seja, são largamente encontradas. A partir do óleo da semente de sucupira e do óleo-resina da copaíba, obteve-se os óleos essenciais. Das cascas do barbatimão e do pacari, obteve-se o pó, ou extrato seco. Esses constituem os bioprodutos processados no Laboratório de Produtos Naturais que viabilizaram os experimentos dos projetos da rede Produção Animal Sustentável da Rede Pró-Centro-Oeste. Essas espécies são reconhecidas também por outras qualidades, como exemplo a madeira, requerida na marcenaria e na construção civil, e a pouca exigência de solo, algumas são recomendadas para compor reflorestamentos mistos em áreas degradadas. Divulgação

O termo barbatimão é a denominação popular utilizada para uma variedade de plantas de larga ocorrência no Cerrado brasileiro. O nome deriva do termo indígena Iba Timo, que significa “árvore que aperta”, uma alusão à sua alta capacidade de adstringência. Suas conhecidas propriedades medicinais são atribuídas à produção potencial de tanino.

Faveiro, sucupira branca, fava de sucupira, fava de Santo Inácio, sucupira lisa são os nomes atribuídos à árvore de sucupira. A madeira dura e de longa durabilidade é outra vantagem. Além da semente, a casca e a raiz são largamente utilizadas contra diversas doenças.

avaliação imunológica, os resultados sugerem que o óleo de copaíba tem efeito modulador da imunidade. Para poedeiras, a inclusão do extrato de barbatimão resultou em maior peso do ovo, semelhantes ao tratamento com antibióticos. Em relação à qualidade da casca, com a inclusão do extrato de pacari, ocorreu melhora na qualidade e com o barbatimão, essa qualidade chegou a superar os resultados obtidos com a inclusão de antibióticos sintéticos.

Os pesquisadores da rede Produção Animal Sustentável procuram apresentar alternativas e desenvolver produtos a partir do uso de plantas do Cerrado, com a finalidade de reduzir gastos na produção animal e promover o aumento da eficiência de utilização dos alimentos e a preservação do bioma Cerrado, pela valorização e pelo estímulo ao uso sustentável dos seus recursos. Além disso, a busca por produtos fitogênicos na produção animal é algo novo e de extrema relevância. O professor Marcos Barcellos Café, que testa as plantas do Cerrado no combate à Escherichia coli patogênica em frangos de corte, explicou que “embora não hajam evidências científicas de que os antibióticos utilizados na produção animal causem problemas à saúde humana, há tendência à proibição dessas substâncias, como já ocorre na maioria dos países europeus”. A maior parte dos experimentos é voltada à influência dos bioprodutos estudados sobre a digestibilidade dos alimentos, buscando as dosagens corretas de acordo com os objetivos propostos em cada pesquisa. No caso dos ruminantes – bovinos de corte e de leite, mantidos em regime de confinamento ou de pastejo – o uso dessas plantas é para controlar a fermentação ruminal, inibindo seletivamente grupos de microrganismos menos eficientes no trato gástrico desses animais, conforme explica o professor Victor Rezende Moreira Couto. Um experimento, envolvendo 115 bovinos confinados, está em andamento na EVZ, avaliando efeito do extrato de barbatimão sobre o desempenho produtivo desses animais. Estudos prévios in vitro no Lamupas, já desmonstraram o efeito antibiótico do óleo da semente de sucupira, do óleo de copaíba e do extrato de barbatimão. Dos extratos inseridos na ração, o óleo de sucupira apresentou baixa aceitação por parte dos animais.

O óleo de copaíba e o extrato de barbatimão são alternativas ao uso de antibióticos no desempenho de poederias comerciais

Dedaleiro, dedal, mangava-brava, amarelinho, candeia-de-caju, copinho e louro-da-serra ou pacari é uma planta de porte arbóreo. Além dos usos terapêuticos já conhecidos, a planta está sendo estudada no tratamento de processos alérgicos. Em Goiás, sua madeira é muito utilizada para fazer eixos de carros de boi e a base da flor é usada como dedal.

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Resultados apontam boas perspectivas

A sucupira e o pacari se mostraram muito eficazes no controle da sarna sarcóptica em suínos

Carlos Siqueira

Pau d´óleo, copaúva, óleo-preto, óleo-rajado ou simplesmente copaíba. A árvore, que pode chegar a 40 metros de altura, é facilmente encontrada pelo forte aroma exalado de sua casca. O bálsamo da copaíba, ou óleo, é extraído por meio de uma incisão no tronco, apenas uma vez ao ano.

Goiânia, setembro de 2014

Divulgação/EVZ

A volorização da flora do Cerrado é um dos objetivos da Rede Pró-Centro-Oeste. As quatro plantas escolhidas para as pesquisas com animais são conhecidas por suas propriedades antimicrobiana e anti-inflamatória. Em humanos, a sucupira é usada ainda como analgésica e antirreumática, a copaíba como antitumoral, cercaricida e, juntamente ao barbatimão e ao pacari, antiulcerogênica e cicatrizante. Tais plantas, na natureza, produzem substancias secundárias (não essenciais às suas funções fisiológicas) capazes de inibir o ataque de predadores, como bactérias, fungos e protozoários. Esses compostos, utilizados na nutrição ou no tratamento tópico, podem apresentar efeitos antimicrobianos desejáveis. Entre os possíveis princípios ativos que podem estar presentes nos extratos,

PESQUISA

No caso dos frangos, três frentes de pesquisa foram realizadas na EVZ. Além de verificar o desempenho geral dos animais tratados com os bioprodutos do Cerrado, os estudos tiveram focos específicos quanto à avaliação nutricional e metabólica, sob coordenação do professor José Henrique Stringhini, à saúde intestinal, pela professora Nadja Susana Mogyca Leandro, e ao aumento da imunidade contra patógenos no intestino, pelo professor Marcos Barcellos Café. Marcos Café informa que, em seus experimentos, o barbatimão e o pacari possibilitaram melhoria na conversão alimentar. Já com a copaíba e a sucupira, a digestibilidade dos nutrientes foi semelhante ao chamado controle positivo, quando são usados produtos sintéticos. Na

Em suínos, a pesquisa avaliou o potencial antiparasitário do pacari e da sucupira no controle da sarna sarcóptica, com efeitos bastante positivos. De acordo com a professora Moema Pacheco Chediak Matos (EVZ), uma das responsáveis pela pesquisa, constatou-se que há “um grande potencial acaricida de algumas substâncias frente ao parasito causador da sarna sarcóptica, sendo verificada uma grande melhora na resposta em nível inflamatório e de cicatrização nos suínos que foram tratados com os bioprodutos específicos”. Em todas essas pesquisas, são sugeridos mais testes para melhor definir formulações e dosagens dos extratos das plantas, a fim de tornar viável sua utilização pelos produtores.

Rede de pesquisa para o Centro-Oeste Estruturada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com o apoio dos Estados, de suas respectivas Fundações de Amparo à Pesquisa e das universidades federais, a Rede Centro-Oeste de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação objetiva fortalecer e consolidar a formação de recursos humanos e a produção de conhecimento para o desenvolvimento sustentável da região. No primeiro edital da Rede, em 2010, foram contemplados 16 projetos multidisciplinares em diferentes áreas. Cinco deles estão sob coordenação da UFG e concentram nela seus experimentos. No segundo edital, lançado em 2013, outros cinco grandes projetos envolvendo profissionais da UFG foram aprovados pela Rede Pró-Centro-Oeste. O Jornal UFG levará a público as pesquisas da Rede Pró-Centro-Oeste realizadas na universidade. Começamos, nesta edição, pela rede Produção Animal Sustentável, cujos projetos envolvem o uso de bioprodutos de plantas medicinais do Cerrado na alimentação e tratamento de animais.


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Por que quase ninguém quer ser professor? Estudo da UFG revela que baixa procura por cursos de licenciatura ameaça o futuro da docência Camila Godoy

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á algum tempo que a carreira de docência é desprestigiada por grande parte da sociedade. Esse posicionamento tem refletido no interesse e na procura pelos cursos de licenciatura da Universidade Federal de Goiás (UFG) que, preocupada com a baixa demanda, tem acompanhado os números de matrícula e o perfil dos estudantes das

57 licenciaturas oferecidas nas quatro Regionais da instituição – Catalão, Goiânia, Goiás e Jataí. O estudo, organizado pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), revela que o futuro da docência pode estar ameaçado. De acordo com os dados levantados, a média de candidatos para cada uma das 2.484 vagas oferecidas oscilou de 1,24 a 6,20 nos últimos oito anos. No Processo Seletivo 2013/1,

VIDA ACADÊMICA

oito cursos de licenciatura não atraíram mais de um candidato por vaga e, em 2014/1, 11 deles não alcançaram essa concorrência. No Vestibular 2014/2, os números se repetiram e, dos 18 cursos de licenciatura ofertados, 11 não receberam mais de uma inscrição por vaga, todos na modalidade de Educação a Distância (EaD). O estudo da Prograd também avaliou o grau de preparo e informação dos estudantes dos cursos de licenciatura que chegam à universidade, tendo como base as menores pontuações obtidas pelos classificados em cada etapa dos Processos Seletivos. No Vestibular 2012/1, na prova de 90 questões, cada uma valendo 1,0 ponto, a menor pontuação entre todos os concorrentes classificados nos cursos de licenciatura foi 14. Número muito inferior se comparado aos cursos mais concorridos, como Medicina, que foi 65, e Engenharia Civil, que foi 58. No Processo Seletivo 2014/2, a menor pontuação entre os classificados nos cursos de licenciatura foi cinco. O problema com a qualificação não para por aqui. Dados da pesquisa apontam que cerca de 50% dos alunos dos cursos de licenciatura não têm o hábito de leitura contínua, lendo, no máximo, três livros por ano, 80% revelaram não ter conhecimento básico de Inglês e apenas 42% disseram ter escolhi-

Goiânia, setembro de 2014

do o curso por acreditar em aptidão própria. Ainda assim, mesmo com as vagas ociosas, no período de 2008 a 2012, foram criadas 438 novas oportunidades para cursar licenciatura na universidade. De acordo com o pró-reitor de Graduação da UFG, Luiz Mello, a instituição não pretende acabar com qualquer das graduações de licenciatura: “Pelo contrário, existe um grande esforço para diminuir a evasão nesses cursos e, com isso, garantir a formação de professores”. Incentivos – Bolsas de incentivo, como Programa Bolsas de Licenciatura (Prolicen), Programa de Monitorias e Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), ligado à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (Capes), tentam diminuir a evasão nos cursos de licenciatura. No entanto, mesmo com as iniciativas, a carência de profissionais só tem aumentado, principalmente em cursos como o de Física, Matemática e Química. A estudante do 6º período do curso de Matemática, Hebony Carla Santana, conta que se interessou pela carreira docente depois de participar de uma palestra no Espaço das Profissões (evento organizado pela UFG, que promove o encontro de alunos de ensino médio com a universidade, ajudando-os a conhecer os cursos oferecidos pela instituição). Entusiasmada com as disciplinas a serem cursadas e com as possibilidades para a carreira, em 2012, Hebony Carla Santana ingressou no curso de

“E O SALÁRIO OH...” Jordana Silva, estudante do 2º período do curso de Letras da UFG, está confiante na escolha de sua carreira: “Certas áreas são muito visadas e o curso de Letras fica para escanteio, assim, aproveitei que adoro Português e que o mercado oferece promissora carreira na rede privada de ensino”. Apesar do otimismo da aluna, para a maioria dos profissionais da educação, as realidades dos ensinos público e privado são bem diferentes. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), o piso salarial dos professores efetivos da Secretaria de Educação de Goiás (Seduc) varia de R$ 1.285,04 a R$ 2.570,08, dependendo da carga horária. Para os profissionais contratados temporariamente, a situação é ainda pior. Esses profissionais recebem R$ 8,37 por hora/aula, sem direito ao bônus anual por produtividade e de participar de greves. Já na rede privada, algumas escolas chegam a pagar mais de R$ 40,00 hora/aula.


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Licenciatura em Matemática. Ela explica que a graduação exige muita dedicação e que, para conseguir dar continuidade aos estudos, teve que abandonar seu emprego: “O apoio financeiro dos meus pais foi fundamental, mas as bolsas oferecidas na universidade são imprescindíveis para que alunos em condições semelhantes a minha consigam estudar”. Apesar disso, para a coordenadora do curso de Licenciatura em Matemática, Elisabeth Cristina de Faria, o valor das bolsas oferecidas ainda é baixo e, consequentemente, não atrai muitos alunos. Ela afirma que a maioria dos estudantes de licenciatura são alunos que precisam trabalhar para se sustentarem, por isso, durante o curso, optam por empregos em outras áreas ou por estágios não obrigatórios. “Existem estudantes que logo no início do curso passam a dar aulas em plantões e reforços de escolas privadas, substituem professores na rede pública de ensino ou dão aulas particulares”, contou. Elisabeth Cristina de Faria explica que muitos de seus alunos não conseguem conciliar seus empregos com a dedicação exigida pelo curso: “Para muitos estudantes, formar em quatro ou sete anos não importa, afinal, eles já estão trabalhando. Assim, infelizmente, eles não conseguem desfrutar da formação exigida pela licenciatura”.

Desafios para a docência –Segundo Mirian Fábia Alves, chefe de Assessoria de Licenciatura da Prograd, o atual desprestígio da profissão de professor e a baixa procura pela carreira revelam uma crise nas escolas, na organização social, nos valores, na cultura e na ética social. “Há uma discrepância entre o discurso centenário de que o Brasil só vai melhorar por meio da educação e nossa construção histórica de desvalorização do professor”, argumentou. Além da baixa remuneração, Mirian Fábia Alves lembra que a precariedade na infraestrutura de muitas escolas e o número elevado de alunos por sala de aula também têm contribuído para a crise na docência. “Os professores se deparam com turmas, por oito ou dez horas diárias, com 40, 50 alunos. Enfim, um trabalho extremamente estressante e pouco valorizado”, relatou a chefe de Assessoria. O assessor de Assuntos Institucionais da Reitoria da UFG, Nelson Amaral, defende que a realidade de desvalorização dos professores só poderá ser transformada com o estabelecimento de planos de cargo e salários para a carreira, com a definição de remunerações compatíveis com outras profissões que exigem a mesma formação, e de infraestrutura adequada nas escolas: “Só dessa forma a profissão deixará de ser vista como última opção de carreira para os alunos”.

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Conheça as principais bolsas de incentivo oferecidas pela UFG aos estudantes dos cursos de licenciatura: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid): Seleciona projetos para que estudantes exerçam atividades pedagógicas em escolas públicas de ensino básico . São oferecidas 705 bolsas . Valor: R$ 400,00 mensais . Duração: dois anos (a bolsa pode ser renovada por igual período) . Edital: lançado de acordo com o surgimento das vagas Programa Bolsas de Licenciatura (Prolicen) Bolsa para projetos de pesquisa que produzam instrumentos didáticos e novas perspectivas para o ensino na educação básica . São oferecidas 64 bolsas . Valor: R$ 400,00 mensais . Duração: 12 meses . Edital: lançado no primeiro semestre de cada ano Monitorias Estimula a carreira docente e promove a consolidação de conhecimentos adquiridos por estudantes, que auxiliam os colegas que apresentam baixo rendimento na aprendizagem de alguma disciplina . Divididas em duas modalidades: remunerada e voluntária . São oferecidas 450 bolsas remuneradas . Valor: R$ 362,00 mensais . Duração: seis meses (a bolsa pode ser renovada por igual período) . Edital: lançado no início de cada semestre e normas complementares são divulgadas por cada unidade acadêmica

Armani Siqueira Estudante de Design de Moda UFG

Como faço para doar livros às bibliotecas da UFG?

Letícia Antoniosi

Elisângela Lopes

COMUNIDADE PERGUNTA

Rita de Cássia B. Pereira, bibliotecária responsável

O Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Goiás (Sibi/UFG) tem a política de adquirir material de informação, que possa servir de apoio ao cumprimento das finalidades da instituição, de forma racional e sistemática. Esses materiais podem ser originados de doações entregues nas bibliotecas com a intenção de serem incorporados ao acervo. As doações espontâneas podem ser de pessoas físicas, instituições privadas ou órgãos governamentais. Para as doações espontâneas que envolvem até 50 itens, é solicitado ao doador o preenchimento de um formulário disponível nas bibliotecas. Esse formulário deve ser anexado ao material no momento da doação. Para as doações com

Seção de Seleção, Aquisição e Intercâmbio da Biblioteca Central, Câmpus Samambaia. Fones: (62) 3521-1152 / 1833 | Site: www.bc.ufg.br | e-mails: ritapereira.ufg@gmail.com

mais de 50 itens, é solicitada uma lista dos materiais ofertados, contendo: autor, título e ano de edição das obras em pretensão de doação. Essa lista, que tem fins de pré-avaliação, deve ser encaminhada por e-mail para a biblioteca designada. O responsável pelo recebimento das doações orientará o doador sobre os procedimentos de recebimento, considerando as possibilidades de incorporação ao acervo, descarte ou doação para outras bibliotecas ou instituições, dependendo das necessidades institucionais ou condições físicas dos materiais. É preciso lembrar que as coleções doadas não são identificadas ou destacadas com os nomes dos doadores nos espaços das bibliotecas.

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Jornal UFG

Arte e diversidade na Galeria da CEU5 Águita Araújo

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riar um espaço físico para dar visibilidade à expressão artística, tanto dos moradores da Casa do Estudante Universitário V (CEU V) quanto de artistas da comunidade, por meio da publicação de editais para seleção, era um desejo antigo dos residentes da moradia estudantil. Diante desse anseio, desde janeiro deste ano, integrantes da Comissão Permanente de Cultura e Lazer da CEU V e de órgãos da universidade se articularam e se reuniram para criar uma galeria na casa do estudante. De acordo com o estudante do curso de Letras, Pedro Moreira, a Galeria da CEU5 surgiu a partir de ações da Comissão Permanente de Cultura e Lazer da CEU V, que é constituída pelos moradores da casa e na qual ele é diretor, em parceria com as Pró-reitorias de Extensão e Cultura

(Proec) e de Assuntos da Comunidade Universitária (Procom). A Galeria da CEU5 iniciou suas atividades culturais em julho deste ano com uma exposição de obras de arte, intitulada Horizontes, produzidas pelos residentes da moradia estudantil, durante a Terceira Jornada Cultural, evento anual de comemoração do aniversário da Casa do Estudante que ocorreu na CEU V. As próximas exposições serão realizadas por meio de editais para a seleção de obras artísticas. Pedro Moreira, que também é diretor provisório da galeria, afirma que o espaço ainda está em processo de implantação. “Começamos com uma estrutura mínima para o início das atividades”, explicou. Em um segundo momento, ele aguarda que o Centro de Gestão do Espaço Físico (Cegef) realize algumas reformas para adequar o funcionamento efetivo da Galeria da CEU5.

UNIVERSIDADE

Goiânia, setembro de 2014

Divulgação

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A Galeria foi inaugurada durante a Terceira Jornada Cultural da CEUV

Horizontes

Apoio institucional

Estudantes dos cursos de Artes Visuais, Dança, Design de Ambientes, Ecologia, Filosofia e Letras, que residem na CEU V, produziram o material para a exposição Horizontes. A mostra artística esteve aberta ao público durante o mês de julho e tinha temática livre, uma vez que as obras já estavam prontas e a escolha ficou a cargo de cada expositor. Contudo, o estudante Pedro Moreira afirma que um critério norteou todo o trabalho: diversidade. “Diversidade de linguagens, técnicas, temas e formação artístico-acadêmica. Assim, o objetivo era mostrar a riqueza que advém disso, como num bordado ou mosaico, onde o todo é mais que a soma das partes coloridas: é a figura em sua unidade”, esclareceu. João Carlos Ferreira dos Santos é autor das aquarelas sobre papel cartão, Banhista e Santinha, que foram expostas. Para o estudante do curso de Artes Visuais, a exposição Horizontes foi interessante para a divulgação de trabalhos e contribui para que os estudantes, cuja graduação é relacionada com o desenvolvimento artístico, possam se ambientar com a experiência de expor obras. “Essa iniciativa fomenta o desenvolvimento artístico e cultural dos moradores”, acrescentou.

De acordo o pró-reitor de Assuntos da Comunidade Universitária, Elson Ferreira de Morais as CEUs são vinculadas à Procom e o órgão procura desenvolver trabalhos que visam humanizar atividades desenvolvidas por estudantes. Já a Proec auxiliou na divulgação da exposição produzindo material gráfico, em parceria com o Centro Editorial Gráfico da UFG (Cegraf). Servidores do Cegef também contribuíram com a pintura do espaço e a instalação de algumas peças da exposição. Segundo a Pró-reitora de Extensão e Cultura, Giselle Ottoni, a iniciativa é de fundamental importância para que os estudantes possam ter maior contato com a arte dentro da própria casa, além de receber pessoas de outras localidades para desenvolver atividades artísticas.

Divulgação

Regional Jataí intensifica divulgação de pesquisas

Estudantes da educação básica e da graduação aprendem sobre como transformar óleo de fritura em biodiesel Renan Vinicius Aranha

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onstantemente, veículos de comunicação anunciam resultados de pesquisas que podem mudar a forma como o homem vive, desde a cura de doenças até a descoberta de métodos mais baratos e rápidos para a realização de importantes exames médicos. Entretanto, a maior parte das pesquisas se encerra sem que seus resultados sejam amplamente divulgados à comunidade. Isso se deve, en-

tre outras coisas, pela complexidade dos assuntos tratados, que, muitas vezes, fogem do entendimento da população. Diante do exposto, a Assessoria de Comunicação (Ascom) da Regional Jataí da Universidade Federal de Goiás (UFG) pretende promover a interface entre o que é produzido na instituição e a comunidade, divulgando resultados de projetos de pesquisa e de extensão promovidos por acadêmicos, docentes e servidores técnico-administrativos da universidade.

O primeiro tema a ser abordado nessa série de matérias é a produção de energia por meio de formas alternativas, com destaque para o projeto Produção de biodiesel obtido a partir do óleo de fritura, coordenado pelo docente do curso de Química e assessor de Extensão e Cultura da Regional Jataí, Paulo Roberto Rodrigues Meira. O projeto, um dos contemplados pelo Programa de Extensão Universitária (ProExt) 2015, do Ministério da Educação (MEC), problematiza o baixo índice de municípios que fazem o uso deste resíduo para fins energéticos e sugere a utilização em larga escala de óleo de cozinha na produção de biodiesel. Em parceria com o estudante de graduação do curso de Química, Alysson Benite de Freitas, que também atua como professor em algumas escolas particulares de Jataí, pode-se verificar inicialmente por meio do projeto que não existe na cidade o serviço de coleta sistemática e permanente do óleo de fritura para ser reaproveitado. Com o apoio de estudantes de ensino médio de quatro esco-

las particulares em Jataí, nos quais Alysson Freitas é professor, foi constatado que cerca de 75% do óleo utilizado pelas residências na cidade era descartado no esgoto, enquanto 21% eram destinados à fabricação de sabão e 4% tinham destinos diversos. “Com isso, ficou evidente a necessidade de conscientizar a população sobre a importância da reutilização de tal resíduo que, se descartado irregularmente, pode causar graves danos ao meio ambiente. Dessa forma foi proposta, uma parceria entre essas instituições e a UFG”, explicou Paulo Roberto Meira. Em sua primeira etapa, o projeto envolveu diversas atividades nas escolas parceiras, como palestras de conscientização e uma gincana, com a qual foi possível arrecadar, apenas no ano de 2013, a significativa marca de 3.000 litros de óleo. Na competição, o prêmio para a escola que conseguisse arrecadar a maior quantidade de óleo de fritura foi uma visita ao Laboratório de Química Orgânica e Inorgânica, do Bloco de Ciências Exatas da UFG, para que os estu-

dantes pudessem acompanhar a transformação do material coletado em biodiesel. A equipe do Laboratório de Química Orgânica e Inorgânica, formada por estudantes de graduação, sob coordenação do professor Paulo Roberto Meira, analisou o material coletado e verificou, entre outros fatores, a acidez e a quantidade de água presente no óleo para, em seguida, realizar a produção de biodiesel. Análises realizadas apontaram que o biodiesel produzido se encontra dentro dos padrões das normas da ANP (Agência Nacional do Petróleo). “É importante ressaltar que os resultados positivos do projeto não se restringem aos acadêmicos da UFG, já que, além de terem participado e acompanhado o projeto, muitos estudantes de ensino médio reproduziram o processo de reciclagem do óleo de cozinha nas feiras de ciências realizadas por suas escolas, sob supervisão dos acadêmicos da UFG, compartilhando, assim, a informação e contribuindo no processo de conscientização da população”, afirmou a acadêmica Maria Aparecida G. Vieira.


Jornal UFG

UNIVERSIDADE

Goiânia, setembro de 2014

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Carlos Siqueira

Encontro nacional reune estudantes de Design

Os participantes foram recepcionados no pátio da Escola de Música e Artes Cênicas (Emac), no Câmpus Samambaia pelos organizadores do evento que proporcionaram um momento descontraído de boas-vindas

Thaíssa Veiga e Warlos Morais

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Depoimento de uma professora – A paulistana Ciça Fittipaldi há 40 anos é ilustradora e desde 1993 é professora da Faculdade de Artes Visuais (FAV) da UFG. Convidada para apresentar seu case no NDesign, ela reconheceu a importância do evento organizado por estudantes, uma vez que até hoje a inserção no mercado de trabalho nessa área é difícil. “O mercado de Design em Goiânia era praticamente inexistente. As principais demandas eram da área de Identidade e Comunicação Visual, com uma prática profissional instalada no meio publicitário. A atuação de arquitetos também compartilhava o mercado de Design que teve que ser desbravado por nossos alunos, emergindo da UFG e da UCG”, esclareceu a professora. Políticas Públicas de Design – Ministrada pelo professor e coordenador do Laboratório de Políti-

Adriana Cristina

Encontro Nacional dos Estudantes de Design (NDesign) reúne anualmente estudantes de todo o País, desde o início da década de 1990, para discutir questões filosóficas, culturais e científicas que envolvem a formação e o mercado profissional na área. A organização do evento, feito exclusivamente por estudantes, foi composta por integrantes de cinco instituições: Faculdade Cambury, Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), SENAC, UFG e Universidade Salgado de Oliveira (Universo). Este ano a cidade-sede foi Goiânia e as atividades, como palestras, apresentações de cases, oficinas e workshops, foram realizadas no Câmpus Samambaia da UFG, de 19 a 26 de julho. Cerca de 1.200 estudantes de todo o País apresentaram trabalhos acadêmicos e conferiram depoimentos de 78 profissionais convidados entre brasileiros e estrangeiros. De acordo com um dos organizadores, o estudante de Design Gráfico da UFG, Marcos Túlio Batista da Silva, a concentração das atividades e o alojamento do evento no Câmpus Samambaia proporcionaram maior mobilidade e entrosamento dos participantes. As opções de atividades foram extensas e os encontris-

tas tiveram que se programar para conseguirem aproveitar o que julgavam mais importante dentro da programação. Foi o caso da designer gaúcha Kim Cândido, que estava ansiosa no início do evento: “Apesar de ter participado de vários outros eventos, estou com grande expectativa para as atividades do NDesign deste ano”, afirmou.

Professora da Faculdade de Artes Visuais da UFG, Ciça Fittipaldi, em uma das palestras do evento na qual apresentou suas experiências profissionais na área de Design

cas de Design da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Gabriel Patrocínio, a palestra sobre políticas públicas de design apresentou aos participantes a percepção de que essa atividade profissional possui outros alcances. Para Gabriel Patrocínio, é preciso despertar o interesse pelo design no âmbito governamental. “Os profissionais da área normalmente se preocupam em explicar o que é o design, focando na sociedade, nas indústrias e, por último, no governo. Seria necessário atingir os governantes, conscientizando-os sobre a importância da área e, só então, passar para as indústrias e chegar à sociedade”, afirmou o professor. Gabriel Patrocínio lembrou ainda a criação d’O Diagnóstico do Design Brasileiro, realizado pelo Centro Brasil de Design. Esse documento procura mostrar referências do Design para o desenvolvimento da indústria e oferecer, assim, subsídios para a elaboração dessa política pública no País. “O documento levantou dados importantes sobre determinados segmentos industriais que utilizam o design e esse estudo deve continuar sendo feito, pois orienta o governo sobre a importância da área”, disse Gabriel Patrocínio. Mídias digitais – No último dia de atividades do NDesign, ocorreu a palestra É possível inovar em design para mídias digitais?, com o diretor de Marketing e Comunicação da Associação Brasileira das Agências Digitais em Goiás (Abradi-GO), Leonardo Diogo. De acordo com ele, para encontrar a inovação, o que realmente importa é a experiência do usuário. O público leva em consideração muito mais o conteúdo do que a aparência. E é essa experiência que garante ao usuário um melhor aproveitamento do conteúdo. “Muitos confundem inovação com estas ferramentas: HTML5, JavaScript, Mobile, entre outros. Na verdade, esses são apenas recursos e eles são finitos, aparecem e somem com grande facilidade. Mas a inovação continua”, completa Leonardo Diogo. Ana Yamaguti, formada em Design Gráfico pela UFG, afirma que “o design não é só estética, mas também a apresentação de soluções para um mercado que possui grande concorrência”.


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Jornal UFG

URBANIDADE

Goiânia, setembro de 2014 Aterro sanitário de Goiânia, Carlos Siqueira

Lei dos resíduos sólidos ainda é descumprida A ausência das práticas previstas em lei evidencia obstáculos à destinação adequada do lixo. Em Goiás, a UFG atua na elaboração de planos ambientais e em projetos de inserção social

Fim dos lixões? A questão política

Silvânia Lima

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Entraves e soluções – Pedro Henrique Baima foi enfático ao afirmar que os “resíduos sólidos constituem uma questão estratégica de saúde pública para qualquer governo”. Mas isso ainda não condiz com a realidade brasileira, cuja ínfima parte dos cerca de 5.500 municípios possui aterro sanitário. Em Goiás, dos 246 municípios, apenas oito pos-

suem licença ambiental: Anápolis, Aparecida de Goiânia, Bonfinópolis, Catalão, Campo Alegre de Goiás, Hidrolândia, Itarumã e Turvânia. Eraldo Henriques de Carvalho também ressaltou o entrave político: “Em geral, observa-se que ocorre um descaso, além da falta de técnicos, alguns municípios alegam falta de recursos para as medidas necessárias, denunciando a falta de planejamento”. Perguntado sobre o que deve ocorrer com os municípios que não cumpriram o prazo para dar fim aos seus lixões, Eraldo Henriques de Carvalho opina que prorrogar o prazo para a aplicação da lei não adiantaria. Ele acredita que “tem que haver ações mais efetivas para mudar o cenário – que permanece o mesmo – do tratamento dado aos resíduos sólidos no Brasil”. A atitude – O coordenador da IncubaFernando Bartholo dora Social da UFG, Fernando Bartholo, ressalta outro obstáculo importante às soluções do descarte do lixo: o fator cultural, traduzido por crenças, comportamentos e atitudes presentes em todos os segmentos sociais. Segundo ele, a “cultura do lixo” vigente considera que lixo é tudo que deve ser descartado, sem maiores preocupações, o importante é se livrar dele, o que leva e reforça a cultura da terceirização, em que “o problema” é delegado a outros, eximindo responsabilidades. Em verdade, toda essa discussão em torno do lixo envolve também o abastecimento de água, a drenagem das águas pluviais e o tratamento do esgoto, questões imprescindíveis às políticas públicas ambientais.

Goiânia no contexto do lixo

Cata Sol contribui para a inclusão

UFG e o Plano Estadual Ambiental

Nos últimos meses, a capital goiana – que ainda não possui a licença ambiental prevista na PNRS – tem sofrido problemas com a coleta do lixo. A coleta seletiva também foi prejudicada pela falta de recolhimento dos materiais que abastecem as cooperativas de catadores. Em palestra, realizada no evento da FCS, o professor Francisco Mata (FSC) indagou sobre os investimentos públicos goianos para os resíduos sólidos. Ele lembrou do acidente radioativo com o Césio-137, um dos maiores do mundo, ocorrido em Goiânia, em 1987. “O que aprendemos com o Césio-137? Quanto o Estado tem gasto com políticas públicas para essa área?”, questionou, instigando ainda a plateia acadêmica sobre a existência ou não de mecanismos definidos para avaliação do quadro e de pesquisas.

Antecipando-se à lei e buscando oferecer um suporte técnico aos municípios interessados na inclusão dos seus catadores de lixo, desde 2012, a Incubadora Social da UFG mantém o projeto Catadores Solidários (Cata Sol). Com o apoio da Secretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério Público e da própria UFG, em parcerias com as prefeituras, o projeto contribui na implantação e no assessoramento da coleta seletiva, da incubadora social local e de cooperativas de catadores nos municípios. Atualmente, o Cata Sol assiste oito municípios da região metropolitana de Goiânia, a previsão é que sejam 16 até o final de 2016. Com metodologia de trabalho diferenciada, privilegiando a prática dos envolvidos, sua realidade e seus interesses, o projeto é executado por docentes e acadêmicos da UFG.

Os planos ambientais, da União e dos Estados, previstos na Lei 12.305 estão em construção. A UFG cuida do Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de Goiás, sob coordenação dos professores Simone Pfeiffer e Eraldo Henriques de Carvalho, com o envolvimento do núcleo de estudos da área, na Escola de Engenharia Civil, e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. O documento, de caráter orientador, reúne uma série de propostas integradas de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos em todo o Estado. Para Eraldo Henriques de Carvalho, o Plano Estadual irá ajudar muito os municípios goianos, ao traçar o panorama geral, apontando as áreas mais críticas, orientando e sugerindo medidas, como os aterros consorciados, que permitem o compartilhamento entre municípios quanto ao destino adequado de seus resíduos.

Carlos Siqueira

Ao ser aprovada a PNRS, foi estabelecido o prazo de quatro anos para que os municípios brasileiros dessem fim aos depósitos de lixo sem tratamento adequado, sob pena de responderem por crime ambiental. Esse prazo foi encerrado no último dia 3 de agosto. Esse e outros assuntos relacionados aos resíduos sólidos em Goiânia motivaram o Café com Políticas Públicas, evento da Faculdade de Ciências Sociais (FCS), realizado no mês de julho. Entre os palestrantes estava Pedro Henrique Baima Paiva, analista ambiental da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), com larga atuação em fóruns ambientais no município e fora dele, como na Câmara Técnica de Qualidade Ambiental e Resíduos Sólidos, do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que destacou os entraves à aplicação da lei. “Apesar de possuirmos tecnologias suficientes Pedro Henrique Baima para a destinação adequada do lixo, poucos municípios conseguiram eliminar os lixões, a maioria sequer possui um Plano Ambiental”, afirmou Pedro Henrique Baima, apontando esse como um dos reflexos da falta de políticas públicas para o setor. Ele salientou ainda o despreparo das administrações públicas, geralmente providas de poucos técnicos e que não ocupam os cargos de decisão.

Divulgação

Thamara Fagury

m dezembro de 2010, o Brasil comemorou a regulamentação do Decreto-Lei 12.305, que estabelece as diretrizes para a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Resultante de mais de 20 anos de discussões, o desafio posterior tem sido fazer valer a lei, que inova em sua concepção e abrangência, da qual se destacam quatro exigências básicas: a erradicação dos lixões, a elaboração do Plano Municipal de Resíduos Sólidos, a inserção social dos catadores de lixo e a logística reversa, que impõe à indústria o aproveitamento das sobras e dos resíduos. Algumas medidas dessa natureza já eram previstas em outras leis e instruções normativas, como a Lei do Saneamento Básico, mas havia necessidade de uma lei própria que abrangesse toda a cadeia que envolve os resíduos sólidos. De acordo com o professor Eraldo Henriques de Carvalho, coordenador do Núcleo de Resíduos Sólidos e Líquidos, ligado à Escola de Engenharia Civil da UFG, “a Lei 12.305 é mais específica e contempla políticas do primeiro mundo, seguindo uma tendência mundial das políticas dos resíduos sólidos”. A lei institui instrumentos de planejamento em todos os níveis da cadeia, tanto na esfera empresarial quanto na governamental, extrapolando fronteiras ao estimular planos microrregionais e intermunicipais. Existem medidas, referentes às responsabilidades individualizadas e enEraldo Henriques cadeadas por todos os de Carvalho envolvidos no processo de geração e tratamento dos resíduos sólidos, dos fabricantes aos dirigentes públicos da limpeza urbana, a fim de minimizar os impactos causados pelo lixo.


Jornal UFG

EM TEMPO

Goiânia, setembro de 2014

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Professor inglês articula pesquisas em Biomecâmica Carlos Siqueira

O biólogo e professor do Evolutionary Morphology Biomechanics Laboratory da University of Liverpool, Inglaterra, Kristian D´Aout (à esquerda na foto), visitou a UFG no mês de agosto e foi recebido pelo reitor Orlando Amaral. Durante duas semanas, Kristian D´Aout desenvolveu atividades no Laboratório de Bioengenharia e Biomecânica da Faculdade de Educação Física (FEF), ministrou palestras sobre locomoção humana e animal e explicou sobre as possibilidades de intercâmbio, pesquisa e financiamento por sua universidade de origem, para diversas áreas do conhecimento. O interesse em visitar a UFG surgiu em 2013, durante um congresso de Biomecânica realizado no Brasil, quando o biólogo entrou em contato com o professor da FEF, Marcus Fraga (foto). Na ocasião, Kristian D´Aout e Marcus

Leitora de espanhol atuará na UFG

Administração Pública motiva parceria com Universidade de Maryland O professor David Crumpton da University of Maryland (UMD), Estados Unidos, permaneceu em Goiás, no período de 28 de julho a 5 de setembro de 2014, como professor visitante na Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia da Universidade Federal de Goiás (Face). David Crumpton está desenvolvendo uma série de atividades, com destaque para a formação de um grupo de pesquisa, com temas de interesse das áreas de Administração Pública das duas instituições (UFG e UMD), a formulação de diretrizes para um concurso de melhores práticas em Administração Pública, a elaboração de proposta de uma disciplina de administração Pública comparada entre Brasil e Estados Unidos, além da criação de um curso de especialização (lato sensu) em Análise de Políticas Públicas, uma das especialidades do professor, por meio de um convênio

assinado entre as instituições, que abrirá novas oportunidades de intercâmbio. O convênio, assim como os projetos conjuntos a serem desenvolvidos, foram objeto de discussão em reunião realizada no dia 7 de agosto entre o reitor da UFG, Orlando Amaral, a coordenadora de Assuntos Internacionais, Ofir Bergemann de Aguiar, os professores da Face, Vicente da Rocha Soares Ferreira e Estela Najberg, e o professor visitante.

Carlos Siqueira

Adriana Cristina

Como resultado da assinatura do Memorando de Entendimento com a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), vinculada ao Ministério de Assuntos Exteriores e de Cooperação da Espanha (Maec), a professora leitora María Asunción Perez Pajares atuará na área de Espanhol da Faculdade de Letras (FL) da UFG. A função da professora é apoiar o desenvolvimento e consolidação do ensino de espanhol na UFG. Ela permanecerá na instituição por um ano, podendo ter o contrato renovado por mais dois anos, e contribuirá também com a Coordenadoria de Assuntos Internacionais (CAI) no que se refere à cooperação com instituições espanholas. De acordo com a coordenadora da CAI, Ofir Bergemann, esse é o terceiro Memorando assinado pela UFG, que, nos últimos seis anos, trouxe outras duas professoras leitoras de espanhol: Victoria Palma Ehrichs (2008-2011) e Miriam P. Larrosa (2011-2014).

Fraga planejaram estratégias de cooperação que resultaram nessa primeira visita à UFG, com recursos da universidade inglesa. O professor inglês, junto a pesquisadores da UFG, coletou informações sobre antropometria do pé humano de grupos indígenas. Kristian D´Aout investiga as adaptações culturais e biológicas da forma de andar do ser humano para detectar os diferentes estímulos e movimentos musculares. De acordo com Marcus Fraga, o estudo é preliminar e permitirá uma análise comparativa inicial da marcha em condições controladas e, assim, inspirar futuros trabalhos de campo. Kristian D´Aout afirmou que a análise da anatomia funcional dos diversos grupos indígenas contribuirá para a compreensão física e antropológica, bem como aplicada e clínica para o ambiente científico.


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Jornal UFG

PARTICIPAÇÃO

Goiânia, setembro de 2014

Roda musical chamou atenção dos alunos do Cepae sobre a importância da preservação do bosque da UFG Serena Veloso

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Mostra fotográfica reuniu diferentes perspectivas da comunidade universitária sobre o Bosque Auguste Saint’Hillaire

Alunos do curso de Musicoterapia realizaram atividade itinerante para mobilizar a participação dos estudantes na campanha

Fotos: Carlos Siqueira

campanha Diz Aí, organizada por uma comissão interna interdisciplinar, aconteceu nos dias 19 e 20 de agosto e mobilizou a comunidade universitária, com atividades culturais, para dialogar sobre novas possibilidades de utilização do espaço do Bosque Saint’Hillaire. Em quatro pontos da universidade – Centro de Convivência, Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae), Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) e Instituto de Química (IQ) – foram espalhados painéis, urnas e folders nos quais a comunidade universitária pôde expressar sua opinião e sugerir melhorias para o espaço. “Foram realizadas várias ações no intuito de encontrar alternativas para o uso do bosque, respeitando as diferentes visões sobre ele”, ressaltou um dos membros da comissão organizadora, o coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas sobre Drogas e Outras Dependências (Neped), Eriberto Belivacqua. A ação contemplou mostra fotográfica, apresentações de música, dança e teatro, atividade itinerante com estudantes do curso de Musicoterapia e do PET Saúde Mental, além de uma roda de conversa. A ocupação artística despertou a atenção de alunos, professores e técnico-administrativos interessados em tornar o bosque um ambiente de convivência e sociabilidade, com mais ações de incentivo à cultura. Entre as sugestões, foram mencionados, principalmente, aumento da segurança, revitalização, instalação de lixeiras pelo percurso da mata, ações culturais e iluminação. A comissão responsável pelo evento irá compilar as opiniões e apresentar os resultados para a gestão da UFG avaliar a implementação das sugestões.

Alunos tiveram a oportunidade de mostrar seus talentos durante a I Mostra Artística do Bosque Auguste Saint’Hillaire Participantes elogiaram a ação e sugeriram a realização de outras intervenções artísticas no espaço


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